Diretor brasileiro filmará drama da guerra da Síria com atriz Olivia Munn
O diretor catarinense David Schurmann, responsável por “Pequeno Segredo”, filme que representou o Brasil na busca de uma vaga no Oscar de 2017, vai fazer sua estreia numa produção independente de Hollywood. Ele vai dirigir a atriz Olivia Munn (“X-Men: Apocalypse”) em “Aleppo”, drama sobre meninos refugiados e uma jornalista da ONU (Munn), que se encontram em fuga da tragédia da guerra civil da Síria. Atualmente em pré-produção, o filme escrito por Beto Dantas é uma produção da MiLu Entertainment, uma novo produtora de Los Angeles, e contará em sua equipe com a diretora de arte alemã Brigitte Broch, vencedora do Oscar por “Moulin Rouge” (2001), e com compositor brasileiro Antonio Pinto, indicado ao Globo de Ouro por “O Amor nos Tempos do Cólera” (2007). “Olivia é uma atriz principal forte e dinâmica, cuja paixão pelo projeto sob a direção de David dará vida a essa história poderosa e importante”, disse o produtor Andre L III, CEO da MiLu Entertainment, em comunicado sobre o projeto. Em seu Instagram, a atriz escreveu: “Um dos scripts mais cativantes e comoventes que já li. Muito animada por fazer parte deste filme”. Veja abaixo. “Aleppo” é o segundo filme da MiLu a entrar em pré-produção. A empresa foi lançada com o anúncio de “The Thicket”, um thriller de Elliott Lester (“Em Busca de Vingança”) que será estrelado por Peter Dinklage (“Game of Thrones”), Noomi Rapace (“Prometheus”), Sophia Lillis (“It: A Coisa”) e Charlie Plummer (“Todo o Dinheiro do Mundo”). Nenhum dos dois filmes tem previsão de estreia. Ver essa foto no Instagram One of the most captivating, heartbreaking scripts I’ve read. So excited to be part of this film. ❤️ #Aleppo Uma publicação compartilhada por Olivia Munn (@oliviamunn) em 23 de Set, 2020 às 12:40 PDT
Academia Brasileira de Cinema vai definir candidato nacional ao Oscar 2018
O Ministério da Cultura (MinC) anunciou que a definição do candidato brasileiro a uma vaga no Oscar 2018, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, não será mais realizada pela Secretaria do Audiovisual (SAv). O novo ministro Sérgio Sá Leitão passou a responsabilidade para a Academia Brasileira de Cinema (ABC), entidade não governamental, que engloba cerca de 200 profissionais do setor. A ABC já fazia parte da comissão do Oscar, por meio da indicação de dois de seus sete integrantes. A partir de agora, será responsável por todo o processo, que será apenas supervisionado pela SAv. Ela também é responsável pela cerimônia anual de premiação dos melhores do cinema nacional, conhecida como Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. As inscrições para filmes que desejam disputar indicação à vaga no prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos foram abertas na quinta (10/8) e seguem até o dia 31 de agosto, no site do MinC. Podem ser inscritos filmes que tenham sido lançados e exibidos no Brasil entre 1º de outubro de 2016 e 30 de setembro de 2017, em circuito comercial. O anúncio do longa-metragem escolhido pela comissão será feito no dia 15 de setembro. Outra novidade anunciada por Sá Leitão é que, pela primeira vez, o processo de inscrição e de análise dos filmes serão feitos pela internet, em um servidor mantido pelo MinC. No ano passado, a escolha de “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, pela comissão da SAv foi acompanhada por grande polêmica, uma vez que “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, teve maior alcance internacional, mas seu diretor fez manifestações contra o governo. “Pequeno Segredo” acabou não sendo indicado ao Oscar. Por outro lado, a distribuidora americana de “Aquarius” tampouco inscreveu o filme de Mendonça filho em outras categorias da Academia, como Melhor Atriz para Sonia Braga.
Ancine celebra 15 anos em comercial com cenas de Aquarius e Pequeno Segredo
A Ancine (Agência Nacional do Cinema) lançou nesta semana uma nova campanha publicitária de incentivo ao consumo de conteúdos audiovisuais brasileiros. Com o conceito “O audiovisual brasileiro é o Brasil assistindo ao Brasil”, a campanha, criada pela agência DM9DDB, mostra uma convivência pacífica entre “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, e traz narração do ator Wagner Moura. Imagens de ambos os filmes, que ilustraram uma polarização política no país em 2016, aparecem no comercial, junto com cenas de outras produções de cinema e TV, ilustrando a variedade de opções disponíveis para o público. Escolhido pelo Ministério da Cultura para representar o país em busca de uma indicação ao Oscar, “Pequeno Segredo” aparece primeiro, mas Kleber Mendonça Filho, apesar de protestar contra o “governo ilegítimo”, também teve sua obra bem destacada no vídeo. O lançamento da campanha valoriza os 15 anos de conquistas da Ancine e as peças publicitárias levam o selo comemorativo da data. Criada em 2001 pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, como um órgão gestor da atividade cinematográfica, em substituição à Embrafilme, extinta em 1990 pelo governo de Fernando Collor de Mello, a Ancine ampliou sua atividade para a TV e ajudou o Brasil a alavancar a produção audiovisual, resultando num crescimento extraordinário na quantidade de filmes e séries produzidas no país. Como o comercial lembra, em 2002 apenas 29 títulos brasileiros foram lançados nas salas de cinema. Em 2016, registrou-se recorde de 143 lançamentos. O número de espectadores também cresceu. Os filmes nacionais atraíram, em 2002, 7 milhões de espectadores. Já em 2016, 30,4 milhões de pessoas assistiram às produções nacionais nos cinemas. Todas as peças publicitárias terminam com um convite ao espectador: “Assista. Recomende. Dá orgulho de ver.” A campanha ainda terá uma segunda fase, que prevê a veiculação de um curta documentário, com depoimentos de importantes pessoas do mercado audiovisual, como o animador Alê Abreu, o diretor Cacá Diegues, o ator Caio Blat e a atriz Mariana Ximenes.
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro define finalistas sem nenhum latino-americano
O Brasil ficou de fora da lista dos indicados ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA divulgou na noite desta quinta-feira (15/12) a lista com os nove finalistas da categoria, decepcionando muitos cinéfilos pelos títulos definidos. O brasileiro “Pequeno Segredo” acabou não emplacando, após ser escolhido sobre “Aquarius” pela comissão do Ministério da Cultura. Por outro lado, “Aquarius” tampouco conseguiu se qualificar para o Globo de Ouro. Na verdade, a Academia não deu brecha para nenhum filme latino-americano. Nem mesmo para o chileno “Neruda”, vencedor do prêmio Fênix e selecionado para o Globo de Ouro – que estreou justamente nesta quinta no Brasil. A lista é, na verdade, bem polêmica. Deixou de fora até o francês “Elle”, de Paul Verhoeven, que conquistou o Critics Choice Award da categoria e tem rendido vários prêmios à atriz Isabelle Huppert, além do espanhol “Julieta”, de Pedro Almodóvar. Já o melhor filme do ano, “A Criada”, nem foi submetido pela Coreia do Sul, que, assim como o Brasil, optou por um longa mais comercial. Em compensação, está lá o canadense “É Apenas o Fim do Mundo”, de Xavier Dolan, que apesar de premiado em Cannes foi massacrado pela crítica internacional – tem ridículos 44% de aprovação no Rotten Tomatoes, cotação que envergonha a lista do Oscar. Há até um desenho animado, o suíço “Ma Vie De Courgette”, de Claude Barras, que com isso ganha força para integrar a lista da categoria de animação. Mas o que mais chama atenção é o fato de a península da Escandinávia estar representada de forma integral. E talvez a maior surpresa seja mesmo a inclusão do norueguês “The King’s Choice”, de Erik Poppe, drama histórico que a crítica de seu país elogia muito, mas que é totalmente desconhecido para o público internacional, pois não passou em nenhum festival nem repercutiu fora de seu país. Com as ausências e equívocos, o caminho para a vitória do alemão “Toni Erdmann”, encontra-se praticamente assegurado. A comédia de Maren Ade também passou em branco em Cannes, mas venceu o chamado “Oscar europeu”, que é o prêmio de Melhor Filme do ano conferido pela Academia Europeia de Cinema, e vem conquistando todos os troféus em que não disputa com “Elle”. Premiado como Melhor Roteiro em Cannes, também chega forte o iraniano “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, cineasta que já venceu o Oscar por “A Separação” (2011). Para completar, outro veterano das premiações americanas, o russo Andrei Konchalovsky (não tem um Oscar, mas possui um Emmy) chega à competição com o peso do troféu de Melhor Diretor por seu novo filme, “Paraíso”, no recente Festival de Veneza. Vale apontar ainda que, dos nove candidatos, seis são europeus (metade vindo da Escandinávia) e que o candidato canadense também é estrelado por europeus. Assim sendo, apenas o filme australiano (centrado em aborígenes) e o representante asiático não retratam dramas de homens brancos. Confira abaixo a lista completa dos pré-selecionados. A relação definitiva dos cinco indicados será conhecida no dia 24 de janeiro de 2017, quando serão anunciados todos os concorrentes ao Oscar 2017. Finalistas do Oscar 2017 de Melhor Filme em Língua Estrangeira “O Apartamento”, de Asghar Farhadi (Irã) “É Apenas o Fim do Mundo”, de Xavier Dolan (Canadá) “Um Homem Chamado Ove”, de Hannes Holm (Suécia) “Ma Vie de Courgette”, de Claude Barras (Suíça) “Paraíso”, de Andrei Konchalovsky (Rússia) “Tanna”, de Bentley Dean e Martin Butler (Austrália) “Terra de Minas”, de Martin Zandvliet (Dinamarca) “The King’s Choice”, de Erik Poppe (Noruega) “Toni Erdmann”, de Maren Ade (Alemanha)
Animais Fantásticos e Onde Habitam estreia em 1º lugar nos EUA
“Animais Fantástico e Onde Habitam” cumpriu a profecia da Warner e se tornou um grande sucesso. O spin-off da franquia “Harry Potter” abriu em 1º lugar com um faturamento de US$ 75 milhões em seu primeiro fim de semana na América do Norte. Em todo o mundo, o valor quase triplicou, atingindo US$ 218,3 milhões. Os valores oficializam o começo de uma nova franquia milionária, já prevista pelo estúdio para se estender por cinco filmes. Na disputa pelo encantamento do público, os novos personagens mágicos da Warner tiraram o super-herói mágico da Marvel do topo, fazendo “Doutor Estranho” diminuir seus rendimentos. Após liderar o ranking por duas semanas, o super-herói caiu para o 2º lugar com US$ 17,6 milhões. Mas já são US$ 181,5 milhões de faturamento acumulado nos EUA – e impressionantes US$ 571,5 milhões em todo o mundo. A animação musical “Trolls” fecha o Top 3 com mais magia e lucro. Os US$ 17,5 milhões da semana ajudam a totalizar US$ 116,2 milhões nos EUA e US$ 261,3 milhão na soma mundial. Apesar da fanfarra sobre “Animais Fantástico e Onde Habitam”, a estreia mais incensada pela crítica foi outra: a dramédia teen “The Edge of Seventeen”. Com 95% de aprovação da crítica, a produção indie, estrelada por Hailee Steinfeld (“A Escolha Perfeita 2”) e Woody Harrelson (“Jogos Vorazes”), estreou com US$ 4,8 milhões em 7º lugar. Detalhe: o filme custou só US$ 9 milhões, enquanto “Animais Fantástico e Onde Habitam” consumiu US$ 180 milhões para ser filmado. Infelizmente, não há previsão de lançamento deste longa no Brasil. BILHETERIAS: TOP 10 EUA 1. Animais Fantásticos e Onde Habitam Fim de semana: US$ 75 milhões Total EUA: US$ 75 milhões Total Mundo: US$ 218,3 milhões 2. Doutor Estranho Fim de semana: US$ 17,6 milhões Total EUA: US$ 181,5 milhões Total Mundo: US$ 571,5 milhões 3. Trolls Fim de semana: US$ 17,5 milhões Total EUA: US$ 116,2 milhões Total Mundo: US$ 261,3 milhão 4. A Chegada Fim de semana: US$ 11,8 milhões Total EUA: US$ 43,3 milhões Total Mundo: US$ 54,2 milhões 5. Almost Christmas Fim de semana: US$ 10,7 milhões Total EUA: US$ 25,4 milhões Total Mundo: US$ 25,4 milhões 6. Até o Último Homem Fim de semana: US$ 4,5 milhões Total EUA: US$ 77,7 milhões Total Mundo: US$ 128,6 milhões 7. The Edge of Seventeen Fim de semana: US$ 4,8 milhões Total EUA: US$ 4,8 milhões Total Mundo: US$ 4,8 milhões 8. Sangue pela Glória Fim de semana: US$ 2,3 milhões Total EUA: US$ 2,3 milhões Total Mundo: US$ 2,3 milhões 9. O Contador Fim de semana: US$ 2,1 milhões Total EUA: US$ 81,2 milhões Total Mundo: US$ 138,5 milhões 10. Refém do Medo Fim de semana: US$ 1,6 milhão Total EUA: US$ 6 milhões Total Mundo: US$ 6 milhões
Diretor de Pequeno Segredo revela planos de filmar o assassinato da freira Dorothy Stang
Graças à projeção conseguida com “Pequeno Segredo”, candidato brasileiro a uma vaga no Oscar, o diretor David Schürmann está desenvolvendo duas novas produções com investimento internacional. Segundo o site da revista Variety, uma delas é “Blood Rose”, drama escrito pelo americano Andrew McKenzie (do western “Sweetwater”) passado na Rússia nas vésperas da 2ª Guerra Mundial. O outro, menos adiantado, mas bem mais interessante, é “Dot”, suspense baseado no assassinato da freira norte-americana Dorothy Stang na região amazônica. Militante da Pastoral da Terra, ela atuava em defesa dos moradores da região e do desenvolvimento sustentável desde os anos 1960 e colecionava ameaças de morte, até ser assassinada em 2005, aos 73 anos, em Anapu, Pará. “O que me fascina nessa história é o que a fez ficar marcada. Por que ela continuou defendendo as pessoas mesmo sabendo que poderia ser assassinada? Ela sabia que poderia morrer a qualquer momento. Acho que essa tensão tem que fazer parte do filme”, disse o diretor à Variety. Ele revelou ainda que pretende ter um roteirista americano e dois brasileiros trabalhando na trama, que deverá acompanhar a personagem principal a partir do ponto de vista de um jornalista que desembarca no Brasil para entrevistá-la. O crime já foi tema do documentário “Mataram a Irmã Dorothy” (2008), de Daniel Junge.
Pequeno Segredo estreia com mesmos números de Aquarius nos cinemas brasileiros
Uma estreia brasileira acabou se destacando nas bilheterias do fim de semana. Escolhido como representante do país na disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeiro, “Pequeno Segredo” estreou em 5º lugar, com 52 mil ingressos vendidos e faturamento de R$ 889 mil. Usando os critérios que aferiram “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, filme que também disputou uma vaga de indicação à indicação no Oscar, estes números dão ao melodrama de David Schürmann a condição de grande sucesso do cinema nacional. Entretanto, não foi isso que se viu na cobertura de sua estreia. Vale a pena comparar a forma como a grande imprensa tratou o desempenho de ambos os filmes. Quando “Aquarius” estreou em setembro, levando quase o mesmo número de pessoas aos cinemas e com faturamento similar – 54 mil pessoas e R$ 880 mil ingressos vendidos – , mas em 10º lugar, a Folha de S. Paulo destacou em título: “‘Aquarius’ tem 2ª melhor estreia nacional do ano”. O Jornal do Brasil aumentou: “Em seu primeiro fim de semana, ‘Aquarius’ tem bilheteria excepcional”. E, claro, vários blogues ecoaram. Já em relação à bilheteria de “Pequeno Segredo”, o tratamento foi burocrático. Alguns blogues, contudo, chegaram a desdenhar do filme, porque ele abriu no dobro de salas de “Aquarius”, o que significaria que fez menos sucesso. De fato, proporcionalmente, “Aquarius” fez mais sucesso por sala. Claro que o dobro de salas de “Pequeno Segredo” ainda é um terço do que o circuito reserva para besteiróis. E enquanto a imprensa foca sua negatividade num drama bem realizado, as comédias ruins continuam rindo desta crítica inútil, aumentando cada vez mais a ocupação do espaço destinado ao cinema nacional. Poucos são os dramas que conseguem se destacar no país. Por isto, o 5º lugar de “Pequeno Segredo” é, sim, uma vitória.
Doutor Estranho mantém liderança nas bilheterias do Brasil
“Doutor Estranho” repetiu no Brasil seu desempenho internacional, mantendo o 1º lugar nas bilheterias pelo segundo fim de semana consecutivo. Segundo levantamento do comScore, o filme faturou R$ 13 milhões nos últimos quatro dias e já acumula R$ 45 milhões nas bilheterias do país. Em todo o mundo, a nova produção de super-herói da Marvel está cruzando a marca de US$ 500 milhões de arrecadação global nesta segunda (14/11). Por aqui, a diferença foi enorme para o 2º lugar, a animação “Trolls”, que embolsou R$ 3 milhões. A estreia de “Horizonte Profundo – Desastre no Golfo” ocupou o 3º lugar com praticamente metade deste rendimento, uma bilheteria de R$ 1,6 milhão. Entre as produções brasileiras, o destaque ficou com “Pequeno Segredo”, escolhido como representante do país na disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeiro. O melodrama de David Schürmann, que conta a história de sua irmã adotiva, estreou em 5º lugar, com 52 mil ingressos vendidos e faturamento de R$ 889 mil.
Candidato brasileiro ao Oscar, Pequeno Segredo é melodrama convencional
Membro da família de velejadores Schurmann, David Schurmann já havia se prontificado a levar para os cinemas detalhes de suas expedições com o documentário “O Mundo em Duas Voltas” (2007). Em “Pequeno Segredo”, escolhido para representar o Brasil na busca por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, o diretor volta a resgatar as memórias de sua família, especialmente de sua irmã adotiva, desta vez como ficção. Mas em vez de suas aventuras marítimas pelo mundo, foca um drama particular narrado por sua mãe Heloisa no livro “Pequeno Segredo – As Lições de Kat para Família Schurmann”. Mesmo o mais desinformado dos espectadores sabe que o centro da trama é a enfermidade carregada por Kat (Mariana Goulart), pré-adolescente que acredita ingerir vitaminas para controlar uma hepatite. Adotada por Heloisa (Julia Lemmertz) e Vilfredo (Marcello Antony), Kat tem os detalhes de sua concepção recriados aos poucos em “Pequeno Segredo”. Graduado em cinema e televisão na Nova Zelândia, David Schurmann sugere ter grande afeto por filmes corais, aqueles em que alguns personagens desconhecidos entre si se conectam em uma narrativa não linear. É um desafio gerenciar indivíduos de personalidades distintas em linhas temporais diversas e, mesmo que Schurmann tenha a facilidade de lidar com apenas dois núcleos familiares, há uma regra sagrada não respeitada em “Pequeno Segredo”: o fator surpresa. Fracassando ao pretender que o “pequeno segredo” nos seja revelado na mesma altura em que Kat descobre o que condenará a sua existência (uma pista jogada no primeiro ato trata de destruir qualquer apreensão que esse mistério provocaria), a condução de Schurmann se sabota na tentativa de respeitar as regras mais básicas da cartilha do melodrama. É um filme que não tem vergonha de admitir que foi feito para emocionar, mas que não sabe até onde apelar para fazê-lo. Além da estrutura, dessas que ainda lidam com dados do passado já descortinados pelo presente, outro problema no filme vem a ser a construção de personagens. O senso de desprendimento dos Schurmann foi substituído por um novo estilo de vida em que Kat é uma prioridade 24 horas por dia. Já os pais biológicos da garota (interpretados por Maria Flor e Erroll Shand) contam com preocupações como o bem-estar próprio e alheio, assim como os dilemas de abandonar ou se manter em seus locais de origem. Mas são logo descartados quando os Schurmann assumem um protagonismo mais evidente. Lamentavelmente, o trabalho mais ingrato recai justamente nos ombros da irlandesa Fionnula Flanagan, excelente veterana, mais conhecida por filmes como “Mães em Luta” e “Os Outros”, bem como por sua participação especial no seriado “Lost”. No papel da avó biológica de Kat, a atriz precisa se virar com falas desprezíveis e ainda é submetida a uma redenção a partir de um monólogo sobre o que é amar, que jamais compramos. É preciso coragem para tornar pública uma história dolorosa e privada e David Schurmann busca compartilhar a de sua irmã com carinho e ênfase em valores, que deseja que o público carregue consigo após a sessão. No entanto, também é preciso um amadurecimento profissional que nenhuma credencial para tentar uma vaga no Oscar é capaz de substituir. Talvez fosse melhor ter repassado a história de Kat para outro diretor que não se preocupasse tanto em higienizar a tela e enfeitá-la com borboletas.
Candidato brasileiro ao Oscar, Pequeno Segredo é a principal estreia da semana
Há uma diferença entre a estreia principal e a mais ampla nesta semana. Mas ela se resume a 34 salas. “Horizonte Profundo – Desastre no Golfo” exibe em 270 telas o segundo filme de uma “trilogia” de parcerias consecutivas entre o ator Mark Wahlberg e o diretor Peter Berg, que antes fizeram “O Grande Herói” e logo voltarão aos cinemas com “Dia do Atentado”. Os títulos deixam claro o tema das produções, todas baseadas em histórias reais. A atual gira em torno do heroísmo de trabalhadores de uma plataforma de petróleo durante um terrível acidente em alto mar. No fundo, é cinema de catástrofe ao estilo dos anos 1970, com os efeitos dos dias de hoje. O segundo lançamento mais amplo é o melodrama “Pequeno Segredo”, o candidato do Brasil a uma vaga no Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira. O filme de David Schürmann leva a 236 salas outra história real, vivida por sua própria família, que adotou uma menina soropositiva durante suas viagens de barco ao redor do mundo. Tem bela fotografia – do peruano Inti Briones, que já foi premiado no Festival de Veneza – e uma mensagem positiva, mas a expectativa de um “filme de Oscar” é sempre por mais conteúdo. A programação lista mais um filme brasileiro. “Através da Sombra” também tem produção caprichada, como se espera do veterano cineasta Walter Lima Jr., que ao longo da carreira se aventurou com coragem pelo cinema fantástico, por meio de filmes como “Ele, o Boto” (1987), “O Monge e a Filha do Carrasco” (1996) e “A Ostra e o Vento” (1997). Seu novo trabalho se passa numa mansão mal-assombrada, com direito a fantasmas e crianças sinistras. Adaptação de “A Volta do Parafuso”, clássico fantástico de Henry James, já filmado várias vezes, o longa também registra um dos últimos papéis da carreira de Domingos Montagner, falecido em setembro. O circuito dos shoppings ainda exibe mais dois filmes americanos. “Invasão de Privacidade” revisita em 167 salas o tipo de suspense de inimigo íntimo que se esgotou nos anos 1990. Na trama, Pierce Brosnan vive um milionário ameaçado por um estagiário de T.I. da sua empresa. “Snowden – Herói ou Traidor” também tem doses de suspense e informática, mas parte de uma história real. Exibido em 83 telas, o filme de Oliver Stone é uma cinebiografia do analista de sistemas Edward Snowden, que virou o homem mais procurado dos EUA depois de denunciar o esquema de espionagem global do governo americano. “Snowden” chegou a ser considerado “filme de Oscar”, mas a estreia acabou com essa ilusão. O mesmo pode ser dito de “O Nascimento de uma Nação”. Estrelado, dirigido, escrito e produzido por Nate Parker, o filme sobre uma rebelião de escravos no período anterior à Guerra Civil americana foi o grande vencedor do Festival de Sundance e colecionou elogios rasgados em sua première. Mas o clima de “já ganhou o Oscar” trouxe à tona um antigo escândalo sexual do cineasta, que jogou água no champanhe. Tanto que a Fox faz um lançamento discreto, em apenas 12 salas. Outra produção indie, “O Plano de Maggie” junta três queridinhos da crítica, Greta Gerwig, Ethan Hawke e Julianne Moore, numa comédia anti-romântica com reviravoltas subversivas. Menos ambicioso de todos os lançamentos americanos da semana, o longa escrito e dirigido por Rebecca Miller (“A Vida Íntima de Pippa Lee”) é justamente o mais divertido, ainda que totalmente descartável. Em 18 salas. Três lançamentos europeus completam a lista, com exibição em menos de cinco salas. Mais fraco da leva, “O Ignorante” é o indefectível filme francês da semana, em que um diretor e um elenco que já fizeram clássicos revelam-se velhinhos tediosos – quem tiver paciência pode comparar com “Once More” (1988), do mesmo Paul Vecchiali. Por outro lado, o franco-marroquino “Much Loved” mostra a consistência da diretora Nabil Ayouch (“As Ruas de Casablanca”), que há mais de 20 anos traz à tona as margens da sociedade marroquina. Seu olhar sem retoques sobre a vida de prostitutas do norte da África venceu o troféu Lumiere de Melhor Filme Estrangeiro Falado em Francês de 2016. Para finalizar, o drama dinamarquês “Quando o Dia Chegar”, de Jesper W. Nielsen (“Okay”), é a maior porrada desta página. Vencedor do prêmio do público do Festival de Hamburgo e recém-exibido na Mostra de São Paulo, passa-se num orfanato, durante os anos 1960, e mostra crianças submetidas a diversos abusos para ganharem disciplina, até se rebelarem. A trama remete diretamente ao clássico “Os Incompreendidos” (1959), mas é, como boa parte das estreias, baseada numa história real. Clique nos títulos dos lançamentos para assistir aos trailers de cada um.
Pequeno Segredo estreia apenas numa cidade gaúcha para cumprir regra do Oscar
Escolhido para representar o Brasil no Oscar 2017, na disputa por uma vanga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, “Pequeno Segredo” será lançado nesta quinta-feira (22/9) com exclusividade na cidade de Novo Hamburgo, próxima a Porto Alegre, mantendo uma sessão diária na rede Cinespaço, no shopping Bourbon. Desta forma, o longa dirigido por David Schurmann conseguirá cumprir uma regra obrigatória para se qualificar ao Oscar, de estrear em pelo menos uma sala do circuito comercial do país até o dia 30 de setembro deste ano. Aparentemente, não há nenhum motivo específico para Novo Hamburgo ter sido a cidade escolhida para receber essa estreia antecipada, já que a história da família Shurmann, retratada na tela, tem ligação mais forte com Florianópolis. Com isso, a estreia em grande circuito fica mantida para 10 de novembro. Antes, porém, o filme será exibido na mostra não-competitiva do Festival do Rio. Esta não é a primeira vez que um filme escolhido como representante do Brasil no Oscar adota essa estratégia. “Tropa de Elite”, em 2007, e “Última Parada 174”, em 2008, também fizeram o mesmo. Veja o trailer e saiba mais sobre “Pequeno Segredo” aqui.
Festival do Rio 2016 anuncia programação nacional com Pequeno Segredo
A organização do Festival do Rio anunciou a lista das produções brasileiras que integrarão sua programação de 2016. A mostra competitiva Première Brasil terá 35 longas e 13 curtas, que concorrerão ao troféu Redentor em várias categorias. Este ano, a seleção concentra títulos de cineastas do próprio Rio de Janeiro e de São Paulo, com direito a novas obras dos já consagrados Andrucha Waddington, Eliane Caffé e Paulo Machline. Entre os documentários, o destaque é para “Curumim”, de Marcos Prado, que foi exibido no Festival de Berlim. Mas as atenções devem se voltar aos filmes que terão exibição fora de competição, em especial para “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, que foi selecionado para representar o Brasil no Oscar 2017. A opção por uma projeção hors concour evita estrategicamente que o filme seja comparado a outros numa disputa nacional. Outros títulos esperados em sessões não competitivas são “Barata Ribeiro, 716”, de Domingos Oliveira, vencedor do Festival de Gramado, “Elis”, de Hugo Prata, premiado no Festival de Gramado, o documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha, premiado no Festival de Cannes, e “O que Seria deste Mundo sem Paixão?”, novo longa do veterano Luiz Carlos Lacerda. O festival também exibirá seis longas e quatro curtas na mostra Novos Rumos, quatro longas na Retratos Falados, dedicada a temas políticos e sociais, e fará duas exibições especiais: da cópia restaurada de “É um Caso de Polícia” (1959) e uma sessão comemorativa dos 15 anos de “Lavoura Arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho, um dos marcos da retomada do cinema brasileiro. FILMES BRASILEIROS DO FESTIVAL DO RIO 2016 MOSTRAS COMPETITIVAS Longas de Ficção “Comeback” (Comeback), de Erico Rassi “Era o Hotel Cambridge”, de Eliane Caffé “Fala Comigo”, de Felipe Sholl “Mulher do Pai”, de Cristiane Oliveira “O Filho Eterno”, de Paulo Machline “Redemoinho”, de José Luiz Villamarim “Sob Pressão”, de Andrucha Waddington “Vermelho Russo”, de Charly Braun Longas Documentário “Curumim”, de Marcos Prado “Divinas Divas”, de Leandra Leal “Luta do Século”, de Sergio Machado “O Jabuti e a Anta”, de Eliza Capai “Super Orquestra Arcoverdense de Ritmos Americanos”, de Sergio Oliveira “Waiting for B.”, de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel Novos Rumos “A Serpente”, de Jura Capela “Deixa na Régua”, de Emílio Domingos “Então Morri”, de Bia Lessa e Dany Roland “Para Ter Onde Ir”, de Jorane Castro “Talvez Deserto Talvez Universo”, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes “Xale”, de Douglas Soares Curtas “Antonieta”, de Flávia Person “Demônia – Melodrama em 3 atos”, de Cainan Baladez e Fernanda Chicolet “Lápis Cor de Pele”, de Victória Roque “O Estacionamento”, de William Biagioli “O Ex-Mágico”, de Olimpio Costa e Mauricio Nunes “O Homem da Raia do Canto”, de Cibele Santa Cruz “Postegardos”, de Carolina Markowicz “Se por Acaso”, de Pedro Freire Curtas – Novos Rumos “Sem título #3: E para que poetas em tempo de pobreza?”, de Carlos Adriano “Janaina 0verdrive”, de Mozart Freire “Love snaps”, de Daniel Ribeiro e Rafael Lessa “Não me prometa nada”, de Eva Randolph MOSTRAS NÃO COMPETITIVAS Longas de Ficção “Barata Ribeiro, 716”, de Domingos Oliveira “Elis”, de Hugo Prata “Pequeno Segredo”, de David Schurmann “O que Seria deste Mundo sem Paixão?”, de Luiz Carlos Lacerda Documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha “Pitanga”, de Beto Brant e Camila Pitanga Curta “Os Cravos e a Rocha”, de Luísa Sequeira Retratos Falados “Entre os homens de bem”, de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros “Galeria F”, de Emília Silveira “Intolerância.doc”, de Susanna Lira “Holocausto Brasileiro”, de Daniela Arbex e Armando Mendz Latina “La Vingança”, de Fernando Fraiha Fronteiras “Kabadio – O Tempo Não Tem Pressa, Anda Descalço”, de Daniel Leitem “Central”, de Tatiana Sager e Renato Dornelles Tesouro Restaurado “É um Caso de Polícia”, de Carla Civelli (1959) Homenagem 15 anos “Lavoura Arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho (2001)








