Domingos de Oliveira é o grande vencedor do Festival de Gramado 2016

O drama “Barata Ribeiro, 716”, do veterano cineasta Domingos de Oliveira, foi o vencedor da 44ª edição do Festival de Gramado. E além do Kikito de Melhor Filme, o diretor também conquistou […]

O drama “Barata Ribeiro, 716”, do veterano cineasta Domingos de Oliveira, foi o vencedor da 44ª edição do Festival de Gramado. E além do Kikito de Melhor Filme, o diretor também conquistou os troféus de Melhor Direção e Trilha Sonora, que ele assinou. Para completar, seu filme ainda rendeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante para Glauce Guima.

A premiação ocorreu na noite de sábado (3/9) e, segundo informações dos grandes portais, manteve o tom político que marcou a abertura do festival, quando foi exibido “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. Além de discursos e slogans, alguns atores carregavam cartazes de protesto. Teve até faixa da época das “Diretas Já”, numa demonstração anacrônica. E quando o logotipo do Ministério da Cultura, que apoia o evento e o cinema brasileiro, foi exibido, vaias sonoras foram disparadas.

Há quatro meses, quando o Ministério foi temporariamente extinto, a classe artística entrou em frenesi, com medo de um apagão cultural, graças ao destino incerto dos financiamentos públicos, e promoveu ocupações de museus e equipamentos culturais para pedir sua volta. O Ministério voltou, o novo ministro garantiu a manutenção dos programas de financiamento. E o que em maio era considerado primordial para a existência da classe, após o afago e a mão estendida passou a ser metaforicamente apedrejado e escarrado, como no poema de Augusto dos Anjos.

Nada disso impediu a emocionante consagração de Domingos de Oliveira. O diretor foi ao palco receber seus prêmios amparado por Caio Blat, protagonista de “Barata Ribeiro, 716”, que interpreta um alterego do cineasta, já que a trama é baseada em memórias de sua juventude. Por sofrer de Mal de Parkinson, Oliveira tem dificuldades para caminhar e falar. Seu discurso, ao receber o troféu de Melhor Direção, foi uma contagem até 79, sua idade. “A vida não é curta. É curtíssima”, acrescentou, conforme registro do G1. Na “curta” carreira do cineasta, “Barata Ribeiro, 716” é seu 18º longa-metragem. Foi aplaudido de pé pelo público presente ao Palácio dos Festivais, lotado.

O filme se passa na época de um golpe de estado verdadeiro, ao acompanhar o engenheiro e aspirante a escritor Felipe (Caio Blat) numa vida de festas alucinantes, no apartamento que ganhou do seu pai na famosa rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Lá, ele e seus amigos desfrutam de tudo que a liberdade pode oferecer durante o começo dos anos 1960. Liberdade que terminaria com o golpe militar de 1964.

A segunda vitória mais aplaudida foi a de Andreia Horta, ao receber o Kikito de Melhor Atriz pelo papel-título de “Elis”, cinebiografia da cantora gaúcha Elis Regina. “Quero agradecer a todos que acreditaram que eu podia fazer esse trabalho”, discursou ela, feliz pelo reconhecimento obtido “aqui, na terra dela, no Sul”. O filme chega aos cinemas em 24 de novembro.

“O Roubo da Taça” foi outro destaque da premiação. O filme de Caíto Ortiz rompeu uma tradição de Gramado, que não costuma premiar comédias, e levou quatro estatuetas: Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro e Melhor Ator para Paulo Tiefenthaler, considerado, segundo o UOL, a zebra da noite, já que as apostas eram em Caio Blat. “Ainda existe preconceito com a comédia, precisa ter timing, não é só ser uma aventura ou um filme de gags. A situação toda é patética e, dentro disso, fizemos um filme bom. Foi um presente, um reconhecimento”, declarou Tiefenthaler ao portal, refletindo sobre o tema da produção: o roubo da Taça Jules Rimet do interior da CBF.

“O Silêncio do Céu” levou o prêmio especial do júri. Apesar de protagonizado por Carolina Dieckmann e Leonardo Sbaraglia, o longa de suspense é falado em espanhol, com apenas uma curta cena em português. O filme também já possuiu estreia agendada nos cinemas para breve, no dia 22 de setembro.

Entre as premiações de curta-metragem, categoria vencida pelo brasiliense “Rosinha”, de Gui Campos, chamou atenção a lembrança de Elke Maravilha, recentemente falecida, que conquistou um Prêmio Especial do Júri por seu desempenho em “Super Oldboy”, filme que ainda venceu o troféu do público. Confira abaixo a lista completa com todos os prêmios.

Vencedores do Festival de Gramado 2016

LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor Filme
“Barata Ribeiro, 716”, de Domingos Oliveira

Melhor Direção
Domingos Oliveira (“Barata Ribeiro, 716”)

Melhor Atriz
Andréia Horta (“Elis”)

Melhor Ator
Paulo Tiefenthaler (“O Roubo da Taça”)

Melhor Atriz Coadjuvante
Glauce Guima (“Barata Ribeiro, 716”)

Melhor Ator Coadjuvante
Bruno Kott (“El Mate”)

Melhor Roteiro
Lucas Silvestre e Caíto Ortiz (“O Roubo da Taça”)

Melhor Fotografia
Ralph Strelow (“O Roubo da Taça”)

Melhor Montagem
Tiago Feliciano (“Elis”)

Melhor Trilha Musical
Domingos Oliveira (“Barata Ribeiro, 716”)

Melhor Direção de Arte
Fábio Goldfarb (“O Roubo da Taça”)

Melhor Desenho de Som
Daniel Turini, Fernando Henna, Armando Torres Jr. e Fernando Oliver (“O Silêncio do Céu”)

Melhor Filme – Júri Popular
“Elis”, de Hugo Prata

Melhor Filme – Júri da Crítica
“O Silêncio do Céu”, de Marco Dutra

Prêmio Especial do Júri
“O Silêncio do Céu”, pelo domínio da construção narrativa e da linguagem cinematográfica

LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS

Melhor Filme
“Guaraní”, de Luis Zorraquín

Melhor Direção
Fernando Lavanderos (“Sin Norte”)

Melhor Atriz
Verónica Perrotta (“Os Golfinhos Vão para o Leste”)

Melhor Ator
Emilio Barreto (“Guaraní”)

Melhor Roteiro
Luis Zorraquín e Simón Franco (“Guaraní”)

Melhor Fotografia
Andrés Garcés (“Sin Norte”)

Melhor Filme – Júri Popular
“Esteros”, de Papu Curotto

Melhor Filme – Júri da Crítica
“Sin Norte”, de Fernando Lavanderos

Prêmio Especial do Júri
“Esteros”, pela direção delicada e inteligente da história de amor dos atores mirins.

CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor Filme
“Rosinha”, de Gui Campos

Melhor Direção
Felipe Saleme (“Aqueles Cinco Segundos”)

Melhor Atriz
Luciana Paes (“Aqueles Cinco Segundos”)

Melhor Ator
Allan Souza Lima (“O Que Teria Acontecido ou Não Naquela Calma e Misteriosa Tarde de Domingo no Jardim Zoológico”)

Melhor Roteiro
Gui Campos (“Rosinha”)

Melhor Fotografia
Bruno Polidoro (“Horas”)

Melhor Montagem
André Francioli (“Memória da Pedra”)

Melhor Trilha Musical
Kito Siqueira (“Super Oldboy”)

Melhor Direção de Arte
Camila Vieira (“Deusa”)

Melhor Desenho de Som
Jeferson Mandú (“O Ex-Mágico”)

Melhor Filme – Júri Popular
“Super Oldboy”, de Eliane Coster

Melhor Filme – Júri da Crítica
“Lúcida”, de Fabio Rodrigo e Caroline Neves

Prêmio Especial do Júri
Elke Maravilha (“Super Oldboy”) e Maria Alice Vergueiro (“Rosinha”), pela contribuição artística de ambas

Prêmio Aquisição Canal Brasil
“Rosinha”, de Gui Campos