Criador de The Walking Dead revela que pretendia acabar a história na chegada à Alexandria
O escritor Robert Kirkman, criador dos quadrinhos de “The Walking Dead”, compartilhou com seus leitores os planos originais para o final da saga dos zumbis. Caso levasse adiante esse planejamento, a publicação teria acabado bem antes desta quarta-feira (3/7), quando a última edição (de número 193) começou a circular nas comic shops dos Estados Unidos. Muitos anos antes, na verdade, com a chegada do grupo de sobreviventes liderado por Rick Grimes à cidade de Alexandria – o que aconteceu ao final da 5ª temporada da versão televisiva da história. “O grande enredo de ‘Sem Saída’ termina com Rick proclamando que Alexandria era um local pelo qual valia a pena lutar, que eles poderiam deixar de mudar de lugar para lugar… Tinham que ficar, criar raízes e começar a construir a partir dali. Os dias de nômade ficariam para trás. Bem, por anos… esse era o plano para… o fim”, ele escreveu nas páginas da edição. Entretanto, o desfecho não seria exatamente feliz, como o que o escritor acabou descrevendo ao encerrar a saga. “Rick faria sua proclamação, e a fala terminaria com um grande zoom no rosto dele, você viraria a página e o rosto de Rick estaria igual, mas seria uma estátua… Então você se afastaria e veria a estátua completa com algumas vinhas crescendo na base, com rachaduras se formando e perceberia que aquilo é bem velho. Continuaríamos nos afastando até vermos que a estátua estava em Alexandria, no mesmo lugar em que ele fez seu discurso, mas o local estava diferente. Estava velho e precário, com janelas quebradas e portas faltando. Continuaríamos nos afastando até um zumbi aparecer e então outro… Aí veríamos que Rick os trouxe para Alexandria, se manifestou sobre reconstruir a civilização e conseguiu a ponto de construírem uma estátua em sua homenagem… Mas, no fim, os mortos venceram, sociedade desmoronou novamente e de vez… E seria isso.” Kirkman avalia que um final tão sombrio não faria justiça aos personagens e à sua história de sobrevivência. “Seria um fim terrível. Sombrio, triste… Perdendo todo o sentido da história. O que posso dizer… Eu era jovem e a maioria dos finais que escrevi eram assim… Bem sombrios. Então, esse final, em retrospectiva, era vergonhosamente ruim. Mas mais que isso, eu ainda não estava pronto para terminar essa história. Não por um bom tempo.” Ele acrescentou que continuar a escrever “The Walking Dead” foi a melhor decisão que poderia ter tomado na ocasião, lembrando como a história melhorou nos capítulos seguintes, com a introdução de personagens icônicos e eventos que marcaram os quadrinhos – e a série. “Pense sobre como as coisas seriam se eu tivesse concluído a história ali… Sem Negan, Ezekiel, Guerra Total, sem salto temporal, sem Magna, sem Sussurradores…” Atualmente, a série baseada nos quadrinhos de Kirkman está na altura da edição 144 da saga, no começo da Guerra dos Sussurradores, que se encerrou no número 162. “The Walking Dead” chega a sua 10ª temporada em outubro.
The Walking Dead é oficialmente cancelada… em quadrinhos
A história de “The Walking Dead” chegou ao fim. A revista em quadrinhos que acompanhava as desventuras dos sobreviventes do apocalipse zumbi foi cancelada por seu próprio criador. Robert Kirkman resolveu encerrar a publicação na edição 193, que chega às bancas dos Estados Unidos nessa quarta-feira (3/7). A decisão, sem aviso prévio, foi uma surpresa para os leitores, que chegaram a duvidar quando a notícia chegou na internet, por meio do vazamento do texto de despedida de Kirkman, incluído na edição. O fim abrupto mantém a tradição de choque que acompanha “The Walking Dead” desde seu lançamento em 2003. A história sempre se diferenciou por matar personagens favoritos dos fãs e vai acabar numa edição especial com 70 páginas, concebida como epílogo, um mês depois de Kirkman matar seu protagonista, Rick Grimes. Para Kirkman, a morte de Rick se confunde com o fim da publicação, já que a história refletiu o ponto de vista do ex-xerife desde o primeiro exemplar. Em seu texto, ele escreveu que “The Walking Dead” foi uma jornada “de Shane até Rick”, lembrando que, ao menos nos quadrinhos, Shane foi o primeiro e Rick o último a morrer. “Eu odeio saber o que está vindo agora”, Kirkman escreveu nas páginas finais da edição. “Como um fã, odeio perceber quando a história do filme está no terceiro ato e ele está acabando. Eu odeio contar comerciais e saber que a série está no fim. Eu odeio o sentimento de quando você sabe que está chegando ao fim de um livro. Alguns dos melhores episódios de ‘Game of Thrones’ são tão envolventes que você não sabe se viu 15 ou 50 minutos dele e quando o fim chega, você fica chocado”, continua o criador. “Eu amo filmes longos por essa razão. Você perde a noção do tempo porque está convencido de que estará lá por muito tempo, mas a história se move e quando começa a terminar… você não acredita que já acabou. Surpresa, a revista em quadrinhos terminou! Tudo que eu fiz, tudo que um criador pode fazer é contar histórias que nos divirtam e esperar que o público se sinta da mesma maneira. Foi tudo que eu fiz e pareceu funcionar na maior parte do tempo”, anunciou Kirkman. “The Walking Dead sempre foi construída na surpresa”, acrescentou o escritor. “Estranhamente, por mais inseguro que eu esteja em terminar a história, sinto-me confiante em como a acabei. Eu venho construindo isso há anos, e é bom terminar com uma nota tão feliz. Saber que tudo o que esses personagens viveram significou alguma coisa. Ver que Michonne conseguiu encontrar sua filha, encontrar a paz em sua vida, e até ter um neto … isso é bom. Que o mundo está consertado… e em paz, o que de certa forma é ainda melhor do que antes… isso é significativo. E ver Carl naquela cadeira de balanço, lendo feliz para sua filha, sabendo que é a vida que Rick queria que ele tivesse … isso me deixa feliz”. Assim, apesar de todas as mortes brutais ao longo de sua narrativa, “The Walking Dead” termina com um final feliz. E com um final que não poderá ser replicado na série televisiva, que desnecessariamente incluiu a morte de Carl, o filho de Rick, em sua 8ª temporada. Em compensação, Judith, morta nos quadrinhos, segue viva na série. Atualmente, a atração televisiva está na altura da edição 144, no começo da Guerra dos Sussurradores, que se encerrou no número 162 dos quadrinhos. Bem mais curta que a guerra contra os Salvadores, a nova batalha deve incluir novas mortes chocantes, mas, curiosamente, a perda mais importante registrada nas páginas da história original já está morta desde a 3ª temporada da série – Andrea. “The Walking Dead” chega a sua 10ª temporada em outubro.

