Morre John Amos, astro de “Good Times”, aos 84 anos
Ator de séries e filmes icônicos, ele foi o padrasto de Will Smith em "Um Maluco no Pedaço" e também participou de "Um Príncipe em Nova York" e "Duro de Matar 2"
Morre O.J. Simpson, astro dos esportes e cinema, que foi acusado de assassinar a ex-esposa
Ele teve uma carreira de sucesso em Hollywood e inspirou uma minissérie premiada sobre o crime contra a ex-mulher
Louis Gossett Jr., vencedor do Oscar por “A Força do Destino”, morre aos 87 anos
Conhecido por filmes de ação dos anos 1980, como a franquia "Águia de Aço", ator também venceu o Emmy por "Raízes" e foi indicado por "Watchmen"
Richard Roundtree, astro de “Shaft”, morre aos 81 anos
O ator Richard Roundtree, que fez história com seu papel icônico na franquia de filmes “Shaft”, faleceu na tarde desta terça (24/10), aos 81 anos, após uma breve luta contra o câncer pancreático. Nascido em 1942 em New Rochelle, NY, Roundtree estreou no cinema com seu papel mais famoso, vivendo o detetive John Shaft no longa original de 1971. Marcado pela trilha funk de Isaac Hayes, o filme do diretor Gordon Parks se tornou um dos maiores sucessos da Blaxploitation, nome dado à produções estreladas, dirigidas e voltadas para negros nos EUA. Impacto de Shaft Filmada por US$ 500 mil, a produção rendeu US$ 12 milhões para a MGM e, muitos dizem, ajudou a salvar o estúdio da falência. O sucesso inspirou duas sequências, “O Grande Golpe de Shaft” (1972) e “Shaft na África” (1973), além de uma série em 1973 – todas estreladas por Roundtree. Com seu impacto, “Shaft” deu a partida entre os grandes estúdios para a era Blaxploitation, ao mesmo tempo em que demonstrou o erro histórico de Hollywood em negligenciar o talento e o público negro. Pela atuação no filme original, Roundtree ainda foi indicado para um Globo de Ouro de Melhor Astro Novo do Ano e aclamado como o primeiro herói negro do cinema de ação. Mas ele tinha dificuldades em aceitar o termo Blaxploitation. Numa entrevista de 2019 ao New York Times, ele reclamou da conotação pejorativa da denominação. “Tive o privilégio de trabalhar com o cavalheiro mais elegante que já conheci na indústria, Gordon Parks. Então, essa palavra, exploração, me ofende com qualquer ligação com Gordon Parks… Sempre vi isso como algo negativo. Exploração. Quem está sendo explorado?”, rebateu. “Mas deu trabalho para muita gente. Isso deu entrada a muitas pessoas no negócio, incluindo muitos dos nossos produtores e diretores atuais. Então, no geral, vejo isso como algo positivo.” A volta de Shaft Décadas depois, o ator reprisou seu papel no filme “Shaft” de 2000 dirigido por John Singleton, que trazia Samuel L. Jackson como seu sobrinho e protagonista, e na sequência de 2019, dirigida por Tim Story. Após Shaft Além de “Shaft”, Roundtree também estrelou a aclamada minissérie de 1977 “Raízes”, sobre a escravatura nos EUA, e participou de inúmeras séries populares, de “Um Maluco no Pedaço” a “Grey’s Anatomy”. No cinema, ele se destacou em filmes como o blockbuster “Terremoto” (1974), a aventura “Sexta-Feira” (1975), com Peter O’Toole no papel de Robinson Crusoé, a comédia policial “Cidade Ardente” (1984), com Clint Eastwood, o slasher “Maniac Cop: O Exterminador” (1988), o suspense “Se7en – Os Sete Pecados Capitais” (1995), com Brad Pitt, a adaptação da animação “George, o Rei das Selvas” (1997), com Brendan Frasier, e o estiloso noir “A Ponta de um Crime” (2005), do então estreante diretor Rian Johnson (de “Entre Facas e Segredos”), sem esquecer do sucesso recente “Do que os Homens Gostam” (2019), comédia com Taraji P. Henson. Suas últimas aparições nas telas foram no ano passado, na comédia “Seguindo em Frente” com Jane Fonda e Lily Tomlin, e nas séries “Reunião de Família” e “Cherish the Day”, nas quais tinha papéis recorrentes. A agência Artists & Representatives, que cuidava de sua carreira, lamentou a perda em um comunicado: “Sua carreira inovadora mudou a face do entretenimento ao redor do globo e seu legado duradouro será sentido por gerações vindouras. Nossos corações estão com sua família e entes queridos durante este momento difícil.”
Austin Stoker, ator de “Assalto à 13ª DP”, morre aos 92 anos
O ator Austin Stoker, conhecido por estrelar “Assalto à 13ª DP” (1976), morreu na última sexta (7/10), data em que completou 92 anos. Ele faleceu em decorrência de insuficiência renal. Stoker também era conhecido pelas suas participações em clássicos como “A Batalha do Planeta dos Macacos” (1973) e “Aeroporto 75” (1974), além de diversos filmes e séries de TV, numa carreira que se estendeu por mais de 50 anos. Austin Stoker era o nome artístico de Alphonso Marshall, nascido em 7 de outubro de 1930, em Porto da Espanha, capital de Trindade e Tobago. Ele se mudou para Nova York em busca do seu sonho de trabalhar na indústria do entretenimento. Em 1954, Stoker tocou tambores na peça da Broadway “House of Flowers”, escrita por Truman Capote e Harold Arlen, e estrelada por Pearl Bailey (“Amor Sem Barreiras”) e Diahann Carroll (“Claudine”). Ele também fazia apresentações em boates e gravou dois álbuns. Depois de servir no Exército, estudou atuação com a lendária Lee Grant em Nova York e se mudou para a Califórnia. Em 1969, ele conseguiu o seu primeiro papel em um episódio da série “The Mod Squad”. Sua estreia no cinema aconteceu em 1973 em “A Batalha do Planeta dos Macacos”, quinto e último capítulo cinematográfico da saga sci-fi original da 20th Century Fox, onde interpretou o personagem MacDonald, a influência humana positiva do macaco César (Roddy McDowall). Após o filme, ele continuou ligado à franquia ao dar voz a Jeff Allen, um dos protagonistas da série animada “De Volta ao Planeta dos Macacos”, que foi ao ar dois anos depois. O ator começou a se destacar ainda mais ao participar do filme-catástrofe “Aeroporto 75” (1974) e do blaxploitation “Sheba, Baby” (1975), em que viveu o interesse amoroso de Pam Grier. Porém, seu maior papel foi no suspense “Assalto à 13ª DP” (1976), dirigido por John Carpenter, no qual interpretou o policial Ethan Bishop, que precisa liderar um grupo de criminosos, civis e outros policiais no interior de uma delegacia cercada por uma gangue fortemente armada de criminosos, que tentavam invadir o lugar à força. Rodado em apenas 20 dias por cerca de US$ 100 mil, “Assalto à 13ª DP” (1976) foi uma versão de Carpenter para o famoso western “Rio Bravo”, de Howard Hawks, e acabou se tornando cultuadíssimo, a ponto de ganhar um remake embranquecido em 2005, com Ethan Hawke no papel de Bishop. Mas a escalação de um branco como protagonista diluiu toda a discussão racial que a obra tinha despertado na década de 1970. Depois do principal filme da carreira, Stoker não voltou a ter novos papéis importantes, equilibrando a carreira entre longas de baixo orçamento e participações em séries. Na TV, Stoker apareceu em “Kojak” (em 1974), “S.W.A.T.” (1975), “O Homem de Seis Milhões de Dólares” (de 1975 a 1977) e “O Incrível Hulk” (1979), entre outras atrações, e ainda brilhou na clássica minissérie “Raízes” (1977) como Virgil Harvey, o pai da personagem Mathilda (Olivia Cole). Seus últimos créditos como ator foram em “Os 3 Infernais” (2019), dirigido por Rob Zombie, “Double Down” (2020), filme escrito, dirigido e estrelado por Sterling Macer Jr., e “Give Till It Hurts”, comédia de humor negro comandada por Thomas L. Callaway. Veja o trailer de “Assalto à 13ª DP”.
Ed Asner (1929-2021)
Ed Asner, um dos astros mais queridos da TV americana, que interpretou o editor jornalístico Lou Grant na lendária sitcom “Mary Tyler Moore” e em seu próprio programa derivado, morreu neste domingo (29/8) aos 91 anos. Ele também era adorado pelas novas gerações como a voz original do velhinho ranzinza da animação da Pixar “Up – Altas Aventuras”. Raras vezes um papel coube tão bem a um ator quanto a interpretação de Asner para Lou Grant. Pode-se dizer que ele ensaiou desde a adolescência, porque foi editor do jornalzinho de sua escola e uma foto real de seu passado escolar ilustrava o escritório do personagem em “Mary Tyler Moore”. Antes de conquistar cinco prêmios pelo papel, ele passou por inúmeros episódios de séries dos anos 1960, como “Os Intocáveis”, “Cidade Nua”, “Rota 66”, “5ª Dimensão”, “Alfred Hitchcock Apresenta”, “Dr. Kildare”, “Os Invasores”, “Missão: Impossível”, “Mod Squad”, etc. E também apareceu no cinema, fazendo sua estreia ao lado de ninguém menos que Elvis Presley, em “Talhado para Campeão” (1962), parceria que se repetiu anos depois em “Ele e as Três Noviças” (1969), no qual também conheceu Mary Tyler Moore. Asner foi convidado a participar da série de Moore em 1970, dando vida a seu chefe. Revolucionária, a sitcom acompanhava uma mulher solteira que tentava carreira profissional numa área em que poucas mulheres se aventuravam na época, a redação de um telejornal. Primeiro papel fixo do ator, Lou Grant também virou seu trabalho mais reconhecido. Asner venceu três de seus sete Emmys como o chefe de Mary Tyler Moore. E depois acrescentou mais dois troféus como protagonista da série derivada, batizada com o nome do personagem. O detalhe é que a série “Lou Grant” era completamente diferente de “Mary Tyler Moore”. Enquanto a atração original era uma comédia, o spin-off surpreendeu o público por seu realismo dramático, o que fez Asner ser o único ator a vencer o Emmy pelo mesmo papel em categorias de Comédia e Drama. O personagem Lou Grant apareceu em sete temporadas de “Mary Tyler Moore”, apoiando a jovem redatora de 1970 até o final da produção em 1977. E logo em seguida ganhou sua série própria, inspirada pelo jornalismo sério de “Todos os Homens do Presidente” (1976). O personagem era o mesmo, mas todo o resto era diferente. A nova produção trocava a locação televisiva por uma redação de jornal e o registro de claque de humor por temas polêmicos dos noticiários contemporâneos. Uma mudança radical e arriscada, que incrivelmente deu certo. A atração ficou no ar por mais cinco anos, até 1982, e conquistou dois Emmys de Melhor Drama, após “Mary Tyler Moore” ter vencido três vezes como Melhor Comédia. A série poderia até ter durado mais. Asner contou repetidas vezes que a CBS cancelou “Lou Grant” devido à abordagem de alguns temas sensíveis, especialmente sua oposição ao apoio militar dos EUA à ditadura de El Salvador. Teria havido pressão do governo para tirar as críticas do ar. Os outros dois Emmys de sua carreira vieram de participações em minisséries dos anos 1970: os fenômenos de audiência “Pobre Homem Rico”, de 1976, e “Raízes”, de 1977. Na última, ele foi o capitão do navio negreiro que trouxe Kunta Kinte para os EUA. O ator continuou aparecendo em séries, como convidado especial, ao longo da vida. Mas deixou de se comprometer com trabalhos longos para se dedicar à luta sindical. Asner foi presidente do SAG, o Sindicato dos Atores dos EUA, por dois mandatos, de 1981 a 1985. Embora seja mais reconhecido por seu trabalho televisivo, ele também participou de vários filmes notáveis, inclusive alguns clássicos, como “El Dorado” (1967), “Peter Gunn em Ação” (1967), “Noite Sem Fim” (1970), “Dois Trapaceiros da Pesada” (1971), “41ª DP: Inferno no Bronx” (1981), “Daniel” (1983) e “JFK: A Pergunta que Não Quer Calar” (1991). Dono de uma voz grave marcante, Asner ainda desenvolveu uma frutífera carreira como dublador, que deslanchou nos anos 1990 com papéis em “Batman: A Série Animada”, “Gárgulas”, “Capitão Planeta”, “Freakazoid!”, “Superman: A Série Animada” e “Homem-Aranha”, onde interpretou ninguém menos que o editor J. Jonah Jameson. Seu papel vocal mais conhecido, porém, é Carl Fredricksen em “Up: Altas Aventuras” (2009), filme vencedor do Oscar de Melhor Animação. O viúvo que amarra mil balões em sua casa para realizar o sonho de conhecer a América do Sul derreteu o coração do público em todo o mundo e tinha sido recém-retomado pelo ator na série animada “A Vida do Dug”, centrada no cachorro do velhinho, que estreia na plataforma Disney+ na próxima quarta-feira (1/9). Entre seus últimos trabalhos ainda constam participações nas séries “Grace and Frankie”, “Briarpatch” e “Cobra Kai”, além de dublagens em “Central Park” e “American Dad”.
Cicely Tyson (1924 – 2021)
A pioneira Cicely Tyson, primeira atriz negra a receber um Oscar honorário, morreu aos 96 anos de idade de causas não reveladas. Conhecida por papéis populares, como a cozinheira de “Tomates Verdes Fritos” (1991) e a mãe de Viola Davis na série “Como Defender um Assassino” (How to Get Away with Murder), ela também teve desempenhos aclamados em drama históricos, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1973, venceu dois Emmys e quebrou muitas barreiras raciais ao longo de suas sete décadas de carreira. Com uma trajetória repleta de sucessos no cinema, teatro e televisão, Cicely Louise Tyson fez suas primeiros trabalhos artísticos para revistas de moda. Ela começou como modelo, brilhando nas páginas da Ebony, antes de estrear nas telas em 1951, na série “Fronteiras da Fé” (Frontiers of Faith). Após várias participações em séries e figurações em filmes, conseguiu seu primeiro papel fixo em 1963, na produção dramática “East Side/West Side”, como secretária de George C. Scott (o “Patton”), o que acabou sendo um feito histórico não apenas para sua carreira. Foi a primeira vez que uma atriz negra teve destaque e papel contínuo em uma série da TV americana. Depois disso, participou de “Os Farsantes” (1967), com Elizabeth Taylor, e “Por que Tem de Ser Assim?” (1968), com Alan Arkin, antes de emocionar a Academia com “Lágrimas de Esperança” (Sounder, 1972). No drama do diretor Martin Ritt, Tyson viveu a matriarca de uma família empobrecida do Sul dos EUA, que além da miséria precisava enfrentar o racismo da era da Depressão e manter a família unida após seu marido ser preso por roubar comida. Ela perdeu o troféu de Melhor Atriz para Liza Minnelli, em “Cabaret”, mas seu desempenho neste e em outros filmes finalmente foi reconhecido pela Academia em 2019, quando foi homenageada com um Oscar pela carreira. Apesar disso, sua trajetória foi muito mais marcante na televisão. A indicação ao Oscar (e ao Globo de Ouro) foi seguida por seu desempenho mais impactante, no telefilme “The Autobiography of Miss Jane Pittman” (1974), sobre uma mulher que nasceu escrava e viveu para acompanhar as lutas pelos direitos civis dos anos 1960. A Academia da Televisão se apaixonou pelo filme e pela protagonista, dando à produção nada menos que nove prêmios Emmy, incluindo o de Melhor Atriz para Tyson. O reconhecimento lhe rendeu convite para participar da célebre minissérie “Raízes” (Roots, 1977), primeira obra televisiva dedicada à diáspora africana. Seu desempenho como Binta, a mãe do protagonista Kunta Kinte, voltou a encantar a crítica, rendendo nova indicação ao Emmy. O mesmo aconteceu em relação à seu trabalho na minissérie “King” (1978), em que viveu Coretta Scott King, esposa de Martin Luther King, e na minissérie “The Marva Collins Story” (1981), como uma professora que enfrentou o sistema. Paralelamente às minisséries de prestígio, ela também participou de produções comerciais de cinema, como “Aeroporto 79: O Concorde” (1979), a comédia “Rompendo Correntes” (1981), com Richard Pryor, e “Tomates Verdes Fritos” (1991), drama multigeracional que marcou época. Ela voltou à escravidão na minissérie “Tempos de Guerra” (1994), pela qual ganhou seu segundo e último Emmy, embora tenha conseguido mais nove indicações nos anos seguintes, incluindo por seu último papel em “How to Get Away with Murder”. Cicely Tyson também colocou um Tony (o Oscar do teatro) na estante, pela montagem de “The Trip to Bountiful”, em 2013. Entre seus filmes mais recentes, estão “Histórias Cruzadas” (2011), “A Sombra do Inimigo” (2012), “Evocando Espíritos 2” (2013), “A Melhor Escolha” (2017) e “O Limite da Traição” (2020). E, além da série criminal de Viola Davis, ela também integrava o elenco de “Cherish the Day”, atração criada no ano passado pela cineasta Ava DuVernay. Nenhum desses muitos papéis citados incluiu prostitutas, criminosas ou drogadas, porque ela os considerava degradantes para mulheres negras e queria retratar apenas bons exemplos. “Em sua longa e extraordinária carreira, Cicely Tyson não apenas se superou como atriz, ela moldou o curso da história”, disse o então presidente dos EUA Barack Obama durante a cerimônia de 2016 em que entrou à estrela a Medalha Presidencial da Liberdade. “Cicely tomou uma decisão consciente não apenas de ter uma voz, mas de falar abertamente. As convicções e a graça de Cicely nos ajudaram a ver a dignidade de cada lindo membro da família americana – e ela é simplesmente linda.”
William Blinn (1938 – 2020)
O roteirista-produtor William Blinn, que criou “Justiça em Dobro” (Starsky & Hutch), “Raízes” (Roots), escreveu o musical “Purple Rain”, de Prince, e diversos projetos de TV marcantes, morreu na quinta-feira (22/10) de causas naturais em Burbank, na Califórnia, aos 83 anos. Em sua longa carreira, Blinn abordou todo tipo de preconceito, assinando histórias sobre atletas doentes, negros vítimas de racismo e romance LGBTQIA+, encontrando sucesso com essas narrativas numa época bem menos tolerante. Tudo começou por impulso, quando o nativo de Ohio e seu colega de classe Michael Gleason (futuro criador de “Remington Steele”) vieram para Los Angeles no início dos anos 1960 com o projeto de vender ideias de histórias e/ou scripts para programas de sucesso da TV. A ousadia deu certo e Blinn escreveu para séries como “Couro Cru” (Rawhide), “Bonanza”, “Maverick”, “Laramie” e “Meu Marciano Favorito” (My Favorite Martian). Acabou convidado a se juntar à equipe de roteiristas oficiais de “Bonanza” em 1965, quando Pernell Roberts estava deixando a série. E em seguida serviu como editor de histórias para as duas temporadas (1968-70) de “E as Noivas Chegaram” (Here Comes the Brides). Sua primeira criação foi a série médica “Os Homens de Branco” (The Interns), estrelada por Broderick Crawford em 1970. E seu primeiro telefilme veio no ano seguinte – e marcou época. Trabalhando nos estúdios da Screen Gems, ele foi selecionado aleatoriamente para adaptar um capítulo da autobiografia “I Am Third”, escrita por Gale Sayers, um jogador do time profissional de futebol americano Chicago Bears. Após escrever o roteiro, ele o batizou de “Brian’s Song”. Rodado ao longo de 12 dias em Indiana, o telefilme – lançado no Brasil como “Glória e Derrota” (1971) – centrava-se no forte relacionamento entre Sayers (interpretado por Billy Dee Williams) e seu companheiro de equipe Brian Piccolo (James Caan), que foi diagnosticado com câncer terminal logo após se tornar jogador profissional. Exibido em 30 de novembro de 1971, o longa foi visto por 55 milhões de espectadores – metade das pessoas que possuíam uma TV nos Estados Unidos na época – , tornando-se uma das maiores audiências de telefilme de todos os tempos. Mas Blinn não conquistou apenas o público. Ele venceu o Emmy e um prêmio Peabody pelo roteiro. O sucesso lhe deu carta branca para criar novas produções. Ele concebeu a primeira série sobre policiais inexperientes, “Os Novatos” (The Rookies), que durou quatro temporadas (entre 1972 e 1976), com a futura Pantera Kate Jackson no elenco. Mas teve menos felicidade ao tentar lançar uma série de western, um dos gêneros que mais escreveu no começo da carreira. Apesar de estrelada por Kurt Russell e Bonnie Bedelia, “The New Land” foi cancelada após seis episódios em 1974. O roteirista voltou a emplacar um fenômeno em 1975, ao criar “Justiça em Dobro”. Série policial mais violenta dos anos 1970, influenciada pelo cinema blaxploitation, a produção acompanhava dois policiais durões de Nova York que só trabalhavam à noite, infiltrados em zonas infestadas de crimes. O programa transformou os atores David Soul e Paul Michael Glaser em astros, mas Blinn largou os trabalhos após dois meses, brigando com os produtores Aaron Spelling e Len Goldberg. “Tínhamos em mente duas coisas diferentes … Eu queria mais humanidade, menos perseguição de carros”, contou em 2004. Mas nada o preparou para o impacto de seu trabalho seguinte, também premiado com o Emmy. Ele foi o grande responsável pela minissérie “Raízes”, escrevendo os episódios iniciais e comandando a adaptação do livro de Alex Haley, que ainda não tinha sido lançado. 85% da população total dos EUA assistiu a série na rede ABC, que chegou a atrair 100 milhões de telespectadores ao vivo em seu capítulo final, exibido em 1977. “Raízes” ainda venceu 9 prêmios Emmy, incluindo o de Melhor Roteiro para Blinn. Em entrevista recente sobre o legado da atração, ele lembrou que os produtores estavam preocupadíssimos com o conteúdo do minissérie, que foi a primeira a abordar racismo na televisão e ser centrada em protagonistas negros. “Seria enorme ou terrível; ninguém pensou que seria mediana e ignorada”, disse ele. “Havia duas visões entre os produtores. Uma era mergulhar o país nesta história, que todos nós precisávamos ver, etc., etc. A outra era se livrar logo dessa maldita coisa, que poderia matar a rede, apenas livrar-se dela assim que puder. Eu acredito mais na segunda versão. Acho que eles pensaram que seria um desastre”, completou. Ele também desenvolveu “Oito É Demais” (Eight Is Enough), comédia sobre uma família com oito filhos, que durou cinco temporadas entre 1977 e 1981, e depois disso voltou a se consagrar como roteirista, produtor e diretor do aclamado “A Question of Love” (1978), um dos primeiros teledramas de tema lésbico, estrelado por Gena Rowlands e Jane Alexander. Suas realizações ainda incluem roteiros e produção da série musical “Fama” (1982-1987), que ele ajustou antes da estreia na NBC, recebendo novas indicações ao Emmy, roteiros da série de comédia “Our House” (1986–1988), estrelada por Wilford Brimley, e a criação da atração militar “Pensacola: Wings of Gold” (1997-2000). Apesar de uma carreira movimentada carreira de quatro décadas, Blinn teve apenas um crédito no cinema, que ele compartilhou com o diretor Albert Magnoli. Ele escreveu o filme “Purple Rain” (1984), grande sucesso de Prince, a partir das músicas do cantor. Blinn disse que foi escolhido devido a seu trabalho em “Fama” e sentou-se com Prince em um restaurante italiano em Hollywood para trocar ideias sobre o que seria o filme, mas só soube que história desenvolver quando saiu para dar uma volta no carro do músico e ouviu “When Doves Cry”. “Ele tocou a música para mim e tinha um sistema de alto-falantes do céu. Quem sabe quantos alto-falantes havia naquele carro?” Blinn lembrou. “Para alguém da minha idade, gosto de rock, mas não tão alto. Mesmo assim, [a música] era melódica e tocada com grande intensidade. Eu disse: ‘Cara, você certamente tem uma base. Isso pode render no final.'” Em 2009, ele recebeu um troféu especial do Sindicato dos Roteiristas dos EUA (WGA, na sigla em inglês) pelas realizações de sua carreira.
Raízes: Trailer destaca escala épica da minissérie que recria o clássico dos anos 1970
O canal pago americano History divulgou o primeiro trailer do remake da minissérie “Raízes”. A prévia confirma a escala épica da produção, atualizando a história clássica que cativou o público dos anos 1970 com grande elenco e muita ação. A trama vai adaptar o best-seller homônimo do escritor Alex Haley, que se baseou na pesquisa de seus ancestrais. O original já era uma porrada, em muitos pontos mais aflitivo que o drama escravagista “12 Anos de Escravidão”, vencedor do Oscar 2014. A nova versão terá oito capítulos e será ainda mais realista, pegando carona no sucesso de filmes recentes sobre a escravatura, como “Django Livre” (2012), “Lincoln” (2012) e o próprio “12 Anos de Escravidão” (2013). Assim como no original, “Raízes” vai acompanhar a trajetória do africano Kunta Kinte, que é capturado e levado como escravo para os EUA, onde enfrenta torturas e sofrimento, até dar origem à sua família. A trama também acompanha seus descendentes, num painel histórico que cobre dois séculos de lutas e conquistas sociais. Os roteiros estão a cargo de Lawrence Konner (série “Boardwalk Empire”), Mark Rosenthal (“O Sorriso de Mona Lisa”), Alison McDonald (série “Red Band Society”) e Charles Murray (série “Sons of Anarchy”). O elenco inclui Forest Whitaker (“Mordomo da Casa Branca”), Rege-Jean Page (série “Waterloo Road”), Jonathan Rhys Meyers (série “Dracula”), Anna Paquin (série “True Blood”), Emayatzy Corinealdi (série “Hand of God”), Anika Noni Rose (série “Power”), Mekhi Phifer (“Divergente”), Matthew Goode (“O Jogo da Imitação”), James Purefoy (série “The Following”), o rapper T.I. (“Homem-Formiga”), Laurence Fishburne (série “Hannibal”) como o escritor Alex Haley e Malachi Kirby (série “Jekyll & Hyde”) como Kunta Kinte. O protagonista da série original, LeVar Burton, será produtor executivo da nova versão, ao lado de Will Packer (“Policial em Apuros”) e Mark Wolper (filho de David L. Wolper, produtor original da atração). A estreia está marcada para 30 de maio nos Estados Unidos.








