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    Sylvia Miles (1924 – 2019)

    12 de junho de 2019 /

    A atriz Sylvia Miles, duas vezes indicada ao Oscar de Melhor Coadjuvante – por “Perdidos na Noite” (1969) e “O Último dos Valentões” (1975) – , morreu nesta quarta-feira (12/6) em sua casa em Nova York, aos 94 anos. Miles era nova-iorquina, filha de um fabricante de móveis, e estudou no célebre Actors Studio antes de fazer sua estréia como atriz numa peça off-Broadway em 1956. Ela chegou a gravar o piloto da série de comédia “The Dick Van Dyke Show”, mas perdeu o papel para Rose Marie quando a produção foi aprovada. Assim, foi aparecer primeiro no cinema, em pequenos papéis em “Assassinato S.A.” (1960) e “No Vale das Grandes Batalhas” (1961), antes de virar coadjuvante do episódio da semana de inúmeras séries televisivas. Já tinha 45 anos quando ganhou o papel que mudou sua carreira, embora ele parecesse igual a muitos outros. Na pele de uma prostituta chamada Cass, Miles apareceu apenas em seis minutos de “Perdidos na Noite”, drama pesado de John Schlesinger em que Jon Voight (o pai de Angelina Jolie) interpretava um garoto de programa em Nova York. A cena que chamou atenção envolvia sexo com Voight, e em uma entrevista de 2006 para o jornal The Scotsman, ela contou que os dois ensaiaram muito para o resultado ser convincente – como de fato foi – e contribuíram com ideias próprias. “Jon vinha para o meu apartamento no Central Park South vestido com chapéu de cowboy, jeans e botas [como seu personagem]. Meus vizinhos achavam que eu tinha esse cowboy toyboy. Ah, se fosse verdade!” Sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante foi por um papel com mais tempo em cena. Em vez de seis, ela apareceu em oito minutos de “O Último dos Valentões”, novamente como uma mulher durona, que esconde um grande segredo do célebre detetive noir Philip Marlowe (em interpretação de Robert Mitchum). Entre uma indicação e outra, ela ficou conhecida por sua personalidade extravagante. Em um incidente famoso, jogou um prato cheio de comida no crítico de teatro John Simon, que havia detonado uma de suas performances, após encontrá-lo em uma festa. Festeira, ela era figura frequente nas baladas da era das discotecas, descrita em diversas reportagens da época como a juba loira que adornava os principais eventos de Nova York. Nesse contexto, acabou se aproximando da entourage de Andy Warhol na lendária Factory, e topou estrelar “Heat” (1972), filme cultuadíssimo em que aparecia nua e tinha uma cena de sexo com o jovem Joe Dallesandro sob direção de Paul Morrissey. Incentivada por Warhol, o produtor, ela atuou sem roteiro, inventando cada linha de seu diálogo filmado. Sua filmografia pouco convencional também inclui participação no drama contracultural “O Último Filme” (1971), de Dennis Hopper, um papel de zumbi lésbica alemã enlouquecida no terror “A Sentinela dos Malditos” (1977), de Michael Winner, a interpretação de uma cartomante assassinada no terror “Pague para Entrar, Reze para Sair” (1981), de Tobe Hooper, uma performance inesquecível como a agente imobiliária agressiva de Charlie Sheen em “Wall Street: Poder e Cobiça” (1982), de Oliver Stone e a senhoria vulgar de uma casa de striptease em “Go Go Tales” (2007), de Abel Ferrara. Ela também apareceu na série “Sex and the City”, como uma velhinha excêntrica que enfeita seu sorvete de chocolate com comprimidos anti-depressivos. Seu último papel foi sua única continuação, em “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme”, que encerrou sua carreira em 2010. Sofrendo com a idade, ela vivia num asilo de artistas, mas pediu para sair nos últimos meses. Não queria morrer num lugar de velhos.

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    Academia vai homenagear carreiras de David Lynch, Lina Wertmüller, Wes Studi e Geena Davis

    3 de junho de 2019 /

    Os cineastas David Lynch e Lina Wertmüller e o ator Wes Studi serão homenageados com Oscars honorários pelas realizações de suas carreiras. Além deles, a atriz Geena Davis receberá o Prêmio Humanitário Jean Hersholt, anunciou nesta segunda-feira (3/6) a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. “O Prêmio dos Governadores, que a Academia concede anualmente, reconhece indivíduos que se entregam a uma vida de realizações artísticas e ainda forneceram espetaculares contribuições à nossa indústria e além”, disse o presidente da Academia, John Bailey, no comunicado que anunciou os homenageados do ano. Considerado um dos diretores mais criativos do cinema americano, David Lynch deu à luz uma filmografia marcada pelo surrealismo e onirismo, em filmes como “O Homem Elefante” (1980), “Veludo Azul” (1986), “Coração Selvagem” (1990), “Estrada Perdida” (1997), “Cidade dos Sonhos” (2001) e a série “Twin Peaks”. Indicado quatro vezes ao Oscar, Lynch nunca venceu o troféu. A italiana Lina Wertmüller foi a primeira mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção com o longa “Pasqualino Sete Belezas” (1975). Sua carreira inclui ainda títulos como “Mimi, o Metalúrgico” (1972), “Amor e Anarquia” (1973) e “Por um Destino Insólito” (1974), que ganhou remake americano (“Destino Insólito”) estrelado por Madonna em 2002. Já o americano Wes Studi é um dos mais conhecidos atores nativo-americanos, graças a uma longa carreira marcada por westerns revisionistas, como “Dança com Lobos” (1990), “O Último dos Moicanos” (1992) e o recente “Hostis” (2017), mas também produções de outros gêneros, como a sci-fi “Avatar” (2009). Por fim, a atriz Geena Davis, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “O Turista Acidental” (1988) e indicada na categoria de Melhor Atriz por “Thelma & Louise” (1991), será reconhecida por seus trabalhos fora das telas, em favor da igualdade entre homens e mulheres por meio do Geena Davis Institute on Gender in Media e sua parceria com a Organização das Nações Unidas. O Prêmio Humanitário Jean Hersholt não era entregue desde 2015, quando a Academia reconheceu a atriz Debbie Reynolds (do clássico “Cantando na Chuva”). Os Oscars honorários, também chamado de Prêmio dos Governadores, são entregues em um evento mais discreto, sem transmissão ao vivo e com menos convidados do que a cerimônia do Oscar, mas os homenageados também são posteriormente reverenciados no evento tradicional da Academia. A 11ª edição do Prêmio dos Governadores acontecerá em 27 de outubro, enquanto o 92º Oscar está marcado para 23 de fevereiro, ambos em Los Angeles.

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    Alvin Sargent (1927 – 2019)

    11 de maio de 2019 /

    Morreu o roteirista Alvin Sargent, que escreveu três filmes do “Homem-Aranha” e venceu dois Oscars por “Julia” (1977) e “Gente como a Gente” (1980). Ele faleceu na quinta-feira (9/5), de causas naturais em sua casa em Seattle, nos Estados Unidos. Ao todo, Sargent assinou mais de duas dúzias de roteiros de longa-metragens desde a década de 1960. Seus créditos também incluem “Lua de Papel” (1973), pelo qual foi indicado ao Oscar. Ele começou sua carreira como vendedor de anúncios da revista Variety nos anos 1950 e sonhava em virar ator. Sua estreia no cinema foi como figurante no clássico “A um Passo da Eternidade” (1954), de Fred Zinnemann. E, por coincidência, Zinnemann também dirigiu “Julia”, que Sargent foi escrever mais de duas décadas depois. A dificuldade para encontrar novos papéis – e vender anúncios – fez com que transformasse um passatempo em carreira. Ele costumava escrever histórias para si mesmo. Um dia, seu agente pegou uma delas e mostrou para produtores de TV. E assim Sargent foi convidado a escrever episódios de séries dramáticas. Ele assinou, entre outras, “Ben Casey”, “Rota 66”, “As Enfermeiras” e “The Alfred Hitchcock Hour” . Seu primeiro roteiro para o cinema foi a comédia de assalto “Como Possuir Lissu” (1966), com Shirley MacLaine e Michael Caine, que fez grande sucesso e chamou atenção de vários cineastas. Isso rendeu novos trabalhos, em que precisou mostrar versatilidade para abordar diferentes gêneros, como o western “A Noite da Emboscada” (1968), a cultuada comédia romântica “Os Anos Verdes” (1969), estrelada pela jovem Liza Minnelli, e o violento policial “O Pecado de um Xerife” (1970). Seus roteiros estavam sendo filmados por jovens diretores em transição para o patamar de mestres – como Robert Mulligan, Alan J. Pakula e John Frankenheimer. E isto atraiu o astro Paul Newman, que chamou o roteirista para escrever “O Preço da Solidão” (1972), adaptação de um peça premiada de Paul Zindel, que o próprio ator dirigiu. A consagração veio logo em seguida, com três indicações à premiação da Academia, rendendo-lhe troféus em duas oportunidades. “Lua de Papel” acabou transformando Tatum O’Neal na mais jovem vencedora do Oscar, aos 10 anos de idade. Mas foram “Julia”, baseada na vida da escritora Lillian Hellman e sua luta contra o Holocausto, e principalmente “Gente como a Gente”, retrato dramático do impacto da morte de um jovem sobre sua família, que lhe deram status de gênio. Assim como fez seu amigo Paul Newman, Robert Redford requisitou o talento de Sargent para escrever a história que marcaria sua estreia no cinema. E “Gente como a Gente”, estrelado por Mary Tyler Moore e Timothy Hutton, venceu, além de Melhor Roteiro, os Oscars de Melhor Direção para o estreante Redford e até o troféu de Melhor Filme do ano. Entre as muitas pessoas influenciadas por aquela obra, o cineasta JJ Abrams (“Star Wars: O Despertar da Força”) frequentemente cita “Gente como a Gente” como inspiração para “Uma Segunda Chance” (1991), o roteiro que deslanchou a sua carreira (quando ele era Jeffrey Abrams). Sargent ainda incluiu “O Cavaleiro Elétrico” (1979), estrelado por Redford, entre esses filmes. E o sucesso dessas produções o tornou um dos roteiristas mais requisitados do período. Especializou-se em dramas e comédias de prestígio de grandes estúdios. “Querem me Enlouquecer” (1987), com Barbra Streisand, “Loucos de Paixão” (1990), com Susan Sarandon, “Nosso Querido Bob” (1991), com Bill Murray, e “Herói por Acidente” (1992), com Dustin Hoffman, fizeram bastante sucesso comercial. Mas nada em sua carreira foi comparável à bilheteria dos dois filmes do “Homem-Aranha” que ele escreveu para o diretor Sam Raimi. O roteirista assinou “Homem-Aranha 2” (2004) e “3” (2007), quando a franquia era estrelada por Tobey Maguire e Kirsten Dunst, e também “O Espetacular Homem-Aranha” (2012), de Marc Webb, protagonizado por Andrew Garfield e Emma Stone. Ele tinha 85 anos quando entregou “O Espetacular Homem-Aranha”, seu último trabalho. A aposentadoria não foi consequência da idade, mas da morte de sua grande parceira. Por 25 anos, Sargent teve a seu lado a produtora e escritora Laura Ziskin, com quem escreveu alguns de seus sucessos. Eles se casaram em 2010, um ano antes de Ziskin perder sua batalha contra o câncer de mama. E Sargent perdeu a vontade de continuar escrevendo.

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    Academia anuncia mudanças no Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira

    24 de abril de 2019 /

    A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou na noite de terça-feira (23/4) 23 novas regras para o Oscar 2020. Entre as novidades, a maior mudança está na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira, que passa a se chamar Melhor Longa-Metragem Internacional. Segundo comunicado da Academia, o novo nome foi escolhido por trazer uma imagem mais “positiva” do cinema mundial do que o termo “estrangeiro”. “Nós temos notado que a referência a ‘estrangeiro’ está obsoleta dentro da comunidade cinematográfica”, declararam os diretores do Comitê Internacional de Longas-Metragens Internacionais – antigo Comitê do Prêmio de Filmes Estrangeiros – Larry Karaskewski e Diane Weyermann. As regras para a categoria, porém, não sofrerão mudanças. Continuam sendo elegíveis filmes produzidos fora dos Estados Unidos, em língua majoritariamente não-inglesa, sendo um único concorrente por país. Animações e documentários podem concorrer, como já podiam antes. A Academia também anunciou a manutenção das regras de elegibilidade atuais, que permitem à empresas de streaming, como a Netflix, concorrer ao Oscar, desde que lancem seus filmes pelo período de uma semana em cinemas de Los Angeles. Isto representou um revés para Steven Spielberg, que tinha manifestado desejo de alterar a regra para barrar produções que não priorizassem o cinema. Para ele, filmes da Netflix devia concorrer ao Emmy, já que eram vistos na TV. Diante da previsão de derrota, o diretor nem compareceu ao encontro que definiu as regras. Entretanto, o presidente da Academia, John Bailey, disse que isso não significa o final das discussões sobre a Netflix. “Planejamos estudar melhor as profundas mudanças que estão ocorrendo na nossa indústria e continuar a discussão com nossos membros sobre esses assuntos”, disse Bailey, sugerindo que o tema deve ser retomado para o Oscar 2021. Outras mudanças previstas para a edição de 2020 incluem a expansão de indicados à categoria de cabelo e maquiagem de três para cinco filmes e o fim da exigência de lançamento de oito longas-metragens de animação por ano para que a categoria seja premiada. Esta alteração baseou-se na constatação de que o número de lançamentos do gênero está estabilizado muito acima desde limite.

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    Roman Polanski processa organizadores do Oscar após ser expulso da Academia

    19 de abril de 2019 /

    O diretor Roman Polanski está processando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, que organiza a cerimônia do Oscar, exigindo sua reintegração à organização após ser expulso em maio do ano passado em meio à campanha #MeToo. A ação, registrada no estado da Califórnia, afirma que o processo não seguiu o protocolo adequado e que, por isso, ele deve ser anulado. No processo, Polanski diz ainda que as conclusões da Academia não são “apoiadas por evidências”. Polanski foi expulso da Academia junto do ator Bill Cosby. Ambos foram condenados por estupro, mas o diretor franco-polonês fugiu dos Estados Unidos nos anos 1970, época do crime, e se exilou na França, evitando a prisão. Apesar disso, Polanski foi premiado pela Academia em 2003, com o Oscar de Melhor Direção por “O Pianista”. A Academia só mudou de opinião sobre o diretor após o recente movimento #MeToo, de denúncia aos abusos sexuais acobertados por Hollywood. Ao anunciar a expulsão, a Academia justificou a decisão salientando que a presença de Polanski ia contra “os padrões de conduta da organização” e que, assim, seus representantes esperavam “defender seus valores de respeito à dignidade humana”. A vítima de Polanski, Samantha Geimer, atualmente com 56 anos, apontou a hipocrisia da Academia ao banir Polanski após lhe dar um Oscar, descrevendo a expulsão de “um membro que há 41 anos se declarou culpado de uma única acusação e cumpriu sua sentença” como um “ato cruel que só serve às aparências”. “Isso não contribui em nada para mudar a cultura sexista em Hollywood e prova que eles comeriam uns aos outros para sobreviver”, ela escreveu em seu blog. O advogado do diretor chamou a expulsão de “abuso de idoso”, já que o cineasta tem 85 anos. “O que aconteceu tem a característica de abuso psicológico a nosso cliente, uma pessoa idosa. Colocar Bill Cosby e Roman Polanski no mesmo nível é um mal-entendido, uma perseguição”, manifestou-se o advogado Jan Olszewski na ocasião. “Polanski teve apenas um incidente em sua vida, pelo qual foi considerado culpado, assumiu a responsabilidade, e pelo qual sua vítima o perdoou”, afirmou ainda, comparando o caso do diretor com o de Cosby, que não assumiu erro, foi acusado por mais de 40 mulheres e jamais perdoado. Polanski e Cosby foram os primeiros membros enquadrados no novo código de conduta da Academia, motivado pelo escândalo de Harvey Weinstein. Ele aponta que os membros da organização poderiam ser expulsos por abuso, assédio e discriminação sexual. Assim como Polanski, Woody Allen também se defendeu em tribunal da acusação de abuso de menor (a própria filha Dylan Farrow), mas o caso não resultou em condenação.

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    Governo americano adverte Academia contra mudanças no Oscar para prejudicar a Netflix

    2 de abril de 2019 /

    O Departamento de Justiça dos Estados Unidos advertiu a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas sobre eventuais mudanças nas regras do Oscar que limitem a elegibilidade da Netflix e outros serviços de streaming. De acordo com um documento obtido pela revista Variety, o chefe da divisão antitruste, Maka Delrahim, escreveu à diretora executiva da Academia para expressar sua preocupação de que as novas regras estariam sendo escritas “de maneira que tende a suprimir a concorrência”, o que seria violação da lei de antitruste. “No caso de a Academia, uma associação que inclui vários concorrentes, estabelecer certos requisitos de elegibilidade para o Oscar que eliminam a concorrência sem justificativa pró-competitiva, pode levantar preocupações antitruste”, escreveu Delrahim. “Acordo entre concorrentes para excluir novos competidores podem violar as leis antitruste quando seu objetivo ou efeito é impedir a concorrência que ameaçam os lucros das empresas estabelecidas”, explicou o representante federal. O documento foi redigido após relatos de que Steven Spielberg, membro da diretoria da Academia, estaria planejando mudanças de regras para impedir a concorrência de filmes que estreiam em streaming e tem apenas distribuição limitada nos cinemas. Spielberg defende que filmes lançados por empresas de streaming deveriam concorrer ao Emmy, não ao Oscar, porque seriam filmes feitos para a TV. Entretanto, a Netflix tem exibido seus títulos de maior prestígio nos cinemas em circuito limitado, alguns dias antes de disponibilizá-los em sua plataforma. Atualmente, as regras estabelecem que essa distribuição limitada é suficiente para qualificar uma produção a disputar o Oscar, tanto que vários lançamentos acontecem em circuito bastante restrito (meia dúzia de salas em Nova York e Los Angeles) para se tornarem elegíveis, ampliando sua distribuição apenas após o prazo qualificatório – geralmente, a partir de janeiro do ano seguinte. “Lincoln”, dirigido pelo próprio Spielberg e indicado ao Oscar de 2013, foi originalmente lançado em 11 salas antes de ampliar seu circuito. “Roma” foi distribuído em 17 cinemas norte-americanos durante duas semanas, antes de ser disponibilizado em streaming. E não teve maior distribuição porque as grandes redes se recusaram a distribuí-lo. A produção da Netflix venceu três Oscars: Melhor Filme Estrangeiro, Direção e Fotografia, todos recebidos pelo cineasta mexicano Alfonso Cuarón.

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    Agnès Varda (1928 – 2019)

    29 de março de 2019 /

    A cineasta Agnès Varda, um dos maiores nomes da nouvelle vague, morreu na madrugada desta sexta (29/3), aos 90 anos, cercada por sua família e amigos, em consequência de um câncer. Feminista, diretora de cinema, artista plástica e também fotógrafa, ela assinou clássicos que ficaram conhecidos por suas ousadias, com estruturas e narrativas originais. “La Pointe-Courte” (1955), seu longa de estreia, por exemplo, tinha narração dupla, enquanto acompanhava histórias distintas de uma vila. Vários críticos citam este trabalho como precursor da nouvelle vague, já que foi lançado antes que seus colegas de geração (François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Éric Rohmer) filmassem suas obras mais famosas, desprendendo-se das convenções narrativas do cinema. Nascida Arlette Varda em 1928 numa região de Bruxelas, capital da Bélgica, ela estudou fotografia na Escola de Belas Artes de Paris e aos 21 anos desembarcou com a sua câmara fotográfica no Festival de Avignon, o mais antigo festival de artes da França e um dos maiores do mundo, do qual passou a ser a fotógrafa oficial em 1951. Em pouco tempo, passou das imagens estáticas para as de movimento, mas sua experiência fotográfica a acompanhou por toda a carreira. Ao fazer um filme, Varda também assumia a câmera, além do roteiro, edição e produção. Dizia que só assim conseguiria a coesão – e a autoria completa – sobre suas obras. Em 1954, criou sua produtora, a Ciné-Tamaris, por onde lançou “La Pointe-Courte”, que a tornou conhecida como “mãe” ou “madrinha” da nouvelle vague. Mas seu filme mais conhecido viria no auge do movimento, em 1962. Seu segundo longa, “Cléo das 5 às 7”, imprimiu um viés feminista ao cinema. A trama acompanhava a personagem-título por duas angustiantes horas pelas ruas de Paris, enquanto aguardava o resultado de um exame de câncer. Foi considerado o Melhor Filme do ano pelo sindicato dos críticos franceses. Seu terceiro lançamento, “As Duas Faces da Felicidade” (1965), vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Berlim, focava a hipocrisia masculina, mostrando uma família que seria perfeita, não fosse o patriarca um homem infiel, apesar de feliz no casamento. Depois de dirigir Catherine Deneuve em “As Criaturas” (1966), Varda e o marido, o também cineasta Jacques Demy, mudaram-se para Los Angeles, onde ela mergulhou “no espírito de revolta” da contracultura e se reinventou como documentarista. Querendo registrar o período, filmou diversos curtas sobre tópicos quentes, como os Panteras Negras, a revolução cubana, a guerra do Vietnã e o próprio feminismo. Só foi voltar à ficção em 1977, com “Uma Canta, a Outra Não”, história de duas amigas ao longo de uma década de reivindicações femininas. Mesmo assim, passou a se alternar-se entre registros de tudo o que lhe chamava atenção, como os murais grafitados das ruas de Los Angeles (o documentário “Mur, Murs”, 1981), e trabalhos em que se expressava por meio de atores, como o drama de uma jovem encontrada morta numa vala. Este foi o tema de “Os Renegados” (1985), estrelado por Sandrine Bonnaire, que venceu o Leão de Ouro como Melhor Filme do Festival de Veneza. Essa dualidade a permitiu filmar duas vezes a atriz Jane Birkin de forma completamente diferente no mesmo ano, como personagem no polêmico “Le Petit Amour” (1988), que flertava com a pedofilia, e como pessoa real no documentário “Jane B. por Agnès V.” (1988). A morte do marido em 1990 inspirou um de filmes seus mais belos, “Jacquot de Nantes” (1991), baseado na infância e juventude de Jacques Demy, em que transbordava amor. Também fez um documentário tocante sobre a carreira do diretor, “The World of Jacques Demy” (1995). Mas não foi tão feliz ao tentar contar as memórias do próprio cinema em “As Cento e uma Noites” (1995), um híbrido de ficção e documentário que a levou a se afastar de vez dos atores. A partir daí, só filmou pessoas reais, como os trabalhadores rurais e catadores de lixo em “Os Catadores e Eu” (2000), sempre inserindo-se no contexto, como ficava explícito pelos títulos. Ao abandonar os atores, passou a dar mais atenção à fotografia. Na verdade, ao aspecto mais artístico das imagens. “Se vocês prestarem atenção, minha carreira se divide em duas partes, a do século 20 e a do 21. Na primeira sou mais cineasta; na segunda, artista plástica”, explicou, no último Festival de Berlim. Em “As Praias de Agnès” (2008), começou a cuidar de seu legado, revendo cenas e lugares de sua vida – e, de quebra, conquistando uma porção de prêmios em diversos festivais, justamente pela plasticidade com que descreveu sua jornada. Em 2017, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos lhe rendeu homenagem com um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra. “Musa Pioneira. Ícone. Uma mulher que lançou um movimento de cinema”, assim a apresentou o presidente da Academia, John Bailey, quando Varda se tornou a primeira mulher cineasta a ter a carreira reconhecida pelo Oscar. Mas, incansável, ela ainda voltou à premiação em 2018, quando concorreu ao Oscar de Melhor Documentário por “Visages, Villages”, tornando-se, aos 89 anos, a pessoa mais velha a ser indicada em uma categoria competitiva do principal troféu da indústria cinematográfica. Seu último trabalho como diretora foi uma minissérie biográfica, “Varda par Agnès – Causerie”, que após a première no Festival de Berlim no mês passado, foi exibida há 11 dias na França. A obra se encerra com um borrão branco, em forma de névoa, que engole a cena em que Agnès Varda contempla uma praia. Ela se preocupou até em deslocar os créditos de encerramento para outro lugar, de forma a não terminar seu último filme com uma tela preta, representando a escuridão, mas sim com a mais completa claridade. “Preciso me preparar para dizer adeus e achar a paz necessária para isso”, ela disse em sua última entrevista coletiva, no Festival de Berlim, 46 dias antes de morrer. Na tarde desta sexta-feira, ela ainda inauguraria uma exposição de fotografias e instalações de arte em Chaumont-sur-Loire, que será aberta sem ela.

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    Após vencer o Oscar, Rami Malek vai estrelar podcast de suspense

    13 de março de 2019 /

    Depois de fazer séries e filmes, vencendo o Emmy e o Oscar, o ator Rami Malek (“Bohemian Rhapsody”) resolveu estrelar uma produção em nova mídia. Ele será o protagonista de um podcast de suspense, chamado de “Blackout”. A decisão de atuar na nova mídia foi inspirada por seu parceiro criativo na série “Mr. Robot”, Sam Esmail. O diretor e roteirista recentemente transformou um podcast, “Homecoming”, em uma série da Amazon com Julia Roberts. “Eu realmente havia amado ‘Homecoming’ [o podcast], mas foi ainda mais incrível vê-lo realizado na tela, através da visão de Sam”, explicou Malek, em entrevista à revista Entertainment Weekly. “As pessoas estão cada vez mais ouvindo podcasts. Há algo de antiquado nisso, é como voltar à época das novelas de rádio”. Criado por Scott Conroy, “Blackout” traz Malek como um DJ de New Hampshire, região dos EUA, que tenta proteger sua família durante uma pane da rede elétrica dos Estados Unidos, que é sabotada, gerando o caos. “Na verdade, esta é uma história hiper-realista sobre o que aconteceria se a nossa rede elétrica caísse. O nosso país está completamente despreparado para as consequências disso”, disse o ator. “Os temas que abordamos são bem profundos. ‘Blackout’ vai te fazer pensar sobre como o nosso senso de comunidade foi perdido com a tecnologia tomando conta das nossas vidas, e o que acontece quando precisamos nos reverter para um mundo em que temos que ouvir uns aos outros”, acrescentou. “Meu personagem é um cara comum, alguém com quem todo mundo é capaz de se identificar. Eu gosto de pensar que seria como ele em uma crise, tentando ajudar a minha comunidade da forma que pudesse”, completou.

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    Netflix diz que ama o cinema, em resposta a Spielberg

    4 de março de 2019 /

    A Netflix respondeu indiretamente a Steven Spielberg, que pretende impedir que plataformas de streaming disputem os prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. Em publicação em seu perfil no Twitter, a plataforma afirmou que ama o cinema e que o está deixando mais acessível. “Nós amamos cinema. Aqui estão mais algumas coisas que amamos: Acesso para pessoas que nem sempre podem pagar, ou vivem em cidades sem cinema; Deixar todo mundo, em qualquer lugar, aproveitar os lançamentos ao mesmo tempo; Dar aos cineastas mais maneiras de compartilhar a arte. Essa coisas não são mutuamente exclusivas”, publicou a Netflix. Spielberg quer que o comitê que organiza o Oscar mude as regras para proibir filmes lançados em streaming de concorrer ao prêmio. Integrante do comitê, ele pretende votar a alteração na próxima reunião, marcada para abril. Quando jornalistas buscaram confirmar, ele deu seu recado por meio de um porta-voz. “Steven tem fortes opiniões sobre as diferenças entre lançamentos para o streaming e para os cinemas”, disse o assessor de imprensa da Amblin Entertainment, produtora do cineasta. “Ele ficará feliz se outros o apoiarem nesta campanha quando a hora chegar.” We love cinema. Here are some things we also love: -Access for people who can't always afford, or live in towns without, theaters -Letting everyone, everywhere enjoy releases at the same time-Giving filmmakers more ways to share art These things are not mutually exclusive. — Netflix Film (@NetflixFilm) March 4, 2019

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    Trilha de Nasce uma Estrela volta ao 1º lugar da parada musical americana após vitória no Oscar

    3 de março de 2019 /

    A trilha sonora de “Nasce uma Estrela” voltou ao 1º lugar da parada americana de álbuns da revista Billboard (o Hot 200), após a conquista do Oscar de Melhor Canção por “Shallow”. Ao todo, 120 mil discos da trilha foram vendidos nos EUA na semana que se seguiu à transmissão do Oscar, um aumento de 158% em relação à semana anterior, de acordo com a consultoria Nielsen Music. Com isso, o disco com músicas cantadas por Lady Gaga e Bradley Cooper retomou o pódio de Ariana Grande, que estava há duas semanas no topo, com “Thank U, Next” (116 mil cópias vendidas na semana passada). Para impulsionar as vendas, a própria Lady Gaga tuitou a seus seguidores que o CD tinha entrado em promoção no site da Amazon – o preço caiu de US$ 3,99 para US$ 2,99. Isso também pode ter tido impacto no sucesso do disco. Mas não foi a única causa, já que as vendas digitais aumentaram 353%. Graças a sua volta ao topo, “Nasce uma Estrela” passa a somar quatro semanas em 1º lugar, superando “Pantera Negra” (três semanas) como o maior reinado de uma trilha sonora desde o lançamento de “Frozen” em 2013 – a animação da Disney ficou 13 semanas na liderança do ranking. A última trilha de um filme com atores (isto é, que não é “Frozen”) a ficar quatro semanas em 1º lugar tinha sido “Bad Boys II”, em 2003.

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    Steven Spielberg quer impedir a Netflix de disputar o Oscar

    3 de março de 2019 /

    Steven Spielberg não gostou nada de ver “Roma” vencer três Oscars na recente cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. O famoso cineasta, que é representante do ramo dos diretores no grupo que organiza a premiação, quer usar sua posição e prestígio para impedir que outro filme da Netflix possa voltar a disputar as estatuetas. Várias publicações da imprensa americana receberam informação de que ele iniciou um movimento para barrar as produções de serviços de streaming, tornando-as inelegíveis à premiação. Quando jornalistas buscaram confirmar, Spielberg deu seu recado por meio de um porta-voz. “Steven tem fortes opiniões sobre as diferenças entre lançamentos para o streaming e para os cinemas”, disse o assessor de imprensa da Amblin Entertainment, produtora do cineasta. “Ele ficará feliz se outros o apoiarem nesta campanha quando a hora chegar.” A hora vai chegar em abril, quando acontecerá a próxima reunião de dirigentes da Academia, visando a organização do próximo Oscar. Ao saber desses planos, a cineasta Ava DuVernay, que venceu um Oscar por seu documentário “A 13ª Emenda”, uma produção da Netflix, revoltou-se nas redes sociais. Lembrando que não poderá se manifestar no encontro, porque o comitê da Academia é restrito apenas aos representantes de cada ramo cinematográfico, ela decidiu deixar demarcar sua posição. “Se isso for verdade, espero que haja cineastas presentes ou que sejam lidas declarações de diretores que, como eu, pensam diferente”. Não é a primeira vez que Spielberg se posiciona contra serviços como a Netflix. O diretor de 72 anos já havia dito que filmes lançados por empresas de streaming deveriam concorrer ao Emmy, não ao Oscar, porque seriam filmes feitos para a TV. A aposta da Netflix para o Oscar 2020 é “O Irlandês”, de Martin Scorsese, filme que nenhum estúdio quis bancar.

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    Oscar “temático” consagra o Conduzindo Miss Daisy de 2019

    25 de fevereiro de 2019 /

    A noite do Oscar 2019 foi “temática”, reflexo de uma Academia empenhada em ser cada vez mais politicamente correta, após o #OscarSoWhite, ainda que o resultado final represente uma visão liberal dessa abordagem. Do principal vencedor da cerimônia, realizada no domingo (24/2) em Los Angeles, aos prêmios menos badalados, a mensagem que a distribuição de troféus buscou transmitir foi de incentivo à diversidade. Homens brancos venceram menos prêmios que o costume, resultando em maior reconhecimento para mulheres (15 estatuetas) e pessoas negras (7). São números que representam recordes de diversidade para a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. Isto permitiu que o mais famoso dos cineastas negros, que já deveria ter sido premiado há 30 anos, finalmente vencesse seu primeiro Oscar – Spike Lee, pelo roteiro de “Infiltrado na Klan”. Dois atores negros foram premiados como coadjuvantes, Regina King (por “Se a Rua Beale Falasse”) e Mahershala Ali (“Green Book”). E Ali se tornou o segundo ator negro a vencer dois Oscars, após Denzel Washington. Marcas de segregação técnica ruíram em várias categorias. Peter Ramsey foi o primeiro diretor negro a vencer o Oscar de Melhor Animação – por “Homem-Aranha no Aranhaverso”. A veterana Ruth E. Carter virou a primeira figurinista negra a conquistar sua categoria – por “Pantera Negra”. Sua colega, Hannah Beachler, consagrou-se como a primeira mulher negra indicada e vencedora do Oscar de Design de Produção (cenografia) – também por “Pantera Negra”. E não ficou nisso. Asiáticos tiveram destaque por meio do casal Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin, vencedores do Oscar de Melhor Documentário por “Free Solo”, e com Domee Shi, diretora do Melhor Curta Animado, “Bao”. O Oscar de Melhor Ator foi para Rami Malek, filho de egípcios, que comentou sua origem ao agradecer o prêmio, lembrando que Freddie Mercury, seu papel em “Bohemian Rhapsody”, também era filho de imigrantes africanos. O mexicano Alfonso Cuarón representou os latinos conquistando três estatuetas – Melhor Direção, Fotografia e Filme Estrangeiro por “Roma”. Por isso, o fecho da noite, com “Green Book” eleito o Melhor Filme, poderia (pseudo) representar uma conclusão do tema. Afinal, trata-se de drama que critica o racismo, ao celebrar a amizade entre um motorista branco sem educação e seu passageiro refinado, um músico negro em turnê pelo sul segregado dos Estados Unidos dos anos 1960. Entretanto, trata-se de um filme sobre racismo escrito, dirigido e produzido por brancos – o cineasta Peter Farrelly e os roteiristas Nick Vallelonga e Brian Hayes Currie – , que privilegia o arco de redenção de seu protagonista branco, um racista bruto, que se transforma ao longo de sua jornada. Vale lembrar que o intérprete do personagem negro venceu o Oscar de Ator Coadjuvante, o que deixa claro sua menor importância em comparação ao branco da trama. O vencedor do Oscar é, portanto, o “Conduzindo Miss Daisy” de 2019. Um filme sobre racismo para branco ver e aplaudir, numa abordagem bastante convencional sobre tensões raciais, que considera o ponto de vista negro mero coadjuvante. “Green Book” é similar ao filme de 30 anos atrás até do ponto de vista narrativo, na história do motorista e seu passageiro, apenas mudando quem conduz o veículo, para chegar no mesmo destino: a transformação positiva do personagem branco. Além disso, assim como “Conduzindo Miss Daisy”, o diretor de “Green Book” sequer foi considerado merecedor de indicação na categoria de Melhor Direção. Para completar as comparações, vale ainda lembrar que apesar da vitória do drama de Bruce Beresford, o favorito da crítica e filme mais lembrado daquele Oscar era “Faça a Coisa Certa”, de Spike Lee, muito negro para a época. O tema da diversidade pode ter embalado o Oscar 2019, mas, na hora de definir o prêmio principal, a Academia decidiu ignorar novamente Spike Lee, que tratou de racismo de forma mais contundente em “Infiltrado na Klan”. Pior ainda: barrou “Se a Rua Beale Falasse”, de Barry Jenkins, melhor abordagem do “tema”, que sequer foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, embora tenha vencido, 24 horas mais cedo, o Spirit Awards de filme indie do ano. A vitória de “Green Book” também é o “Crash” de 2019. Em 2006, os eleitores da Academia elegeram outro filme mediano, “Crash: No Limite”, como opção para derrotar “O Segredo de Brokeback Mountain”, de temática homossexual, que irritava a maioria conservadora da época. Até a vitória de “Green Book”, a conquista de “Crash” era considerada a pior decisão da Academia em todos os tempos. O filme que a Academia não queria que vencesse em 2019 era “Roma”. Não porque seria a primeira vez que uma obra falada em outra língua levaria o Oscar – o francês “O Artista” era mudo. Mas porque “Roma” é produção de uma plataforma de streaming. A discussão sobre se as produções da Netflix são cinema tem dividido a comunidade cinematográfica. Uma vitória no Oscar representaria o aval da principal instituição da indústria. Para que isso não acontecesse, “Green Book” ganhou o voto dos contrários. E se juntou a “Crash” na história dos Oscars da mediocridade humana. Um esforço inútil, pois as conquistas de “Roma”, especialmente na categoria de Melhor Direção, já mudaram a Netflix de patamar. Ao final das contas, o que fica para a História é que o cineasta de “Debi e Lóide” venceu o Oscar. Porque tudo é discutível em “Green Book”, menos que seu diretor é o mesmo de “O Amor É Cego”, que achava gordofobia engraçada, e “Ligado em Você”, concebido como piada de deficientes. O fato de a Academia premiar “Green Book” também demonstra que, embora o Oscar 2019 tenha se esforçado para ser “temático”, as opções disponíveis para Melhor Filme foram muito limitadas. Podendo listar dez títulos, os organizadores da premiação preferiram limitar suas indicações a oito, deixando de fora o superior “Se a Rua Beale Falasse”, além de diversas outras possibilidades premiadíssimas. Sobre esse contexto, leia mais aqui. Em resumo, a Academia barrou o cinema independente para privilegiar produções de grandes estúdios, como Fox, Disney, Sony, Universal e, sim, Netflix. “Green Book” é um filme com distribuição da Universal na América do Norte. E o estúdio realmente investiu em estratégia para fazê-lo conquistar o Oscar, trazendo para sua equipe especialistas em crises. Os spin doctors conseguiram apagar incêndios que deveriam ter sido devastadores, causados por revelações do passado do diretor Peter Farrelly – achava engraçado mostrar seu pênis para as atrizes de seus filmes – e do roteirista Nick Vallelonga – apoiou declaração de Trump de que muçulmanos americanos simpatizam com os terroristas que derrubaram as Torres Gêmeas de Nova York. Esta é a equipe que venceu o Oscar 2019. E Jimmy Kimmel não apareceu com o envelope correto do verdadeiro vencedor. Claro, Oliva Colman (por “A Favorita”) e não Glenn Close (por “A Esposa”) como Melhor Atriz também rende discussão. Mas não pode ser comparada à consagração do filme que o New York Times chamou de “indesculpável”. Decisões politicamente corretas não impediram o ato falho da Academia, ao oferecer a versão branca de como é o racismo como conclusão do Oscar 2019. Confira aqui a lista completa dos premiados.

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    Green Book vence o Oscar 2019. Confira a lista completa dos premiados

    25 de fevereiro de 2019 /

    A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas premiou, na noite de domingo (24/2) em Los Angeles, “Green Book – O Guia” com o Oscar de Melhor Filme. Mas será que é realmente o melhor filme do ano? Lógico que não. Leia a análise do resultado aqui. A premiação também supervalorizou outros títulos medianos e alternou a consagração de favoritos com surpresas – entre elas, a própria vitória de “Green Book”. Confira abaixo a lista completa dos vencedores do Oscar 2019. Melhor Filme “Green Book – O Guia” Melhor Direção Alfonso Cuarón – “Roma” Melhor Ator Rami Malek – “Bohemian Rhapsody” Melhor Atriz Olivia Colman – “A Favorita” Melhor Ator Coadjuvante Mahershala Ali – “Green Book – O Guia” Melhor Atriz Coadjuvante Regina King – “Se a Rua Beale Falasse” Melhor Animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” Melhor Filme de Língua Estrangeira “Roma” – México Melhor Roteiro Original Nick Vallelonga & Brian Hayes Currie & Peter Farrelly (“Green Book – O Guia”) Melhor Roteiro Adaptado Charlie Wachtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott e Spike Lee (“Infiltrado na Klan”) Melhor Trilha Sonora Ludwig Goransson (“Pantera Negra”) Melhor Canção Original “Shallow” – “Nasce Uma Estrela” Melhor Documentário “Free Solo” Melhor Mixagem de Som John Warhurst e Nina Hartstone (“Bohemian Rhapsody”) Melhor Edição de Som Paul Massey, Tim Cavagin e John Casali (“Pantera Negra”) Melhor Edição John Ottman (“Bohemian Rhapsody”) Melhor Direção de Arte Hannah Beachler e Jay Hart (“Pantera Negra”) Melhor Fotografia Alfonso Cuarón (“Roma”) Melhores Efeitos Visuais Paul Lambert, Ian Hunter, Tristan Myles e J.D. Schwalm (“O Primeiro Homem”) Melhor Figurino Ruth E. Carter (“Pantera Negra”) Melhor Maquiagem e Penteados Greg Cannom, Kate Biscoe e Patricia DeHaney (“Vice”) Melhor Curta-Metragem “Skin” Melhor Curta de Documentário “Period. End of Sentence.” Melhor Curta de Animação “Bao”

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