Bolsonaristas agrediram, apontaram revólveres e roubaram jornalistas durante caos em Brasília
A cobertura do quebra-quebra de domingo (8/1) em Brasília foi equivalente à cobertura de uma zona de guerra para a imprensa presente no local. Notas de repúdio do Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e da Federação Nacional de Jornalistas revelaram que os profissionais correram risco de vida, sofreram agressões físicas, ficaram sob mira de revólveres e tiveram equipamento roubado por criminosos simpatizantes de Jair Bolsonaro. “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e a Federação Nacional de Jornalistas manifestam seu mais profundo repúdio aos atos golpistas e terroristas ocorridos neste domingo na Esplanada dos Ministérios e à violência contra profissionais da imprensa, impedidos de realizar seu trabalho com segurança. Ao mesmo tempo, o Sindicato e a Fenaj se solidarizam com os e as colegas feridos/das durante o exercício da profissão”, afirmaram as instituições em nota. Entre as vítimas, estão mulheres e representantes da imprensa dos Estados Unidos. Uma jornalista da revista New Yorker foi cercada pela turba e agredida, precisando ser socorrida pela segurança do legislativo. Outra, do Washington Post, foi derrubada, chutada e teve os cabelos puxados. “Eu e colegas jornalistas fomos agredidos enquanto trabalhávamos na cobertura de atos terroristas em Brasília”, desabafou Mariana Dias no Twitter. “Fui cercada, chutada, empurrada, xingada. Quebraram meus óculos, puxaram meu cabelo, tentaram pegar meu celular. É preciso punir essas pessoas. Isso é crime”. Uma fotojornalista do Metrópoles não só foi agredida por cerca de 10 homens como teve os pertences roubados. “Se juntaram ao meu redor gritando e xingando. Tentei sair de lá, mas me deram socos na barriga e pegaram meus equipamentos enquanto me chutavam”, explicou a fotojornalista, sem ter seu nome publicado. Repórteres fotográficos da Folha e das agências internacionais Reuters e France Press também relataram que tiveram equipamentos, documentos e celulares roubados. No caso de um repórter da Band, ele teve o celular quebrado. Em relato mais grave, um repórter do jornal O Tempo disse que ficou sob a mira de revólveres enquanto foi agredido por um grupo atrás do outro. “Colocaram uma arma na minha cintura, dizendo que eu ia morrer. Outro apareceu com outra arma, colocada nas minhas costas. E não paravam de me dar tapa na cara, xingar”, ele relatou ao jornal, sem que fosse identificado por nome. “Fizeram vídeos do meu rosto. Começaram a compartilhar em grupos de bolsonaristas. Pediam para ‘conferir’. Queriam saber quem eu era, meu nome e, principalmente, minha profissão. Após não acharem nada que me ‘incriminasse’, me mandaram ir embora. ‘Vaza, vaza daqui!’ Saí em um “corredor polonês”, à base de socos, chutes e tapas”, continuou. “Quando cheguei na rampa do Congresso, outros terroristas me pararam, me seguraram. ‘Você que é o petista, o infiltrado?1, diziam, repetidas vezes. Me pediram documentos, mexeram na minha mochila. Me liberaram, mas, na entrada da rampa, outro grupo fez o mesmo. Aí, avistei um grupo de policiais militares perto do Palácio Itamaraty, ao lado de três viaturas. Decidi caminhar. Nada de correr. Ainda ouvia os gritos de ‘infiltrado’, ‘petistas’. Dois ou três me seguiam”. “Ao chegar nos policiais, pedi ajuda, socorro. Contei o que havia acontecido comigo. Mostrei meus documentos. Perguntei se podia ficar no cercadinho que haviam montado, até chegar um colega de trabalho, de profissão, de qualquer outro veículo, que pudesse me ajudar. Os agentes falaram que não. Responderam que nada podiam fazer por mim”. Ele concluiu dizendo que foi salvo por um técnico da EBC (a estatal de comunicação), que tinha ido à Praça dos Três Poderes por curiosidade para ver o que estava acontecendo, e o levou até seu carro para tirá-lo de lá.
7500 cria tensão claustrofóbica em trama de sequestro aéreo
Longa-metragem de estreia do alemão Patrick Vollrath, “7500”, disponibilizado em streaming pela Amazon, consegue montar uma história de tensão claustrofóbica, que se passa totalmente dentro da cabine de um avião atacado por terroristas. O fato de apresentar uma visão limitada pelas paredes da cabine acaba por tornar tudo ainda mais interessante. Uma produção mais convencional teria toda a reviravolta com os passageiros sofrendo a pressão e o terror da situação (ataque físico dos terroristas, avião prestes a cair etc). Em vez disso, e até como forma de diminuir os custos de produção, o que Vollrath apresenta é uma obra que foge da vulgaridade. É também uma obra que se pretende realista. O ator que interpreta o capitão do avião é um verdadeiro piloto, e muito do ótimo desempenho de Joseph Gordon-Levitt, no papel do copiloto isolado, deve-se ao fato de ele ter aprendido com o profissional e ter criado certa intimidade com a cabine, com seus botões, alavancas, meios de comunicação etc. Para trazer este realismo, o filme até flerta com estilo documental, iniciando com imagens de câmeras de segurança de um aeroporto de Berlim, e com uso do silêncio como trilha sonora. Vollrath parece querer construir um thriller anti-hollywoodiano, no sentido de sair das convenções da maioria dos filmes de ataques ou sequestros em aviões. A câmera não é estática, mas permanece boa parte do tempo focada no personagem de Gordon-Levitt, como se houvesse uma terceira pessoa ali dentro da cabine como testemunha. E essa testemunha somos nós, os espectadores. O filme é bem-sucedido especialmente em sua primeira metade, quando a tensão crescente mantém o interesse sobre o desenrolar da situação. Porém, conforme a resolução se aproxima, depois da segunda metade da narrativa, a impressão é que o diretor e seu corroteirista não souberam desenvolver um desfecho satisfatório. Enquanto os terroristas estão – com exceção de um deles – , do lado de fora da cabine, lutando para entrar, o medo e a tensão se manifestam de maneira bastante intensa. Inclusive, com as ameaças de morte a membros da tripulação e de passageiros se intensificando e se tornando cada vez mais dramáticas. Talvez a estrutura de filme B funcionasse melhor se o diretor optasse por um projeto de duração ainda menor, com cerca de 70 minutos, por exemplo. Isso tornaria o filme, além de mais enxuto, muito mais eficiente na construção da densidade dramática, já que a meia hora final quase leva tudo a perder. Ainda assim, “7500” é um thriller bem-feito e bem-vindo, e mais um exemplo de como é possível realizar voos ousados com pouco orçamento, ao fugir das convenções de Hollywood.
Wasp Network, 7500, Aberrações e Aniara são destaques digitais do fim de semana
“Wasp Network: Rede de Espiões”, lançamento da Netflix, não é exatamente a melhor estreia digital da semana, mas com certeza é a que chama mais atenção na programação, pela equipe envolvida e por ser uma coprodução brasileira, baseada em livro de autor nacional – “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, de Fernando Morais, lançado em 2011. O elenco é uma verdadeira seleção ibero-americana, com destaque para o brasileiro Wagner Moura (“Narcos”), a espanhola Penélope Cruz (“Dor e Glória”), o mexicano Gael García Bernal (“Museu”), a cubana Ana de Armas (“Entre Facas e Segredos”), o venezuelano Édgar Ramírez (“A Garota no Trem”) e o argentino Leonardo Sbaraglia (também de “Dor e Glória”). Com direção do premiado cineasta francês Olivier Assayas (Melhor Diretor no Festival de Cannes de 2016 por “Personal Shopper”), o filme é repleto de reviravoltas, que ilustram os esforços da espionagem cubana durante a Guerra Fria. Entretanto, há filmes melhores disponíveis em outras plataformas, como “7500”, “Aberrações” e “Aniara”. Confira abaixo mais detalhes destes e de outros lançamentos digitais inéditos nos cinemas brasileiros, que valem a conferida nos serviços de VOD (locadoras online) e streaming neste fim de semana. A curadoria não inclui títulos clássicos e produções que, em outros tempos, sairiam diretamente em vídeo. Wasp Network: Rede de Espiões | França, Brasil | 2020 O thriller de espionagem conta a história da Rede Vespa, um grupo de agentes duplos cubanos que se passaram por desertores para se infiltrar em organizações anticastristas de extrema-direita em Miami, entre as décadas de 1980 e 1990. Uma das curiosidades de seu elenco estrelado (veja a lista completa acima) é que volta a juntar Warner Moura e Ana de Armas, que viveram par romântico em “Sergio”, outro lançamento da Netflix, disponibilizado no mês passado. A produção é da RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira, em parceria com a francesa CG Cinemas e sua première aconteceu no último Festival de Veneza. Na época, a crítica achou chato (41% no Rotten Tomatoes), mas o filme acabou recebendo um prêmio especial do Festival de Deauville, realizado uma semana depois na França. Netflix 7500 | EUA | 2020 O título 7500 refere-se ao código para sequestro aéreo, alerta transmitido pelo co-piloto de um voo de rotina de Berlim para Paris após ver terroristas tentando tomar o controle do avião e se trancar na cabine. Como os sequestradores não conseguem invadir a cabine, passam a ameaçar de morte todos os passageiros para forçar o co-piloto a abrir a porta. Com Joseph Gordon-Levitt (“Snowden”) no papel principal, o filme explora a tensão psicológica que resulta desse impasse – e tem 65% de aprovação no Rotten Tomatoes Amazon Aberrações (Freaks) | EUA | 2019 Mistura de suspense e sci-fi ao estilo de “Rua Cloverfield, 10”, traz uma menina de sete anos trancada em casa pelo pai perturbado (Emile Hirsch), que a alerta para nunca sair, devido aos graves perigos do lado de fora. Até que um homem misterioso (o veterano Bruce Dern) surge e tenta convencer a garota a se juntar a ele em uma jornada ao mundo exterior. Longe de ser frenético, o filme é para fãs de atmosferas psicológicas e foi premiado nos festivais de cinema fantástico de Paris, Bruxelas e Trieste. Com direção da dupla Zach Lipovsky e Adam B. Stein, que assinou o bem-sucedido telefilme live-action de “Kim Possible”, tem a melhor avaliação crítica desta lista: 87% no Rotten Tomatoes! iTunes, Now, Oi Play e Vivo Play Aniara | Suécia, Dinamarca | 2018 Sci-fi espacial escandinava sobre uma nave repleta de passageiros que, após um acidente num voo para Marte, fica à deriva no espaço. Com clima mais melancólico que catastrófico, explora as diferentes reações à situação de mergulho sem volta na imensidão, que vão da resignação ao desespero, trazendo à tona um retrato cru da humanidade. A obra adapta um poema do vencedor do Noel Harry Martinsson e conquistou prêmios em festivais do gênero, atingindo 70% de aprovação no Rotten Tomatoes – e quase 100% nos gatilhos de depressão. Now, Vivo Play e Sky Play Olhos de Gato (A Whisker Away) | Japão | 2020 Anime sobre uma garota que se transforma em gato para ficar perto do garoto que ama. Escrita por Mari Okada (de “Maquia: Quando a Flor Prometida Floresce”), a história, digamos, peculiar mescla aspectos culturais japoneses com uma trama romântica adolescente. Vale observar que um dos diretores, Jun’ichi Satô, é veterano da animação japonesa, tendo trabalhado em clássicos como “Sailor Moon” e “Neon Genesis Evangelion”. Netflix Feel The Beat | EUA | 2020 Sofia Carson (a Evie de “Descendentes”) é uma dançarina malvada que vira professara de dança infantil numa comédia de desenvolvimento previsível, mas divertido. Após seu fracasso em um teste para Broadway tornar-se um vídeo viral, ela volta para a cidade onde nasceu e lá é convidada a treinar um grupo de crianças para uma competição. A malvadinha só aceita ao descobrir que a final teria jurados da Broadway, e então decide transformar as meninas inexperientes em bailarinas vencedoras… em duas semanas! Netflix Anton: Laços de Amizade | Ucrânia | 2019 Dois meninos, um católico e um judeu, crescem juntos em 1919, aprendendo sobre amizade e preconceito em meio às tragédias e à revolução bolchevique na Ucrânia. O drama marcou a despedida do diretor georgiano Zaza Urushadze, que disputou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015 por “Tangerinas”. Ele morreu em dezembro passado, de ataque cardíaco aos 57 anos. Cinema Virtual iTunes Wendy | EUA | 2019 Incluído mais por curiosidade que recomendação, trata-se de um desastre retumbante. O filme tem roteiro e direção de Benh Zeitlin, que em 2012 encantou os cinéfilos de todo o mundo com seu primeiro longa, “Indomável Sonhadora”, vencedor do Festival de Sundance, premiado em Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Filme. Ele demorou sete anos para voltar a filmar e “Wendy” têm vários pontos em comum com o trabalho anterior, a começar pelo fato de contar uma história fantástica filtrada pelo olhar de uma menina. Trata-se, na verdade, de uma versão de “Peter Pan”, em que crianças abandonadas embarcam para uma ilha distante, trocando suas vidas duras por um cotidiano de aventuras, com o bônus de o tempo não parecer passar. Até que “piratas” descobrem o local, colocando em risco sua liberdade e os obrigando a crescer. O problema é que qualquer vestígio dessa narrativa é enterrado pela fotografia da paisagem, ainda mais exasperante que nos filmes de Terrence Malick. Seu belo visual não esconde a bela decepção, com pífios 38% no Rotten Tomatoes. iTunes, Now, Google Play e YouTube Filmes Revelação (Disclosure) | EUA | 2020 O documentário sobre a representação de pessoas trans no cinema e na TV mostra como Hollywood ao mesmo tempo reflete e cria ansiedades relacionadas à questão de gênero. No longa, ativistas e artistas trans famosos nos EUA, como Laverne Cox (“Orange Is the New Black”), Lilly Wachowski (“Matrix”), Yance Ford (“Strong Island”), MJ Rodriguez (“Pose”), Jamie Clayton (“Sense8”) e Chaz Bono (“American Horror Story”), explicam suas reações e resistências à forma como a transexualidade é apresentada nas telas, discutindo o contraste entre a ficção, o que pensa a sociedade e a realidade das pessoas trans. Netflix
7500: Joseph Gordon-Levitt enfrenta terroristas em trailer tenso
A Amazon divulgou o pôster e o trailer de “7500”, em que Joseph Gordon-Levitt (“Snowden”) interpreta o co-piloto de um avião sequestrado por terroristas. O título 7500 refere-se ao código para sequestro aéreo, mensagem que o co-piloto de um voo de rotina de Berlim para Paris transmite após se trancar na cabine, ao ver terroristas tentando tomar o controle do avião. Como os sequestradores não conseguem acesso à cabine, passam a ameaçar de morte todos os passageiros para forçar o co-piloto a abrir a porta. A prévia explora a tensão psicológica que resulta desse impasse. O filme é uma produção alemã, escrita e dirigida pelo estreante Patrick Vollrath, e teve première no Festival de Locarno, na Suíça, em agosto do ano passado. A estreia em streaming está marcada para 19 de junho.
Estudo revela que 78% dos personagens árabes da TV americana são terroristas, espiões ou ditadores
A ONG MENA Arts Advocacy Coalition (MAAC), que defende maior representatividade de atores de origem árabe em Hollywood, divulgou um estudo que aponta que 78% dos personagens do Oriente Médio e do Norte da África que apareceram em séries americanas entre 2015 e 2016 foram retratados como terroristas, espiões, militares ou ditadores. O estudo divulgado nesta segunda-feira (10/9) pesquisou mais de 242 séries exibidas em canais abertos, fechados e serviços de streaming entre os dois anos apontados. E como resultado, a ONG apontou que apenas 1% dos personagens regulares em séries de TV americanas são de descendência árabe, enquanto esse grupo étnico representa 3,2% da população dos EUA. Cerca de 92% das séries analisadas não tem nenhum personagem com esta descendência no seu elenco regular. Mas há poucas e boas exceções de representatividade. Em “Mr. Robot”, o protagonista Elliot Anderson é interpretado por Rami Malek, que tem descendência egípcia, mas o personagem se envolve numa trama de cyberterrorismo. Outros exemplos mais positivos aparecem em papéis coadjuvantes, como Necar Zadegan (a advogada Delia em “Girlfriend’s Guide to Divorce”), Ennis Esmer (o tenista Nash em “Red Oaks”), Yara Shahidi (a Zoey de “Black-ish”), Jaime Camill (o Rogelio de “Jane the Virgin”), Tony Shalhoub (o Abe de “The Marvelous Mrs. Maisel”) e Michael Malarkey (o Enzo de “The Vampire Diaries”), todos atores de origem árabe ou norte-africana com papéis relevantes em séries de TV, que não vivem terroristas. “Hollywood precisa superar o estereótipo de terroristas e ditadores ao retratar essas pessoas”, comenta Nancy Wang Yuen, uma das autoras do estudo. “Esse tipo de retrato pode ter efeitos negativos de verdade. Criar personagens diferentes e mais complexos para pessoas de origem árabe ou norte-africana pode combater preconceitos e aumentar a rejeição a políticas públicas preconceituosas”.
Dave Bautista se vê na pele de Jean-Claude Van Damme no trailer legendado de Refém do Jogo
A Imagem Filmes divulgou o pôster nacional, 18 fotos e o trailer legendado de “Refém do Jogo” (Final Score), filme em que Dave Bautista (“Guardiões da Galáxia”) basicamente revive a situação de Jean-Claude Van Damme em “Morte Súbita” (1995). As premissas dos dois filmes são exatamente as mesmas, com a diferença que o novo se passa na Inglaterra durante uma partida de futebol, enquanto o anterior envolvia hockey nos Estados Unidos. Compare abaixo os trailers dos dois filmes, que compartilham até o déjà vu do “cliffhanger”, com os heróis balançando no topo do estádio sobre os jogos. Em resumo, na “nova versão” Bautista é um militar que leva a sobrinha a um jogo de futebol e calha de o local ser tomado por terroristas que querem matar uma pessoa específica entre o público. Com a ajuda de um funcionário atrapalhado do estádio, ele logicamente vai dar um pau nos bandidos e impedir que 36 mil pessoas se tornem vítimas de um atentado letal. O elenco também inclui Pierce Brosnan (“O Estrangeiro”) e Ray Stevenson (“Caçada ao Presidente”), que estão se especializando nesse tipo de thriller genérico, mas bem feitinho. O mesmo pode ser dito do diretor Scott Mann, que fez antes “O Sequestro do Ônibus 657” (2015) sem nem tentar esconder a semelhança com “O Sequestro do Metrô 123” (2009). A bomba explode em 14 de setembro nos Estados Unidos e, em efeito retardado, dois meses depois no Brasil, no dia 8 de novembro.
A Trama alerta para a radicalização perigosa da juventude
Embora tenha uma filmografia relativamente curta, Laurent Cantet se especializa em filmes que abordam questões sociais. Sua obra mais conhecida, “Entre os Muros da Escola” (2008), que lhe deu a Palma de Ouro, era um retrato incômodo e barulhento da rotina de um professor de uma escola pública em uma França que convive com múltiplas etnias e que parece estar em constante atrito. Ele explorou o tema antes dos vários ataques terroristas que se tornaram rotina no país. Falar sobre etnias e ao mesmo tempo citar terroristas pode soar reducionista, como se a culpa dos vários atos criminosos fosse dos muçulmanos em geral, ou dos árabes como um todo. E esta radicalização é justamente o tema de “A Trama” (2017), o novo filme de Cantet. O filme acompanha o trabalho de uma escritora idealista, Olivia (Marina Foïs, de “Polissia”), que desenvolve um workshop para a realização de um romance coletivo, escrito em parceria com vários jovens de diferentes etnias e posicionamentos políticos e sociais conflitantes. Um dos adolescentes, Antoine (o estreante Matthieu Lucci), se destaca nas discussões, devido principalmente à sua tendência ao fascismo, o que inclusive o torna agressivo com alguns colegas. Quando ele entrega sua redação a respeito de um tema que possa servir de base para a elaboração do romance, sua escrita incomoda os colegas mais sensíveis. Seu pequeno trecho de ficção sobre um banho de sangue em um iate soa quase criminoso. Alguém diz que é como se o rapaz tivesse prazer quase sexual ao escrever sobre algo tão violento. Como o espectador não vê o filme apenas pelos olhos de Olivia, acompanhando um pouco da rotina de Antoine, é convidado a também relativizar a figura do rapaz, que gosta de crianças e que é um tanto enigmático em sua solidão, em sua preferência por estar só naquela cidadezinha costeira. Ou a solidão não seria uma opção, mas algo imposto por seu destino? A questão de perspectiva é bastante explorada pela trama de “A Trama”, que aborda as várias possibilidades de se contar uma história, nas discussões entre professora e alunos. Mas, num determinado momento, o filme opta por uma virada concreta no enredo, que lhe faz mudar de gênero, aproximando-o do suspense. Uma decisão inteligente, já que o andamento fora paralisado no choque de diferenças de opiniões, que freavam as tentativas de algum aprofundamento. Até o ataque à casa de espetáculos Bataclan, em Paris, é citado, embora apenas superficialmente. Em seu filme, Cantet aproxima-se de um rapaz confuso que, com ideias pouco saudáveis de ódio e slogans fascistas do tipo “a Europa para os europeus”, demonstra potencial para virar um terrorista ou mesmo um psicopata. Mas, ao enquanto o representa como alguém de quem se deve manter distância, as palavras finais do rapaz chamam a atenção para a necessidade de cuidado, no sentido mais afetivo do termo.
Paul Greengrass vai filmar thriller sobre terrorista real para a Netflix
O diretor britânico Paul Greengrass (“Jason Bourne”) vai fazer um filme para a Netflix. Segundo o site Deadline, ele vai dramatizar um atentado terrorista verídico, ocorrido em Oslo, na Noruega, em 2011. A diferença deste atentado para outros ataques recentes é que foi cometido por um cristão extremista de direita. Anders Behring Breivik detonou uma bomba perto do escritório do primeiro-ministro norueguês, matando oito pessoas em 2011. Sem ser detido, viajou usando roupas de policial até uma ilha, onde disparou contra dezenas de jovens que participavam de um acampamento. Ele foi condenado a 21 anos de prisão – a sentença máxima permitida na Noruega. O longa terá um orçamento de US$ 20 milhões e será rodado na própria Noruega. Ainda não há previsão para a estreia. Greengrass é especialista em filmar thrillers baseados em eventos reais, como “Domingo sangrento” (2002), sobre o massacre cometido por tropas britânicas contra manifestantes irlandeses, em 1972, “Vôo United 93” (2006), que retratava o sequestro de um dos aviões usados nos ataques de 11 de setembro, e “Capitão Phillips” (2013), sobre a invasão de piratas somalis a um navio americano. Ele também dirigiu três filmes da franquia de Jason Bourne.
13 Horas: Michael Bay explode terroristas em trailer de filme de ação
Já pensou como seria um filme de “Transformers” sem os robôs gigantes? O trailer de “13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”, responde a essa questão crucial. A prévia do novo filme do diretor Michael Bay, a mente e o ego por trás da franquia “Transformers”, é repleta de explosões, fogo, bandeiras tremulando, tiros para todo o lado, correrias, gritaria, situações impossíveis e heróis capazes de enfrentar uma ameaça muito maior que suas possibilidades. Só que em vez de Decepticons, os vilões são terroristas muçulmanos. O filme é a versão hollywoodiana do ataque à Embaixada dos EUA em Bengasi, na Líbia, que aconteceu durante a chamada Primavera Árabe em 2012, no 11º aniversário dos atentatos de 11 de setembro. Durante a escalada de violência e anarquia da rebelião que derrubou o ditador Muammar Gaddafi, o rastro de destruição se voltou contra os símbolos do “grande satã”, culminando na invasão da Embaixada e no assassinato do embaixador dos EUA J. Christopher Stevens, primeiro embaixador americano morto em serviço desde 1979. O roteiro de Chuck Hogan (série “The Strain”) adapta um livro de Mitchell Zuckoff, que centra a ação na tropa de elite que tentou proteger a Embaixada do ataque muçulmano. O elenco inclui John Krasinski (série “The Office”), James Badge Dale (“Homem de Ferro 3”), Max Martini (“Círculo de Fogo”), David Costabile (“Lincoln”), Pablo Schreiber (série “Orange Is the New Black”), David Denman (série “The Office”) e Toby Stephens (série “Black Sails”). “13 Horas” estreia em 15 de janeiro nos EUA, esperando repetir o sucesso de “Sniper Americano”, que chegou ao grande circuito nesta mesma data em 2015. No Brasil, o lançamento acontece seis dias depois, em 21 de janeiro








