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    10 filmes: Estreias digitais da semana vão da animação ao terror

    25 de fevereiro de 2022 /

    A programação de lançamentos digitais traz três boas animações para as crianças e dois terrores instigantes para os adultos, além da nova performance cinematográfica de Lady Gaga e o último filme de Woody Allen, entre outras opções. Confira abaixo 10 dicas de estreias, com seus respectivos trailers. SING 2 | NOW, VOD* A continuação de “Sing: Quem Canta Seus Males Espanta” (2016), animação-karaokê em que bichos buscam o estrelato cantando sucessos da música pop, volta a reunir os integrantes do concurso de calouros do primeiro filme. Desta vez, eles convencem um magnata do entretenimento a bancar seu grande show, mentindo que um cantor lendário será a atração principal. Só que o tal ídolo do rock se encontra recluso. Além da volta dos dubladores originais, incluindo Matthew McConaughey, Reese Witherspoon, Scarlett Johansson, Taron Egerton, Tori Kelly e Nick Kroll, “Sing 2” traz ninguém menos que Bono Vox, do U2, como o cantor icônico que os protagonistas tentam convencer a retomar a carreira. Envolvida na produção – e com várias músicas na trilha – , a banda U2 compôs a música-tema do desenho. Para não ficar atrás, a versão dublada em português também incluiu alguns cantores brasileiros, com destaque para Sandy, Lexa, Wanessa Camargo, Paulo Ricardo, Any Gabrielly e até a dupla de pai e filho Fábio Jr e Fiuk. RON BUGADO | DISNEY+ A animação apresenta a mania do futuro: o B-Bot, um mini-robô conectado (que parece a evolução final da Alexa), introduzido como o novo melhor amigo de todas as crianças. Exceto de Barney, um garoto de 11 anos que ganha do pai uma versão do robô que não funciona direito. Todo atrapalhado, o robô bugado acaba criando tanta confusão que passa a ser perseguido pelos fabricantes para ser triturado. Só que, a essa altura, o menino já acha que o Ron Bugado é seu melhor amigo. Dirigida pelo trio Sarah Smith (“Operação Presente”), Jean-Philippe Vine (“Shaun, o Carneiro”) e Octavio E. Rodriguez (“As Épicas Aventuras do Capitão Cueca”), a animação tem as vozes originais de Jack Dylan Grazer (“Shazam!”), Olivia Colman (“A Favorita”), Rob Delaney (“Deadpool 2”) e da dupla de “Se Beber Não Case”, Zach Galifianakis e Ed Helms.   LINK PERDIDO | DISNEY+ A nova animação em stop-motion do estúdio Laika acompanha a descoberta do Elo Perdido, popularmente conhecido como o monstro Pé-Grande, por um explorador britânico que se surpreende pelos modos civilizados da criatura. Cansado de fugir da humanidade, o monstro pede ajuda ao famoso aventureiro para acompanhá-lo numa jornada ao outro lado do mundo, querendo encontrar o resto de sua família perdida, os abomináveis homens da neve, que vivem no vale lendário de Shangri-La. Roteiro e direção são de Chris Butler, que dirigiu “ParaNorman” (2012) do mesmo estúdio, e o elenco espetacular de dubladores originais destaca o comediante Zach Galifianakis (“Se Beber, Não Case”) como o personagem-título e Hugh Jackman (“Logan”) como o explorador, além de Zoe Saldana (“Guardiões da Galáxia”), Emma Thompson (“Walt nos Bastidores de Mary Poppins”), Timothy Olyphant (“Santa Clarita Diet”), Matt Lucas (“Doctor Who”) e Stephen Fry (franquia “O Hobbit”).   CASA GUCCI |VOD* O veterano cineasta Ridley Scott (“Gladiador”) estreia no gênero “true crime”, misturando melodrama novelesco sobre ricos e famosos com elementos de filmes de máfia – a luta fraticida pelo poder, traições, informantes policiais, assassinos profissionais e atores americanos forçando sotaque italiano. Apesar disso, é um filme sobre uma grife do mercado de luxo. A produção é centrada no maior escândalo dos bastidores da grife Gucci, envolvendo Maurizio Gucci, vivido por Adam Driver (“Star Wars: A Ascensão Skywalker”), e sua esposa Patrizia Reggiani, personagem de Lady Gaga. Eles foram casados por 12 anos, entre 1973 e 1985, e tiveram duas filhas. Até o herdeiro milionário trocá-la por uma mulher mais nova. Como vingança, Patrizia encomendou o assassinato do ex-marido a um matador profissional. O papel de Reggiani marca o primeiro projeto de Lady Gaga no cinema desde “Nasce Uma Estrela” (2018), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz – além da conquista do troféu de Melhor Canção Original por “Shallow”. E, de forma impressionante, ela ofusca os colegas, que incluem Jeremy Irons (“Watchmen”), Al Pacino (“O Irlandês”), Salma Hayek (“Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime”) e um irreconhecível Jared Leto (“Esquadrão Suicida”) careca. A performance desde último foi homenageada com duas indicação ao troféu Framboesa de Ouro, que elege os piores do ano.   LAMB | MUBI Premiado na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes de 2021 e com 85% de aprovação no site Rotten Tomatoes, a fábula de terror acompanha um casal isolado numa fazenda de ovelhas da Islândia. Durante o parto de um dos animais, um filhote diferente vem à luz e passa a ser criado como filho do casal. Logo, o bebê começa a andar sobre duas patas. Primeiro filme dirigido por Valdimar Jóhannsson, que trabalhou nos efeitos das sci-fi “Prometheus”, “Rogue One” e “Guerra do Amanhã”, “Lamb” é estrelado por Noomi Rapace (também de “Prometheus”) e Hilmir Snaer Gudnason (“O Mar”). E é perturbador, da forma mais gratificante possível para fãs do cinema fantástico.   ESPÍRITOS OBSCUROS | STAR+ O terror acompanha a relação de um menino e uma criatura que vive em sua casa, que ele alimenta de animais mortos e a quem chama de “pai”. Até que o monstro escapa, deixando um rastro de mortes sangrentas para a polícia investigar. O elenco é encabeçado por Keri Russell (“The Americans”), que vive a professora da criança, e Jeremy T. Thomas (“The Righteous Gemstones”) no papel do menino. Além deles, também há destaque para Jesse Plemons (“El Camino”) como um policial. “Espíritos Obscuros” é baseado num conto de Nick Antosca (criador de “Channel Zero”), tem direção de Scott Cooper (“Aliança do Crime”) e foi produzido pelo vencedor do Oscar Guillermo del Toro (“A Forma da Água”).   O FESTIVAL DO AMOR | NOW, VIVO PLAY, VOD* O último filme de Woody Allen foi realizado em meio à campanha de difamação movida por seus filhos, Dylan e Ronan Farrow, que retomaram antigas acusações por um suposto abuso cometido contra Dylan quando ela tinha sete anos. Inocentado na época, mas condenado 30 nos depois na opinião pública, Allen perdeu parceiros de negócios e viu atores que venceram o Oscar com sua ajuda virarem-lhe as costas. Por conta disso, “O Festival do Amor” é o mais independente de seus filmes, sem produtora americana ou grandes astros. Rodado no verão de 2019 em San Sebastián, na Espanha, a trama gira em torno de um casal americano que participa do Festival de cinema local. O elenco é basicamente europeu, formado pelos espanhóis Elena Anaya (“A Pele que Habito”) e Sergi López (“O Labirinto do Fauno”), o francês Louis Garrel (“O Oficial e o Espião”), o austríaco Christoph Waltz (“007 Contra Spectre”) e dois atores americanos nos papéis principais, Gina Gershon (“Riverdale”) e Wallace Shawn (“Young Sheldon”).   A DONA DO BARATO | NOW, VIVO PLAY, VOD* A comédia francesa traz Isabelle Huppert (“Elle”) como uma tradutora que trabalha para a polícia e se envolve com o tráfico de drogas. Politicamente incorreto, o trabalho do diretor Jean-Paul Salomé (“Se Fazendo de Morto”) tem 78% de aprovação no Rotten Tomatoes e foi indicado ao César (o Oscar francês) de Melhor Roteiro.   LINHA TÊNUE | NOW, VIVO PLAY, VOD* Um jovem paramédico, talentoso e dedicado, enfrenta problemas em seu casamento. Sua esposa está farta de ele se importar mais com os pacientes do que com ela, enquanto ele luta para arranjar mais tempo para ela. Lançado nos cinemas em 2017, o drama do russo Boris Khlebnikov (“Roads to Koktebel”) tem 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e venceu 31 prêmios internacionais, incluindo o troféu de Melhor Ator para Aleksandr Yatsenko (da série “Cidade dos Mortos”) no Festival de Karlovy Vary.   LONGA JORNADA NOITE ADENTRO | MUBI Em clima de sonho, o filme acompanha a busca do protagonista Luo Hongwu (Jue Huang) por uma mulher misteriosa (a bela Wei Tang, de “Desejo e Perigo”), com quem passou um verão há 20 anos. Enquanto a primeira metade da trama lida com o caráter vago da memória, a segunda usa um longo plano-sequência para aproximar o protagonista do fim de sua jornada, revelando uma comunidade festiva no interior chinês e segredos que ele não esperava encontrar. Quinto longa do diretor Bi Gan, foi exibido no Festival de Cannes e venceu 16 prêmios internacionais.     * Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente nas plataformas Apple TV, Google Play, Looke, Microsoft Store e YouTube, entre outras, sem necessidade de assinatura mensal.

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    Dean Stockwell (1936–2021)

    9 de novembro de 2021 /

    O famoso ator Dean Stockwell, que teve carreira longuíssima e repleta de clássicos – e até filmou no Brasil – , morreu na manhã do último domingo (7/11) de causas naturais, aos 85 anos. Filho de Harry Stockwell, que dublou o Príncipe Encantado em “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), Dean e seu irmão mais velho, Guy Stockwell (“Beau Gest”), começaram a trabalhar ainda nos anos 1940 como atores mirins. Ao estrear na Broadway com 7 anos, ele chamou atenção da MGM e se mudou para Hollywood, onde passou a filmar e estudar ao lado de colegas de classe famosos, como Roddy McDowall, Elizabeth Taylor, Jane Powell e Russ Tamblyn. A estreia no cinema foi como uma criança fugitiva no famoso musical “Marujos do Amor” (1945) ao lado de Frank Sinatra e Gene Kelly. O sucesso do filme o fez emendar várias produções no período, até começar a ser escalado como protagonista aos 12 anos, em “O Órfão do Mar” (1948), de Henry King, e “O Menino de Cabelos Verdes” (1948), de Joseph Losey, em que viveu os personagens-títulos. Em sua infância, ele foi dirigido por alguns dos maiores mestres da velha Hollywood, em obras como “A Luz é para Todos” (1947), de Elia Kazan, que lhe rendeu um Globo de Ouro juvenil, “Capitães do Mar” (1949), de Henry Hathaway, “O Jardim Encantado” (1949), de Fred M. Wilcox, “O Testamento de Deus” (1950), de Jacques Tourneur, e “Era Sempre Primavera” (1950), de William A. Wellman. Seu papel-título na aventura “Kim” (1950), na qual contracenou com Errol Flynn, chegou a inspirar o lançamento de uma revista em quadrinhos. Mas seu contrato com a MGM acabou quando ele chegou os 16 anos. No auge da popularidade, Stockwell decidiu pausar a carreira para se formar na Hamilton High School em Los Angeles e estudar na faculdade em Berkeley, antes de, inspirado por “On the Road”, viajar pelo país. Só que, após um hiato de cinco anos, encontrou dificuldades para retomar as atividades, passando a atuar na TV, onde fez vários teleteatros, e também nos palcos. Até que seu desempenho na Broadway lhe reconduziu ao cinema. Após uma década vivendo o bom menino, ele reapareceu em “Estranha Obsessão” (1959), de Richard Fleischer, como um dos psicopatas universitários que matam um colega só para provar que era possível cometer um crime perfeito. Stockwell reprisava um papel que tinha vivido nos palcos de Nova York, e que por isso sabia de cor. De fato, foi tão magistral que acabou consagrado no Festival de Cannes de 1959 com o troféu de Melhor Ator. A partir daí, emendou outros papéis dramáticos importantes. Em “Filhos e Amantes” (1960), de Jack Cardiff, foi um jovem artista que busca uma vida diferente de sua família de mineiros. Em outro clássico, “Longa Jornada Noite Adentro” (1962), de Sydney Lumet, foi o filho doente terminal de uma família doentia, inspirado na juventude do escritor Eugene O’Neill. A interpretação depressiva lhe rendeu seu segundo prêmio de Melhor Ator em Cannes, em 1962. Apesar do impacto dessas produções, seu filme seguinte, “Nasce uma Mulher”, só estreou em 1965, e para se manter Stockwell precisou ampliar as participações na TV, conseguindo um papel recorrente na popular série médica “Dr. Kildare” em 1965. Isto, porém, fechou-lhe as portas das produções de prestígio, iniciando outra fase em sua carreira. Stockwell descobriu as drogas, mudou-se para San Francisco e entrou na contracultura como um hippie sábio em “Busca Alucinada” (1968), filme psicodélico de Richard Rush que também trazia Jack Nicholson como guitarrista de uma banda de rock. E após uma rápida transformação em vilão de terror em “O Altar do Diabo” (1970), mergulhou de vez no cinema contracultural. Viveu o pistoleiro Billy the Kid no filme dentro do filme de “O Último Filme” (1971), obra maldita do eterno hippie Dennis Hopper, de quem se tornou amigo inseparável. Foi ainda um repórter-lobisomem nos bastidores do poder político em “O Lobisomem de Washington” (1973), cult marginal de Milton Moses Ginsberg. E voltou a encontrar Hopper como um hipster em “Tracks” (1974), de Henry Jaglom, sobre traumas da Guerra do Vietnã. Foram filmes cultuadíssimos, mas que pagaram bem menos que ele estava acostumado. Por isso, sua carreira televisiva como ator convidado multiplicou-se com participações em “Bonanza”, “Missão: Impossível”, “Mannix”, “Galeria do Terror”, “Columbo”, “Cannon”, “São Francisco Urgente”, “Os Novos Centuriões”, “Casal 20” e “Esquadrão Classe A”, entre muitas outras séries. Sem atenção de Hollywood, Stockwell estrelou “Alsino e o Condor” (1982), produção da Nicarágua que acabou indicada ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, e o mexicano “Matar um Estranho” (1983). Até se desiludir de vez e resolver abandonar o cinema para vender imóveis no Novo México. Entretanto, para complementar a renda, aceitou fazer um último filme de um diretor alemão. Tudo mudou com o filme do tal alemão. Em 1984, ele viveu o irmão de Harry Dean Staton em “Paris, Texas”. O drama do cineasta Wim Wenders acabou vencendo o Festival de Cannes e se tornando um dos longas mais famosos da década. Sua filmografia reviveu com uma coleção de pequenas participações inesquecíveis. Ele apareceu na primeira versão da sci-fi “Duna” (1984), sob a direção de David Lynch, no cult adolescente “A Lenda de Billie Jean” (1985) e no thriller policial “Viver e Morrer em Los Angeles” (1986), de William Friedkin, antes de atingir o ápice com sua melhor pequena participação de todas, o cafetão-traficante Ben de “Veludo Azul” (1986), novamente dirigido por Lynch e ao lado do velho amigo Dennis Hopper. A cena em que ele canta Roy Orbison para o torturado Kyle MacLachlan figura entre as mais icônicas do cinema moderno. Em seguida, ele enfrentou Eddie Murphy em “Um Tira da Pesada II” (1987) e fez uma dobradinha de filmes para Francis Ford Coppola, “Jardins de Pedra” (1987) e “Tucker: Um Homem e seu Sonho” (1988), até ter seu status de ladrão de cenas consagrado pela Academia, com uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo desempenho como um chefão da máfia na comédia “De Caso com a Máfia” (1988), de Jonathan Demme. Foi nesse período que acabou vindo filmar no Brasil, onde, sem falar português, viveu o patrão de “Jorge, um Brasileiro” (1988), drama caminhoneiro dirigida por Paulo Thiago, com Carlos Alberto Riccelli e Glória Pires no elenco. Na projeção nacional, foi dublado por Odilon Wagner. Ao voltar aos EUA, Stockwell passou a se dedicar a seu papel mais duradouro na TV, interpretando o almirante Al Calavicci em cinco temporadas da série “Quantum Leap” (1989–1993), que lhe renderam indicações ao Emmy em quatro anos consecutivos. “Ele costumava anunciar sua chegada no estúdio com um grito: ‘A diversão começa agora!’. Palavras mais verdadeiras nunca foram ditas”, lembrou Scott Bakula, seu colega de elenco na série, em depoimento à imprensa nesta terça (9/11). Stockwell ainda fez nova parceria com Dennis Hopper em “Atraída pelo Perigo” (1990), foi um agente de talentos desesperado num dos melhores longas de Robert Altman, “O Jogador” (1992), atuou no thriller de ação “Força Aérea Um” (1997), com Harrison Ford, e até retomou as colaborações com Coppola em “O Homem Que Fazia Chover” (1997), vivendo um juiz corrupto. Mas depois disso seus melhores papéis foram na TV, principalmente como John Cavill, um dos robôs humanoides vilões do reboot de “Battlestar Galactica”, entre 2006 e 2009. Em 2015, ele se aposentou da carreira de ator e passou a se dedicar às artes plásticas. Artista talentoso, Stockwell já tinha se destacado ao projetar a arte da capa de um álbum de Neil Young, “American Stars ‘n Bars”, de 1977, e exibia suas obras por várias regiões nos Estados Unidos com seu nome completo: Robert Dean Stockwell.

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    Longa Jornada Noite Adentro é cinema de sonho

    18 de maio de 2019 /

    O cinema é a forma de arte com maior capacidade de se aproximar do sonho, embora nem todos consigam trabalhar de maneira satisfatória com o onirismo no cinema. Ao falar de sonho lembra-se de Luis Buñuel, de David Lynch, de Alejandro Jodorowsky, de Alain Resnais, de Andrei Tarkovski, de Ingmar Bergman. São poucos, na verdade, os cineastas que conseguem transformar o cinema em matéria onírica. Eis que do cinema chinês, que atualmente vem tratando mais de questões sociais e políticas em seus dramas, surge o jovem cineasta Gan Bi e seu impressionante “Longa Jornada Noite Adentro”, que pega emprestado o título da peça de Eugene O’Neill, embora não guarde muita relação. O título é explicativo quando entramos na segunda metade do filme, que usa um longo plano-sequência para nos levar para uma jornada noturna em busca de uma mulher. Por mais que a primeira parte seja hermética e por vezes confusa, uma vez que passamos por ela, somos tragados por uma das mais fascinantes viagens já mostradas pelo cinema. A primeira parte lida com o tempo escorregadio e o caráter vago da memória. A memória de quase duas décadas, quando o protagonista Luo Hongwu (Jue Huang) conheceu uma mulher misteriosa, Wan Qiwen (a bela Wei Tang, de “Desejo e Perigo”). Fragmentos de memória parecem se juntar à imagens de ficção ou de sonhos, como que de um filme visto por Hongwu que talvez tenha se misturado às lembranças. Em entrevista, Gan Bi disse que sempre se sentiu em perigo durante as filmagens, como se ele estivesse prestes a destruir o filme, a fazer alguma decisão errada, ou a destruir a si mesmo. Algo parecido pode ser refletido no espectador, como uma espécie de angústia, ao mesmo tempo em que a sensação de se perder na noite é extremamente excitante. É como saber que se está em um sonho, mas que aquele espaço/tempo é o único possível para que o encontro daquele homem com a mulher de sua vida seja materializado. Embora a palavra matéria não seja exatamente algo que se possa pensar de uma obra tão pouco tangível. Lembrar do filme e dessas sensações que ele provoca é aumentar ainda mais o amor, o respeito e o fascínio por essa maravilha sombria e romântica, lindamente orquestrada por um cineasta que, em seu segundo longa-metragem, mostra um virtuosismo impressionante. O que dizer da cena do pingue-pongue com o garoto na mina? E da raquete mágica? E a do encontro com a garota da sinuca? E a conversa com a mulher da tocha? São cenas tão cheias de elementos oníricos fortes que nos arrebatam como poucos. E ainda por cima há todo um cuidado visual. Há o vestido verde de Wan Qiwen: sempre que a cor aparece nos lembramos dela. Há um cuidado todo especial com cada enquadramento, cores e cenário, mesmo sendo tudo tão sombrio e noturno. Meus amigos, estamos diante de um dos grandes filmes do novo século. Um detalhe curioso da carreira comercial de “Longa Jornada Noite Adentro” é que o filme teve uma campanha de marketing na China semelhante à de um blockbuster (há a utilização de tecnologia 3D na segunda metade em algumas salas, o que ajuda), mas que ocasionou muitas reclamações. Afinal, quem foi ao cinema não estava preparado para um filme de arte. Assim, houve uma saída em peso de pessoas no meio dessas sessões iniciais. Se parte do público foi enganado, nem por isso deixou de ser, ainda que não admita, privilegiado.

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    Detetive Pikachu e Cemitério Maldito são as principais estreias de cinema

    9 de maio de 2019 /

    Dois grandes lançamentos vão disputar o público nesta quinta (9/5), sob a sombra gigante de “Vingadores: Ultimato” – que continua em cartaz em mais cinemas. “Pokémon – Detetive Pikachu” tem estreia simultânea com os Estados Unidos, enquanto “Cemitério Maldito” já passou pelo mercado norte-americano sem justificar o investimento do estúdio. O melhor deles é mesmo o que tem o protagonista “de pelúcia” irresistível, detalhe que ajuda muito, considerando que é baseado num game específico e obscuro da Nintendo, em que Pikachu tem um chapeuzinho de Sherlock Holmes e fala. Na versão hollywoodiana, o personagem de Justice Smith (de “Jurassic World: Reino Ameaçado”) é o único que entende o que o Pikachu diz. O resto da população reage como os fãs da série animada “Pokémon”, ouvindo apenas pika-pika-pika – o que soa como uma palavrão na voz de Ryan Reynolds (o Deadpool), dublador do personagem e responsável pelas melhores piadas. Mesmo respeitando a premissa do game, a produção aproveita para preencher a trama com muitos pokémons, inclusive com easter eggs da série animada japonesa, situando a história no mesmo mundo da franquia. E este detalhe é a principal atração do filme, o primeiro lançamento live-action de “Pokémon”. Já “Cemitério Maldito” muda detalhes do livro homônimo de Stephen King, mas não consegue ser mais que um mero remake de terror. Não acredite no hype: sem Ramones, não tem como a nova versão ser melhor que o original de 1989. Ambos tem notas similares no Rotten Tomatoes: medíocres. Sobram 11 lançamentos, todos direcionados ao diminuto e lotado circuito limitado. Um deles, inclusive, pulou da semana passada para esta, porque não encontrou salas disponíveis – veja-se, lá em cima, “Vingadores: Ultimato”. E é justamente o melhor dos títulos de ficção. Vencedor de cinco troféus da Academia Austríaca, “Mademoiselle Paradis” faz uma reconstrução requintada de época – o século 17 – e capricha na fotografia para contar a história real de uma célebre pianista cega (Maria Theresia Paradis, em interpretação gloriosa de Maria Dragus) que recupera a visão ao conhecer um curandeiro famoso (Franz Anton Mesmer). Para transmitir a redescoberta do olhar, o filme de Barbara Albert (“Os Mortos e os Vivos”) se transforma num deleite visual para todo o público. Tem “apenas” 100% de aprovação no Rotten Tomatoes. As outras opções também são muito boas. Quem gosta de bichos vai amar “A Menina e o Leão”, produção francesa passada na África, que traz no elenco Mélanie Laurent (“Truque de Mestre”). O drama indie “A Vida de Diane”, sobre a Terceira Idade, venceu o Festival de Tribeca, nos EUA, e tem 94% no Rotten Tomatoes. E o chinês “Longa Jornada Noite Adentro” precisa ser visto na maior tela possível, porque seu visual neon-noir é simplesmente impressionante – 93% no Rotten Tomatoes. Há ainda três ficções brasileiras. O destaque é “Mormaço”, que reflete o descaso social por trás das obras das Olimpíadas no Rio, ao mesmo tempo em que incorpora elementos de terror. Instigante, marca a estreia solo da diretora Marina Meliande, que surgiu há 10 anos ao lado de Felipe Bragança com “A Fuga, a Raiva, a Dança, a Bunda, a Boca, a Calma, a Vida da Mulher Gorila”. A programação também é farta em documentários. Inclusive, um imperdível: “Varda por Agnès”, último filme da genial Agnès Varda, que reflete sobre o cinema em sua despedida, usando toda a criatividade plástica que sempre a diferenciou. Logo abaixo há mais detalhes de todas as 13 estreias e seus respectivos trailers. Bom programa. Pokémon – Detetive Pikachu | EUA | Aventura O desaparecimento do detetive Harry Goodman faz com que seu filho Tim (Justice Smith) parta à sua procura. Ao seu lado ele conta com Pikachu, o antigo parceiro Pokémon de seu pai, que perdeu a memória recentemente. Juntos, eles percorrem as ruas da metrópole de Ryme City, onde humanos e Pokémon vivem em harmonia… por enquanto. Cemitério Maldito | EUA | Terror A família Creed se muda para uma nova casa no interior, localizada nos arredores de um antigo cemitério amaldiçoado usado para enterrar animais de estimação – mas que já foi usado para sepultamento de indígenas. Algumas coisas estranhas começam a acontecer, transformando a vida cotidiana dos moradores em um pesadelo. Mademoiselle Paradis | Áustria | Drama Viena, século 17. Maria Theresia Paradis (Maria-Victoria Dragus) é uma jovem cega extremamente habilidosa no piano. Na esperança de conseguir curar sua cegueira, seus pais a levam até o dr. Mesmer (Devid Striesow), um médico que explora métodos alternativos. Após bastante dedicação, ele descobre que Maria na verdade tem gota e consegue fazer com que ela volte a enxergar. É quando a jovem precisa redescobrir o mundo, já que desde a infância apenas ouvia os sons do que estava ao seu redor. A Menina e o Leão | França | Aventura Mia (Daniah De Villiers) é uma jovem de 14 anos que desde pequena tem uma profunda amizade com Charlie, um leão branco da fazenda de sua família. Quando seu pai decide vender Charlie para caçadores de troféus, Mia não vê outra opção além de fugir com o leão para salvá-lo. A Vida de Diane | EUA | Drama Diane (Mary Kay Place) é uma viúva na casa dos 70 anos cuja vida é ditada pela necessidade dos outros. Ela passa seus dias levando comida para moradores de rua, visitando amigos no fim de suas vidas e tentando desesperadamente se conectar com seu filho viciado em drogas. Conforme ela vai perdendo essas peças de sua existência, ela se vê obrigada a olhar para si e confrontar sua própria identidade. Longa Jornada Noite Adentro | China | Drama Luo Hongwu volta para sua cidade natal depois ter ficado impune por um assassinato que cometeu há 12 anos. As memórias da mulher que matou voltam à tona. O passado, o presente, a realidade e a imaginação começam a se confrontar. Mormaço | Brasil | Drama Ana (Mariana Provenzzano) é uma defensora pública que trabalha contra a remoção da Vila Autódromo, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro que a prefeitura deseja riscar do mapa em virtude das instalações esportivas das Olimpíadas de 2016. Ela mesma correndo risco de perder sua casa por conta da especulação imobiliária que assola a cidade e cada vez mais cansada por conta do clima e da árdua luta, de repente percebe o surgimento de marcas misteriosas em seu corpo. A Quarta Parede | Brasil | Drama Membro de uma importante companhia de Teatro, Teo enfrenta os ossos do ofício da profissão de ator. Ele foi escalado para encenar a peça “Entre Quatro Paredes”, de Jean Paul Sartre, mas foi removido do elenco quando o diretor resolveu usar um critério duvidoso para montá-lo: a popularidade dos atores nas redes sociais. Sentindo que seus talentos foram desmerecidos, Teo decide usar as plataformas virtuais para manipular seus colegas de trabalho, mas a brincadeira acaba tendo consequências gravíssimas. B.O. | Brasil | Comédia Pedro (Daniel Belmonte) e Fabricio (André Pellegrino) são dois jovens cineastas que tentam de tudo para ter seus roteiros de comédia realizados, mas sempre acabam rejeitados. Frustrados, eles passam a acreditar que não são tão engraçados assim. Quando, em uma última tentativa de conseguir uma carreira, eles decidem fazer um drama de baixo orçamento para passar em festivais, seu futuro no cinema engata e tudo em que eles acreditavam entra em questionamento. Varda por Agnès | França | Documentário De mãe da Nouvelle Vague a ícone feminista, a diretora Agnès Varda expõe seus processos de criação e revela sua experiência com o fazer cinematográfico. A cineasta dá um enfoque especial no método de storytelling que ela denomina de “cine-writing”, uma espécie de fórmula utilizada por ela na grande maioria de seus documentários e ficções. Tunga, o Esquecimento das Paixões | Brasil | Documentário A trajetória do escultor, desenhista e artista performático conhecido como Tunga, a partir de fragmentos de suas performances, instalações e obras. O diretor Miguel de Almeida constrói sua visão da vida e da obra do artista e de Gerardo Mello Mourão, que além de escritor, poeta, jornalista e tradutor, era também pai de Tunga, trazendo material diversificado de um dos maiores artistas plásticos contemporâneos. A Parte do Mundo que me Pertence | Brasil | Documentário Pelas ruas de Belo Horizonte, o cineasta mineiro Marcos Pimentel só tem um objetivo: descobrir quais são os sonhos das pessoas que passam por ele. Entre uma menina com síndrome de down que deseja se tornar bailarina e um trabalhador que quer reformar a própria casa, o diretor revela o quanto um sonho é importante para a vida das pessoas. Amazônia, o Despertar da Florestania | Brasil | Documentário Como o Brasil tem lidado com a natureza e seus recursos naturais no início do século 20? Em que estado se encontra a Floresta Amazônica? A partir de entrevistas com especialistas das mais diversas áreas e com o resgate de figuras históricas, discute-se a noção de florestania, ou seja, a cidadania da floresta, termo necessário para refletir sobre a identidade brasileira.

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