Fim de semana tem 4 festivais online com 74 filmes de graça
Os cinéfilos vão se fartar neste fim de semana com a realização de quatro festivais online simultâneos, que disponibilizam a exibição gratuita de nada menos que 74 filmes. O Panorama Digital de Cinema Suíço reúne 14 longas, alguns deles premiados e imperdíveis, até o dia 6 de setembro na plataforma Sesc Digital. Entre os destaques, estão a cinebiografia “Bruno Manzer – A Voz da Floresta”, sobre o ativista ambiental do título, que rendeu a Sven Schelker o troféu de Melhor Ator na premiação da Academia de Cinema Suíço, e “No Meio do Horizonte”, de Joanne Giger, grande vencedor da Academia Suíça, com o equivalente ao Oscar do país nas categorias de Melhor Filme e Roteiro. O drama rural, passado nos anos 1970, acompanha a dissolução de uma família sob o olhar de um adolescente. Além dos longas, há dois programas dedicados à curtas, um deles para o público adulto e outro para crianças. Cada seleção traz cinco obras diferentes. Por sua vez, a Festa do Cinema Italiano leva 20 filmes à plataforma digital Looke até 10 de setembro, com apenas duas exceções, que só estarão disponíveis por 24 horas. Nove longas são inéditos no circuito cinematográfico nacional, como “Fortunata” (2017), em que Jasmine Trinca (premiada na mostra Um Certo Olhar, em Cannes) vive um casamento fracassado e cuida da filha de oito anos, enquanto sonha em ter seu próprio salão de beleza, e “Os Mosqueteiros do Rei” (2018), paródia de “Os Três Mosqueteiros” que se tornou um dos maiores sucessos recentes do cinema italiano. Mas os melhores títulos são filmes que tiveram passagens relâmpago pelos cinemas de arte e agora podem finalmente ser apreciados com calma pelos cinéfilos. Alguns são fundamentais, como o vencedor da mostra Horizontes do Festival de Veneza, “Nico, 1988” (2017), de Susanna Nicchiarelli, que registra o final da vida da cantora Nico (ex-Velvet Underground), e “Martin Eden” (2019), adaptação da obra homônima de Jack London que rendeu a Copa Volpi de Melhor Ator para Luca Marinelli no Festival de Veneza passado. Além destes, também merece atenção a animação “A Gata Cinderela”, que transporta a fábula “Cinderela” para uma ambientação noir futurista. Infelizmente, esta é uma das exceções, com disponibilidade restrita apenas ao dia 5 de setembro. Já a Mostra Mundo Árabe de Cinema apresenta 16 filmes sobre a cultura árabe, quatro deles inéditos no Brasil e o restante selecionado entre os destaques das edições anteriores, que ficarão disponíveis das 18h desta sexta até 13 de setembro. E de segunda (31/8) a 27 de setembro na plataforma digital do Sesc. Vale reparar que a maioria das produções são documentais, como “Gaza”, Garry Keane e Andrew McConnell, que foi o representante da Irlanda na busca por uma indicação ao Oscar de filme internacional em 2020. O filme registra Gaza como um lugar com esperança em meio ao conflito da região. Entre as ficções, o destaque é o inédito “O Dia em que Perdi Minha Sombra”, da cineasta sírio-francesa Soudade Kaadan, sobre uma mulher que tenta comprar gás no início da guerra na Síria e vê a tarefa cotidiana sair do controle em meio às incertezas da guerra civil. A seleção abre espaço até para documentários de cineastas brasileiros, como “Naila e o Levante”, de Julia Bacha, que retrata a participação das mulheres durante a Primeira Intifada, na Palestina, e como sua importância foi minimizada pela liderança masculina, e “Os Caminhos dos Mascates” de José Luis Mejias, sobre a migração árabe ao Brasil. Para completar, o evento vai mostrar a clássica Trilogia do Deserto, do tunisiano Nacer Khemir, composta pelos filmes “Andarilhos do Deserto” (1984), “O Colar Perdido da Pomba” (1991) e “Baba Aziz, o Príncipe que Contemplava Sua Alma” (2005) Para completar, o Festival Internacional de Cinema LGBTI, normalmente realizado em Brasília, exibirá sua 5ª edição de forma online e gratuita a partir das 18h desta sexta e poderão ser vistos até as 23h59 de domingo (30/8), à exceção de “Erik & Erika”, que terá apenas uma sessão, transmitido às 20h de sábado (29/8). Entre os destaques, encontram-se o australiano “52 Terças-feiras”, premiado no Festival de Berlim, sobre uma adolescente que começa a aprender sobre sexualidade no momento em que sua mãe revela planos de transição de gênero, a comédia uruguaia “Os Golfinhos Vão para o Leste”, premiada no Festival de Gravado, o documentário holandês “Galore”, que venceu vários prêmios de cinema LGBTQIA+ ao contar a história de uma famosa drag queen europeia, o espanhol “Por 80 Dias”, premiado no Festival de San Sebastian, sobre a descoberta da sexualidade na Terceira Idade, e o citado “Erik & Erika”, produção austríaca sobre a vida de Erika Schinegger, estrela do esqui dos anos 1970 que sofreu acusações de fraude quando seu segredo biológico veio à tona. A seleção também inclui curtas e media-metragens nacionais, entre eles “Quebramar”, de Cris Lyra, que venceu prêmios internacionais ao acompanhar jovens lésbicas numa praia deserta, e os documentários “Meu Corpo É Político”, de Alice Riff, “Que os Olhos Ruins Não Te Enxerguem”, de Roberto Maty, “MC Jess”, de Carla Villa-Lobos, “Terra sem Pecado”, de Marcelo Costa, e “Minha História É Outra”, de Mariana Campos. Veja abaixo onde acessar cada evento online. Panorama Digital de Cinema Suíço: http://www.sescsp.org.br/panoramasuico(saiba mais). Festa do Cinema Italiano: https://www.looke.com.br/movies/festa-do-cinema-italiano (saiba mais). Mostra Mundo Árabe de Cinema: https://www.youtube.com/channel/UCfmZ3RvF7GUiHcVFgW2FdJg, http://mundoarabe2020.icarabe.org/ e, a partir de segunda, em https://sesc.digital/categorias/cinema-e-video (saiba mais). Festival Internacional de Cinema LGBTI: https://www.votelgbt.org/flix (saiba mais).
Festival online de cinema LGBTQIA+ disponibiliza 14 filmes de graça
O Festival Internacional de Cinema LGBTI exibirá sua 5ª edição de forma online e gratuita a partir desta sexta (28/8). Anteriormente realizada em Brasília, a mostra deste ano poderá ser acompanhada em todo o país pela plataforma especializada LGBTFLIX, que já reúne 250 filmes de temática LGBTQIA+. A programação traz 14 filmes de diversos países sobre temas como: intersexualidade, transição de gênero, cultura drag, velhice entre os LGBTQs, vidas na periferia e visibilidade lésbica. Todos os filmes serão disponibilizados a partir das 18h desta sexta e poderão ser vistos até as 23h59 de domingo (30/8). A exceção é o filme “Erik & Erika”, que terá apenas uma sessão, transmitido às 20h de sábado (29/8). Entre os destaques, encontram-se o australiano “52 Terças-feiras”, premiado no Festival de Berlim, sobre uma adolescente que começa a aprender sobre sexualidade no momento em que sua mãe revela planos de transição de gênero, a comédia uruguaia “Os Golfinhos Vão para o Leste”, premiada no Festival de Gravado, o documentário holandês “Galore”, que venceu vários prêmios de cinema LGBTQIA+ ao contar a história de uma famosa drag queen europeia, o espanhol “Por 80 Dias”, premiado no Festival de San Sebastian, sobre a descoberta da sexualidade na Terceira Idade, e o citado “Erik & Erika”, produção austríaca sobre a vida de Erika Schinegger, estrela do esqui dos anos 1970 que sofreu acusações de fraude quando seu segredo biológico veio à tona. A seleção também inclui curtas e media-metragens nacionais, entre eles “Quebramar”, de Cris Lyra, que venceu prêmios internacionais ao acompanhar jovens lésbicas numa praia deserta, e os documentários “Meu Corpo É Político”, de Alice Riff, “Que os Olhos Ruins Não Te Enxerguem”, de Roberto Maty, “MC Jess”, de Carla Villa-Lobos, “Terra sem Pecado”, de Marcelo Costa, e “Minha História É Outra, de Mariana Campos. O endereço de acesso aos filmes é https://www.votelgbt.org/flix
Semana da Black Friday tem grande queima de filmes ruins, com 15 estreias nos cinemas
Nada menos que 15 estreias chegam aos cinemas nesta semana. Quase metade desse total são lançamentos brasileiros e apenas duas produções vem de Hollywood. Apesar dessa proporção, os dois filmes americanos ocupam mais cinemas que todos os demais juntos. Eles são a framboesa dourada da programação: os piores títulos da lista, que exagera na oferta e economiza na qualidade. Com uma ou outra exceção, trata-se da maior queima de filmes ruins do ano, uma verdadeira Black Week. Lançamento mais amplo, a comédia “Pai em Dose Dupla 2” traz a continuação de uma história já encerrada, que não tem para onde ir. Como o conflito original dos personagens foi resolvido no primeiro filme, a trama opta pela fórmula estabelecida na franquia “Entrando Numa Fria” (2000), tornando a sequência “Maior Ainda” (2004) com a inclusão de mais parentes. Após se acertarem e ficarem amigos, o pai e o padrasto vividos por Mark Wahlberg e Will Ferrell terão que lidar com seus próprios pais, vividos, respectivamente, por Mel Gibson (“Herança de Sangue”) e John Lithgow (série “The Crown”). Claro que o primeiro é durão e o segundo amoroso em excesso, e todos terão que conviver durante um Natal em família. Pouco original, a comédia é também sem graça. 17% na avaliação do Rotten Tomatoes. Grande decepção do ano, “Boneco de Neve” tinha a expectativa de ser a primeira adaptação hollywoodiana de um romance de Jo Nesbø, o mestre do suspense nórdico. Com um elenco encabeçado por Michael Fassbender (“X-Men: Apocalipse”) e Rebecca Ferguson (“Missão: Impossível – Nação Secreta”), a trama gira em torno de um serial killer obcecado por degolar mulheres e usá-las em bonecos de neve mórbidos. Mas o que acontece em cena não faz sentido – além do trailer ter entregado todas as reviravoltas. O resultado é tão ruim que ficou com apenas 8% no Rotten Tomatoes e fez o diretor Tomas Alfredson (“O Espião que Sabia Demais”) confessar não ter conseguido filmar todo o roteiro no tempo estipulado pelo estúdio. Um desperdício completo. Assim, a melhor alternativa para acompanhar um pipocão de 2 litros vem da Coreia do Sul. De fato, “A Vilã” é o único filme recomendado pela Pipoca Moderna nesta semana, embora também seja pouco original. O thriller de ação acompanha uma jovem treinada para se tornar assassina profissional de uma agência secreta e é estrelado por Kim Ok-bin (“Sede de Sangue”), que estudou artes marciais antes de virar atriz e até então nunca tivera chance de mostrar suas habilidades. A premissa é realmente a mesma de “Nikita – Criada Para Matar” (1990), a melhor ideia da carreira de Luc Besson – que já tinha sido reciclada no mercado asiático em “Black Cat” (1991), a “versão” made in Hong Kong. O novo filme escapa das armadilhas genéricas graças ao ritmo frenético da direção de Jung Byung-gil (“Confissão de Assassinato”), que é de tirar o chapéu – ou aplaudir de pé, como aconteceu no Festival de Cannes deste ano. Tem 82% de aprovação no Rotten Tomatoes. Fãs da cultura oriental também podem ser tentados pela animação “Por Que Vivemos”. Mas apesar de explorar imagens de lutas marciais, não se trata de um anime de kung fu. Trata-se da adaptação do best-seller de auto-ajuda homônimo, que transforma questionamentos existenciais em espiritualismo didático, com a distração de samurais, kung fu e monges, num desenho muito amador em relação à reconhecida qualidade das animações japonesas. Em outras palavras: um caça-niqueis budista, que não se constrange ante sua contradição inerente. As inevitáveis exibições francófonas da semana são “Barreiras” e “Lola Pater”, que tem o mesmo destaque em comum: grandes divas francesas. O primeiro traz Isabella Huppert (“Elle”) como uma avó que criou a neta e precisa lidar com o retorno da filha, enquanto o segundo tem Fanny Ardant (a eterna “A Mulher do Lado”) como o pai que virou mulher e precisa lidar com o ressurgimento do filho. A distinção de “Lola Pater” é o fato de a família ser muçulmana, o que insere o tema LGBT+ numa cultura extremamente homofóbica. Há também um filme argentino e outro uruguaio, e ambos foram premiados em festivais brasileiros. “Ninguém Está Olhando”, de Julia Solomonoff (“O Último Verão de La Boyita”), foi o grande vencedor do Cine Ceará deste ano e acompanha um astro latino que tenta carreira nos Estados Unidos e não consegue deslanchar – muito loiro para viver latino, com sotaque para interpretar americano – , espelhando trajetórias que costumam se repetir. Já “Os Golfinhos Vão para o Leste” premiou a atriz e codiretora Verónica Perrotta no Festival de Gramado do ano passado. Na trama, ela visita o pai gay e ícone da noite de Punta Del Este, para contar que está grávida. No besteirol que se segue, ambos fingem que são uma família feliz com a novidade. As demais estreias são nacionais. Com maior repercussão, “Não Devore Meu Coração”, primeiro filme solo de Felipe Bragança (codiretor de “A Alegria”), foi exibido nos prestigiosos festivais de Sundance e Berlim, mas fracassou diante da crítica internacional (20% no Rotten Tomatoes), apesar da premissa instigante, bela fotografia e Cauã Raymond (“Alemão”) cada vez melhor em cena. Passado na fronteira entre Brasil e Paraguai, o filme acompanha a história de dois irmãos. Enquanto o mais velho (Reymond) integra uma gangue de motoqueiros em conflito com jovens guaranis, o mais novo se apaixona por uma menina paraguaia. A ambição do roteiro, que envereda pelo faroeste caboclo, nem sempre está à altura do desafio das tramas paralelas e da simbologia de antagonismos remanescentes do século 19. “Quando o Galo Cantar pela Terceira Vez Renegarás Tua Mãe” combina suspense, voyeurismo, esquizofrenia e drama homossexual, numa história sobre um porteiro que vive com uma mãe opressora e desenvolve uma obsessão doentia por um morador. Primeiro longa dirigido por Aaron Salles Torres, roteirista de comédias do Multishow, também é melhor no papel do que na tela. “A Filosofia na Alcova” adapta a obra homônima e perigosa do Marquês de Sade, com produção e encenação do grupo teatral Satyros, numa combinação de trajes de época, maquiagem de pó de arroz e cenários da São Paulo contemporânea. Entretanto, o que chama mais atenção são suas cenas de sexo, praticamente pornográficas, com direito à maior orgia já filmada no Brasil. Evocativo do cinema sexual dos anos 1970, pode chocar quem se acostumou à produção nacional assexuada do século 21, mas as raízes teatrais da encenação – Os Satyros já tinham encenado o texto no palco – mantém o sexo seguro na categoria “de arte”. Com um bônus: não se arrasta na tela, durando 78 minutos para atingir seu clímax na cara dos telespectadores. O besteirol nacional da semana, “Rúcula com Tomate Seco”, é um exemplo típico desse cinema assexuado que fala de sexo o tempo inteiro, atualmente em voga no Brasil. E consegue ser fraco mesmo entre os exemplares do gênero, feito série humorística do Multishow. Escrito, dirigido e estrelado por Arthur Vinciprova, que já tinha acumulado duas dessas funções em “Turbulência” (2016), é uma sucessão de esquetes que incluem a atriz de novela Juliana Paiva (“A Força do Querer”) na função de interesse sexual/romântico do autor/ator. Completam a programação três documentários. Mais convencional, “Lygia, Uma Escritora Brasileira” é uma produção da TV Cultura sobre a escritora Lygia Fagundes Telles, que combina imagens de arquivo e depoimentos. Mais instigante, “Gabeira” traz as opiniões contundentes do jornalista Fernando Gabeira, além de traçar sua história com imagens de arquivo, desde o combate à ditadura, a anistia e a famosa tanga, que escandalizou o Rio em sua volta do exílio, até sua decepção com o populismo petista. Mais cinematográfico, “Xingu Cariri Caruaru Carioca” foi o vencedor da mostra competitiva nacional do Festival In-Edit Brasil 2016 e acompanha o músico Carlos Malta a quatro pontos do Brasil em busca da história nacional das flautas, numa jornada que o leva a tribos indígenas e ao encontro de artistas importantes da tradição do pífano, como João do Pife e Dona Isabel Marques da Silva, a “Zabé da Loca”. Clique nos títulos dos filmes citados para assistir a todos os trailers das estreias da semana.
Domingos de Oliveira é o grande vencedor do Festival de Gramado 2016
O drama “Barata Ribeiro, 716”, do veterano cineasta Domingos de Oliveira, foi o vencedor da 44ª edição do Festival de Gramado. E além do Kikito de Melhor Filme, o diretor também conquistou os troféus de Melhor Direção e Trilha Sonora, que ele assinou. Para completar, seu filme ainda rendeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante para Glauce Guima. A premiação ocorreu na noite de sábado (3/9) e, segundo informações dos grandes portais, manteve o tom político que marcou a abertura do festival, quando foi exibido “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. Além de discursos e slogans, alguns atores carregavam cartazes de protesto. Teve até faixa da época das “Diretas Já”, numa demonstração anacrônica. E quando o logotipo do Ministério da Cultura, que apoia o evento e o cinema brasileiro, foi exibido, vaias sonoras foram disparadas. Há quatro meses, quando o Ministério foi temporariamente extinto, a classe artística entrou em frenesi, com medo de um apagão cultural, graças ao destino incerto dos financiamentos públicos, e promoveu ocupações de museus e equipamentos culturais para pedir sua volta. O Ministério voltou, o novo ministro garantiu a manutenção dos programas de financiamento. E o que em maio era considerado primordial para a existência da classe, após o afago e a mão estendida passou a ser metaforicamente apedrejado e escarrado, como no poema de Augusto dos Anjos. Nada disso impediu a emocionante consagração de Domingos de Oliveira. O diretor foi ao palco receber seus prêmios amparado por Caio Blat, protagonista de “Barata Ribeiro, 716”, que interpreta um alterego do cineasta, já que a trama é baseada em memórias de sua juventude. Por sofrer de Mal de Parkinson, Oliveira tem dificuldades para caminhar e falar. Seu discurso, ao receber o troféu de Melhor Direção, foi uma contagem até 79, sua idade. “A vida não é curta. É curtíssima”, acrescentou, conforme registro do G1. Na “curta” carreira do cineasta, “Barata Ribeiro, 716” é seu 18º longa-metragem. Foi aplaudido de pé pelo público presente ao Palácio dos Festivais, lotado. O filme se passa na época de um golpe de estado verdadeiro, ao acompanhar o engenheiro e aspirante a escritor Felipe (Caio Blat) numa vida de festas alucinantes, no apartamento que ganhou do seu pai na famosa rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Lá, ele e seus amigos desfrutam de tudo que a liberdade pode oferecer durante o começo dos anos 1960. Liberdade que terminaria com o golpe militar de 1964. A segunda vitória mais aplaudida foi a de Andreia Horta, ao receber o Kikito de Melhor Atriz pelo papel-título de “Elis”, cinebiografia da cantora gaúcha Elis Regina. “Quero agradecer a todos que acreditaram que eu podia fazer esse trabalho”, discursou ela, feliz pelo reconhecimento obtido “aqui, na terra dela, no Sul”. O filme chega aos cinemas em 24 de novembro. “O Roubo da Taça” foi outro destaque da premiação. O filme de Caíto Ortiz rompeu uma tradição de Gramado, que não costuma premiar comédias, e levou quatro estatuetas: Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro e Melhor Ator para Paulo Tiefenthaler, considerado, segundo o UOL, a zebra da noite, já que as apostas eram em Caio Blat. “Ainda existe preconceito com a comédia, precisa ter timing, não é só ser uma aventura ou um filme de gags. A situação toda é patética e, dentro disso, fizemos um filme bom. Foi um presente, um reconhecimento”, declarou Tiefenthaler ao portal, refletindo sobre o tema da produção: o roubo da Taça Jules Rimet do interior da CBF. “O Silêncio do Céu” levou o prêmio especial do júri. Apesar de protagonizado por Carolina Dieckmann e Leonardo Sbaraglia, o longa de suspense é falado em espanhol, com apenas uma curta cena em português. O filme também já possuiu estreia agendada nos cinemas para breve, no dia 22 de setembro. Entre as premiações de curta-metragem, categoria vencida pelo brasiliense “Rosinha”, de Gui Campos, chamou atenção a lembrança de Elke Maravilha, recentemente falecida, que conquistou um Prêmio Especial do Júri por seu desempenho em “Super Oldboy”, filme que ainda venceu o troféu do público. Confira abaixo a lista completa com todos os prêmios. Vencedores do Festival de Gramado 2016 LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS Melhor Filme “Barata Ribeiro, 716”, de Domingos Oliveira Melhor Direção Domingos Oliveira (“Barata Ribeiro, 716”) Melhor Atriz Andréia Horta (“Elis”) Melhor Ator Paulo Tiefenthaler (“O Roubo da Taça”) Melhor Atriz Coadjuvante Glauce Guima (“Barata Ribeiro, 716”) Melhor Ator Coadjuvante Bruno Kott (“El Mate”) Melhor Roteiro Lucas Silvestre e Caíto Ortiz (“O Roubo da Taça”) Melhor Fotografia Ralph Strelow (“O Roubo da Taça”) Melhor Montagem Tiago Feliciano (“Elis”) Melhor Trilha Musical Domingos Oliveira (“Barata Ribeiro, 716”) Melhor Direção de Arte Fábio Goldfarb (“O Roubo da Taça”) Melhor Desenho de Som Daniel Turini, Fernando Henna, Armando Torres Jr. e Fernando Oliver (“O Silêncio do Céu”) Melhor Filme – Júri Popular “Elis”, de Hugo Prata Melhor Filme – Júri da Crítica “O Silêncio do Céu”, de Marco Dutra Prêmio Especial do Júri “O Silêncio do Céu”, pelo domínio da construção narrativa e da linguagem cinematográfica LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS Melhor Filme “Guaraní”, de Luis Zorraquín Melhor Direção Fernando Lavanderos (“Sin Norte”) Melhor Atriz Verónica Perrotta (“Os Golfinhos Vão para o Leste”) Melhor Ator Emilio Barreto (“Guaraní”) Melhor Roteiro Luis Zorraquín e Simón Franco (“Guaraní”) Melhor Fotografia Andrés Garcés (“Sin Norte”) Melhor Filme – Júri Popular “Esteros”, de Papu Curotto Melhor Filme – Júri da Crítica “Sin Norte”, de Fernando Lavanderos Prêmio Especial do Júri “Esteros”, pela direção delicada e inteligente da história de amor dos atores mirins. CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS Melhor Filme “Rosinha”, de Gui Campos Melhor Direção Felipe Saleme (“Aqueles Cinco Segundos”) Melhor Atriz Luciana Paes (“Aqueles Cinco Segundos”) Melhor Ator Allan Souza Lima (“O Que Teria Acontecido ou Não Naquela Calma e Misteriosa Tarde de Domingo no Jardim Zoológico”) Melhor Roteiro Gui Campos (“Rosinha”) Melhor Fotografia Bruno Polidoro (“Horas”) Melhor Montagem André Francioli (“Memória da Pedra”) Melhor Trilha Musical Kito Siqueira (“Super Oldboy”) Melhor Direção de Arte Camila Vieira (“Deusa”) Melhor Desenho de Som Jeferson Mandú (“O Ex-Mágico”) Melhor Filme – Júri Popular “Super Oldboy”, de Eliane Coster Melhor Filme – Júri da Crítica “Lúcida”, de Fabio Rodrigo e Caroline Neves Prêmio Especial do Júri Elke Maravilha (“Super Oldboy”) e Maria Alice Vergueiro (“Rosinha”), pela contribuição artística de ambas Prêmio Aquisição Canal Brasil “Rosinha”, de Gui Campos



