Estreias | Mostra de São Paulo exibe 362 filmes de 96 países
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa nesta quinta (19/10) sua 47ª edição em clima pré-pandêmico, com a exibição de 362 filmes de 96 países, numa programação estendida a 24 salas de cinema até o dia 1º de novembro. Seleção internacional A abertura fica por conta de “Anatomia de uma Queda”, suspense vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes. Dirigido pela francesa Justine Triet – a terceira mulher a ganhar a Palma de Ouro – , o longa acompanha a investigação da morte de um escritor, que pode ter sido suicídio ou homicídio. A seleção internacional também contará com a exibição inédita de “Maestro”, novo longa de Bradley Cooper, e “Evil Does Not Exist”, de Ryūsuke Hamaguchi, vencedor do Oscar por “Drive My Car”. Também serão exibidos “Afire”, de Christian Petzold, que ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim, e “La Chimera”, com direção de Alice Rohrwacher e participação da brasileira Carol Duarte. Entre os destaques, ainda estão nada menos que 17 títulos que disputam vaga na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2023, incluindo o ucraniano “20 Dias em Mariupol”, em que o diretor e fotojornalista Mstyslav Chernov acompanha os esforços de um grupo de jornalistas ucranianos (os únicos repórteres na cidade do título) que tentam documentar a invasão russa, o turco “Ervas Secas”, de Kuru Otlar Üstüne, que rendeu o prêmio de Melhor Atriz em Cannes para Merve Dizdar, o finlandês “Folhas de Outono”, de Kuolleet Lehdet, que recebeu o Prêmio do Júri em Cannes, e o britânico “Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer, vencedor do Grande Prêmio do Júri e do Prêmio da Crítica em Cannes. Filmes brasileiros A programação ainda inclui cerca de 60 longas brasileiros, que integram as seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional, e além dos troféus da Mostra também disputam um prêmio da Netflix para exibição na plataforma em mais de 190 países. A lista inclui títulos prestigiados em festivais internacionais, como “A Flor do Buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, premiado na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, e “Estranho Caminho”, de Guto Parente, consagrado após vencer todos os prêmios possíveis do Festival de Tribeca – a primeira vez que houve uma unanimidade no evento nova-iorquino. Além deles, “O Estranho”, de Flora Dias e Juruna Mallon, foi exibido no Festival de Berlim, “Meu Casulo de Drywall”, de Caroline Fioratti, selecionado no SXSW, e “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, elogiadíssimo no Festival de Veneza. A forte programação brasileira contempla também novos filmes dirigidos por cineastas como André Novais Oliveira (“O Dia que te Conheci”), Clara Linhart (“Eu Sou Maria”), Cristiane Oliveira (“Até que a Música Pare”), Fábio Meira (“Tia Virgínia”), Helena Ignez (“A Alegria É a Prova dos Nove”), Lúcia Murat (“O Mensageiro”), Luiz Fernando Carvalho (“A Paixão Segundo G.H.”) e Petrus Cariry (“Mais Pesado É o Céu”). Homenagens Junto das estreias, a Mostra prestará uma homenagem ao cineasta italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007), que assina a arte do pôster da edição. Serão exibidos alguns de seus principais trabalhos, como “Blow-Up – Depois Daquele Beijo”, “O Deserto Vermelho” e a Trilogia da Incomunicabilidade, composta por “A Aventura”, “A Noite” e “O Eclipse”, além de uma exposição com seus trabalhos como artista plástico. Além disso, a Mostra homenageará dois documentaristas com o prêmio Humanidades: o francês Sylvain George e o americano Errol Morris, que terão sete filmes exibidos na programação, incluindo o mais recente, “O Túnel dos Pombos”. Para completar, o Prêmio Leon Cakoff será dedicado a dois cineastas: Júlio Bressane e o sérvio Emir Kusturica. Bressane terá dois filmes recentes exibidos, o documentário “A Longa Viagem do Ônibus Amarelo”, que tem sete horas de duração, e “Leme do Destino”, história de amor de apenas 27 minutos. A programação completa da 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com horários e locais de exibição, pode ser conferida no site oficial do evento: https://47.mostra.org/.
Netflix cria prêmio para filmes brasileiros em parceria com a Mostra de São Paulo
A Netflix anunciou neste sábado (7/10) uma parceria com a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo para a criação do Prêmio Netflix. O objetivo é selecionar e adquirir os direitos de distribuição de um filme brasileiro de ficção que participe do evento e ainda não tenha contrato com nenhuma plataforma de streaming. O vencedor será revelado no encerramento da Mostra, em 1 de novembro. Seleção e alcance global O filme escolhido para o Prêmio Netflix será exibido pela plataforma em mais de 190 países, ampliando significativamente o alcance da produção nacional. A iniciativa surge em um momento em que o cinema brasileiro busca maior visibilidade internacional, e a parceria com a gigante do streaming pode ser um passo importante nesse sentido. “Celebramos essa nova parceria com a Netflix e o estímulo que este prêmio traz à produção brasileira de cinema. Entre nossas missões, está apoiar e promover a produção cinematográfica brasileira, exibindo filmes nacionais e proporcionando visibilidade a novos talentos, e o prêmio reforça isso”, disse Renata de Almeida, diretora da Mostra, em comunicado. “A criação desse prêmio representa um marco em nosso compromisso de mais de uma década com o audiovisual brasileiro, e, mais que nunca, com o cinema nacional autoral. É mais um passo em nossa jornada de colaboração com criadores e profissionais do cinema”, acrescentou Gabriel Gurman, diretor de filmes da Netflix no Brasil. Filmes brasileiros A programação deste ano inclui cerca de 60 longas brasileiros, que integram as seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. Os filmes das duas últimas são inéditos em São Paulo. No caso dos novos diretores, são títulos de cineastas que têm até dois títulos no catálogo. Todos os brasileiros da Perspectiva Internacional e da Competição Novos Diretores concorrem ao Prêmio do Público da Mostra, que também inclui o Troféu Bandeira Paulista de Melhor Filme Brasileiro. A lista inclui títulos prestigiados em festivais internacionais, como “A Flor do Buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, premiado na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, e “Estranho Caminho”, de Guto Parente, consagrado após vencer todos os prêmios possíveis do Festival de Tribeca – a primeira vez que houve uma unanimidade no evento nova-iorquino. Além deles, “O Estranho”, de Flora Dias e Juruna Mallon, foi exibido no Festival de Berlim, “Meu Casulo de Drywall”, de Caroline Fioratti, selecionado no SXSW, e “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, elogiadíssimo no Festival de Veneza. A forte programação brasileira contempla ainda novos filmes dirigidos por cineastas como André Novais Oliveira (“O Dia que te Conheci”), Clara Linhart (“Eu Sou Maria”), Cristiane Oliveira (“Até que a Música Pare”), Fábio Meira (“Tia Virgínia”), Helena Ignez (“A Alegria É a Prova dos Nove”), Lúcia Murat (“O Mensageiro”), Luiz Fernando Carvalho (“A Paixão Segundo G.H.”) e Petrus Cariry (“Mais Pesado É o Céu”). Seleção internacional Ao todo a Mostra exibirá 360 filmes, com destaque para a seleção internacional, que contará com a exibição inédita de “Maestro”, novo longa de Bradley Cooper, e “Evil Does Not Exist”, de Ryūsuke Hamaguchi, vencedor do Oscar por “Drive My Car”. Também serão exibidos “Afire”, de Christian Petzold, que ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim, e “La Chimera”, com direção de Alice Rohrwacher e participação da brasileira Carol Duarte. Homenagens Junto das estreias, a Mostra prestará uma homenagem ao cineasta italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007), que assina a arte do pôster da edição. Serão exibidos alguns de seus principais trabalhos, como “Blow-Up – Depois Daquele Beijo”, “O Deserto Vermelho” e a Trilogia da Incomunicabilidade, composta por “A Aventura”, “A Noite” e “O Eclipse”. A Mostra também homenageará dois documentaristas com o prêmio Humanidades: o francês Sylvain George e o americano Errol Morris, que terão sete filmes exibidos na mostra, incluindo o mais recente, “The Pigeon Tunnel”. Para completar, o Prêmio Leon Cakoff será dedicado a dois cineastas: Júlio Bressane e o sérvio Emir Kusturica. Bressane terá dois filmes recentes exibidos, o documentário “A Longa Viagem do Ônibus Amarelo”, que tem sete horas de duração, e “Leme do Destino”, história de amor de apenas 27 minutos. A 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo ocorrerá entre os dias 19 de outubro e 1 de novembro na capital paulista.
“Mussum, o Filmis” vence o Festival de Gramado
A cinebiografia “Mussum, o Filmis” foi o grande vencedor do Festival de Gramado de 2023, conquistando o Kikito de Melhor Filme na premiação da noite de sábado (19/8) na serra gaúcha. Emoção do elenco O filme que dramatiza a história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum de “Os Trapalhões”, também premiou Ailton Graça como Melhor Ator por retratar o humorista e fundador do grupo Originais do Samba. Ao receber o troféu, ele não conseguiu segurar as lágrimas. “Meu primeiro”, disse o ator, que nunca havia ganhado um prêmio em sua carreira. Ao todo, o primeiro longa-metragem dirigido pelo ator Silvio Guindane venceu seis troféus, inclusive de Melhores Atores Coadjuvantes para Yuri Marçal, intérprete de Carlinhos, a versão jovem de Mussum, e Neusa Borges. Marçal fez um discurso emocionado que levantou a platéia. “Realmente é muito difícil de falar, eu não esperava de forma alguma por isso, mas eu não pretendo ser nem um pouco modesto”, começou o ator. “Na [faculdade de] Teatro e TV, em 2013, assim que eu estava para me formar eu ouvi a frase de um diretor que falou assim: ‘Eu tenho muita gente aqui querendo se formar, muita gente querendo ser ator. Mas uma das pessoas que eu tenho certeza que nunca vai poder ser é você, Yuri”, relatou, emocionado. Afirmando que decidiu enfrentar o desafio, desabafou: “A mensagem do filme que mais me emocionou é uma que o Mussum fala no final […] onde ele conta sobre a mãe dele ter lutado a vida inteira para ele poder ter oportunidade. Então, quero agradecer neste momento à minha mãe, que eu sei que ela, mesmo sem estudo, batalhou muito para eu ter a oportunidade de fazer o que quiser, de eu poder ter o direito de escolha”, contou, ovacionado pela plateia. A lista de troféus recebidos pelo “Filmis”, que estreia em 2 de novembro nos cinemas, completa-se com o Kikito de Melhor Trilha Sonora para Max de Castro e o prêmio de Melhor Filme na votação do Júri Popular. Os demais prêmios Entre os outros filmes, apenas dois foram premiados. E o campeão de troféus foi o cineasta Petrus Cariry, que ficou com três Kikitos por “Mais Pesado É o Céu”: Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Montagem (prêmio que dividiu com Firmino Holanda). Para completar, o filme rendeu à atriz Ana Luiza Rios um Prêmio Especial do Júri. O Kikito de Melhor Atriz ficou com Vera Holtz por “Tia Virgínia”, de Fábio de Meira, que também recebeu os troféus de Melhor Roteiro (para Meira), Direção de Arte, Desenho de Som e do Júri da Critica. Nas premiações específicas para filmes gaúchos, “Hamlet”, de Zeca Brito, incluindo Filme, Direção e Ator (para Frederico Restori), enquanto “Anhangabaú”, de Lufe Bollini, levou o Kikito de Melhor Longa-metragem Documental. A edição do Festival de Cinema de Gramado foi marcada pela morte da atriz Léa Garcia na terça feira (25/8), que seria homenageada no evento aos 90 anos. A atriz receberia no dia seguinte à sua morte o troféu Oscarito pela sua contribuição ao cinema nacional. O prêmio acabou entregue a seu filho, Marcelo, juntando-se aos quatro Kikitos que a atriz recebeu em vida. Lista de vencedores Confira abaixo a lista de longas premiados no 51º Festival de Cinema de Gramado. Longas-metragens Brasileiros Melhor Filme: “Mussum, O Filmis”, de Silvio Guindane Melhor Direção: Petrus Cariry, por “Mais Pesado é o Céu” Melhor Ator: Aílton Graça, por “Mussum, O Filmis” Melhor Atriz: Vera Holtz, por “Tia Virgínia” Melhor Roteiro: Fábio Meira, por “Tia Virgínia” Melhor Fotografia: Petrus Cariry, por “Mais Pesado é o Céu” Melhor Montagem: Firmino Holanda e Petrus Cariry, por “Mais Pesado é o Céu” Melhor Trilha Musical: Max de Castro, por “Mussum, O Filmis” Melhor Direção de Arte: Ana Mara Abreu, por “Tia Virgínia” Melhor Atriz Coadjuvante: Neusa Borges, por “Mussum, O Filmis” Melhor Ator Coadjuvante: Yuri Marçal, “Mussum, O Filmis” Melhor Desenho de Som: Rubem Valdés, por “Tia Virgínia” Prêmio Especial do Júri: Ana Luiza Rios de “Mais Pesado é o Céu” Júri da Crítica: “Tia Vírginia”, de Fábio Meira Júri Popular: “Mussum, O Filmis”, de Silvio Guindane Longas-metragens Gaúchos Melhor Filme: “Hamlet”, de Zeca Brito Melhor Direção: Zeca Brito, por “Hamlet” Melhor Ator: Frederico Restori, por “Hamlet” Melhor Atriz: Carol Martins, por “O Acidente” Melhor Roteiro: Marcelo Ilha Bordin e Bruno Carboni, de “O Acidente” Melhor Fotografia: Bruno Polidoro, Joba Migliorin, Lívia Pasqual e Zeca Brito, por “Hamlet” Melhor Direção de Arte: Richard Tavares, de “O Acidente” Melhor Montagem: Jardel Machado Hermes, de “Hamlet” Melhor Desenho de Som: Kiko Ferraz, Ricardo Costa e Cristian Vaz, por “Céu Aberto” Melhor Trilha Musical: Rita Zart e Bruno Mad, por “Céu Aberto” Júri Popular: “Sobreviventes do Pampa”, de Rogério Rodrigues Longas-metragens Documentais Melhor Filme: “Anhangabaú”, de Lufe Bollini
Festival de Gramado inicia 51ª edição com várias novidades
Um dos mais tradicionais festivais de cinema no Brasil, o Festival de Gramado, inicia sua 51ª edição neste sábado (12/8), com uma programação repleta de atrações e novidades. Este ano, os organizadores do festival apostam em uma programação em diferentes formatos. A ausência de filmes estrangeiros, que faziam parte do line-up do festival desde 1992, marca uma seleção totalmente nacional, com reforço na seleção de documentários, que disputarão prêmios exclusivos. Além disso, pela primeira vez, haverá o lançamento de uma série: “Cangaço Novo”, que estreia na Amazon Prime Video no dia 19. Filme de abertura A abertura do evento traz a exibição fora de competição do documentário “Retratos Fantasmas”, dirigido por Kleber Mendonça Filho, que narra a história do centro da cidade do Recife, com foco nos cinemas de rua que marcaram o local ao longo do século 20. Além da celebração da cinefilia, também aborda questões políticas e culturais, como o constante assédio da especulação imobiliária nas grandes cidades brasileiras – tema que Mendonça abordou num de seus filmes mais conhecidos, “Aquarius”, estrelado por Sonia Braga em 2016. O documentário, que foi aplaudido de pé no Festival de Cannes e selecionado para o Festival de Toronto, será seguido pela exibição de curtas e do longa “Angela”, de Hugo Prata, na mostra competitiva. Cinebiografia de Ângela Diniz “Angela” é uma cinebiografia de Ângela Diniz, estrelada por Isis Valverde. A socialite mineira foi vítima de feminicídio em 1976, em um caso que chocou o Brasil. O crime cometido por Raul “Doca” Street tornou-se um divisor de águas no movimento feminista e no Direito brasileiros. Durante o julgamento do assassino, que deu quatro tiros no rosto da companheira, a defesa alegou “legítima defesa da honra” para tentar absolvê-lo do caso. Ele alegou ter matado “por amor”. O argumento gerou polêmica. Militantes feministas organizaram um movimento cujo slogan – “quem ama não mata” – tornou-se, anos mais tarde, o título de uma minissérie da Globo. Até o grande poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) se manifestou: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, referindo-se à estratégia da defesa de culpabilizar Angela Diniz por seu próprio assassinato. A tese da “legítima defesa da honra” constava no Código Penal da época, mas mesmo assim Doca Street foi condenado a 15 anos de prisão. Na década seguinte, a nova Constituição, elaborada ao fim da ditadura, acabou com essa desculpa para o feminicídio, mas só agora, em agosto de 2023, o STF (Supremo Tribunal Federal) a tornou oficialmente inconstitucional. Outros títulos em destaque A lista de produções selecionadas também incluem outra cinebiografia: “Mussum — O Filmis”, dirigido por Sílvio Guindane, que traz Ailton Graça como o músico e comediante Mussum, um dos integrantes do grupo Os Originais do Samba e do humorístico “Os Trapalhões”. A mostra competitiva de ficção ainda traz “Uma Família Feliz”, thriller dirigido por José Eduardo Belmonte e estrelado por Grazi Massafera, “O Barulho da Noite”, drama do Tocantins sobre infância roubada, dirigido por Eva Pereira, “Mais Pesado É o Céu”, novo drama de Petrus Cariry, e “Tia Virgínia”, de Fabio Meira e estrelado por Vera Holtz. Homenagens femininas Em um feito inédito, a edição de 2023 do Festival de Gramado vai homenagear exclusivamente mulheres que contribuíram significativamente para o cinema brasileiro. A produtora Lucy Barreto receberá o Troféu Eduardo Abelin, a atriz Ingrid Guimarães será agraciada com o Troféu Cidade de Gramado, Laura Cardoso e Léa Garcia serão homenageadas com o Troféu Oscarito, e Alice Braga contemplada com o Troféu Kikito de Cristal. Lucy Barreto, mineira de Uberlândia, é uma das produtoras mais ativas do cinema brasileiro. Com uma carreira que remonta ao final dos anos 1960, Barreto é reconhecida por sua contribuição à indústria audiovisual nacional e internacional, tendo produzido importantes obras do cinema brasileiro como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), “O Quatrilho” (1995), e “Flores Raras” (2013). Com uma carreira de mais de 35 anos e inúmeros sucessos no teatro e na televisão, Ingrid Guimarães foi responsável por uma revolução comerial no cinema nacional com a trilogia “De Pernas Pro Ar” (2010-2019), um dos maiores sucessos cinematográficos do século, além de ter participado do primeiro “Minhã Mãe É uma Peça” (2013) e de comédias como “Fala Sério, Mãe” (2017), que consolidaram seu nome entre os mais populares do cinema brasileiro. A veterana atriz Laura Cardoso, de 95 anos e mais de sete décadas dedicadas à atuação, é uma pioneira na televisão brasileira. Estreou em 1952 e coleciona prêmios até hoje. No cinema, participou de clássicos como “Corisco, O Diabo Loiro” (1968), “Tiradentes, O Mártir da Independência” (1977) e “Terra Estrangeira” (1995). Seu trabalho mais recente é a comédia “De Perto Ela Não é Normal” (2020). Também com vasta experiência, Léa Garcia está com 90 anos e soma mais de 100 produções no cinema, teatro e televisão. Peça fundamental na quebra da barreira dos personagens até então destinados a atrizes negras, ela se destacou em novelas como “Selva de Pedra” (1972), “Escrava Isaura” (1976), “Xica da Silva” (1996) e “O Clone” (2001). Além disso, já foi premiada no próprio Festival de Gramado com “Filhas do Vento” (2004) e os curtas “Hoje tem Ragu” (2008) e “Acalanto” (2013). Mais jovem da lista, aos 40 anos Alice Braga é mais vista em Hollywood que no Brasil. Sobrinha da famosa Sonia Braga, ela estourou com “Cidade de Deus” (2002) e, desde então, já participou de 40 produções, atuando ao lado de nomes como Will Smith, Anthony Hopkins, Margot Robbie, Ben Affleck e Matt Damon. Mas nem por isso abandonou a terra natal, encontrando tempo para filmar obras como “Entre Idas e Vindas” (2016) e “Eduardo e Mônica” (2020). O Festival de Gramado acontece até o próximo dia 19, quando serão entregues os troféus Kikitos.
Documentário “5 Casas” vence festival Cine Ceará
A 31ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema premiou na noite desta sexta-feira (3/12) o documentário “5 Casas”, de Bruno Gularte Barreto, com o Troféu Mucuripe de Melhor Filme. Com cinco personagens principais muito diferentes uns dos outros, o filme é uma viagem pela memória da infância do diretor em Dom Pedrito, interior do Rio Grande do Sul, lembrando da professora ao amigo gay, em meio a perdas sentidas. O trabalho, que já tinha chamado atenção no circuito internacional, também recebeu os prêmios de Melhor Roteiro (Bruno Gularte Barreto e Vicente Moreno) e Som (Emil Klotzsh). O prêmio de Melhor Direção foi para Alicia Cano Menoni por “Bosco”, filme que também conquistou três troféus – incluindo Montagem (Guillermo Madeiro) eTrilha Sonora Original (Giorgio Ferrero e Rodolfo Mong). Já os vencedores das categorias de interpretação foram dois atores do mesmo longa: Clebia Sousa e Vanderlei Bernardino de “Fortaleza Hotel”, novo filme de Armando Praça – que em 2019 venceu o Cine Ceará com “Greta”. Para completar, “A Praia do Fim do Mundo” rendeu ao cineasta Petrus Cariry o troféu de Melhor Fotografia, além de levar o Prêmio da Crítica e de Direção de Arte (Sergio Silveira). Em 2011, o diretor foi o grande vencedor do festival pelo longa-metragem “Mãe e Filha”. A cerimônia de premiação aconteceu no Cineteatro São Luiz e prestou homenagem ao governador do Ceará, Camilo Santana (PT), que recebeu o troféu Eusélio Oliveira como reconhecimento por seu trabalho em prol da Cultura no Estado, em especial no setor audiovisual cearense, em meio à pandemia de covid-19. Após a premiação ainda houve uma sessão especial de “O Marinheiro das Montanhas”, documentário de Karim Aïnouz que teve première mundial no último Festival de Cannes e ainda é inédito em circuito comercial no Brasil. Confira abaixo a lista completa dos premiados. MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM Melhor Longa-metragem “5 Casas”, de Bruno Gularte Barreto Melhor Direção Alicia Cano Menoni, por “Bosco” Melhor Atuação Feminina Clebia Sousa, por “Fortaleza Hotel” Melhor Atuação Masculina Vanderlei Bernardino, por “Fortaleza Hotel” Melhor Roteiro Bruno Gularte Barreto e Vicente Moreno, por “5 Casas” Melhor Fotografia Petrus Cariry, por “A Praia no Fim do Mundo” Melhor Montagem Guillermo Madeiro, por “Bosco” Melhor Trilha Sonora Original Giorgio Ferrero e Rodolfo Mong, por “Bosco” Melhor Som Emil Klotzsh, por “5 Casas” Melhor Direção de Arte Sergio Silveira, por “A Praia do Fim do Mundo” Prêmio da Crítica – Abraccine “A Praia do Fim do Mundo”, de Petrus Cariry MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM Melhor Curta-metragem “Chão de Fábrica”, de Nina Kopko Melhor Direção Pedro Gonçalves, por “O Resto” Melhor Roteiro Carlos Segundo, por “Sideral” Prêmio da Crítica – Abraccine “O Durião Proibido”, de Txai Ferraz Prêmio Canal Brasil de Curtas “Chão de Fábrica”, de Nina Kopko Troféu Samburá Melhor Curta “Sideral”, de Carlos Segundo Troféu Samburá Melhor Direção Júlia Fávero e Victoria Negreiros, por “Como Respirar Fora d’Água” MOSTRA OLHAR DO CEARÁ Melhor Longa-metragem “Minas Urbanas”, de Natália Gondim Melhor Curta-metragem “Sebastiana”, de Cláudio Martins Prêmio Unifor de Audiovisual “Sebastiana”, de Cláudio Martins PRÊMIO ÁGUA E RESISTÊNCIA Júri Olhar Universitário “Jeanstopia”, de Gabriel Viggo E Murilo Da Paz MOSTRA PONTES CRIATIVAS Melhores Curtas-metragens “Eu Sou as Cores, Você É a Praça”, de Paulo Ribeiro e Anio Tales Carin “Eu Não Sou Daqui”, de Leandro Olímpio
Festival Cine Ceará premia filme de diretor catalão
O filme “Petra” foi o grande vencedor do 28º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema. Coprodução da Espanha, França e Dinamarca, o longa do diretor catalão Jaime Rosales conquistou o Troféu Mucuripe nas categorias de Melhor Longa-metragem, Direção, Roteiro e Ator (Joan Botey). O filme, que conta a história de uma jovem em busca da identidade do pai biológico, foi vencedor também do Prêmio da Crítica. As conquistas representam as primeiras vitórias da produção europeia num festival internacional, após ser exibido em maio na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. A estreia comercial está marcada apenas para outubro na Espanha. Entre os brasileiros, quem se saiu melhor foi o longa cearense “O Barco”, de Petrus Cariry, com quatro prêmios: Melhor Fotografia, Trilha Sonora Original, Som e o prêmio Olhar Universitário. Outros destaques da premiação incluem o chileno “Cabras de Merda”, de Gonzalo Justiniano, vencedor nas categorias de Melhor Direção de Arte e Atriz (Natalia Aragonese), e “Diamantino”, uma coprodução de Portugal, França e Brasil, dirigida pela dupla Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, vencedor na categoria de Melhor Montagem. Ou seja, metade dos oitos filmes exibidos foram premiados. E isto que há 12 categorias de premiação, um exagero desproporcional em relação à disputa, quase como se a intenção fosse premiar todo mundo. Essa facilidade, claro, diminui muito a importância de se vencer um troféu no evento. O júri da Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem foi composto por Belisario Franca (Brasil), Stephen Bocskay (Estados Unidos), Belisa Figueiró (Brasil), Gustavo Salmerón (Espanha) e Emilio Bustamante (Peru). Na mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem o filme “Nova Iorque”, do pernambucano Leo Tabosa, teve vitória dupla, eleito pelo júri oficial da mostra e também pela votação da crítica. Veja a lista dos vencedores: MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM Prêmio da “Petra”, de Jaime Rosales Olhar Universitário: “O Barco”, de Petrus Cariry Melhor Ator: Joan Botey, por “Petra” Melhor Atriz: Natalia Aragonese, por “Cabras de Merda” Melhor Direção de Arte: Carlos Garrido, por “Cabras de Merda” Melhor Trilha sonora original: João Victor Barroso, por “O Barco” Melhor Som: Yures Viana, Erico Paiva e Petrus Cariry, por “O Barco” Melhor Montagem: Raphaelle Martin-Holger, por “Diamantino” Melhor Fotografia: Petrus Cariry, por “O Barco” Melhor Roteiro: Jaime Rosales, Michel Gaztambide, Clara Roquet, por “Petra” Melhor Direção: Jaime Rosales, por “Petra” Melhor Longa-metragem: “Petra” MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM Troféu Samburá – Melhor diretor de curta-metragem: Gulherme Gehr, por “Plantae” Troféu Samburá – Melhor Curta-metragem: “O Vestido de Myriam”, de Lucas Rossi Olhar Universitário: “O Vestido de Myriam”, de Lucas Rossi Prêmio da “Nova Iorque”, de Leo Tabosa Melhor Produção Cearense: “A Canção de Alice”, de Barbara Cariry Melhor Roteiro: Sabrina Garcia, por “Só Por Hoje” Melhor Direção: Lucas Rossi, por “O vestido de Myriam” Melhor Curta-metragem: “Nova Iorque”, de Leo Tabosa
Clarisse Ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois é uma beleza de cinema
Terceiro longa-metragem de Petrus Cariry, “Clarisse Ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois” (2015) finaliza a chamada “Trilogia da morte”, iniciada com “O Grão” (2007) e “Mãe e Filha” (2011). O rigor formal apresentado nos trabalhos anteriores, bem como o cuidado com a beleza das imagens, que desde o primeiro filme têm sido comparadas a pinturas clássicas, se manifesta ainda mais forte neste novo trabalho, que conta a história de uma jovem mulher que vai passar uns dias na casa do pai doente. Não é um filme fácil. É propositalmente lento e com um tipo de dramaturgia que se distancia do naturalismo, por mais que a estranheza nas interpretações não nos impeça de admirar a excelente performance de Sabrina Greve, premiada na edição do Cine Ceará do ano passado. A atriz já havia aparecido em outro filme ainda mais ligado ao gênero horror, “O Duplo”, marcante curta-metragem de Juliana Rojas. Mas embora possa ser definido como terror, “Clarisse” frustrará quem esperar um filme típico do gênero, assim como pode desagradar quem não o aprecia. Por isso mesmo deve ser apreciado como ele é e não como deveria ter sido, conforme o gosto pessoal de cada espectador. Mas, uma vez que o espectador resolva se abrir a esse tipo de cinema mais hermético e cheio de signos a decifrar, a experiência é bastante recompensadora. Até porque a beleza das imagens (a direção de fotografia também é de Petrus) e dos movimentos de câmera são de encher os olhos. Inclusive, é possível perceber isso a partir do pouco que é mostrado no trailer. A enigmática história, que se passa bem longe de um lugar típico de filmes cearenses, também é contada com o auxílio de sons e ruídos, que são incorporados à obra de maneira orgânica. Aliás, o cuidado com o som é outro aspecto admirável de “Clarisse”, um filme que sangra e que parece um sonho. Diante da dificuldade de penetração de um filme como esse em um mercado cada vez menos tolerante a experimentações e invenções, deve-se comemorar a oportunidade de ver nos cinemas uma obra como esta, que, ao contrário dos besteiróis televisivos, merece para ser vista na tela grande.
São Paulo vive dias de terror com a ressurreição do Cinefantasy, festival de cinema fantástico
O Cinefantasy – Festival Internacional de Cinema Fantástico voltou do além. Sua última edição tinha ocorrido há cinco anos. Mas, como Jason Voorhees, ele não morreu. Desta terça (6/9) até o dia 11, o evento volta à vida no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, exibindo diversos filmes, eventos, concursos, palestras e debates. A programação conta com uma mostra competitiva de longas e curtas-metragens, que exibirá 98 títulos. O cinema brasileiro está representado por 4 longas e 32 curtas, que concorrerão ao troféu Corpo-Seco Dourado entregue pelo festival. Entre eles, está o inédito em circuito comercial “Clarisse – Ou Alguma Coisa sobre Nós Dois” (foto acima), de Petrus Cariry, que rendeu o troféu de Melhor Atriz à Sabrina Greve no Cine Ceará. O país melhor representado, porém, é a Espanha, presente com 28 filmes. Entre os destaques internacionais da Mostra Competitiva está o longa finlandês “Bunny the Killer Thing”, de Joonas Makkonen, inédito no Brasil e premiado no Rojo Sangre de Buenos Aires, e o italiano “Fantasticherie di un Passagiatore Solitario”, primeiro filme do diretor Paolo Gaudio, vencedor do Prêmio Mario Bava de Melhor Filme de Estreante no Fantasfestival de Roma. O festival terá também uma sessão especial dedicada ao diretor brasileiro Victor-Hugo Borges, criador da série “Historietas Assombradas (Para Crianças Malcriadas)” exibida no Cartoon Network. A sessão terá exibição de dois curtas-metragens do diretor, “O Menino que Plantava Invernos” (2008) e “Historietas Assombradas (Para Crianças Malcriadas)” (2013), que deu origem à série televisiva. Além da exibição dos filmes, a programação tem eventos para fãs de Harry Potter e Pokémon, além de um concurso de Cosplay e até uma festa temática dos anos 1980, em homenagem à série “Stranger Things”. Confira mais informações no site oficial do Cinefantasy.







