Justiça multa Marcelo Crivella em R$ 100 mil por tentativa de censura a quadrinhos da Marvel
Ex-prefeito do Rio foi punido por danos morais coletivos após tentar recolher graphic novel dos Vingadores com beijo gay em 2019
Quadrinhos que irritaram prefeito do Rio devem virar filme ou série da Disney
Com ajuda da prefeitura do Rio, o grupo de heróis conhecido como Jovens Vingadores ganhou projeção internacional, indo parar em publicações de todo o mundo, e pode agora virar uma série da Disney. Os boatos nesse sentido dispararam em sites geeks americanos, como o ComicBook, mas também foram registrados pela revista The Hollywood Reporter. A tentativa de censura carioca da edição encadernada dos quadrinhos dos personagens, “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, porque continha uma cena de beijo entre dois super-heróis masculinos, colocou os Jovens Vingadores tanto na pauta da cobertura política quanto de Hollywood. E deixou os heróis juvenis mais visíveis que nunca, eliminando o maior entrave para a adaptação de seus quadrinhos: a falta de repercussão de suas histórias. Na última Comic-Con Internacional, a atriz Tessa Thompson já tinha sugerido que a homossexualidade da heroína Valquíria seria explorada no próximo filme de “Thor”. Após o sucesso de filmes protagonizados por super-herói negro (“Pantera Negra”) e super-heroína (“Capitã Marvel”), a comunidade LGBTQIA+ deve realmente ser a próxima da lista de “minorias” a ganhar destaque na Marvel. A plataforma progressista do estúdio tem enfrentado vozes ruidosas da extrema direita, que ataca cada iniciativa com campanhas de ódio nas redes sociais, propagando que super-heróis precisam ser sempre homens heterossexuais brancos. Mas as bilheterias dão razão à Marvel e diminuem a importância dos contrariados. O destaque obtido pela polêmica de “Vingadores: A Cruzada das Crianças” na Bienal do Livro do Rio vai ao encontro dessa abordagem inclusiva. Inicialmente, havia a perspectiva de os Jovens Vingadores assumirem o lugar dos Vingadores nos filmes do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel, na sigla em inglês). O principal sinal disso estava na trama de “Vingadores: Ultimato”, que avançou cinco anos no tempo e escalou Emma Fuhrmann (“Juntos e Misturados”) para viver a versão adolescente de Cassie Lang, a filha do Homem-Formiga (Paul Rudd). Cassie se torna a heroína Estatura nos quadrinhos dos Jovens Vingadores. Nesta semana, o estúdio revelou planos para apresentar outra jovem vingadora. Mas desta vez numa série da plataforma Disney+ (Disney Plus) (Disney Plus). A atriz Hailee Steinfeld abriu negociações para interpretar Kate Bishop, a aprendiz do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), na série do herói (“Hawkeye”, em inglês). A Gaviã Arqueira também faz parte do grupo de heróis adolescentes. Um terceiro integrante da equipe tende a ser introduzido em “WandaVision”, a série da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e do Visão (Paul Bettany): Wiccan, o filho de Wanda e um dos beijoqueiros do Rio. Já Hulkling, sua cara metade, tem sua história ligada à “Capitã Marvel”. Especula-se que esses personagens devem se unir em breve. Mas não tão breve assim. As séries do Gavião Arqueiro e da Feiticeira Escarlate têm previsão de lançamento apenas para 2021. Assim, o mais provável é que uma série ou filme dos Jovens Vingadores só se materialize após 2022, mais provavelmente em 2023. A produção de cinema ou streaming mais distante oficializada pela Marvel até o momento está datada para 2022 – o longa “Pantera Negra 2”.
Ação social de Felipe Neto repercute na revista americana The Advocate
A revista The Advocate, principal veículo LGBTQIA+ dos Estados Unidos, que existe desde 1967, publicou um artigo sobre a ação social do youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”), ao comprar e distribuir gratuitamente 14 mil livros com temática LGBTQIA+ na Bienal do Livro que se encerrou no domingo (9/8) no Rio de Janeiro. A iniciativa foi uma resposta à tentativa de censura do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que enviou fiscais à Bienal para recolher uma história em quadrinhos dos Vingadores em que dois super-heróis masculinos se beijavam. O prefeito, que é bispo evangélico, classificou o beijo como “impróprio” e exigiu que a publicação fosse lacrada com saco opaco e tivesse indicação de venda “proibida” para menores. Como a Bienal se recusou a considerar o beijo de um casal como pornografia, o prefeito chegou a ameaçar fechar o evento, enviando uma segunda leva de fiscais para recolher todo o material LGBTQIA+ que não estivesse ensacado. Os censores, porém, não encontraram nada, porque Felipe Neto já tinha comprado as publicações do gênero e distribuído entre o público. A reportagem da Advocate explicou a história para o público americano, citando os títulos dos livros que Felipe distribuiu. Para completar, ainda postou um link para a matéria no Twitter com uma dedicatória especial. “Obrigado, Felipe Neto”, disse a publicação, escrevendo em português. Obrigado, @felipeneto ???https://t.co/2cOKT07vih — The Advocate (@TheAdvocateMag) September 9, 2019
Felipe Neto vira alvo de campanha de ódio de integrantes do partido de Bolsonaro
O youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”) entrou na política. Ele (ainda) não é candidato a nada, mas já virou alvo de campanha destrutiva de membros de um partido. Integrantes do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, resolveram atacar o jovem após ele tomar o que muitos consideram a melhor e mais efetiva iniciativa social do ano, ao comprar e distribuir gratuitamente 14 mil livros com temática LGBTQIA+ na Bienal do Livro que se encerrou no domingo (9/8) no Rio de Janeiro. A iniciativa foi uma resposta à tentativa de censura do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que enviou fiscais à Bienal para recolher uma história em quadrinhos dos Vingadores em que dois super-heróis masculinos se beijavam. O prefeito, que é bispo evangélico, classificou o beijo como “impróprio” e exigiu que a publicação fosse lacrada com saco opaco e tivesse indicação de venda “proibida” para menores. Como a Bienal se recusou a considerar o beijo de um casal como pornografia, o prefeito chegou a ameaçar fechar o evento, enviando uma segunda leva de fiscais para recolher todo o material LGBTQIA+ que não estivesse ensacado. Os censores, porém, não encontraram nada, porque Felipe Neto já tinha comprado as publicações do gênero e distribuído entre o público. A escalada autoritária do prefeito bispo também foi recebida com protestos dos frequentadores da Bienal. E acabou barrada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que definiu a intromissão do município como “censura” e “descriminação de gênero”. Ou seja, o verdadeiro comportamento impróprio. Inconformados pela derrota, a extrema direita encomendou um ataque de bots nas redes sociais, com a missão de espalhar o tópico #PaisContraFelipeNeto, que viralizou entre os comentários no Twitter. Segundo o cientista de dados Fábio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo, que analisou o ciclo viral, o ataque cibernético atingiu a média de 20 tuítes por minuto durante a madrugada. Malini identificou o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) como responsável por criar o tópico. Com essa informação, Felipe Neto escreveu: “O deputado que começou a tag de ataque a minha reputação é o Carlos Jordy. Ele está sendo processado por mim após ter dito publicamente que eu tive ligação com o ataque terrorista na escola de Suzano. Ele criou fake news sem qualquer indício a respeito.” Em abril, o juiz Arthur Eduardo Magalhães Ferreira, da 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, determinou a exclusão de uma postagem no Twitter de Jordy que ligava Felipe Neto ao massacre em escola de Suzano, em São Paulo. O processo segue com pedidos de retratação pública e pedido indenizatório. Apesar desse antecedente, Carlos Jordy voltou a atacar Felipe Neto. No post que está sendo apontado como marco zero do surto viral, ele afirmou: “14 mil livros LGBTs distribuídos pelo Felipe Neto na Bienal. Ainda bem que, pelos vídeos, só aparecem militantes adultos pegando o material. Não permitam que seus filhos acessem conteúdo de quem quer que eles vejam material que contrarie suas convicções morais”. Os vídeos a que o deputado se refere registram milhares de adolescentes fazendo filas para receber os livros distribuídos pelo youtuber. Não são “militantes adultos”. Ou seja, trata-se de nova fake news. Mas Jordy não se prende a esse detalhe, pois em outros posts reclama da má influência de Felipe Neto para as crianças. Num dos posts mais claros em sua missão de promover a hashtag do ódio, o deputado afirmou: “#PaisContraFelipeNeto já está nos trending topics do Brasil. Não permitam que seus filhos tenham acesso ao conteúdo imoral desse sujeito que entra em suas casas julgando que pode ensinar a seus filhos a visão sexual e moral de mundo dele.” Outra integrante do PSL, a deputada Carla Zambelli acrescentou: “Felipe Neto retuitou foto com crianças segurando os livros impróprios para a idade. Sem problemas a distribuição para os mais velhos. Mas crianças?” O youtuber respondeu: “E os deputados do PSL seguem sendo o esgoto da política. Nenhuma criança pegou livro sem estar com os pais ou representantes legais. Os livros estavam lacrados. Eles mentem, distorcem, manipulam tudo em prol de sua agenda fascista e doente.” Ele ainda alterou o texto da “biografia” de seu perfil no Twitter para “Orgulhosamente odiado pelos integrantes do PSL”. Procurada pelo UOL, a assessoria de imprensa nacional do PSL disse que o partido não iria se manifestar sobre o caso porque é “impossível responder” sem saber se a acusação é contra o diretório nacional ou estadual da legenda. Além disso, afirmou que iria processar o youtuber e o UOL, caso ligasse os bots ao partido “sem apontar provas e sem esclarecer” contra quem é a acusação. Em reação aos bots, a hashtag #PaisComFelipeNeto começou a bombar. Entre os incentivadores, apareceu até o escritor Paulo Coelho. Mas não foi a única atitude da internet contra a campanha fundamentalista. Para completar, a hashtag do contra foi invadida por posts com fotos de beijos LGBTQIA+ e congratuações ao youtuber, transformando a corrente de ódio numa manifestação coletiva de apoio e amor. Com a dispersão, os bots tentaram emplacar nova hashtag, #FelipeNetoLixo. E o resultado foi o mesmo. “Clica na hashtag #FelipeNetoLixo e a maioria dos posts são a favor dele e contra a censura kkkkkk. Bots derrotados”, escreveu o jornalista Guga Noblat, da rádio Jovem Pan, no Twitter. Sem se dar por vencido, Carlos Jordy passou então a pregar o boicote ao canal do youtube de Felipe Neto. “Um cara que tem 34 milhões de seguidores no YouTube (público infantil) e quer influenciá-los com sua visão de mundo, contrariando as convicções morais dos pais e seu direito de educar seus filhos, é alguém perigoso. Não deixem que seus filhos assistam seus vídeos”, conclamou o político. Recebeu apoio de autodeclarados bolsominions convictos, que já não assistiam ao canal de Felipe Neto. E ajudou a aumentar, nas últimas 24 horas, em mais de 100 mil o número de inscritos no canal do jovem político em ascensão. Uma curiosidade. O cientista de dados Fábio Malini também observou que o PT, principal partido da esquerda brasileira, não se engajou na discussão sobre direitos LGBTQIA+ nem durante a ameaça de censura à Bienal. Houve raras exceções, e ainda assim marginais, como o retuíte de um post (de Marcelo Freixo, do PSOL) sobre o assunto por parte de Fernando Haddad, que não comentou diretamente a polêmica. Em contraste, Manuela d’Ávila (PCdoB), candidata a vice-presidente na chapa de Haddad, publicou vários comentários sobre o tema no fim de semana e até citou nominalmente Felipe Neto em ato de solidariedade. Terceiro colocado nas últimas eleições presidenciais, Ciro Gomes foi ainda mais incisivo ao chamar a tentativa de censura de fascista e em seus elogios à inciativa do youtuber. Já Marina Silva, candidata da Rede, que também é evangélica, foi mais petista que nunca, ignorando o assunto. O branco, o obscuro, é o pró-censura (7%). Contra, a maioria (93%). O Grafo possui 1.327.587 RTs feitos por 425.053 usuários. Ah! Deu branco no maior partido de esquerda do país, o PT, ausente da conversação no Twitter sobre a censura/homofobia de Crivella. pic.twitter.com/OJBmiZPJRB — Fabio Malini (@fabiomalini) September 8, 2019
Patricia Arquette celebra ação de Felipe Neto contra censura do prefeito do Rio
A atriz Patricia Arquette, vencedora do Oscar por “Boyhood”, repercutiu nas redes sociais a censura polêmica do Prefeito do Rio a um gibi da Marvel com beijo entre dois heróis masculinos. Em vez de se prender à homofobia e ao mau exemplo das autoridades cariocas, ela preferiu destacar o bom exemplo do youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”), que reagiu ao preconceito comprando e distribuindo livros LGBTQIA+ que estavam à venda na Bienal do Livro. “Este jovem comprou 14 mil livros LGBTQ para dar de graça quando uma corte no Brasil tentou bani-los”, ela escreveu, anexando o post de Felipe Neto que anunciou a ação. Felipe conseguiu distribuir todos os livros, minutos antes dos censores da prefeitura chegarem com ordens para realizar um rapa na Bienal, autorizados por um juiz a recolher todos os livros de temática LGBTQIA+ que não estivessem lacrados e com aviso sobre o conteúdo. A reação dos seguidores da estrela de Hollywood foi de descrença. Para começar, pelo fato de a notícia se referir ao Brasil e não ao Irã. Mas também pela iniciativa de Felipe Neto, aplaudidíssimo por gente que nunca tinha ouvido falar dele antes. Quando Felipe comentou o tuíte da atriz, ela ainda complementou: “Obrigado pelo que está fazendo”. Veja abaixo. This young man purchased 14,000 LGBT books to give out when a court in Brazil’s tried to ban them https://t.co/DYLpReBqqr — Patricia Arquette (@PattyArquette) September 8, 2019 Thank you for what you are doing! ❤️ — Patricia Arquette (@PattyArquette) September 8, 2019
Censura: Fiscais da prefeitura do Rio invadem Bienal do Livro para recolher publicações LGBTQIA+
Fiscais da Secretaria de Ordem Pública (Seop) da Prefeitura do Rio voltaram a invadir a Bienal do Livro no fim da tarde deste sábado (7/9), depois da decisão judicial que permitiu a apreensão de livros com temática LGBTQIA+ que estiverem sendo vendidos sem lacre e avisos. Os funcionários da Prefeitura já tinham comparecido ao evento na sexta-feira para, segundo o órgão, recolher livros considerados “impróprios”. Uma liminar obtida pela organização tinha proibido as apreensões. A liminar foi derrubada pelo presidente do TJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares, que já tinha defendido, em liminar anterior, o direito de considerar homossexualismo uma doença. A Bienal do Livro informou que vai recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF), “a fim de garantir o pleno funcionamento do evento e o direito dos expositores de comercializar obras literárias sobre as mais diversas temáticas – como prevê a legislação brasileira”.
Juiz que autorizou censura e repressão na Bienal do Livro considera homossexualidade uma doença
O desembargador Claudio de Mello Tavares, presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que deu liminar favorável à censura e apreensão de livros LGBTQIA+ na Bienal do Livro, é velho conhecido da comunidade LGBTQIA+ carioca. Responsável por derrubar, neste sábado (7/9), a liminar que impedia a Prefeitura do Rio de invadir a Bienal do Livro para “fiscalizar” o evento em busca de publicações com conteúdos “impróprios”, Tavares tornou-se infame há dez anos ao declarar judicialmente que homossexualidade era uma doença. “Não se pode negar aos cidadãos heterossexuais o direito de, com base em sua fé religiosa ou em outros princípios éticos e morais, entenderem que a homossexualidade é um desvio de comportamento, uma doença, ou seja, algo que cause mal à pessoa humana e à sociedade, devendo ser reprimida e tratada e não divulgada e apoiada pela sociedade”, ele declarou, no julgamento de uma ação popular que questionava estado e município do Rio por destinarem recursos à Parada do Orgulho Gay de 2002. Na ocasião, acabou negando o pedido de censura, mas sua oratória irritou defensores de direitos LGBTQIA+. Na decisão judicial de 1º de abril de 2009, o desembargador usou várias vezes o termo “homossexualismo”, considerado pejorativo, para se referir à homossexualidade. Escreveu à época que homossexuais “devem ter respeitada a sua opção sexual, suas convicções sobre o homossexualismo e os seus demais direitos de cidadão igual ao heterossexual”. Mas fez uma ressalva: quem se opusesse ao afeto entre pessoas do mesmo sexo tinha o “direito de lutar, de forma pacífica, para conter os atos sociais que representem incentivo à prática da homossexualidade e, principalmente, com apoio de entes públicos e, muito menos, com recursos financeiros”. Em 2017, a Amaerj (Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro) reproduziu um texto sobre Tavares que destaca sua religiosidade. Frequentador de missas aos domingos, o então corregedor-geral da Justiça disse ser um católico apostólico romano imbuído da obrigação de “ajudar seu semelhante”. Religioso, Mello Tavares frequenta missas dominicais. Ele leva para sua atuação como juiz a mesma orientação do presidente Bolsonaro, que diz que o Estado é laico, mas ele é cristão. Por “cristão”, entenda-se homofóbico. Como homofobia é crime comparável ao racismo e censura é proibida pela Constituição, aguarda-se posicionamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o caso. A Bienal do Livro informou que vai recorrer ao STF, “a fim de garantir o pleno funcionamento do evento e o direito dos expositores de comercializar obras literárias sobre as mais diversas temáticas – como prevê a legislação brasileira”.
Mauricio de Sousa e Turma da Mônica protestam contra censura e falta de respeito do prefeito do Rio
O artista Mauricio de Sousa, criador da “Turma da Mônica” e homenageado na 19ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, se manifestou neste sábado (7/9) contra a censura à quadrinhos LGBTQIA+ e contra a ação repressiva do prefeito e bispo Marcelo Crivella, que enviou fiscais para recolher a publicação “Vingadores: A Cruzada das Crianças” durante o evento. A repressão foi motivada por os quadrinhos da Marvel incluírem um beijo entre dois homens vestidos. O prefeito bispo alegou que a obra tem “conteúdo sexual para menores”. Mauricio postou em suas redes sociais e nos canais da “Turma da Mônica” uma mensagem escrita e assinada por ele: “Contra a censura, a favor da liberdade de expressão e do respeito”. Mauro Sousa, filho de Maurício, que é gay assumido, respondeu à mensagem em seguida: “Meu pai é meu herói”. A Bienal do Rio homenageou Mauricio de Sousa por seus 60 anos de profissão. Ele pretende incluir um novo personagem gay na Turma da Mônica. Ver essa foto no Instagram Rio de Janeiro, Bienal do Livro – 2019 Uma publicação compartilhada por Mauricio de Sousa (@mauricioaraujosousa) em 6 de Set, 2019 às 8:06 PDT Ver essa foto no Instagram Recado MEGA importante escrito por Mauricio de Sousa passando pela sua timeline! ? ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ #LeiaComOrgulho #ResisteBienal Uma publicação compartilhada por Turma da Mônica Brasil (@turmadamonicabrasil) em 6 de Set, 2019 às 9:00 PDT
Censura é oficializada no Brasil: Prefeito do Rio consegue liminar para recolher obras LGBTQIA+ da Bienal do Livro
O presidente do Tribunal de Justiça, Claudio de Mello Tavares, oficializou a volta da censura no Brasil. Ele concedeu, no início da tarde deste sábado (7/9), liminar favorável à Prefeitura do Rio, cassando a decisão anterior que impedia o Município de “buscar e apreender” o livro “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, das estandes da Bienal do Livro. A nova decisão da Justiça autoriza os fiscais da prefeitura a recolherem a publicação da Marvel, que traz uma cena de beijo entre dois personagens masculinos, e mais: qualquer outro tipo de publicação com conteúdo que aborda o que o prefeito Marcelo Crivella trata como “homotransexualismo” (sic). Os procuradores do município alegaram urgência na decisão por entenderem que o caso é “de grave lesão à ordem pública”, impedindo a prefeitura de fiscalizar. O argumento da prefeitura exalta a necessidade de se preservar a “Família Carioca” de publicações “impróprias” de conteúdo LGBTQIA+, o que seria competência do Município. A decisão do juiz Claudio de Mello Tavares usou como fundamento o Estatuto da Criança e do Adolescente, que não faz nenhuma alusão a temática LGBTQIA+. Mas não terá consequência prática, já que o gibi que ultraja o prefeito bispo Marcelo Crivella é antigo e já está esgotado há tempos. Além disso, graças à iniciativa do youtuber e ator Felipe Neto, a Bienal do Livro não tem mais nenhuma publicação LGBTQIA+ à venda. Felipe Neto comprou todos os 14 mil exemplares de livros com temas e personagens LGBTQIA+ vendidos na Bienal, numa reação contra o autoritarismo do prefeito bispo, e distribuiu gratuitamente ao público do evento durante o horário de almoço deste sábado. Filas enormes, formadas principalmente por adolescentes, formaram-se desde cedo para receber as publicações. Entretanto, o problema da decisão judicial não acaba com a impossibilidade de aplicá-la. Ela demonstra a perda crescente de liberdade dos brasileiros, num paralelo ao que aconteceu durante a ascensão do nazismo nos anos 1930. Para quem faltou nas aulas, um dos primeiros alvos dos nazistas foram os livros “degenerados”, de autores judeus, comunistas ou gays. Livrarias foram saqueadas por “fiscais” do governo, que organizaram uma operação de limpeza em nome da família alemã, queimando o material em praça pública. O alvo seguinte foram os judeus, comunistas e gays – “apreendidos”, levados para campos de concentração e eliminados numa “operação de limpeza” em nome da moral, da ordem e da família alemã. Em sua manifestação ao acolher a liminar inicial da Bienal para impedir o ataque autoritário do prefeito bispo, o desembargador Heleno Ribeiro Pereira Nunes chamou atenção para o fato óbvio de não é competência do município atuar como censor e que “tal postura reflete ofensa à liberdade de expressão constitucionalmente assegurada”. O fato de o juiz Claudio de Mello Tavares encontrar brechas legais para permitir censura e repressão é um sinal preocupante num país que vê suas liberdades ameaçadas diariamente por governos municiais, estaduais e federais de extrema direita. A decisão não tem efeito real, mas seu simbolismo é uma afronta à constituição e demostra quão grave é o perigo que paira sobre o Brasil, após eleições marcadas por fake news transformarem o perfil político do pais, aproximando-o da História nazista e de nações islâmicas radicais. Aguarda-se manifestação do STF (Supremo Tribunal Federal) para esclarecer o básico: a Constituição ainda vale?
Contra censura, Felipe Neto compra todos os livros LGBTQIA+ da Bienal para distribuição gratuita
Em reação à tentativa de censura da prefeitura do Rio de Janeiro, que realizou operação de busca e apreensão na Bienal do Livro para censurar uma publicação em quadrinhos dos Vingadores com beijo homossexual, o youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”) decidiu comprar todos os livros de temática LGBTQIA+ do evento. Inicialmente, ele comprou para distribuir gratuitamente 10 mil livros do universo LGBTQIA+. Como sobraram apenas 4 mil, ele decidiu comprar também o resto. E vai entregar, por meio de sua equipe, todos os exemplares para interessados ao meio-dia deste sábado (7/9), na praça de alimentação da Bienal do Livro. Entre os títulos escolhidos, estão “Dois Garotos se Beijando”, de David Levithan (Galera), “Arrase!”, de RuPaul (HarperCollins), “Boy Erased”, de Garrard Conley (Intrínseca), e “Ninguém Nasce Herói”, de Eric Novello (Seguinte). Os livros doados serão retirados de um saco preto e acompanhados de um aviso que diz: “Este livro é impróprio – para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas”. O texto reflete mensagens do Twitter do bispo e prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella, que considerou imprópria a graphic novel “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, à venda na Bienal, por trazer um desenho de dois homens se beijando. A prefeitura do Rio notificou extrajudicialmente a Bienal, mandando que os exemplares de “Vingadores” fossem recolhidos, lacrados e viessem com uma classificação indicativa ou aviso de que há material ou cenas impróprios para menores de idade. A organização da Bienal não aceitou a “recomendação”, pois não considerou o material pornográfico nem impróprio para menores, nem tampouco reconheceu a autoridade da prefeitura para exercer censura. Por conta da recusa, a prefeitura enviou fiscais uniformizados para fazer busca e apreensão da publicação, que já estava esgotada, segundo os editores. Mas a ação repressora gerou protesto generalizado das editoras de livros do Brasil, repercutiu nos Estados Unidos e rendeu mandato de segurança do Tribunal de Justiça do Rio, proibindo o bispo prefeito de tentar novamente algo parecido. A liminar ainda afirma que “tal postura reflete ofensa à liberdade de expressão constitucionalmente assegurada”. Um simples beijo gay em uma HQ foi chamado de material PORNOGRÁFICO pelo maldito prefeito do RJ, Crivella. Violência, adultério, roubo, sequestro, sangue, explosão, nada disso jamais incomodou q estivesse em HQs. O problema é sempre o amor LGBT. Mas CENSURA não será tolerada! pic.twitter.com/dyz2zavTEa — Felipe Neto (@felipeneto) September 6, 2019 Está no ar! Por favor ajude com seu RT. É hora de bater de frente contra a tirania e o autoritarismo. Crivella: AQUI-NÃO!https://t.co/S2KYx7dw1H pic.twitter.com/IiPShhaFqc — Felipe Neto (@felipeneto) September 6, 2019 Acabei de autorizar a compra de mais 4 mil livros para esgotar de vez o estoque de livros com temática LGBT na bienal. Serão 14 mil livros distribuídos GRATUITAMENTE para quem quiser, amanhã (sábado – 07/09), na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Aqui não, @MCrivella pic.twitter.com/ZuR2e9uu5o — Felipe Neto (@felipeneto) September 6, 2019 Todos os livros da nossa estante LGBT+ foram vendidos! ? Quem comprou foi o @felipeneto, que irá distribuir mais de 10 mil livros — nossos e de outras editoras — amanhã, a partir de meio-dia, na @bienaldolivro. Saiba mais: https://t.co/L57yMU5T8P #leiacomorgulho pic.twitter.com/YxJpmvNQY9 — Companhia das Letras (@cialetras) September 6, 2019
Censura: Justiça do Rio proíbe prefeito de apreender quadrinhos e ameaçar Bienal do Livro
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro publicou uma decisão liminar nesta sexta-feira (6/8) que proíbe a Prefeitura de tentar apreender material na Bienal do Livro e cassar o alvará do evento. A decisão ocorre após a Bienal do Livro entrar com um mandado de segurança preventivo na Justiça, motivado pela tentativa de censura do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que enviou fiscais para fazer busca de apreensão de uma publicação de quadrinhos, “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, durante a manhã. A determinação judicial garante o funcionamento da feira e o direito dos expositores de vender obras literárias sem temer constrangimento do poder municipal. Crivella mandou recolher exemplares dos quadrinhos da Marvel, porque mostravam um beijo de dois personagens masculinos. Em vídeos publicados na quinta e na sexta, o bispo e prefeito sugeriu que beijo gay atenta contra a família, no sentido de ser considerado pornografia, e que, por isso, poderia ser enquadrado no Estatuto da Criança e do Adolescente. A declaração pode ser considerada homofóbica e passível de punição criminal, de acordo com o entendimento atual do STF (Supremo Tribunal Federal), que equalizou homofobia ao crime de racismo no Brasil. Na decisão do desembargador Heleno Ribeiro Pereira Nunes, a Justiça afirma que não é competência do município fazer esse tipo de fiscalização. “Alguns livros da Bienal espelham os novos hábitos sociais, sendo certo que o atual conceito de família, na ótica do STF, contempla vária formas de convivência humana e formação de células sociais”, diz o texto da liminar. A decisão conclui ainda que “tal postura reflete ofensa à liberdade de expressão constitucionalmente assegurada”.
Censura: Para artista dos Vingadores, prefeito do Rio está “desconectado com os tempos atuais”
O artista da Marvel Jim Cheung, que desenhou “Vingadores – A Cruzada das Crianças”, obra que foi alvo de busca e apreensão na Bienal do Livro, por fiscais da prefeitura do Rio de Janeiro, manifestou-se nas redes sociais contra o ato de censura do prefeito e bispo Marcelo Crivella. Dizendo-se surpreso com o que aconteceu no Brasil, Cheung declarou que o político brasileiro está “desconectado com os tempos atuais” por considerar impróprio um beijo LGBTQIA+. “Foi com muita surpresa hoje que soube que o prefeito do Rio de Janeiro decidiu proibir a venda do meu livro (e de Allan Heinberg) por suposto material impróprio. Para quem não conhece o trabalho de 2010, a controvérsia envolve um beijo entre dois personagens masculinos”, escreveu ele no Instagram. “Agora, não sei o que levou o prefeito a fazer uma busca de uma obra com quase uma década e que já estava à venda há muitos anos, mas posso dizer honestamente que não havia motivação por trás da obra na promoção de um estilo de vida específico, nem no direcionamento de um público único”, completou. Ele explica que a cena que causou a polêmica “apenas descreve um momento de ternura entre dois personagens que estão em um relacionamento estabelecido” e que, como artista, sua paixão é contar histórias com personagens autênticos e diversos. “Personagens que retratam todos os estilos de vida e cores, sejam pretos ou brancos, marrons, amarelos ou verdes”, disse. “O fato de este livro, de quase uma década atrás, estar agora sendo destacado pelo prefeito talvez apenas mostre como ele pode estar fora de contato com os tempos atuais. A comunidade LGBTQ está aqui para ficar, e eu não tenho nada além de amor e apoio para aqueles que continuam lutando pela validade e uma voz a ser ouvida.” “Espero que o povo bonito do Brasil, a nação maravilhosamente diversa e orgulhosa, consiga enxergar o que há por trás desse ‘barulho’ político e coloque seu foco na luz e nas maneiras de se unir, em vez de ajudar a semear o conflito e a divisão”, finalizou. Ver essa foto no Instagram Teddy & Billy (2019) . It was with great surprise today, to learn that the mayor of Rio de Janeiro decided to ban the sale of my (and Allan Heinberg's) book, Avengers:The Children's Crusade, for alleged inappropriate material. . For those not familiar with the work from 2010, the controversy involves a kiss between two male characters. . Now I don't know what prompted the mayor to seek out a work that is almost a decade old, and that had already been on sale for many years, but I can say honestly, that there was no hidden motivation or agendas behind the work in promoting any particular lifestyle, nor targeting any unique audience. The scene merely depicts a tender moment between two characters who are in an established relationship. . As an artist, my passion is to tell stories; stories of great heroism, compassion and love, with as authentic and diverse characters as possible. Characters that depict every walk of life and color, whether they be black or white, brown, yellow or green. . The fact that this book, from almost a decade ago, is now being drawn into the spotlight by the mayor perhaps only highlights how out of touch he might be with the current times. The LGBTQ community is here to stay, and I have nothing but love and support for those who continue to struggle for validity and a voice to be heard. . I hope the beautiful people of Brazil, the wonderfully diverse and proud nation, will see through this political 'noise' and place their focus on the light, and on ways to unite, rather than help sow the seeds of conflict and division . #TeddyAltman #Hulkling #BillyKaplan #Wiccan #YoungAvengers #AvengersChildrensCrusade #MarvelComics #Marvel #Comics #MCU #pencils #pencildrawing #process #JimCheung #LoveNotHate #LGBTQ Uma publicação compartilhada por Jim Cheung (@jimcheungart) em 6 de Set, 2019 às 12:40 PDT





