Contra censura, Felipe Neto compra todos os livros LGBTQ+ da Bienal para distribuição gratuita

Em reação à tentativa de censura da prefeitura do Rio de Janeiro, que realizou operação de busca e apreensão na Bienal do Livro para censurar uma publicação em quadrinhos dos Vingadores com […]

Em reação à tentativa de censura da prefeitura do Rio de Janeiro, que realizou operação de busca e apreensão na Bienal do Livro para censurar uma publicação em quadrinhos dos Vingadores com beijo homossexual, o youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”) decidiu comprar todos os livros de temática LGBTQ+ do evento.

Inicialmente, ele comprou para distribuir gratuitamente 10 mil livros do universo LGBTQ+. Como sobraram apenas 4 mil, ele decidiu comprar também o resto. E vai entregar, por meio de sua equipe, todos os exemplares para interessados ao meio-dia deste sábado (7/9), na praça de alimentação da Bienal do Livro.

Entre os títulos escolhidos, estão “Dois Garotos se Beijando”, de David Levithan (Galera), “Arrase!”, de RuPaul (HarperCollins), “Boy Erased”, de Garrard Conley (Intrínseca), e “Ninguém Nasce Herói”, de Eric Novello (Seguinte).

Os livros doados serão retirados de um saco preto e acompanhados de um aviso que diz: “Este livro é impróprio – para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas”.

O texto reflete mensagens do Twitter do bispo e prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella, que considerou imprópria a graphic novel “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, à venda na Bienal, por trazer um desenho de dois homens se beijando.

A prefeitura do Rio notificou extrajudicialmente a Bienal, mandando que os exemplares de “Vingadores” fossem recolhidos, lacrados e viessem com uma classificação indicativa ou aviso de que há material ou cenas impróprios para menores de idade. ​A organização da Bienal não aceitou a “recomendação”, pois não considerou o material pornográfico nem impróprio para menores, nem tampouco reconheceu a autoridade da prefeitura para exercer censura.

Por conta da recusa, a prefeitura enviou fiscais uniformizados para fazer busca e apreensão da publicação, que já estava esgotada, segundo os editores. Mas a ação repressora gerou protesto generalizado das editoras de livros do Brasil, repercutiu nos Estados Unidos e rendeu mandato de segurança do Tribunal de Justiça do Rio, proibindo o bispo prefeito de tentar novamente algo parecido. A liminar ainda afirma que “tal postura reflete ofensa à liberdade de expressão constitucionalmente assegurada”.