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  • Etc,  Filme,  TV

    Maria Alice Vergueiro (1935 – 2020)

    3 de junho de 2020 /

    A atriz, professora e diretora Maria Alice Vergueiro morreu nesta quarta (3/6) em São Paulo, aos 85 anos, após ser internada no Hospital das Clínicas, há uma semana, com forte insuficiência respiratória, um quadro de pneumonia e suspeita de covid-19. Considerada uma das grandes damas do teatro moderno e da contracultura brasileira, Vergueiro estrelou mais de 60 peças, filmes e produções televisivas. Além de seu trabalho em clássicos do palco brasileiro, do Teatro de Arena, sob a direção de Augusto Boal, passando pelo Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, e até o Teatro do Ornitorrinco, do qual foi uma das fundadoras, ela ficou conhecida por viralizar num dos primeiros vídeos disseminados pela internet no Brasil, o célebre “Tapa na Pantera”, de 2006, no qual interpretava uma senhora maconheira. Feito por três estudantes de cinema — um deles, Esmir Filho, lançou-se cineasta com “Os Famosos e Os Duendes da Morte”, vencedor do Festival do Rio de 2009 – “Tapa na Pantera” foi parar no YouTube sem querer, sem a permissão dos autores, e se tornou o primeiro fenômeno brasileiro viral. Ela também participou de filmes emblemáticos do cinema nacional, dentre eles três longas de Sergio Bianchi, “Maldita Coincidência” (1979), “Romance” (1988) e “Cronicamente Inviável” (2000). Estrelou ainda a adaptação de “O Rei da Vela” (1983), clássico teatral dirigido por José Celso, além de “O Corpo” (1991) de José Antonio Garcia, “Perfume de Gardênia” (1992), de Guilherme de Almeida Prado, “A Grande Noitada” (1997) de Denoy de Oliveira, “Quanto Dura o Amor?” (2009) de Roberto Moreira, e “Topografia de Um Desnudo” (2009) de Teresa Aguiar. Maria Alice fez até novelas. Em 1987, ela interpretou Lucrécia, em “Sassaricando”. Em 2003, a atriz descobriu que sofria de Parkinson, uma doença degenerativa do sistema nervoso central. Mas não parou de atuar. Seu último trabalho na televisão foi em 2016, quando interpretou uma síndica maconheira em “Condomínio Jaqueline”, e seu último filme foi o o recente “Vergel” (2017) de Kris Niklison. Em 2018, ela ainda se tornou tema de documentário – “Górgona”, que fez um apanhado de sua vida e obra.

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  • Filme,  Música

    Patricio Bisso (1957 – 2019)

    15 de outubro de 2019 /

    O artista argentino Patricio Bisso morreu no domingo passado (13/10) em Buenos Aires, após sofrer um ataque cardíaco, aos 62 anos. Natural da capital argentina, Bisso mudou-se para a cidade de São Paulo aos 17 anos, no fim dos anos 1970, e teve a maior parte de sua carreira no Brasil. Ele se projetou inicialmente como ilustrador, publicando seus trabalhos no jornal Folha de S. Paulo, mas logo se tornou um ícone na noite LGBTQIA+ paulistana por suas performances de humor, na maioria das vezes travestido. Uma das personagens que criou nesses shows foi até parar na Globo, a russa Olga del Volga, sexóloga e conselheira sentimental. Além de personagens próprios, ele recriava nos shows o visual de divas da música internacional dos anos 1950 e 1960, como Connie Francis e Gigliola Cinquetti. Acompanhado pela banda Os Boko Mokos e pelo trio vocal As Notas Pretas, seu show “Louca Pelo Saxofone” estreou em 1985 e ficou anos em cartaz. No ano passado, o selo Discobertas relançou pela primeira vez em CD o álbum “Louca pelo Saxofone”, derivado do show, que serve como testamento de sua genialidade. Bisso quase materializou uma carreira musical, participando do movimento de músicos Vanguarda Paulista, mas foi mais consistente como ator de cinema, atividade iniciada em “Maldita Coincidência” (1979), de Sergio Bianchi. Ele participou de clássicos da filmografia nacional, como “Das Tripas Coração” (1982), de Ana Carolina, “O Homem do Pau-Brasil” (1982), de Joaquim Pedro de Andrade, “Onda Nova” (1983) e “A Estrela Nua” (1984), ambos da dupla José Antonio Garcia e Ícaro Martins, antes de levar Olga del Volga para a Globo, na novela “Um Sonho a Mais” (1985). A versão Olga de Patricio também foi uma convidada frequente do programa de Hebe Camargo, o que acabou lembrado no longa “Hebe – A Estrela do Brasil”, atualmente em cartaz. Bisso também atuou e foi figurinista do filme “O Beijo da Mulher-Aranha” (1985), de Hector Babenco, e seguiu trabalhando com os figurões do cinema brasileiro, como Bruno Barreto, em “Além da Paixão” (1986), e Cacá Diegues em “Dias Melhores Virão” (1989), até sair do Brasil. Na época, dizia que tinha se cansado, por não conseguir dinheiro para projetos mais ambiciosos, como um longa-metragem focado em Olga Del Volga. Mas a gota d’água pode ter sido sua prisão em flagrante na noite de 3 de dezembro de 1994. Ele acabava de terminar a temporada do show “Bissolândia”, o mais elaborado de sua carreira, em que recriava canções dos personagens da Disney, quando foi preso por sexo com dois outros homens em plena praça Roosevelt, no centro de São Paulo. Passou a noite em cana, pagou fiança e saiu dizendo ter apanhado na delegacia. Em seguida, voltou a morar em sua Buenos Aires natal, no mesmo prédio de sua mãe, praticamente sumindo do mundo pop. Mesmo assim, voltou a trabalhar com o conterrâneo Babenco em 2007, desenhando figurinos do filme “O Passado”, em que o cineasta também voltou (provisoriamente) à Argentina em que nasceu. E chegou a ensaiar uma volta por cima com o musical satírico “Castronauts”, que ele concebeu. Após ser exibido em um festival em Nova York, Bisso planejava em transformá-lo em filme. Mas foi outro projeto frustrado. Nos últimos anos, ele passou a compartilhar seu humor ácido, acompanhado por ilustrações sessentista e referências à iconografia das pin-ups, com os seguidores de seu perfil no Facebook, onde, de forma significativa, sempre escrevia em português. Seu último post foi publicado no sábado (12/10).

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  • Filme

    Viola Davis vai produzir adaptação de O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues

    9 de agosto de 2019 /

    A atriz Viola Davis (“As Viúvas”) planeja adaptar a peça brasileira “O Beijo no Asfalto”, obra clássica de Nelson Rodrigues, para teatro e tela (cinema, TV ou streaming) nos Estados Unidos. “Estamos muito empolgados com a parceria com a Productions Wise para trazer à vida a inovadora peça do dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues, ‘O Beijo no Asfalto'”, escreveu a atriz em seu Twitter. Viola irá produzir as adaptações por meio da JuVee Productions, da qual é sócia com o marido, Julius Tennon. A produtora parceira, a Wise Entertainment, pertence a Maurício Mota, neto de Nelson Rodrigues. Escrita por Rodrigues em 1960, para o grupo de teatro de Fernanda Montenegro, “O Beijo no Asfalto” fala de sexualidade, intrigas, falta de ética da imprensa e crise familiar. A história gira em torno de Arandir, um homem casado, que atende o último desejo de um homem atropelado e beija sua boca. A cena é presenciada por Amado Ribeiro, um jornalista que resolve tirar proveito do episódio. Com o destaque do caso, Arandir se isola, sofrendo com a descrença de todos à sua volta, e se vê compelido a um destino que não consegue modificar. A peça já ganhou três adaptações no cinema brasileiro: em 1965, dirigida por Flávio Tambellini e estrelada por Reginaldo Faria, em 1981, com direção de Bruno Barreto e o ator Tarcísio Meira, e em 2018, numa versão metalinguista dirigida por Murilo Benício e estrelada por Lázaro Ramos. A Wise Entertainment e a JuVee Productions estão planejando uma temporada teatral em Los Angeles e na Broadway para a peça e estão em busca de roteiristas e diretores para a adaptação do texto como filme. We're so excited to partner with @ProductionsWise to bring Brazilian playwright Nelson Rodrigues’ groundbreaking play, #TheAsphaltKiss to life! https://t.co/XuMpHOIkbs — Viola Davis (@violadavis) August 9, 2019

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  • Etc,  TV

    Bibi Ferreira (1922 – 2019)

    13 de fevereiro de 2019 /

    A atriz, cantora e diretora Bibi Ferreira, conhecida como primeira-dama do teatro brasileiro, morreu nesta quarta (13/2) aos 96 anos, após sofrer uma parada cardíaca. Com uma vasta e imensurável carreira nos palcos, Bibi se destacou em montagens históricas do teatro nacional. Mas essa dedicação fez com tivesse poucas participações no cinema e na TV, o que lhe deu menos popularidade que merecia. Abigail Izquierdo Ferreira nasceu em 1º de junho de 1922 no Rio de Janeiro, e com 20 dias de idade fez sua estreia no teatro. Filha do também famoso ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, ela subiu aos palcos pela primeira vez em 21 de junho de 1922, ainda bebê, substituindo uma boneca que havia desaparecido horas antes da sessão da peça “Manhãs de Sol”. Enquanto crescia, Bibi sentou no colo de Carmem Miranda, aprendeu a cantar com Noel Rosa e estudou teatro em Londres em 1942. Sua carreira premiadíssima destaca grandes sucessos musicais, como “Gota d’Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes, “Minha Querida Dama” (versão brasileira do clássico “My Fair Lady”, que fez com Paulo Autran), “O Homem da La Mancha”, “Alô Dolly” e “Piaf, a Vida de uma Estrela da Canção”. Este último foi o que mais marcou sua carreira. Iniciado em 1983, o espetáculo levou Bibi a percorrer vários países e chegou a virar vídeo em 2004, “Bibi Canta Piaf”. Após mais de duas décadas na pele da diva francesa, a diva brasileira foi reconhecida com a Comenda do Ordem e das Letras da República Francesa, o prêmio máximo da cultura na França. Bibi também foi diretora de shows, óperas e peças de teatro, tendo dirigido cantoras tão diferentes quanto Maria Bethânia, Elizeth Cardoso, Clara Nunes e Roberta Miranda, entre outras. O cinema foi um entusiasmo da juventude, estreando nas telas aos 14 anos, em “Cidade-Mulher” (1936), do grande mestre Humberto Mauro. Depois, foi dirigida pelo inglês Derek N. Twist em “O Fim do Rio” (1947), contracenando com atores britânicos, pelo tcheco Leo Marten em “Almas Adversas” (1952) e pelo argentino Carlos Hugo Christensen em “Leonora dos Sete Mares” (1955). E nunca mais fez outro filme. Em vez disso, preferiu participar dos primeiros teleteatros brasileiros, que eram basicamente teatro filmado: encenações feitas ao vivo, numa época em que ainda não existia o videotape. Foram várias aparições no programa “Grande Teatro Tupi”, entre 1952 e 1956. Em 1960, ela participou da inauguração da TV Excelsior como apresentadora do jornalístico “Brasil 60”, um dos primeiros a combinar reportagens gravadas com apresentação ao vivo, além do programa de variedades “Bibi Sempre aos Domingos”. Também comandou o programa musical “Bibi ao Vivo” na Tupi, em 1968. E foi a comentarista oficial da transmissão do Oscar 1972 no mesmo canal. Mas, curiosamente, jamais fez em novelas. E só apareceu em duas produções da Globo: “O Homem Que Veio do Céu” (1978), episódio da série de antologia “Caso Especial”, em 1978, e a minissérie “Marquesa de Santos”, no papel de Dona Carlota Joaquina, em 1984. Ao completar 50 anos de carreira na década de 1990, ela celebrou sua trajetória artística com o espetáculo “Bibi in Concert”. E, em 2013, levou este espetáculo para Nova York, apresentando-se na Broadway, com direito a dueto com Liza Minelli e críticas rasgadas do jornal New York Post, que a comparou com Ella Fitzgerald. Bibi anunciou sua aposentadoria dos palcos em setembro passado, após 77 anos de carreira, interrompendo planos que desenvolvia para um musical dedicado ao cancioneiro de Dorival Caymmi. Na época, já enfrentava uma série de problemas de saúde e chegou a ser internada com quadro de desidratação. “Nunca pensei em parar, essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada”, disse ela em comunicado.

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  • Filme

    O Beijo no Asfalto usa metalinguagem para contar história clássica

    9 de dezembro de 2018 /

    “O Beijo no Asfalto” (2017), filme que marca a estreia na direção do ator Murilo Benício, é uma adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues, que fala sobre um homem, Arandir (Lázaro Ramos), que vê um sujeito ser atropelado na sua frente e concede ao moribundo um último pedido: um beijo. Escrita em 1960, a peça mostra como a vida desse homem é arruinada, uma vez que aquele simples ato de bondade dá início a uma verdadeira perseguição por parte da polícia, da imprensa e do seu próprio sogro, ao mesmo tempo em que causa problemas no seu casamento com Selminha (Débora Falabella). O texto original foi transposto integralmente para o filme. E isso é perceptível tanto no conteúdo verborrágico e nos diálogos sobrepostos – característicos do teatro – quanto na abordagem de alguns temas comuns a Nelson, como a sexualidade, a intimidade da família “normal” brasileira e as perversões humanas. Porém, vale citar que a peça não condena a homossexualidade, o que ela condena é a repressão da mesma, e a maneira como as instituições de poder, como a polícia, a mídia e a religião, tratam desse assunto como se fosse uma doença – e o fato de um texto tão antigo soar tão atual é um mau sinal. Ainda assim, Benício imprimiu a sua própria visão para a obra, propondo algo diferente para esta adaptação: fazendo uso da metalinguagem, ele apresenta o processo dos próprios atores ao se prepararem para realizar o longa-metragem. Assim, o que vemos é o elenco sentado a uma mesa discutindo o texto e se familiarizando com os seus respectivos personagens, enquanto Murilo fica num canto, só ouvindo. As cenas dos ensaios se misturam com cenas “de cinema”, da adaptação em si, e é por meio dessa mistura que acompanhamos a história de Arandir. Trata-se de uma proposta bastante complexa para um diretor estreante, mas Benício demonstra habilidade de um veterano. Explicitando todo o aparato cinematográfico, desde as câmeras, os trilhos do travelling e as páginas do roteiro, o realizador usa esse recurso da metalinguagem para criar algumas composições belíssimas, como aquela na qual um plano geral revela o cenário montado, mas aos poucos a câmera se aproxima dos atores, deixando de lado todo aquele aspecto “realista” (ou seja, excluindo os detalhes do estúdio e da equipe de filmagem) e se concentrando na “ficção” (tornando-se uma cena “normal” de cinema). Assim, ainda que as cenas dos ensaios continuem a fazer parte da narrativa, a partir do segundo ato – sim, existe a divisão em três atos – a ficção torna-se muito mais presente na tela do que essa (falsa) realidade. É como se os atores já conhecessem bem os seus personagens e já tivessem ensaiado o bastante, podendo partir para a “prática”. Com isso, em momentos mais densos, como na discussão entre Selminha e seu pai, Aprígio (Stênio Garcia), o diretor fecha o quadro no rosto daquelas pessoas para que possamos ver em detalhes todas as expressões que eles tanto ensaiaram. E isso só funciona porque o talentoso elenco consegue extrair a densidade do texto de Nelson com aparente facilidade e, contraditoriamente, com naturalidade. Murilo declarou que “O Beijo no Asfalto” foi um projeto coletivo e que todos os envolvidos são responsáveis por esse resultado. De fato, o cinema é uma arte colaborativa. Mas o cinema também precisa do direcionamento do realizador para não se tornar uma cacofonia de diversas vozes falando ao mesmo tempo. E Benício demonstra o talento necessário tanto para criar, quanto para ouvir e filtrar aquilo que lhe interessa. Ou seja, é um excelente cineasta.

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    Beatriz Segall (1926 – 2018)

    5 de setembro de 2018 /

    A atriz Beatriz Segall morreu nesta quarta-feira (5/9), aos 92 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em consequência de problemas respiratórios. Ela marcou a história da TV brasileira com uma das maiores vilãs já vistas numa novela, Odete Roitman, a personagem mesquinha, vaidosa e arrogante de “Vale Tudo” (1988), principal sucesso de sua carreira – e de todos os envolvidos na produção, inclusive o autor Gilberto Braga. Mas para chegar lá, teve que lutar contra a própria família, que não queria vê-la seguir carreira de atriz. Fazer teatro nos anos 1950 era algo mal visto para mocinhas da classe média como Beatriz de Toledo, seu nome de batismo. Ela só virou Beatriz Segall após se destacar na companhia teatral Os Artistas Unidos, da atriz francesa Henriette Morineau, receber uma bolsa do governo francês para cursar língua e teatro na Sorbonne, em Paris, e lá conhecer, se apaixonar e se casar com Mauricio Segall, filho do famoso pintor Lasar Segall. O casamento aconteceu em 1954 e também a transformou em mãe de três filhos, entre eles o diretor de cinema Sérgio Toledo (que fez “Vera”, longa de 1986 que valeu a uma estreante Ana Beatriz Nogueira o Urso de Ouro de melhor atriz em Berlim). A maternidade afastou-a da carreira artística até 1964, quando substituiu Henriette Morineau em “Andorra”, do Teatro Oficina, dirigida por José Celso Martinez Corrêa. O acirramento trazido pelo golpe militar no período fez com que o teatro se tornasse uma opção de vida, inspirando o projeto de reerguer, ao lado do marido, o Theatro São Pedro, em São Paulo. Mas a preferência por peças de teor político acabou colocando os Segall na lista daqueles considerados subversivos, o que culminou na prisão e tortura de Mauricio em 1970, supostamente por sua ligação com a ANL, grupo que aderiu à luta armada contra o regime militar. Com a carreira voltada ao teatro e pouca experiência em cinema (onde estreou em 1951, em “A Beleza do Diabo”, do francês Romain Lesage), Beatriz teve sua trajetória completamente alterada ao ser escalada para a primeira novela das 20h de Gilberto Braga. Ao viver a Celina de “Dancin Days” (1978), ela conheceu o sucesso de massa e reinventou sua trajetória como estrela da Globo. “Até fazer ‘Dancin Days’, eu execrava televisão. Achava tudo muito pobre, sem recursos. A partir de ‘Dancin Days’ me dei conta de que não podia mais ignorar o veículo, a TV tinha melhorado muito”, comentou dez anos depois, em entrevista ao jornal O Globo. A partir do verdadeiro fenômeno cultural que foi “Dancin Days”, influenciando música, moda e comportamento, Beatriz passou a emendar uma novela atrás da outra. Seguiram-se papéis em “Pai Herói” (1979), “Água Viva” (1980), “Sol de Verão” (1982), “Champagne” (1983), “Carmen” (1987), “Barriga de Aluguel” (1990), “De Corpo e Alma” (1992), “Sonho Meu” (1993) e “Anjo Mau” (1997), além de, claro, a famosa Odete Roitman de “Vale Tudo” (1988). A vilã virou ícone por representar o desprezo da elite contra os mais pobres. Mas apesar das maldades, Beatriz adorava as frases escritas por Gilberto Braga, em que destilava também algumas verdades sobre o país. “A Odete diz coisas que são consideradas impatrióticas, mas que são verdades”, disse na época, na entrevista já citada. “Isso provoca alguns tipos de ações ou reações”, acrescentou, explicando que, por causa disso, “todo mundo se envolveu muito com a Odete Roitman”. Mas a maldita era tão odiada que acabou assassinada na trama. No entanto, isto só ajudou a entronizá-la no inconsciente coletivo nacional. O mistério noveleiro em torno de quem matou Odete Roitman chegou a parar o Brasil. O sucesso na TV lhe deu grande visibilidade. Até a filmografia curta deu uma espichada, e com papéis em filmes históricos como “Os Amantes da Chuva” (1979), de Roberto Santos, “Pixote: A Lei do Mais Fraco” (1981), de Hector Babenco, e “Romance” (1988), de Sergio Bianchi. O ritmo de trabalho só foi diminuir nos anos 2000, quando o hiato entre as novelas aumentou e ela se dedicou cada vez mais ao teatro. Mesmo assim, fez “O Clone” (2001), “Esperança” (2002), “Bicho do Mato (2006) e “Lado a Lado” (2012), além dos filmes “Desmundo” (2002) e “Família Vende Tudo” (2011), ambos de Alain Fresnot. Em 2013, a atriz caiu em um buraco em uma calçada do bairro da Gávea, no Rio, machucando-se seriamente. Na ocasião, ela chegou a receber uma ligação e um pedido de desculpas do prefeito Eduardo Paes. Mas isso impactou sua carreira e ela só foi voltar a interpretar um último papel dramático na TV em 2015, no primeiro episódio da série “Os Experientes”, da Globo. Apesar da saída de cena definitiva, Beatriz continua no ar até hoje, eternizada como Odete Roitman pelo canal pago Viva, que está reprisando “Vale Tudo”. E não só a personagem, como a própria trama da novela permanece assustadoramente atual. Passados 30 anos, o Brasil ainda mostra a mesma cara de 1988. Aguinaldo Silva, que ajudou a escrever “Vale Tudo”, despediu-se da amiga com uma reflexão, em depoimento para O Globo. “Beatriz foi uma grande atriz de teatro também, mas ficou conhecida pelas figuras mágicas que interpretou na TV. Ela era completamente diferente dos personagens que fazia, mas sabia fazer uma vilã muito bem. Odete Roitman, criação genial do Gilberto, está marcada entre as cinco maiores vilãs da TV brasileira. O trabalho dela foi meticuloso ao longo da vida, e talvez não tenha sido reconhecida como merecia, embora respeitada. A vida segue e as vilãs renascem, mas Odete será sempre inesquecível.

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  • Filme

    Ivete Sangalo será professora de filosofia no filme da peça De Perto, Ela Não é Normal

    13 de julho de 2018 /

    A cantora Ivete Sangalo vai resgatar sua carreira bissexta de atriz com um papel no filme “De Perto, Ela Não é Normal”, adaptação da peça criada e estrelada por Suzana Pires (“Loucas pra Casar”). Pires vai repetir no filme o papel da protagonista Suzi, uma mulher na faixa dos 40 anos que tenta recuperar o temperamento sensível e criativo da infância. Sangalo interpretará uma professora de filosofia que auxilia Suzi na sua jornada. “Eu acredito muito no trabalho da Ivete como atriz e escrevi pra ela”, contou Suzana Pires à coluna de Léo Dias, no jornal Extra. A atriz também assina o roteiro do filme, que será dirigido por Cininha de Paula (“Duas de Mim”). As filmagens de “De Perto, Ela Não é Normal” começam em agosto. Antes desse projeto, Ivete já tinha atuado em “Simão, o Fantasma Trapalhão” (1998), “Xuxa Gêmeas” (2006) e “Crô: O Filme” (2013). Ela também foi Maria Machadão no remake da novela “Gabriela”, exibida na rede Globo em 2012, onde contracenou com Suzana Pires.

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    Cláudia Celeste (1952 – 2018)

    14 de maio de 2018 /

    A atriz Cláudia Celeste, primeira travesti a atuar em novelas brasileiras, morreu na madrugada de domingo (13/5), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. Segundo informações das redes sociais, a atriz estava com pneumonia e o quadro se agravou. Carioca de Irajá, Cláudia começou a carreira como dançarina Go Go-Girl do Beco das Garrafas, após trabalhar como cabeleireira em Copacabana. Mas não demorou a teatralizar sua vida, após se destacar num concurso de danças como “A Lebre Misteriosa do Imperial”, nome que fazia referência a seu padrinho artístico, Carlos Imperial. Foi o produtor artístico quem também a batizou de Cláudia Celeste. Sua estreia nos palcos aconteceu na montagem histórica de “O Mundo É das Bonecas”, em 1973, no lendário Teatro Rival, na Cinelândia. Realizado por Américo Leal (avô da atriz Leadra Leal), foi o primeiro show de travestis a obter uma licença do governo, depois da ditadura militar proibir este tipo de produção. A projeção a levou a ser eleita Miss Brasil Trans e a chamar atenção de produtores de cinema e TV. Ela acabou estreando nas telas na comédia “Motel” (1974), três anos antes de o diretor Daniel Filho resolver incorporar um espetáculo do Rival – “Transetê no Fuetê” – na trama da novela “Espelho Mágico” (1977), da TV Globo. A atriz chegou a contracenar com a mocinha Sonia Braga. Mas sua participação na novela acabou cortada depois que a imprensa celebrou – ou denunciou – a primeira travesti na TV. “Antes, ninguém sabia que eu era travesti, nem Daniel Filho. Ninguém nunca me perguntou! E, como ficou muito ti-ti-ti, tiraram os capítulos que eu já tinha feito”, contou a atriz em entrevista à revista Geni, em 2013. Mas Cláudia foi recompensada e manteve seu pioneirismo, 14 anos depois. Em 1988, ela se tornou a primeira travesti a integrar o elenco de uma novela do início ao fim. Foi em “Olho por Olho”, na extinta TV Manchete, no qual interpretou a travesti Dinorá, apaixonada por Mário Gomes. Ela também participou de dois filmes nos anos 1980: o drama criminal “Beijo na Boca” (1982), também estrelado por Mário Gomes, e o inacreditável trash futurista “Punks – Os Filhos da Noite” (1982), com Lady Francisco. Na época desse filme, até chegou a ensaiar uma carreira como cantora de rock, formando a banda Coisa que Incomoda. Em 2016, a atriz foi a grande homenageada na primeira edição do Festival TransArte, evento que trata de identidade de gênero e sexualidade.

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    Tônia Carrero (1922 – 2018)

    4 de março de 2018 /

    Morreu Tônia Carrero, uma das maiores estrelas do cinema, do teatro e da TV brasileira. A atriz havia sido internada na sexta-feira, na Clínica São Vicente, na Gávea, para a realização de um procedimento cirúrgico simples, mas não resistiu, aos 95 anos de idade. Nascida Maria Antonietta de Farias Portocarrero, no Rio de Janeiro, ela já era esposa do artista plástico Carlos Arthur Thiré quando começou sua carreira com um pequeno papel no filme “Querida Susana” (1947), de Alberto Pieralisi. Entusiasmada com a experiência, resolveu se matricular num curso de atuação em Paris, com Jean Louis Barrault, e mudou os rumos de sua vida. Foi fazer teatro, onde conheceu o diretor italiano Adolfo Celi, seu segundo marido. E logo na estreia, em 1949, recebeu o prêmio de atriz revelação pela Associação de Críticos Cariocas. Em 1951, Tônia se mudou para São Paulo e se tornou estrela da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, por onde atuou em clássicos do cinema nacional como “Apassionata” (1952), de Fernando de Barros, “Tico-Tico no Fubá” (1952), do marido Adolfo Celi, e “É Proibido Beijar” (1954), de Ugo Lombardi. Dois anos depois, passou a integrar o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), marcando época em montagens teatrais dirigidas por Zbigniew Ziembinski. De volta ao Rio, em 1956, a atriz formou sua própria companhia teatral com o marido e o amigo Paulo Autran, a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), que nos anos 1950 e 1960 revolucionou o teatro brasileiro com espetáculos como “Entre Quatro Paredes” (1956), de Jean-Paul Sartre, e “Seis Personagens à Procura de um Autor” (1960), de Luigi Pirandello, pelo qual recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz. Após se separar de Celi, ela montou sua empresa individual em 1965, a Companhia Tônia Carrero, pela qual montou “A Dama do Maxim’s, de Georges Feydeau, ao lado do parceiro Paulo Autran, e “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, cuja protagonista, a miserável prostituta Neusa Suely, se torna um dos marcos mais importantes de sua carreira. O papel lhe rendeu dois prêmios: o Molière e o da Associação de Críticos Cariocas. Tônia ainda estrelou duas coproduções internacionais de cinema, “Sócio de Alcova” (1962) e “Copacabana Palace” (1962), que tinham em comum a violência crescente do Rio de Janeiro, tema que ainda a conduziu a “Tempo de Violência” (1969), antes de virar estrela da Globo. Ela estrelou na rede de televisão em “Pigmalião 70”, que adaptava a trama da peça “Pigmalião”, de George Bernard Shaw, para o ano de 1970. Na peça, um professor tentava transformar uma modesta vendedora de flores numa dama da sociedade. Já na novela, os papéis foram invertidos: era uma mulher rica (papel de Tônia) que se propunha a transformar a vida de um vendedor de frutas (Sérgio Cardoso). O sucesso da novela a estabeleceu como estrela da Globo, acumulando uma longa sequência de papéis, geralmente como mulher sofisticada, numa atração atrás da outra. Para se ter ideia, em apenas dois anos na emissora, ela estrelou cinco novelas, algumas quase simultaneamente. Após se afastar para respirar e desenvolver outros trabalhos, ela retornou em 1980 num dos seus personagens mais marcantes, a sofisticada Stella Fraga Simpson em “Água Viva” (1980), de Gilberto Braga. A parceria com Braga voltou a se repetir com outro papel chique de grande sucesso em “Louco Amor” (1983). No auge de sua popularidade, ela resolveu sacudir a imagem televisiva e interpretar um texto moderno no teatro. Virou estrela de “Quartett” (1986), de Heiner Müller, dirigida por Gerald Thomas, demonstrando a mesma vitalidade e ousadia de sua juventude aos 64 anos de idade. Aplaudida pela crítica, conquistou outro prêmio Molière de melhor atriz. Tônia seguiu alternando teatro, TV e cinema por mais duas décadas, mas sem a mesma quantidade exasperante de trabalhos, até a saúde a abandonar. Seus últimos papéis na Globo foram participações na novela “Senhora do Destino” (2004) e na série de comédia “Sob Nova Direção” (em 2005), e ela se despediu do cinema com “Chega de Saudade” (2007), de Laís Bodanzky. Diagnosticada com uma doença chamada de hidrocefalia oculta, ela não se comunicava mais e nem conseguia andar normalmente. Tônia vivia em seu apartamento no Leblon, cercada de familiares e sempre recebia visitas de amigos próximos. Além de mãe do ator Cecil Thiré, ela também era avó de outra geração de atores, Miguel Thiré, Luísa Thiré e Carlos Thiré.

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    Oswaldo Loureiro (1932 – 2018)

    3 de fevereiro de 2018 /

    O ator e diretor Oswaldo Loureiro morreu neste sábado (3/2), em São Paulo, aos 85 anos. Ele participou de quase 150 peças, estrelou um punhado de clássicos do cinema e atuou em dezenas de novelas da Globo. O ator sofria de Alzheimer e estava afastado da carreira artística desde 2011. Oswaldo Loureiro Filho nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1932. Filho de artistas — a mãe era cantora lírica, o pai ator e as irmãs, bailarinas do Theatro Municipal —, ele iniciou a carreira artística ainda criança, aos 12 anos, quando atuou em filmes como “O Brasileiro João de Souza”, “É Proibido Sonhar” e “Romance Proibido”, todos realizados em 1944. Ele seguiu carreira teatral ao estrear na peça “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, em 1955. E em 1958 recebeu o prêmio da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, de Ator Revelação por “A Fábula do Brooklin”, de Irwin Shaw. A partir dos anos 1960, atuou em montagens de grande repercussão, como “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come”, de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht, e “Édipo Rei”, de Sófocles, com direção bem-sucedida de Flávio Rangel. Além disso, deslanchou no cinema numa coleção de clássicos, como o thriller conspiratório “O 5º Poder” (1962), de Alberto Pieralisi, a comédia “Sonhando com Milhões” (1963), com Dercy Golçalves, “Engraçadinha Depois dos Trinta” (1966), adaptação de Nelson Rodrigues dirigida por J.B. Tanko, o thriller criminal “Mineirinho Vivo ou Morto” (1967), com Jesse Valadão e Leila Dinis, “O Homem Nu” (1968), adaptação do famoso conto de Fernando Sabino com direção de Roberto Santos, e até a comédia italiana “Uma Rosa para Todos” (1967), estrelada por Claudia Cardinale. Na mesma época, estreou na TV. Após atuar no fenômeno de audiência “O Direito de Nascer” (1964), da TV Tupi, Loureiro foi integrar uma das primeiras turmas de atores da TV Globo, no elenco das novelas “Sangue e Areia” (1968), “Véu de Noiva” (1969) e “Acorrentados” (1969), sucessos iniciais de Janete Clair. Também participou da divertida “Corrida do Ouro” (1974), e do histórico “O Casarão” (1976), primeira novela de estrutura não linear da Globo, ambas escritas por Lauro César Muniz. A guinada do cinema para a pornochanchada nos anos 1970 não interessou Loreiro, que só fez quatro filmes na década, entre eles “Os Herdeiros” (1970), de Cacá Diegues, e “As Confissões de Frei Abóbora” (1971), de Braz Chediak. Ele preferiu dedicar sua energia aos palcos, atingindo o ápice da carreira teatral com os clássicos “Gota D’água” (1975), de Chico Buarque e Paulo Pontes, “Papa Higuirte”, de Vianinha, e “Dois Perdidos numa Noite Suja” (1977), de Plínio Marcos. Loureiro voltou com tudo ao cinema em 1981, em adaptações de dois famosos textos teatrais de Nelson Rodrigues: “O Beijo no Asfalto” (1981), dirigido por Bruno Barreto, e “Bonitinha Mas Ordinária ou Otto Lara Rezende” (1981), de Braz Chediak. Seguiu com o sucesso “Bar Esperança” (1983), de Hugo Carvana, e diversificou, com um filme dos Trapalhões, “Atrapalhando a Suate” (1983), o drama “Parahyba Mulher Macho (1983), de Tizuka Yamasaki, um adaptação musical de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, “Para Viver Um Grande Amor” (1984), a aventura juvenil “Rádio Pirata” (1987), de Lael Rodriguez, a cinebiografia de sua amiga “Leila Diniz” (1987) e a comédia “Sonho de Verão” (1990). A agenda cinematográfica cheia coincidiu com alguns de seus melhores papéis na TV, em novelas como “Guerra dos Sexos” (1983), “Vereda Tropical” (1984) e “Cambalacho” (1986), as três de Sílvio de Abreu, o fenômeno “Roque Santeiro” (1985) e “Mandala” (1987), ambas de Dias Gomes, além da divertidíssima “Que Rei Sou Eu?” (1989), de Cassiano Gabus Mendes, na qual viveu o inesquecível conselheiro pilantra Gaston Marny, do Reino de Avillan. Fez também muitas séries, entre elas “Tenda dos Milagres” (1986), “Incidente em Antares” (1994) e “A Grande Família” (em 2001), além de dirigir “O Bem-Amado” (1980-1985) e o humorístico “Os Trapalhões” (1982-1988). Nos anos 1990, estabeleceu-se como uma figura habitual das novelas das 19h. Ele apareceu em diversas produções consecutivas do horário na Globo até o final da carreira – “Quatro por Quatro” (1994), “Cara & Coroa” (1995), “Salsa e Merengue” (1996), sequência interrompida por um pulo na extinta TV Manchete e retomada com “Uga-Uga” (2000), “As Filhas da Mãe” (2001), “Kubanacan” (2003), “Começar de Novo” (2004) e “A Lua Me Disse” (2005), seu último trabalho. Além de atuar e dirigir peças, Oswaldo também dirigiu óperas, shows musicais e de humor, e foi presidente do Sindicato dos Artistas, num momento de luta pelo reconhecimento da profissão e pela liberdade de expressão, nos anos 1980.

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    Ruth Escobar (1935 – 2017)

    5 de outubro de 2017 /

    A atriz e produtora Ruth Escobar, uma das mais destacadas personalidades do teatro brasileiro, morreu na tarde desta quinta-feira (5/10) aos 82 anos. Ela sofria de Alzheimer já há alguns anos e faleceu no Hospital Nove de Julho, em São Paulo, a poucas quadras da casa teatral que leva o seu nome. Maria Ruth dos Santos Escobar nasceu no Porto, em Portugal, em 1935, mudou-se para o Brasil em 1951, casou com o dramaturgo Carlos Henrique Escobar e não demorou a iniciar uma trajetória que se tornaria indissociável da história do teatro nacional. Ela montou a companhia Novo Teatro, com o diretor Alberto D’Aversa, e protagonizou espetáculos marcantes como “Mãe Coragem e Seus Filhos” (1960), de Bertolt Brecht, “Males da Juventude” (1961), de Ferdinand Bruckner, e “Antígone América” (1962), texto do marido, antes de inaugurar seu famoso teatro em 1963, o Teatro Ruth Escobar, que se tornou um palco icônico em São Paulo. A inauguração foi com “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht, já demarcando um caráter revolucionário, que entrou para a historia durante a famosa encenação da peça “Roda Viva”, primeira incursão de Chico Buarque na dramaturgia. Em 1968, a peça foi interrompida por cem pessoas auto-intituladas Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que espancaram os artistas e depredaram o cenário. Após o golpe militar, a atriz duplicou seus esforços para popularizar um teatro de resistência e se revelou uma produtora de ideias criativas, ao transformar ônibus em palcos e levar peças para várias regiões de São Paulo, no projeto Teatro Popular Nacional. Ela também causou polêmica em 1972 com a produção de “Missa Leiga”, de Chico de Assis, que pretendia utilizar a Igreja da Consolação como palco, mas foi proibida pelos padres e acabou encenada em uma fábrica. Empreendedora de inúmeros projetos culturais, especialmente comprometidos com a vanguarda artística, ela também levou adiante o Centro Latino-Americano de Criatividade e o Festival Internacional de Teatro, em São Paulo, além da Feira Brasileira de Opinião, com espetáculos dos mais importantes dramaturgos da época. Este evento foi “interditado” pela censura em 1976. No ano seguinte, ela trouxe o célebre autor Fernando Arrabal a São Paulo para dirigi-la em “A Torre de Babel”, e em seguida produziu “Fábrica de Chocolate”, peça de Mario Prata sobre a tortura. Ruth só deu uma pausa na carreira durante os anos 1980, quando foi eleita duas vezes deputada estadual, retornando aos palcos na década seguinte. Mas em 2000 foi diagnosticada com Alzheimer, que lhe comprometeu a memória. Ao contrário de outras divas do teatro nacional, Ruth Escobar não buscou popularidade como atriz de novelas. Chegou a aparecer em “Deus Nos Acuda” (1992), da Globo, mas em papel discreto, como nos filmes que fez ao longo da carreira. Sua filmografia é, por sinal, bastante curta, mas repleta de clássicos, como “Hitler do IIIº Mundo” (1968), de José Agripino de Paula, “O Homem que Virou Suco” (1980), de João Batista de Andrade, “Romance” (1988), de Sergio Bianchi, “O Judeu” (1996), de Jom Tob Azulay, e “Gregório de Mattos” (2003), de Ana Carolina, um de seus últimos trabalhos. Sua importância na vida cultural de São Paulo mereceu destaque do governador Geraldo Alckmin. “O Estado de São Paulo teve a alegria de se tornar sua casa quando Ruth mudou-se de Portugal para o Brasil… Ícone do teatro, ela inscreveu, com coragem e sensibilidade, seu nome na história da cultura brasileira como atriz e produtora. Também deixou sua marca na política, tendo sido eleita duas vezes deputada estadual. Como colega de Assembleia, pude acompanhar de perto seu trabalho… Aos seus familiares e amigos, meus sentimentos e orações”, ele declarou em comunicado.

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    Solange Badim (1964 – 2017)

    30 de setembro de 2017 /

    Morreu a atriz Solange Badim, conhecida por trabalhar em novelas da Globo. Ela estava internada no Hospital Badim, na Tijuca, Zona Norte do Rio, tratando de um câncer em estado avançado e faleceu por volta das 17h30 de sexta-feira (29/9), aos 53 anos. A família não quis conversar com a imprensa. A informação foi confirmada pela assessoria do hospital, que pertence à família de Solange. A atriz estava internada desde o dia 8 de setembro, mas tratava o câncer há pelo menos 7 anos, que já havia se espalhado. Solange começou a trabalhar como atriz aos 21 anos, e sua carreira era mais voltada para o teatro, por onde conquistou muitos prêmios, entre eles o Prêmio Cultura Inglesa de Teatro, em 1995, com a peça “As Armas e o Homem de Chocolate”, o 2º Prêmio Cesgranrio de Teatro e o APTR, da Associação dos Produtores de Teatro, com “As Bodas de Fígaro”, em 2015. Mas seu trabalho mais popular foi na peça “Emilinha & Marlene, as Rainhas do Rádio”, onde interpretou Marlene. Ela começou tardiamente na TV, tendo sua estreia na novela “Porto dos Milagres”, em 2001. Participou também do piloto da série “A Diarista” e de “Sob Nova Direção”, além de “Malhação”, antes de se destacar na novela “Salve Jorge”, em 2012, com a personagem Delzuíte Aparecida, mãe de Lurdinha (Bruna Marquezine). O último trabalho da atriz foi na peça teatral “A Reunificação das Duas Coreias”, do dramaturgo francês Joë Pommerat, e ela também era produtora de “Lifting, uma Comédia Cirúrgia”. Nas redes sociais, o ex-marido de Solange, Sérgio Marimba, pai de sua filha Sofia Badim, lamentou a morte da atriz: “Venho com muita tristeza e dor notificar a partida da grande atriz Solange Badim, amiga, mãe, parceira e tudo que é de especial que possa existir nesta vida!!!! Siga em paz guerreira, aqui ficamos com uma imensa saudade do seu sorriso e do seu amor. Que nossa Senhora da Conceição te cubra com seu manto de luz e te ampare na sua nova missão, Te Amo”.

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