Sete mulheres denunciam herói do filme “Som da Liberdade” por assédio sexual
Pelo menos sete mulheres acusaram Tim Ballard, retratado como herói no filme “Som da Liberdade”, de assédio sexual, segundo reportagem publicada pela Vice nesta segunda-feira (18/9). Ballard é o fundador e ex-CEO da Operation Underground Railroad, uma organização dedicada ao combate ao tráfico sexual infantil, e foi vivido por Jim Caviezel (o Jesus de Mel Gibson) no thriller que chega ao Brasil nesta semana. Fontes da Vice afirmaram que o autoproclamado ativista convidou mulheres para agirem como sua “esposa” em missões secretas no exterior, aparentemente destinadas a resgatar vítimas de tráfico sexual. Ele teria coagido essas mulheres a compartilharem a cama ou tomarem banho juntos, alegando que isso era necessário para enganar os traficantes. A Vice disse que conversou com muitas das mulheres com queixas contra Ballard. Uma delas teria recebido fotos de Ballard apenas de cueca, exibindo uma série de tatuagens falsas, enquanto outra foi questionada “até onde ela estava disposta a ir” para salvar crianças escravizadas. Elas solicitaram anonimato porque temem retaliação. Além disso, uma carta denunciando assédio sexual de Ballard tem circulado desde junho entre membros de suas organização. Afastamento permanente Após a reportagem vir à tona, a ONG revelou que Ballard “renunciou à O.U.R. em 22 de junho de 2023” e que “está permanentemente afastado da organização”. A entidade também declarou que “não tolera assédio sexual ou discriminação por parte de qualquer pessoa em sua organização” e que contratou um escritório de advocacia independente para conduzir uma investigação abrangente sobre todas as alegações relevantes. No entanto, a organização optou por não fazer mais comentários “para preservar a integridade de sua investigação e proteger a privacidade de todas as pessoas envolvidas”. Segundo a imprensa norte-americana, Ballard estava planejando concorrer ao Senado dos EUA pelo partido de Donald Trump. Sucesso e polêmica O filme “Som da Liberdade”, que retrata a vida de Tim Ballard, alcançou mais de US$ 180 milhões em bilheteria doméstica, superando títulos como “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” (US$ 172,9 milhões) e “Missão: Impossível 7 – Acerto de Contas Parte 1” (US$ 160,8 milhões) nos Estados Unidos. O sucesso do filme foi impulsionado principalmente pelo apoio de grupos da direita americana, que investiram no projeto e o divulgaram – incluindo uma exibição organizada por Trump. O thriller sobre tráfico de crianças na América do Sul é vagamente baseada nas experiências de Ballard na América do Sul, embora o próprio ativista tenha admitido que a produção toma liberdades com a verdade. Mesmo sendo lançado sem o apoio de grandes estúdios, o longa conseguiu grande sucesso, em parte devido ao seu alinhamento com visões de mundo propagadas por teorias da conspiração como QAnon – o principal delírio da extrema direita dos EUA. A trama se concentra na busca implacável de Ballard para reunir uma família separada pelo tráfico de pessoas. Inicialmente, ele resgata um menino chamado Miguel na fronteira entre os EUA e o México e, posteriormente, descobre que a irmã de Miguel ainda está desaparecida. Isso o leva a Cartagena, onde ele planeja uma operação ousada para resgatar a menina. O filme inclui uma cena de epílogo com imagens em preto e branco da operação real de Ballard, embora essa cena seja seguida por uma controversa cena de créditos intermediários que tem sido criticada por seu caráter manipulativo, com o objetivo de alimentar questões de guerra cultural. A estreia de “Som da Liberdade” no Brasil acontece nesta quinta-feira (21/9).
Astro de “Pessoa de Interesse” promove teoria de conspiração sobre tráfico de crianças
O ator Jim Caviezel, que ficou conhecido por interpretar Jesus em “A Paixão de Cristo” (2004) e por estrelar a série “Pessoa de Interesse” (Person of Interest), participou neste fim de semana de um evento da extrema direita para promover uma teoria de conspiração sobre tráfico de crianças. Trata-se de uma história de terror alimentada por fóruns dos seguidores delirantes do QAnon, que ganhou o nome de “adenocromização”. A teoria, que parece roteiro de filme, alega que pessoas ricas e celebridades pagam para que crianças sequestradas sejam torturadas e, assim, produzam adrenalina. O hormônio seria então injetado no “comprador”, concedendo a ele propriedades rejuvenescedoras. Caviezel apareceu no evento Clay Clark’s Health and Freedom Conference (Conferência pela Saúde e Liberdade, em tradução livre) por videoconferência, e prometeu que “não haverá piedade” para os praticantes desse tipo de tortura – que, por coincidência, seriam liberais da esquerda. “Há muitos termos que eles usam [para o processo de extração da adrenalina], mas é o pior horror que eu já testemunhei. Só de ouvir os gritos… se eu visse algo assim, seria além do que eu poderia suportar”, comentou. Vale observar que ele nunca testemunhou “o pior horror que eu já testemunhei”, nem nunca ouviu os gritos que disse que ouviu. Na verdade, a aparição de Caviezel no evento serviu para promover o seu novo filme, “Sound of Freedom”, onde interpreta um agente federal que abandona o emprego para, também por coincidência, dedicar-se inteiramente à luta contra o tráfico de crianças pelo mundo. “Sound of Freedom” é baseada na história real de Tim Ballard, que fundou uma organização de resgate de crianças e luta contra pornografia infantil, mas que enfrenta muitas críticas por seus métodos controversos, incluindo “exageros” narrativos e falta de zelo com a privacidade das vítimas. Jim Caviezel further pushes the "adrenochrome" conspiracy theory (https://t.co/E3q2Fe2H25): (clip 2/2) pic.twitter.com/xAqNcyJOcz — Eric Hananoki (@ehananoki) April 17, 2021
Trailer de série documental investiga QAnon, movimento da extrema direita dos EUA
A HBO divulgou o trailer de sua próxima série documental, “Q: Into the Storm”, que investiga o movimento de extrema direita QAnon. A prévia começa com imagens perturbadoras da invasão do Capitólio, prédio onde funciona o Congresso dos EUA, por extremistas anti-democratas em janeiro passado, antes de revelar como esse movimento iniciou no fórum 8chan com entrevistas debochadas. Produzida pelo cineasta Adam McKay (“Vice”), o documentário em seis partes foi realizado ao longo de três anos e segue o diretor Cullen Hoback (“Monster Camp”) enquanto ele se infiltra no mundo de “Q”, um movimento alimentado por teorias da conspiração que tem crescido em influência nos últimos anos, graças ao alcance das redes sociais de políticos de direita. A série pretende traçar a evolução da QAnon desde seu início em 2017, destacando as táticas usadas por seus integrantes para influenciar a política e a cultura americana em geral. “P: Into the Storm” também explorará as conexões do QAnon com o ex-presidente Trump e uma série de políticos e ex-militares, expondo quem são os “Q-tubers” e os jornalistas à serviços da desinformação. “O QAnon obtém seu poder do anonimato e do sigilo, então decidi desmascarar e desmistificar tudo”, disse Hoback, em comunicado sobre o projeto. “O público poderá ver sem filtro o que acontece em seus bastidores e descobrir as forças que levaram os crentes mais fervorosos de Q a invadir o Capitólio.” “O mergulho profundo de três anos de Cullen no mundo de Q é uma explosão poderosa de clareza e verdade, exatamente quando precisamos”, acrescentou McKay. “Eu não posso acreditar que ele conseguiu isso”. A série estreia em 21 de março na HBO.


