Com a decisão da Peta, ONG de defesa dos animais, de pedir boicote e realizar ações contra “Quatro Vidas de um Cachorro”, o produtor do filme, Gavin Polone, resolveu seu manifestar. Ele publicou um longo texto no site da revista The Hollywood Reporter, onde costuma escrever justamente sobre maus tratos de animais pela indústria cinematográfica.
Veterano defensor dos direitos dos animais e produtor de cinema, Polone se disse chocado, como todos, pelo vídeo que emergiu no site TMZ, e realizou uma investigação a fundo sobre o caso. Suas conclusões: o vídeo polêmico não era, de modo algum, indicativo da forma como os animais foram tratados no set, e sua edição deturpava a própria cena exibida. A mesma sequência, gravada de outro ângulo, seria bastante diferente.
“No vídeo do TMZ que você viu, duas coisas são evidentes: (1) o manipulador do cão tenta forçá-lo por 35 a 40 segundos, para entrar na água quando, claramente, ele não quer ir; e (2) em uma tomada separada, filmada algum tempo depois, o cão vai para a água, por conta própria, e, no final, sua cabeça fica submersa por cerca de 4 segundos. Essas duas coisas são absolutamente indesculpáveis e nunca deve ter acontecido”, Polone escreveu.
Entretanto, ele salienta que tudo isso aconteceu diante de um representante da American Humane Association (AHA), ONG que supervisiona o uso de animais em Hollywood para garantir que nenhum animal seja maltratado durante as filmagens. Mesmo considerando a ineficiência da AHA, ele aponta que ninguém protestou porque o vídeo do TMZ era totalmente editado, visando destacar a angústia do cão, que já tinha ensaiado aquela cena diversas vezes no dia sem protestar. O que teria causado sua recusa em pular na água naquele momento teria sido o fato de que ele ensaiou em outro lado da piscina. A mudança teria feito o animal ficar em dúvida sobre o que fazer.
“Ninguém empurrou o cachorro na água, apesar da edição sugerir isso”, garante o produtor. Após a recusa do animal, a equipe simplesmente decidiu filmar a cena do lado em que o cachorro ensaiou. E então ele fez a cena sem novos problemas. Segundo Polone, logo após sair da água, o animal ainda quis brincar com tudo mundo.
Para o produtor, o vídeo é completamente mal-intencionado, com o objetivo de criar sensacionalismo e assim conseguir um bom preço da produção do TMZ, que paga por vídeos escandalosos. Se fosse uma denúncia séria, diz o produtor, que fosse feita imediatamente à gravação das imagens – que aconteceu em novembro de 2015.
Além de condenar quem fez o vídeo, Polone também contra-atacou a Peta, que mobilizou seus ativistas contra o filme. O objetivo da ONG não seria evitar que animais fossem maltratados, mas sim que os filmes parassem totalmente de usar animais, optando por criá-los com computação gráfica. Entretanto, o preço disso seria proibitivo para pequenas produções.
Para impor sua agenda, a Peta teria feito o seu próprio vídeo para acusar o filme de maus tratos, que inclui uma cena do trailer de “Quatro Vidas de uma Cachorro”, mostrando como o cachorro pula na água perigosa. Mas, segundo Polone, justamente aquela cena foi feita por computador, e qualquer vídeo da produção é capaz de mostrar que o local onde o cão pulou era protegido e sem águas agitadas. Para completar, o vídeo também mostra um cão enjaulado em cativeiro, como se fosse o animal do filme. Mas é outro pastor alemão completamente diferente. “Não é essa a definição de ‘notícia falsa’?”, questiona o produtor.
A briga está armada.
A Peta está convocando seus ativistas para as portas de cinema dos EUA para constranger o público que decidir assistir ao filme.
A estreia está marcada para esta quinta (26/1) no Brasil e no dia seguinte na América do Norte.