Os Melhores Filmes de 2021
O ano em que três gerações de Homem-Aranha se encontraram, que Daniel Craig se despediu do papel de James Bond e que não olhar para cima virou sinônimo de bolsonarismo foi muito rico para o cinema. Mas também foi o ano em que o streaming multiplicou as opções de telas. Se escolher os melhores sempre é uma tarefa difícil, por invariavelmente deixar favoritos de fora, a seleção se tornou ainda mais complexa no ano em que “filmes” também deixaram, definitivamente, de significar cinema. Para diminuir as inevitáveis omissões, os melhores de 2021 foram divididos num Top 20 internacional, incluindo títulos de cinema e streaming, e um Top 10 nacional. Além disso, as duas listas são acompanhadas por uma seleção extra, dedicada aos principais títulos de cada gênero cinematográfico, que serve para hierarquizar e dar uma mapeada geral no entretenimento em clima de retrospectiva. As listas também funcionam como dicas, com a identificação das plataformas onde o leitor pode assistir cada título já disponibilizado em streaming ou VOD – lembrando que alguns ainda estão em cartaz nos cinemas ou aguardam lançamento digital. Top 20 internacional A lista internacional inclui vários filmes premiados, desde o vencedor do Oscar “Nomadland”, lançado em abril aos cinemas brasileiros, até o drama bósnio “Quo Vadis, Aida?”, eleito o melhor do ano pela Academia Europeia de Cinema – e só disponibilizado em VOD no Brasil. Também há títulos que ajudaram a definir o ano pela capacidade de gerar discussões, como a sátira negacionista “Não Olhe para Cima” e o fenômeno “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, filme mais visto de 2021, que bateu recordes de público ao consagrar a fórmula de sucesso/construção de universo da Marvel. Veja abaixo os títulos que entraram na seleção, organizados em ordem alfabética. A FILHA PERDIDA | Netflix A MÃO DE DEUS | Netflix A NOITE DO FOGO | Cinema AMOR SUBLIME AMOR | Cinema ANNETTE | MUBI ATAQUE DOS CÃES | Netflix AZOR | Cinema BELA VINGANÇA | Telecine CAROS CAMARADAS | Telecine CHIVA BABY | MUBI CRUELLA | Disney+ DRUK – MAIS UMA RODADA | Telecine HOMEM-ARANHA: SEM VOLTA PARA CASA | Cinema MEU PAI | Paramount+ NÃO OLHE PARA CIMA | Netflix NO RITMO DO CORAÇÃO | VOD* NOMADLAND | Telecine O ESQUADRÃO SUICIDA | HBO Max QUO VADIS, AIDA | Telecine UNDINE | Cinema Top 10 nacional A lista nacional é essencialmente dramática, com temas políticos, sociais e sexuais. A temática sugere uma reação da arte contra o governo que desde a posse age ostensivamente para destruir a indústria cultural brasileira – via cortes de patrocínio, estrangulamento de incentivos, vetos, ameaças e descaso incendiário. As demissões, fechamentos e perdas de espaços culturais resultantes desta política alimentam os números negativos da economia, que retrocederam o país à era da inflação de dois dígitos. Não por acaso, o filme de maior bilheteria de 2021, “Marighella”, foi também o que enfrentou mais dificuldades para estrear, empacado na burocracia da Ancine, e o que sofreu as principais críticas de funcionários do governo. Mas “Marighella” não é o único a trazer questionamentos que incomodam os poderosos atuais. Do racismo estrutural enfrentado em “Cabeça de Nêgo” ao desmatamento criminoso denunciado por “A Última Floresta”, o cinema brasileiro foi um ato de resistência em 2021, contra todas as dificuldades criadas pelo pior presidente da História. 7 PRISIONEIROS | Netflix A NUVEM ROSA | Telecine A ÚLTIMA FLORESTA | Netflix CABEÇA DE NÊGO | Globoplay DESERTO PARTICULAR | Cinema MARIGHELLA | Globoplay O SILÊNCIO DA CHUVA | Globoplay MEU NOME É BAGDÁ | Cinema PIEDADE | Cinema RAIA 4 | Telecine Melhores por Gênero Alguns filmes que se destacaram em seus gêneros não entraram nas listas anteriores. Outros apareceram duplamente. Veja abaixo a relação dos títulos que foram melhores que seus concorrentes em seus respectivos nichos. Melhor Drama QUO VADIS, AIDA | Telecine Melhor Comédia NÃO OLHE PARA CIMA | Netflix Melhor Terrir UM LOBO ENTRE NÓS | Amazon Prime Video Melhor Terror SANTA MAUD | VOD* Melhor Suspense BELA VINGANÇA | Telecine Melhor Sci-Fi DUNA | HBO Max Melhor Filme de Super-Herói HOMEM-ARANHA: SEM VOLTA PARA CASA | Cinema Melhor Thriller de Ação 007 – SEM TEMPO PARA MORRER | VOD* Melhor Fantasia Infantil CRUELLA | Disney+ Melhor Animação A FAMÍLIA MITCHELL E A REVOLTA DAS MÁQUINAS | Netflix Melhor Teen NO RITMO DO CORAÇÃO | VOD* Melhor Romance MEMÓRIAS DE UM AMOR | VOD* Melhor Musical AMOR SUBLIME AMOR | Cinema Melhor Documentário & Filme Queer PEQUENA GAROTA | VOD* Filme Mais Estiloso NOITE PASSADA NO SOHO | Cinema * Os lançamentos em VOD podem ser encontrados nas plataformas Apple TV, Google Play, Looke, Microsoft Store, NOW, Vivo Play e YouTube, entre outras.
Filmes online: “Pedro Coelho 2”, “Maligno” e mais 20 estreias digitais
O cinema em casa da semana tem lançamentos para públicos muito diversos, como “Pedro Coelho 2” para as crianças e “Maligno” para os adultos. Ambos passaram pelos cinemas, mas “Maligno” chega em formato digital apenas um mês depois de entrar em cartaz, demonstrando como a janela cinematográfica diminuiu durante a pandemia. “Pedro Coelho 2” aprimora o humor e a fofura do primeiro filme dos personagens infantis de Beatrix Potter, trazendo – em inglês – vários astros famosos como as vozes dos coelhos falantes – James Corden (“Cinderela”) no papel-título e nada menos que Margot Robbie (a Arlequina de “O Esquadrão Suicida”), Daisie Ridley (a Rey da nova trilogia “Star Wars”) e Elizabeth Debicki (“Tenet”) como coelhinhas. A programação infantil ainda destaca “Zarafa”, uma animação francesa premiada, entre outros desenhos. A proximidade do Halloween aumenta a oferta de filmes de terror, gênero em que se encaixa “Maligno”, a volta do diretor James Wan (“Invocação do Mal”) ao horror sobrenatural após dirigir o blockbuster “Aquaman” (2018). E se trata de um retorno com vingança, extremamente autoral e divisivo (pra amar ou odiar), mas com um dos finais mais perturbadores e inesperados do ano. Duas produções sul-americanas também se destacam no filão: “O Fio Invisível”, suspense psicológico da premiada cineasta peruana Claudia Llosa, vencedora do Festival de Berlim por “A Teta Assustada” (2010), e “História do Oculto”, do argentino Cristian Ponce, que se tornou cult após vencer prêmios em festivais internacionais. Para fãs de humor sombrio, há ainda “The Trip”, do norueguês Tommy Wirkola (do cult “Zumbis na Neve”), que transforma Noomi Rapace (“Prometheus”) e Aksel Hennie (“Hedhunters”) numa espécie de versão psicopata de “Sr. e Sra. Smith” (2005). Entre os lançamentos cinéfilos, “Shadow” eclipsa todos os demais. O filme é um show expressionista de sombras, luzes e artes marciais do mestre Zhang Yimou (“Herói”), que venceu “apenas” 38 prêmios internacionais e tem 94% de aprovação no Rotten Tomatoes. A lista ainda inclui dramas brasileiros premiados e o importante documentário investigativo “Controlling Britney Spears”, empurrão que faltava para Britney Spears se livrar da tutela do pai, Jamie Spears, no fim de setembro. Mas o documentário que autodeclarados fãs de música precisam ver neste fim de semana é “The Velvet Underground”, recebido com aplausos e elogios rasgados em sua première no Festival de Cannes deste ano. Dirigido por Todd Haynes (“Carol”) e com 97% de aprovação no site Rotten Tomatoes, conta a história da lendária banda nova-iorquina liderada por Lou Reed e apadrinhada por Andy Warhol, que revolucionou o rock nos anos 1960 e influenciou gerações, de David Bowie a Jesus and Mary Chain. São, ao todo, 22 indicações de estreias para assistir nas plataformas digitais neste fim de semana. As sugestões podem ser conferidas, com seus respectivos trailers, logo abaixo. Maligno | EUA | Terror (Google Play, NOW, Vivo Play, YouTube Filmes) O Fio Invisível | Peru, Chile, Espanha | Terror (Netflix) História do Oculto | Argentina | Terror (Netflix) Lucky – Uma Mulher de Sorte | EUA | Terror (Apple TV, Google Play, Looke, NOW, Vivo Play, YouTube Filmes) The Trip | Noruega | Thriller (Netflix) Entre Frestas | Polônia | Thriller (Netflix) A Batalha Esquecida | Holanda | Guerra (Netflix) Shadow | China | Ação (Apple TV, Google Play, Looke, Sky Play, Vivo Play, YouTube Filmes) Nunca mais Nevará | Polônia | Comédia (Apple TV, Google Play, Looke, NOW, Vivo Play, YouTube Filmes) Sole | Itália | Drama (MUBI) Moving On | Coreia do Sul | Drama (MUBI) Suk Suk – Um Amor em Segredo | Hong Kong | Drama (Apple TV, Google Play, NOW, Sky Play, Vivo Play, YouTube Filmes) Veneza | Brasil | Drama (Star+) Piedade | Brasil | Drama (Apple TV, Google Play, YouTube Filmes) Abe | EUA, Brasil | Drama (Apple TV, Google Play, Looke, NOW, Sky Play, Vivo Play, YouTube Filmes) Pedro Coelho 2: O Fugitivo | EUA | Infantil (Google Play, Looke, NOW, YouTube Filmes) Zarafa | França, Bélgica | Animação (Reserval Imovision) Bright: Alma de Samurai | EUA, Japão | Animação (Netflix) Violet Evergarden – O Filme | Japão | Animação (Netflix) Vil, Má | Brasil | Documentário (MUBI) Controlling Britney Spears | EUA | Documentário (Globoplay) The Velvet Underground | EUA | Documentário (Apple TV+)
“O Esquadrão Suicida” estreia em mais cinemas que “Viúva Negra”
A principal estreia de cinema da semana é também uma das melhores adaptações de quadrinhos da DC Comics. Escrito e dirigido por James Gunn (de “Guardiões da Galáxia”), “O Esquadrão Suicida” só lembra o primeiro “Esquadrão Suicida” na escalação de quatro personagens, que repetem os mesmos atores. De resto, é impressionante que a DC tenha dado tanta liberdade ao diretor para fazer o que faz na tela. Aparentemente, o estúdio aprendeu com “Coringa” que o segredo desses filmes é a liberdade criativa. E Gunn ficou livre e solto para fazer o filme trash mais caro de todos os tempos. Egresso da Troma, produtora do super-herói do lixo, “O Vingador Tóxico”, Gunn mostra como um grande orçamento pode ser usado para replicar o estilo sangrento e desbocado dos títulos de diversão barata de era do VHS. Seu “O Esquadrão Suicida” é “O Vingador Tóxico” da DC Comics, e deixa “Deadpool” parecendo filme para crianças. É, em suma, uma grande diversão que Gunn jamais poderia criar na Marvel. Com lançamento em 1,6 mil salas (maior que “Viúva Negra”), o blockbuster da Warner deixa pouco espaço para as demais estreias, que acontecem em circuito limitado. A programação traz mais seis filmes, todos brasileiros (incluindo coproduções), espremidos em poucos cinemas. “Abe”, estrelado pelo ator mirim Noah Schnapp (o Will de “Stranger Things”), é a opção mais acessível. Ele vive o personagem do título, que sonha ter um jantar sem brigas com a mãe israelense e o pai palestino. Aprendendo a cozinhar com um chef de cozinha brasileiro (Seu Jorge, de “Irmandade”), que faz acarajé nas feiras gastronômicas de Nova York, seu plano é servir uma refeição tão boa que acabe com todas as discussões. Dirigido por Fernando Grostein Andrade (de “Quebrando o Tabu” e “Coração Vagabundo”), agradou a crítica americana (70% no Rotten Tomatoes) e até venceu alguns prêmios em festivais menores dos EUA. Entre os cinéfilos, o título mais esperado é “Piedade”, de Cláudio Assis (“Febre do Rato”), premiado no Festival de Brasília e que comprova que Cauã Reymond é realmente um senhor ator, além de mostrar o talento que todos já conhecem de Matheus Nachtergaele. Com cenas fortes de relacionamento homoafetivo, o longa aumenta a voltagem da filmografia do diretor pernambucano, sempre erótica, violenta e voltada às margens sociais. Cinema para adultos, que ainda destaca a icônica Fernanda Montenegro. Mas a verdade é que todos os títulos merecem atenção. Exibido no Festival de Berlim, “Vento Seco”, de Daniel Nolasco (de vários curtas LGBTQIAP+), vai ainda mais longe na temática gay com belíssima fotografia – embora algumas imagens busquem repelir o olhar. “Doutor Gama”, de Jeferson Dê (“M-8: Quando a Morte Socorre a Vida”), oferece praticamente uma lição de História sobre a vida de Luiz Gama, ex-escravo que se tornou um dos maiores abolicionistas do Brasil. “O Diabo Branco” marca a estreia do ator Ignacio Rogers (“Estuário”) com a fórmula do terror de viagem ao interior. E ainda há um documentário sobre a Mangueira, assinado pela veterana Ana Maria Magalhães, estrela de vários clássicos dos anos 1970, que iniciou uma carreira paralela de cineasta desde aquela época. Veja abaixo os trailers de todas as estreias da semana. O Esquadrão Suicida | EUA | Super-Heróis Abe | EUA, Brasil | Drama Piedade | Brasil | Drama Doutor Gama | Brasil | Drama Vento Seco | Brasil | Drama O Diabo Branco | Argentina, Brasil | Terror Mangueira em 2 Tempos | Brasil | Documentário
Espaço Itaú lança festival online com filmes inéditos nos cinemas
O Espaço Itaú de Cinema aderiu ao streaming, promovendo um festival de “pré-estreias” de filmes online. A iniciativa começa nesta sexta (19/6), Dia do Cinema Brasileiro, e vai até o domingo que vem (28/6), oferecendo 19 títulos no lançamento de seu serviço Espaço Itaú Play – criado em parceria com a plataforma Looke. Os filmes ficarão disponíveis por apenas 48 horas, com preço de locação acessível, R$ 10, dos quais 20% serão destinado à APRO (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais). Mas o primeiro título está no ar de graça. Trata-se de “Piedade”, de Cláudio Assis, estrelado por Fernanda Montenegro, Irandhir Santos, Matheus Nachtergaele e Cauã Reymond, e vencedor de três troféus no Festival de Brasília passado. O filme gira em torno de três histórias entrelaçadas, em que os personagens estão desesperados em viver um grande amor. Uma dessas tramas inclui uma cena homossexual muito falada entre Nachtergaele e Reymond (que vive o dono de um cinema pornô). A seleção de inéditos inclui ainda “Mangueira em Dois Tempos”, de Ana Maria Magalhães, “Três Verões”, de Sandra Kogut, “A Febre”, de Maya Da-Rin, “Dora e Gabriel”, de Ugo Giorgetti, “Boni Bonita”, de Daniel Barosa, “Música para Morrer de Amor”, de Rafael Gomes, “Pacarrete”, de Allan Deberton, “Querência”, de Helvécio Marins Jr, “Aos Olhos de Ernesto”, de Ana Luiza Azevedo, “Guerra de Algodão”, de Marília Hugues e Claudio Marques. “Três Verões” estava prestes a entrar em cartaz quando a pandemia fechou os cinemas. O filme rendeu o troféu de Melhor Atriz para Regina Casé no Festival do Rio e ainda recebeu prêmios nos festivais de Havana, em Cuba, e Antalya, na Turquia. “A Febre” e “Pacarrete” também foram reverenciados em grande circuito internacional e acumulam expectativas. Para completar, o festival online do Espaço Itaú ainda programou a exibição de títulos estrangeiros, em que se destacam “Deerskin – A Jaqueta De Couro De Cervo”, de Quentin Dupieux, “O Chão Sob Meus Pés”, de Marie Kreutzer, e “Liberté”, de Albert Serra, premiado no Festival de Cannes passado. Depois de serem exibidos online, os títulos entrarão em cartaz no circuito Itaú Cinemas, em datas a serem definidas, conforme plano de retomada das autoridades sanitárias. A lista completa, datas de exibição e o acesso direto para os filmes podem ser conferidos aqui.
Fernanda Montenegro protesta contra agressão do governo à cultura nacional na abertura do Festival do Rio
Cada vez mais símbolo da resistência cultural do Brasil, a atriz Fernanda Montenegro fez um discurso emocionado na abertura do Festival do Rio antes da exibição de “Piedade” na noite de terça (10/12), filme que ela estrela e que deu início ao evento. Sem mencionar diretamente o nome de nenhum político, a estrela manifestou seu repúdio às iniciativas do governo federal contra a cultura do país e os ataques com xingamentos que ela própria recebeu de quem agora ocupa a secretaria da Cultura. “É difícil. Sem cultura não há educação e sem educação não há cultura. Qual é o mal que estamos fazendo para este país para termos tantas proibições, tantas agressões, tantos xingamentos… Não sei porque essa agressão em torno de nós. Não há explicação. É uma nova moralidade que condena qualquer visão fora de uma estrutura sectária”, lamentou. Além de chamar Fernanda Montenegro de “sórdida” e outros nomes, o Secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, nomeou o pastor Edilásio Santana Barra Júnior, um dos fundadores da Igreja Continental do Amor de Jesus e apresentador do “Programa VIP” (na RedeTV e na CNT), sem nenhuma relação com o cinema, como superintendente de Desenvolvimento Econômico da Ancine (Agência Nacional do Cinema), gerando revolta na classe artística. A Ancine também cancelou uma exibição programada para seus servidores de “A Vida Invisível”, outra obra estrelada por Fernanda Montenegro, e retirou pôsteres de filmes clássicos do cinema brasileiro de sua sede e site. Antes disso, o presidente Jair Bolsonaro já tinha proibido a Petrobras e o BNDES de continuar patrocinando festivais de cinema, o que quase inviabilizou a realização do Festival do Rio deste ano – os organizadores apelaram até para crowdfunding para realizar o evento. Na verdade, o projeto anti-cultural começou com a extinção do Ministério da Cultura e ainda contempla a exclusão de representantes do mercado e da sociedade civil no CSN (Conselho Superior de Cinema), a mudança do CSC para a pasta da Casa Civil, a mudança da Secretaria da Cultura de um ministério para outro sem critério – agora está no Turismo – , o fim de apoio da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para o programa Cinema do Brasil, voltado à exportação de filmes brasileiros, o corte ao apoio à exibição de filmes brasileiros em festivais internacionais e à campanha do filme indicado para representar o Brasil no Oscar, sem esquecer suspensão de edital para produção de séries de temática LGBTQIA+, paralisação do setor por falta de nomeações de representantes em comissões responsáveis pela aprovação de projetos, cortes no fundo que financia filmes e séries no Brasil, promessa de acabar com reserva de mercado para produções nacionais, etc, etc. A lista é longa é inglória. “Nós somos imorredouros. Ninguém vai acabar conosco. Sobrevivemos sempre a qualquer agressão que possa vir [como quando Collor acabou com a Embrafilme]. E desta vez vem de uma forma assassina. Acho que se houvesse possibilidade estaríamos todos num paredão sendo mortos com metralhadoras. Por quê?”, discursou Fernanda. A única atriz brasileira indicada ao Oscar, além de ter um Emmy Internacional no currículo, também destacou a quantidade de mão de obra gerada para produzir um filme, desde a pré-produção até às exibições nas salas de cinema. “Nada disso nasce da noite para o dia. Isso é o resultado de dois, três anos de trabalho de muita gente. Precisa ser valorizado”, defendeu, lembrando que a indústria cinematográfica é importante para a economia. “A verdade é que nenhum setor do país dá mais emprego do que a cultura”, reforçou, citando desde o marceneiro que constrói cenários e a costureira que trabalha em figurinos até o vendedor de pipocas e o manobrista de carros na porta das casas de espetáculo. Além de Fernanda Montenegro, a apresentadora da abertura do festival, a também atriz Mariana Ximenes, manifestou-se contra o desmonte cultural com um figurino criado com estampas dos pôsteres dos filmes retirados da Ancine. O Festival do Rio vai até o dia 14 de dezembro. Paralelamente, acontece o RioMarket, no Rio Othon Palace Hotel, em Copacabana, onde os produtores, técnicos, profissionais, executivos da indústria criativa e estudantes vão se reunir para discutir as tendências da indústria audiovisual. A programação é garantia de outros discursos emocionados. E de reação pública contra o desmonte cultural promovido pelo governo brasileiro. Veja abaixo o discurso emocionado de Fernanda Montenegro e dos demais integrantes da produção de “Piedade”.
Festival de Brasília premia minorias, filmes de temáticas ambiental e LGBTQIA+
Filmes passados na Amazônia, de temática LGBTQIA+ e dirigidos por mulheres dominaram a premiação do 52º Festival de Brasília, que se encerrou na noite de sábado (30/11) na capital brasileira. O principal vencedor do evento, “A Febre”, da carioca Maya Da-Rin, venceu cinco troféus: Melhor Filme, Direção, Ator, Fotografia e Som. A obra narra a história de Justino (o premiado Regis Myrupu), um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da sua esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Tomado por uma febre misteriosa, ele passa a ser perseguido por uma criatura enigmática durante todas as noites, e a lutar para se manter acordado no trabalho. De forma convincente, Regis Myrupu, que realmente tem descendência indígena, já tinha sido premiado como Melhor Ator no 72º Festival de Locarno, na Suíça, por seu desempenho. Tanto o ator quanto a diretora Maya Da-Rin são estreantes em longas de ficção – mas a cineasta tem dois documentários sobre a Amazônia no currículo. Além de “A Febre”, o filme vencedor do Prêmio do Público, “O Tempo que Resta”, também trouxe uma história passada na Amazônia com direção de cineasta feminina, Thaís Borges. Documentário de estreia da diretora brasiliense, acompanha duas mulheres marcadas para morrer, por lutar pela causa de pequenos agricultores e ribeirinhos contra grupos de mineradoras e madeireiros ilegais na floresta tropical. Thaís Borges também foi premiada pelo Roteiro. Assim, Brasília premiou uma diretora e uma roteirista mulheres, e dois filmes sobre os problemas da Amazônia. Mas a forte mensagem política do festival não ficou nisso. Anne Celestino se tornou a primeira atriz transexual premiada no evento, pelo papel-título em “Alice Júnior”, de Gil Baroni. A comédia sobre uma youtuber transexual que precisa lidar com o conservadorismo na escola levou ao todo quatro Candangos — além de Melhor Atriz, Atriz Coadjuvante (Thais Schier), Trilha Sonora e Edição. O evento ainda destacou “Piedade”, do pernambucano Claudio Assis, com três troféus. Igualmente focado em temas LGBTQIA+ e questões ambientais, o drama refletiu os problemas causados pela construção de um porto, que interferiu no habitat de tubarões, gerando ataques em praias turísticas da região de Recife. Cauã Reymond, que vive o dono de um cinema pornô e cenas de sexo com o colega Matheus Nachtergaele, levou o Calango de Melhor Ator Coadjuvante. Os demais troféus do longa foram o Prêmio Especial do Júri e Direção de Arte. Paradoxalmente, em contraste com este resultado, a organização do festival enfrentou denúncias de censura – um ator local foi impedido de ler uma carta de protesto contra a interrupção das políticas públicas para o audiovisual – e agressão contra mulheres – durante a apresentação do filme de Thaís Borges, um diretor do evento gritou contra as mulheres no palco para que começassem logo o filme e ainda xingou outras realizadoras que tentaram alertar para o horror da situação. Confira abaixo a lista completa dos premiados. Mostra Competitiva de Longas Melhor Longa-Metragem “A Febre” Melhor Direção Maya Da-Rin (“A Febre”) Melhor Ator Regis Myrupu (“A Febre”) Melhor Atriz Anne Celestino (“Alice Júnior”) Melhor Ator Coadjuvante Cauã Reymond (“Piedade”) Melhor Atriz Coadjuvante Thaís Schier (“Alice Júnior”) Melhor Roteiro Thaís Borges (“O Tempo que Resta”) Prêmio Especial do Júri “Piedade”, de Claudio Assis Prêmio do Júri Popular “O Tempo que Resta” Melhor Fotografia Bárbara Alvarez (“A Febre”) Melhor Edição Pedro Giongo (“Alice Júnior”) Melhor Direção de Arte Carla Sarmento (“Piedade”) Melhor Som Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel Croset (“A Febre”) Melhor Trilha Sonora Vinícius Nisi (“Alice Júnior”) Mostra Competitiva de Curtas Melhor Curta-Metragem “Rã”, de Júlia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti Melhor Direção Sabrina Fidalgo (“Alfazema”) Melhor Ator Severino Dadá (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Atriz Teuda Bara (“Angela”) Melhor Roteiro Camila Kater e Ana Julia Carvalheiro (“Carne”) Prêmio do Júri Popular “Carne”, de Camila Kater Melhor Fotografia João Castelo Branco (“Parabéns a Você”) Melhor Edição André Sampaio (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Direção de Arte Isabelle Bittencourt (“Parabéns a Você”) Melhor Som Guma Farias e Bernardo Gebara (“A Nave de Mané Socó”) Melhor Trilha Sonora Vivian Caccuri (“Alfazema”)
Diretor confirma cenas fortes de sexo entre Cauã Reymond e Matheus Nachtergaele no cinema
O ator Cauã Reymond (“Não Devore Meu Coração”) vai viver cenas quentes de sexo gay com o ator Matheus Nachtergaele (“Trinta”) no filme “Piedade”, de Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, “Febre do Rato”, “Big Jato”). O ator já tinha adiantado o teor da produção em outubro, após as filmagens em Recife, e agora o cineasta voltou a falar do assunto, para dizer que o filme será bem mais ousado do que se costuma ver nos dramas nacionais. “Tem nu, tem ‘coisas’ de Cauã, ‘coisas’ de Matheus. Não tem penetração, mas um clima que leva a pensar nisso. É bem sugestivo. São cenas fortes e, digamos, calientes”, afirmou o cineasta Cláudio Assis (Amarelo Manga, Baixio das Bestas) em entrevista ao jornal O Globo neste domingo (17/12). No filme, os personagens dos atores se conhecem depois que o executivo vivido por Matheus deixa São Paulo e viaja até Recife, onde o personagem de Cauã trabalha em um cinema pornô famoso na cidade. Os dois participam de cenas sem roupas, com muita intimidade. Cauã aceitou participar do filme pela admiração ao trabalho do diretor, sem nem ter lido o roteiro previamente. E não se arrependeu. “Quando li [o roteiro], adorei. É uma história linda. Sou fã desse cinema de arte, de resistência”, disse Reymond a O Globo. Além dos dois atores, “Piedade” conta com outros nomes conhecidos no elenco, como Fernanda Montenegro (“Infância”) e o habitual parceiro do diretor Irandhir Santos (“Febre do Rato”). O filme ainda não tem data de estreia.
Cauã Reymond e Matheus Nachtergaele viverão cena de sexo “quente” no cinema
Depois de viver travesti em um clipe, Cauã Reymond (“Alemão”) vai protagonizar uma cena de sexo homossexual com o ator Matheus Nachtergaele (“Trinta”) no próximo filme do diretor pernambucano Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, “Febre do Rato”, “Big Jato”). E, segundo próprio ele adiantou em entrevista ao programa “Lady Night”, “o babado é forte”. Intitulado “Piedade”, o filme mostrará que os personagens dos atores se conhecem depois que o executivo vivido por Matheus deixa São Paulo e viaja até Recife, onde o personagem de Cauã trabalha em um cinema pornô famoso na cidade. O longa conta também com outros nomes conhecidos no elenco, como Fernanda Montenegro (“Infância”) e o habitual parceiro do diretor Irandhir Santos (“Febre do Rato”). Vale a pena destacar ainda um nome da produção. O roteiro foi escrito pela cineasta Anna Muylaert (“Mãe Só Há Uma”), que há dois anos polemizou com a “fúria machista” do diretor. Cláudio Assis e Lírio Ferreira (“Sangue Azul”) foram banidos por um ano do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, reduto do cineastas do Recife, após uma participação desastrosa num debate sobre “Que Horas Ela Volta?” (2015), da diretora. “Piedade” ainda não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros.
Cauã Reymond e Fernanda Montenegro começam a filmar novo drama do diretor de Amarelo Manga
O ator Cauã Reymond, atualmente no ar na minissérie “Dois Irmãos”, publicou em seu Instagram uma foto do começo das filmagens de “Piedade”, dirigido por Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, “Febre do Rato”, “Big Jato”), que o astro estrela com Fernanda Montenegro (“Infância”) e habituais parceiros do diretor, como Matheus Nachtergaele (“Big Jato”) e Irandhir Santos (“Febre do Rato”). As filmagens ocorrem em Recife a partir desta semana. Na trama, Fernanda Montenegro será Carminha, uma mulher batalhadora que sustenta a família com o dinheiro que consegue no seu bar e restaurante à beira-mar. Cauã vive seu filho, dono de um “cinema pornô pós-moderno”, conforme a descrição da produção. Os demais não tiveram os papéis divulgados. Vale a pena destacar ainda um nome dos bastidores. O roteiro foi escrito por Anna Muylaert, que há pouco mais de um ano foi alvo da chamada, na ocasião, fúria machista do diretor. Cláudio Assis e Lírio Ferreira (“Sangue Azul”) foram banidos por um ano do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, reduto do cineastas do Recife, após uma participação desastrosa num debate sobre “Que Horas Ela Volta?” (2015), de Muylaert. “Piedade” ainda não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros.
Fernanda Montenegro vai estrelar novo filme de Cláudio Assis
A atriz Fernanda Montenegro vai estrelar o novo filme do diretor Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, “Febre do Rato”, “Big Jato”), ao lado do velho parceiro do diretor Matheus Nachtergaele (“Big Jato”) e Cauã Reymond (“Reza a Lenda”). Intitulado “Piedade”, o filme gira em torno de três histórias entrelaçadas, em que os personagens estão desesperados em viver um grande amor, mas não conseguem nem obter a piedade dos outros. Nachtergaele irá viver um funcionário da indústria petroleira de Bauru, Reymond viverá o dono de um cinema pornô e Montenegro será proprietária de um boteco de praia. As filmagens começam neste mês e o longa ainda não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros.







