A censura sofrida por “Bohemian Rhapsody” nos cinemas da China foi lamentada por fãs do Queen e gays do país. Os censores locais decidiram cortar uma série de cenas relacionadas à sexualidade de Freddie Mercury (Rami Malek), as referências à Aids e os momentos em que a banda consome drogas.
“As cenas deletadas afetam a história. O filme é sobre como Freddie encontrou sua identidade, e sua sexualidade é parte disso”, disse Peng Yanzi, ativista de direitos LGBTQ+ na China e fã de longa data do Queen, em entrevista à revista americana Billboard, que realizou reportagem sobre a polêmica.
Outra ativista, Hua Zile, fez questão de comparar a versão chinesa de “Bohemian Rhapsody” com a exibida no território semiautônomo de Hong Kong, que não sofreu censura.
“É uma pena o que eles fizeram com o filme”, comentou. “Isso enfraquece a identidade gay do personagem. É desrespeitoso à experiência real de Mercury, e deixa o personagem superficial. Não o vemos crescendo”.
Entre as cenas cortadas pelos censores chineses, estão o momento em que Mercury diz para Mary Austin, então sua mulher, que pode não ser heterossexual. O momento em que o vocalista conta aos companheiros de banda que tem AIDS ficou sem o áudio.
Su Lei, que trabalha como contadora, disse à Billboard que leu a biografia de Mercury antes de assistir ao filme. “Os cortes foram desnecessários. É uma nova era na China, influenciada por produtos do Ocidente. Todo mundo seria capaz de entender e aceitar [a sexualidade do personagem]”, disse.
A lei chinesa não proíbe a exibição da homossexualidade nos cinemas, mas veta expressamente os temas LGBTQ+ na TV e nos serviços de streaming disponíveis no país.
Apesar disso, os censores chineses costumam não autorizar a exibição de filmes com personagens LGBTQ+. Filmes americanos premiados como “O Segredo de Brokeback Mountain” e “Moonlight” não estrearam no país, e até a versão para menores de “Deadpool 2” (que inclui um casal lésbico de super-heroínas) precisou fazer cortes para entrar na China.