Lauren Cohan estrela clipe de música inédita de Tom Petty
A atriz Lauren Cohan (a Maggie de “The Walking Dead”) é a estrela do clipe de “Something Could Happen”, música inédita de Tom Petty (1950–2017), gravada em 1994, que foi recentemente resgatada na versão estendida do álbum “Wildflowers”, batizada de “Wildflorwers and All the Rest” e lançada em outubro passado. Originalmente, as sessões dos anos 1990 foram feitas para um álbum duplo, mas a gravadora pressionou por um disco simples. “Something Could Happen” foi cortada, junto com outras faixas que retornam agora. Um crime com música tão bonita. Dirigido por Warren Fu (de vários clipes do Daft Punk, The Killers e The 1975), o vídeo é um conto de fadas com efeitos visuais, em que Lauren interpreta uma mulher de coração partido que se muda para longe “para nunca mais amar”. Dias, meses e anos se passam, e ela começa a jogar fora tudo o que lhe prendia ao passado. Mas, eventualmente, decide voltar a tentar a sorte no amor, apenas para ficar desapontada. Ao mesmo tempo, os pertences que ela descartou lentamente ganham vida, fundindo-se para se tornar uma “pessoa”, com quem ela compartilha uma “última dança”, revivendo emoções antigas de memórias afetivas. Segundo o diretor, a “mensagem é que todas as nossas experiências, as boas, as más, as belas e as dolorosas nos tornam quem somos e devemos abraçá-las”. Fu também disse, em comunicado, que queria que o vídeo relembrasse alguns clipes clássicos de Petty, além de incluir alguns easter eggs, que podem ser facilmente reconhecidos pelos fã do cantor entre os pertences da personagem central. Além disso, a própria estrutura do clipe, que abre como um livro, é uma referência – claramente inspirada em “Into the Wide Open”.
Playlist: 15 clipes para lembrar a carreira de Tom Petty
A morte do cantor Tom Petty, de ataque cardíaco na segunda (2/10), é uma grande perda para o rock. Com uma carreira de quatro décadas, o adolescente que amava os Beatles nos anos 1960 chegou a tocar com dois deles, George Harrison e Ringo Starr, além, claro, de Bob Dylan, Jeff Lynne e Roy Orbison na superbanda Traveling Wilburys, sem esquecer de Stevie Nicks e até Dave Stewart, dos Eurythmics, com quem gravou grandes sucessos. Com sua banda The Heartbreakers, Petty foi pioneiro da revitalização do country rock psicodélico sessentista, atualizando as melodias do grupo The Byrds para a geração new wave – meia década antes do R.E.M. seguir a mesma trilha. Por ter começado sua carreira antes da MTV, os primeiros – e maiores – sucessos nunca ganharam clipes oficiais. Mas apresentações bem preservadas da época podem ser vistas na seleção abaixo, que abre com uma participação do cantor no filme “FM” (1978) e segue com 15 vídeos musicais. A lista permite demonstrar como os clipes de Petty eram criativos. É famosíssima sua transformação em Chapeleiro Louco para o vídeo de “Don’t Come Around Here no More” (1985) – aquele em que Dave Stewart toca cítara em cima de um cogumelo gigante. Mas não é o único exemplo de criatividade de sua videografia, repleta de clipes que parecem curtas metragens, como “Runnin’ Down A Dream” (1989), uma animação inspirada nos quadrinhos clássicos do Pequeno Nemo. Até Johnny Depp estrela um deles, “Into The Great Wide Open” (1991), dirigido pelo cineasta Julien Temple (“Absolute Beginners”). Veja e ouça abaixo o legado de Tom Petty.
Tom Petty (1950 – 2017)
O cantor e músico Tom Petty foi declarado morto na segunda (2/10), aos 66 anos, após ser encontrado inconsciente em sua casa no domingo, em Los Angeles. O site TMZ revelou que ele não tinha mais atividade cerebral e que a família tomou a decisão de desligar os aparelhos e de não tentar ressuscitá-lo. A causa da morte está sendo tratada como um ataque cardíaco fulminante. Tom Petty decidiu virar músico quando tinha 15 anos e viu os Beatles tocando na TV, no “The Ed Sullivan Show”. “Esse foi um grande momento, de verdade, que mudou tudo. Eu era um fã até aquele ponto, mas essa foi a coisa que me fez querer tocar música. Eu ainda acho que os Beatles fazem a melhor música e tenho certeza que vou para o túmulo com essa ideia”, ele disse, em entrevista à Rolling Stone. Sua banda começou a chamar atenção em 1976, quando o primeiro disco, “Tom Petty and the Hearbreakers”, estourou nas paradas de sucesso, combinando country rock e new wave. Recentemente, ele tinha reunido os integrantes da banda original para uma turnê em comemoração aos 40 anos do álbum clássico, ainda hoje um dos mais lembrados por seus fãs. Ele também teve uma bem-sucedida carreira solo (sem os Heartbreakers) nas décadas seguintes. Ao longo de sua trajetória, vendeu mais de 80 milhões de discos, protagonizou clipes muito criativos e compôs dezenas de clássicos, entre eles “Free Fallin'”, “American Girl,” “The Waiting”, “Breakdown” e “Listen to Her Heart”. Como guitarrista, ainda participou do supergrupo Traveling Wilburys, que juntava Bob Dylan, George Harrison, Jeff Lynne e Roy Orbison. Mas sua carreira não se restringiu à música. Ele também marcou o cinema e a televisão com aparições em diversos projetos. Sua estreia nas telas foi em “FM”, como ele mesmo em 1978, e apenas na década seguinte, em 1987, interpretou seu primeiro personagem, na comédia romântica “Paixão Eterna”, de Alan Rudolph. Seu último papel cinematográfico foi na sci-fi pós-apocalíptica “O Mensageiro” (1997), em que contracenou e foi dirigido por Kevin Costner. Em 2002, ele participou de um dos episódios mais famosos da série animada “Os Simpsons”, em que os personagens entram num acampamento musical com roqueiros famosos. Além de Petty, participaram Mick Jagger, Keith Richards, Lenny Kravitz e Elvis Costello. A experiência acabou lhe rendendo um papel recorrente em outra série animada, “O Rei do Pedaço” (King of the Hill), na qual dublou Lucky Kleinschmidt – personagem que se casou com Luanne, dublada pela também falecida Brittany Murphy – por cinco temporadas, entre 2004 e 2009. Petty também participou do projeto musical Lonely Island, encabeçado pelo comediante Andy Samberg, fazendo uma aparição no disco “Turtleneck & Chain” em 2010. Nos últimos anos, vinha filmando diversos documentários sobre rock, tanto sobre sua carreira quanto de colaboradores ilustres, como George Harrison, Jeff Lynne, Bob Dylan e Roy Orbison. Bob Dylan, que era amigo de Tom Petty desde os anos 1980, quando The Heartbreakers foi sua banda de apoio na turnê True Confessions, divulgou um comunicado sobre a perda do parceiro dos Traveling Wilburys. “É uma notícia chocante e devastadora. Foi um grande artista, cheio de luz, um amigo, e nunca o esquecerei.”


