Julgamento de Danny Masterson por estupro é anulado
O julgamento do ator Danny Masterson (das séries “That ’70s Show” e “O Rancho”) foi encerrado de maneira inconclusiva. A juíza da Corte Superior de Los Angeles, Charlaine Olmedo, declarou a anulação do julgamento na quarta (30/11) depois que o júri chegar a um impasse e não conseguir chegar a um veredito em relação às três acusações de estupro contra o ator. “Acho que o júri está em um impasse irremediável”, disse Olmedo. “Portanto, eu declaro a anulação do julgamento”. Parte do júri se inclinava em absolver o acusado, mas eles não conseguiram chegar a um consenso. O advogado de Masterson, Philip K. Cohen, era contra ampliar o tempo de debates do júri, e pediu a anulação do julgamento, o que acabou acontecendo. O júri, composto por sete homens e cinco mulheres, deliberou por seis dias. Eles recomeçaram as deliberações na segunda (28/11), depois que dois deles foram substituídos por suplentes após contraírem covid-19. Segundo a deliberação, o júri favoreceu a absolvição de Masterson em cada uma das acusações, com uma votação de 10 a dois (em uma acusação), oito a quatro (em outra) e sete a cinco (na última). Olmedo leu uma carta do júri que dizia que “após uma discussão completa e considerável, está claro que nós, como jurados, que somos inflexíveis quanto a manter nossas posições individuais em cada uma das três acusações.” Uma conferência de status para discutir os próximos passos entre a corte, a promotoria e a defesa está marcada para 10 de janeiro, com um novo julgamento preventivamente marcado para começar em 27 de março. Mas ele pode não acontecer. Masterson se recusou a comentar o impasse, mas seu advogado, Cohen, disse que os promotores deveriam considerar o resultado divisivo e desistir das acusações, cancelando um novo julgamento. “Este foi um júri que examinou cada testemunho e teve algumas discussões sinceras e significativas sobre a credibilidade [das acusações]”, disse ele. “Tendo em conta os fatos deste caso, os testemunhos neste caso e a evolução das declarações neste caso, seria muito difícil encontrar 12 pessoas que realmente considerassem este um caso condenável”, acrescentou, afirmando que vai mover uma ação para descartar as acusações. Sobre a possibilidade de os promotores prosseguirem com um novo julgamento, Ariel Anson, vice-promotor público, disse: “É uma conversa que precisamos ter com nosso escritório”. As três mulheres que acusaram Masterson de estupro testemunharam contra ele, assim como uma quarta acusadora, embora as alegações desta não tenham se transformado em acusações. Durante o julgamento, os promotores detalharam um padrão de Masterson, que convidava suas acusadoras para sua casa em Hollywood Hills e dava-lhes uma bebida que rapidamente as deixava desconcertadas, antes de estuprá-las. “Se você fosse uma mulher jovem, como cada uma dessas mulheres era na época, você estava longe de se sentir segura”, disse o vice-promotor distrital, Reinhold Mueller, durante seus argumentos finais. “Porque, se você estivesse incapacitada na cama dele, ele iria estuprar você. Se você estivesse incapacitada em outro lugar da casa, ele viria e a encontraria. E se você estivesse na casa dele e ainda não estivesse embriagada, ele lhe ofereceria álcool para incapacitá-la e depois a estupraria à força”. Uma das vítimas acusou Masterson de supostamente arrastá-la para uma banheira antes que ela desmaiasse. Ela testemunhou que acordou em uma cama com ele a penetrando. Quando ela revidou, Masterson a sufocou e brandiu uma arma para fazê-la parar de resistir. Outra acusadora alegou ter sido estuprada enquanto dormia, mas a defesa enfatizou que ela é uma ex-namorada de Masterson e que o casal teve sexo consensual. Segundo o advogado, a outra acusadora forneceu testemunho inconsistente e mostrou uma foto da acusadora sorrindo com uma amiga logo após ela ter sido supostamente estuprada, apesar de dizer que tinha hematomas por todo o corpo e que sua dor era insuportável devido à agressão. A defesa de Masterson sustentou que todas as acusadoras consentiram em fazer sexo com ele. Cohen disse durante as alegações finais que uma das supostas vítimas “ordenou que ele viesse para cima” e que ela teve um “caso” com seu cliente. Durante o julgamento, a Igreja da Cientologia também desempenhou um papel importante. As três acusadoras são ex-cientologistas que afirmam ter sido ameaçadas de excomunhão se fossem à polícia para denunciar seus estupros contra o ator, membro destacado da seita. Em 2004, uma das acusadoras escreveu uma carta ao chefe de justiça internacional da igreja pedindo permissão para denunciar Masterson. Ela disse ter sido encaminhada para um “curso” sobre “pessoas repressivas”, instruída a não usar a palavra “estupro” e a omitir referências a Masterson, sendo ameaçanda com uma arma. Esta acusadora acabou concordando em fechar um acordo de confidencialidade de US$ 400 mil, o que a impediu de falar sobre o estupro. Mas foi abordada pela polícia em 2016 e acabou abrindo um processo civil contra o ator, em busca de indenização. Este processo corre em paralelo às queixas criminais. As acusadoras do processo civil de Masterson, que incluem as três que abriram queixas criminais, disseram em um comunicado que a “luta legal está longe de terminar”. “Estamos obviamente desapontadas porque, pelo menos por enquanto, Daniel Masterson escapou da responsabilidade criminal por seus atos deploráveis”, disseram elas. “No entanto, estamos decididas coletivamente a continuar nossa luta por justiça, inclusive no tribunal civil, onde alegamos que o Sr. Masterson, junto com a Igreja da Cientologia, seu líder David Miscavige e outros, conspiraram para nos perseguir, assediar e nos intimidar sistematicamente quando procurávamos lançar luz sobre as ações do Sr. Masterson.”
Ativistas publicam carta aberta em defesa de Amber Heard
Um grupo de ativistas e artistas publicou uma carta aberta em apoio à atriz Amber Heard (“Aquaman”) e chamando o veredito do seu julgamento com Johnny Depp (“Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore”) de “prejudicial”. A carta foi assinada por mais de 140 organizações e ativistas de direitos das mulheres e contra a violência doméstica. “Grande parte desse assédio [contra Heard] foi alimentado por desinformação, misoginia, bifobia e um ambiente de mídia social monetizado, onde as alegações de uma mulher a respeito de violência doméstica e de agressão sexual foram ridicularizadas para entretenimento”, diz o texto. “A mesma desinformação e acusações de culpar as vítimas agora estão sendo usadas contra outras pessoas que alegam abuso.” “Em nossa opinião, o veredito de ‘Depp vs. Heard’ e o discurso continuado em torno dele indicam um mal-entendido fundamental a respeito do parceiro íntimo e da violência sexual e de como as sobreviventes respondem a isso”, continua. “As consequências danosas da disseminação dessa desinformação são incalculáveis. Temos sérias preocupações sobre o uso indevido crescente de processos por difamação para ameaçar e silenciar sobreviventes.” A carta conclui condenando a “humilhação pública de Amber Heard” e acrescentando que “apoiamos a capacidade de todos de denunciar violência sexual e de parceiro íntimo sem assédio e intimidação”. Entre as pessoas e entidades que assinaram a carta estavam a atriz Constance Wu (“Podres de Ricos”), a icônica feminista Gloria Steinem, a documentarista Amy Ziering (“Allen contra Farrow”), além das organizações National Women’s Law Center, The National Organization for Women, Women’s March Foundation, Women’s Equal Justice Project e muitas outras. Ao final do julgamento de Amber e Depp, o júri concluiu que Heard difamou Johnny em seu artigo de 2018 sobre violência doméstica, embora ela não o tenha mencionado por nome naquele texto. Ele foi punida em mais de US$ 10 milhões em danos. Apesar disso, Heard ganhou uma acusação de difamação contra Depp, mas os valores decididos pelo júri foram desproporcionais: US$ 2 milhões. Ambos estão apelando dos vereditos. Em uma declaração após o julgamento, Depp disse: “Minha decisão de prosseguir com este caso, sabendo muito bem os obstáculos legais que enfrentaria e o inevitável espetáculo mundial em minha vida, só foi tomada após considerável reflexão. Desde o início, o objetivo de apresentar este caso era revelar a verdade, independentemente do resultado. Falar a verdade era algo que eu devia aos meus filhos e a todos aqueles que permaneceram firmes em seu apoio a mim. Sinto-me em paz sabendo que finalmente consegui isso.” “Espero que minha busca para que a verdade seja dita tenha ajudado outras pessoas, homens ou mulheres, que se encontraram na minha situação, e que aqueles que os apoiam nunca desistam. Também espero que a posição volte agora para ‘inocente até ser considerado culpado’, tanto nos tribunais quanto na mídia”, completou ele. Heard, por sua vez, disse na época que estava “desapontada com o que esse veredito significa para outras mulheres” e chamou o resultado de um “retrocesso”. “Isso atrasa o relógio para uma época em que uma mulher que falava e denunciava podia ser envergonhada e humilhada publicamente. Isso atrasa a ideia de que a violência contra as mulheres deve ser levada a sério”, disse Heard. “Acredito que os advogados de Johnny conseguiram fazer com que o júri ignorasse a questão-chave da liberdade de expressão e ignorasse as evidências que eram tão conclusivas, que ganhamos [outro processo similar] no Reino Unido. Estou triste por ter perdido este caso. Mas estou ainda mais triste por parecer ter perdido um direito que pensei que tinha como americana: o direito de falar livre e abertamente.”
Filha de Johnny Depp diz que nunca vai comentar processo de Amber Heard
A atriz Lily-Rose Depp disse que não comenta nem pretende comentar o processo aberto por seu pai, Johnny Depp, contra a ex-esposa dele, Amber Heard. O julgamento virou sensação midiática neste ano ao ser transmitido na íntegra pela internet. Ela foi questionada sobre o assunto pela revista Elle e deu sua justificativa. “Quando é algo que é tão privado e tão pessoal e se torna algo não tão pessoal… Eu me senti no direito de ter meu próprio jardim de pensamentos”, disse ela. Vale lembrar que, durante o julgamento, Amber citou que a ex-enteada era testemunha de uma agressão que ela sofreu de Johnny Depp, durante um passeio de iate com a família. Foi em março de 2013, quando a estrela de “Aquaman” deixou o barco com a ajuda de Lily-Rose, envergonhada por ter sido agredida e pelas acusações do ex-marido de que ela o havia humilhado na frente de seus filhos. A jovem elaborou um pouco mais sua decisão de se afastar dessa polêmica. “Acho que não estou aqui para falar por ninguém, e acho que por muito tempo da minha carreira as pessoas queriam me definir pelos homens da minha vida, fossem meus namorados ou membros da minha família, o que seja. Estou realmente pronta para ser definida pelo que eu coloco para o público”, acrescentou. A estrela da vindoura série “The Idol”, da HBO, também reclamou do tratamento que costuma receber na mídia como “filha de Johnny Depp”. “É estranho pra mim reduzir uma pessoa à ideia de que ela só está onde está por um fator geracional. Não faz o menor sentido pra mim”, reclamou. “A internet se preocupa muito mais com quem é da sua família do que as pessoas que te colocam no elenco de uma produção. Talvez você tenha um pé na porta, mas é apenas o pé na porta. Existe muito trabalho que vem depois disso”, completou. Além de “The Idol”, que ainda não ganhou previsão de estreia, Lily-Rose Depp será vista em breve no remake do terror clássico “Nosferatu”, dirigido por Roger Eggers (“O Homem do Norte”), e no drama “The Governesses”, ao lado da revelação sul-coreana Hoyeon (“Round 6”).
Kevin Spacey será homenageado pelo Museu Nacional do Cinema da Itália
Envolvido em diversas denúncias de abuso sexual, o ator Kevin Spacey (“House of Cards”) será homenageado pelo Museu Nacional do Cinema da Itália, localizado na cidade de Turim. Além da homenagem, o museu ainda vai promover a exibição de filmes estrelados por Spacey e uma masterclass ministrada por ele. O evento vai acontecer no dia 16 de janeiro de 2023 e contará com a presença do diretor do museu, Domenico De Gaetano. Na ocasião, Spacey será convidado a apresentar um dos seus filmes, que será exibido no Cinema Massimo. Ao final do evento, Spacey receberá o prêmio Stella della Mole, um gongo que serve de homenagem pelo conjunto da sua obra. “Estamos honrados que um convidado tão prestigioso como Kevin Spacey tenha escolhido Turim e um local institucional como o nosso museu para este retorno tão esperado e bem-vindo”, disse Enzo Ghigo, presidente do Museu Nacional de Cinema. “É um privilégio receber a Masterclass de um dos maiores atores de cinema e teatro dos nossos tempos.” A escolha do museu de homenagear a carreira de Spacey é, no mínimo, curiosa. Embora recentemente ele tenha sido inocentado da acusação de agressão sexual feita pelo ator Anthony Rapp (“Star Trek: Discovery”), o ator foi acusado por mais de 20 homens de má conduta sexual, um volume tão expressivo que acabou com sua carreira. Desde a acusação inicial de Rapp em 2017, ele foi retirado da série “House of Cards” (uma vez que os integrantes da equipe fizeram suas próprias denúncias contra ele) e também perdeu o papel no filme “Todo o Dinheiro do Mundo” (2017), tendo sido substituído por Christopher Plummer depois que o filme já estava pronto – as refilmagens ocorrem de forma acelerada para o filme não perder sua data de estreia. Spacey já foi condenado a pagar US$ 31 milhões de indenização à produtora MCR pelo cancelamento da série “House of Cards”, após o juiz do caso considerar que seu comportamento foi responsável pela decisão da Netflix de encerrar a série premiada. Mas outras acusações feitas contra ele acabaram não indo adiante por diferentes motivos. Dois acusadores que o processaram morreram antes de seus casos chegarem nos tribunais. O escritor norueguês Ari Behn, ex-marido da princesa da Noruega, cometeu suicídio no Natal de 2019, três meses após um massagista que acusava o ator falecer subitamente. Para completar, Spacey teve outro processo, movido por um rapaz que tinha 18 anos na época do assédio, retirado abruptamente na véspera de ir a julgamento. Graças à falta de condenação, Spacey conseguiu voltar a atuar, justamente em um filme italiano, “L’Uomo che Disegnò Diò”, dirigido e estrelado pelo astro Franco Nero. Ele também interpretou um vilão no filme de baixo orçamento “Peter Five Eight”, que foi levado ao Marché du Film, o mercado de negócios do Festival de Cannes, para conseguir distribuidores internacionais. Mas neste ano voltou a sofrer denúncias de abuso sexual na justiça britânica. Ele se declarou inocente em julho, na audiência preliminar do julgamento, que vai acontecer só em 2024. O ator tem dois Oscars no currículo, por “Os Suspeitos” (1995) e “Beleza Americana” (1999).
Advogado de Harvey Weinstein chama estupros de “negócios” e vítimas de “vagabundas”
O julgamento do poderoso produtor Harvey Weinstein (“Os Oito Odiados”) está em andamento em Los Angeles. E o advogado de Weinstein, Mark Werksman, inovou ao chamar as vítimas de “vagabundas”. Tentando justificar os atos do seu cliente, ele quer que o júri aceite que abusos sexuais fazem parte da cultura de Hollywood. Segundo Werksman, o que Weinstein cometeu não foi estupro, mas “sexo transacional”, algo que ele afirma ser comum na indústria do cinema dos EUA. “Olhe para o meu cliente”, disse Werksman, durante o julgamento. “Ele não é nenhum Brad Pitt ou George Clooney. Você acha que essas lindas mulheres transaram com ele porque ele é gostoso? Não, foi porque ele é poderoso”. Segundo o advogado, não há absolutamente nenhuma evidência contra seu cliente e toda mulher que testemunhar no julgamento será uma atriz desempenhando um papel. Werksman disse que hoje em dia Hollywood está diferente, mas antigamente o “sexo transacional”, como forma de negócio comercial, era uma prática comum. “O sexo era uma mercadoria para homens ricos e poderosos, como meu cliente”, disse Werksman. “Sexo transacional… pode ter sido desagradável… e agora embaraçoso. Mas todo mundo fez isso. Ele fez isso. Elas fizeram isso”, contou ele, que disse que a prática se chama “teste de sofá”, numa referência à expressão “teste de elenco”. Para o advogado, o movimento #MeToo é como um filme que transformou Weinstein no “Chernobyl de Hollywood”, colocando-o no papel de vilão radioativo, enquanto as mulheres desempenham o papel de vítimas. “A sequência do teste de sofá é o julgamento #MeToo”, disse ele. “Elas farão o papel da donzela em perigo contra esta fera. Elas têm que mentir para si mesmas, para vocês, e para este tribunal. A hipocrisia delas estará em plena exibição.” Anteriormente, a promotoria pintou uma imagem diferente de Weinstein, dizendo ao júri que o ex-produtor de Hollywood usava reuniões de negócios como disfarce para agredir sexualmente mulheres ao longo de décadas. Segundo a acusação, o poder de Weinstein permitiu que ele se aproveitasse de mulheres que aspiravam entrar na indústria do entretenimento, agredindo-as e assediando-as, além de fazer com que elas ficassem com medo de retaliação. A promotoria também trouxe citações de mulheres que vão testemunhar durante o julgamento, descrevendo como elas foram forçadas a realizar sexo oral, e como foram apalpadas, acariciadas e estupradas. Já a defesa do acusado pediu para o júri usar seu “bom senso” e perceber que não há nenhum tipo de prova contra Weinstein, que não foi feito nenhum boletim de ocorrência, não foi utilizado nenhum kit de estupro, ou retirado amostra de DNA ou sêmen, e não há nenhum vídeo comprovando as alegações. “Isso tudo vai se resumir a ‘acreditem em mim'”, disse o advogado a respeito das vítimas. “Se uma acusadora espera anos, a alegação se resume à palavra dela”. Porém, a promotoria planeja trazer um psiquiatra forense para servir como testemunha especializada e educar o júri a respeito dos “mitos do estupro”, o que explicaria alguns desses comportamentos descritos pela defesa de Weinstein. Werksman tentou pintar uma imagem diferente de Weinstein, contando a sua origem humilde e dizendo que ele trabalhou duro. O advogado também pediu aos jurados que não se distraíssem com as histórias de jatos particulares e festas com celebridades. “Com tremenda fama e fortuna veio a fama dos caçadores de fortunas”, disse ele. Para a defesa, as mulheres que agora o acusam de estupro fizeram “sexo consensual com Weinstein” porque queriam explorar as conexões e o poder do produtor. Segundo ele, essas mulheres estavam fazendo “sexo em troca de algo de valor.” Seriam, portanto, basicamente prostitutas. O advogado de Weinstein direcionou sua atenção para as declarações da atriz e documentarista Jennifer Siebel Newsom (“Fair Play”), esposa do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que acusou Weinstein de estuprá-la em um quarto de hotel em 2005. Siebel Newsom se tornou uma das principais vozes contra o assédio e agressão sexual nos últimos anos. “Ela se tornou uma figura proeminente do movimento #MeToo”, disse Werksman, afirmando que, na época do ocorrido, ela não era ninguém em Hollywood. Werksman disse ao júri que durante o suposto estupro em 2005, Siebel Newsom alega que fingiu um orgasmo para acabar com a agressão mais rapidamente. Porém, para o advogado, não há “sinal de consentimento mais entusiasmado” do que “sim, sim, sim”. E é por isso que, segundo ele, “o Sr. Weinstein acreditava que ela consentiu”. O advogado também argumentou que Weinstein era um grande doador do Partido Democrata e que ele fez contribuições para Gavin Newsom ao longo dos anos. Além disso, Werksman também contou que, em 2007, Weinstein recebeu o casal como convidados em uma das suas festas, quando Newsom era prefeito de São Francisco. “Ela trouxe o marido para conhecer e festejar com o seu estuprador. Quem faz isso?” questionou Werksman. “Ele pegou dinheiro do estuprador de sua esposa para financiar suas campanhas políticas.” Werksman disse também que se Siebel Newsom não fosse esposa do governador, “ela seria apenas mais uma vagabunda que dormiu com Harvey Weinstein para se dar bem”.
Kevin Spacey é inocentado em processo de violência sexual
O ator Kevin Spacey (“House of Cards”) foi inocentado da acusação de agressão sexual feita pelo ator Anthony Rapp (“Star Trek: Discovery”). O caso estava sendo julgado em Nova York e chegou a uma conclusão nessa quinta (20/10). O júri responsável pelo caso concluiu que a defesa de Rapp não foi capaz de comprovar as alegações de que Spacey agiu para gratificar seu desejo sexual durante um encontro em uma festa em Manhattan, em 1986, quando Rapp tinha apenas 14 anos e Spacey estava com 26 ou 27 anos. O caso veio à tona em 2017, quando o site BuzzFeed publicou uma entrevista com Rapp, em que ele relatou o ocorrido. Segundo o ator, Spacey estava bêbado e o agarrou no final de uma festa com o elenco de uma peça, colocou-o em cima de uma cama, subiu em cima dele e fez avanços sexuais (tocando as suas nádegas). Rapp processou Spacey por agressão e inflição intencional de sofrimento emocional em novembro de 2020. Durante o julgamento, o juiz Lewis A. Kaplan rejeitou a alegação de sofrimento emocional, mas permitiu que o restante do processo prosseguisse. Anthony Rapp relembrou o ocorrido no tribunal, mas Spacey negou as acusações, dizendo que ele nunca chegou a ficar sozinho com o ator de “Star Trek”. Durante as suas argumentações finais, o advogado de Rapp pediu aos jurados que não levassem em conta a lembrança de Spacey dos eventos. “É inconsistente. Não é digno de sua crença”, disse o advogado, Richard Steigman, citando supostas lacunas na memória de Spacey a respeito do ocorrido. Já a advogada de Spacey, Jennifer Keller, argumentou que a história de Rapp era uma invenção. Ela apresentou várias teorias sobre o motivo de o ator ter mentido, incluindo um desejo de atenção e ciúme em relação ao sucesso de Spacey. “Estamos aqui porque o Sr. Rapp alegou falsamente um abuso que nunca ocorreu em uma festa que nunca foi realizada em um quarto que não existia”, disse ela. “O Sr. Rapp está recebendo mais atenção neste julgamento do que em toda a sua vida de ator”, completou. Keller também pediu aos jurados que ignorassem a política sexual do caso. “Este não é um esporte de equipe em que você está do lado do #MeToo ou do outro lado”, disse Keller. “Vocês estão aqui para julgar os fatos. Aconteceu? Não, não aconteceu.” Após a sentença, a advogada de Spacey disse à imprensa, ao lado do ator, que estava “muito grata ao júri por ter visto essas falsas alegações”. Já Rapp publicou um comunicado no Twitter, afirmando estar “profundamente grato pela oportunidade de ter meu caso ouvido perante um júri”. Ele ainda agradeceu “aos membros do júri por seu serviço”. “Trazer este processo sempre foi uma questão de iluminar, como parte de um movimento maior, o enfrentamento de todas as formas de violência sexual”, acrescentou, prometendo continuar defendendo “um mundo livre de violência sexual de qualquer tipo. ” Richard Steigman, o advogado de Rapp, também emitiu um comunicado, em que pondera: “Anthony disse sua verdade no tribunal. Embora respeitemos o veredicto do júri, nada muda isso”. Embora tenha conquistado uma vitória, Spacey foi acusado por mais de 20 homens de má conduta sexual, um volume tão expressivo que acabou com sua carreira, apesar de ter conquistado dois Oscars, por “Os Suspeitos” (1995) e “Beleza Americana” (1999). Desde a acusação inicial de Rapp em 2017, ele foi retirado da série “House of Cards” (uma vez que os integrantes da equipe fizeram suas próprias denúncias contra ele) e também perdeu o papel no filme “Todo o Dinheiro do Mundo” (2017), tendo sido substituído por Christopher Plummer depois que o filme já estava pronto – as refilmagens ocorrem de forma acelerada para o filme não perder sua data de estreia. O ator já foi condenado a pagar US$ 31 milhões de indenização à produtora MCR pelo cancelamento da série “House of Cards”, com o juiz do caso considerando que seu comportamento foi responsável pela decisão da Netflix de encerrar a série premiada. Mas outras acusações feitas contra ele acabaram não indo adiante por diferentes motivos. Dois acusadores que o processaram morreram antes de seus casos chegarem nos tribunais. O escritor norueguês Ari Behn, ex-marido da princesa da Noruega, cometeu suicídio no Natal de 2019, três meses após um massagista que acusava o ator falecer subitamente. Para completar, Spacey teve outro processo, movido por um rapaz que tinha 18 anos na época do assédio, retirado abruptamente na véspera de ir a julgamento. Graças à falta de condenação, Spacey conseguiu voltar a atuar. Ele participou de um filme italiano, “L’Uomo che Disegnò Diò”, dirigido e estrelado pelo astro Franco Nero, e interpretou um vilão no filme de baixo orçamento “Peter Five Eight”, que foi levado ao Marché du Film, o mercado de negócios do Festival de Cannes, para conseguir distribuidores internacionais. Mas neste ano voltou a sofrer denúncias de abuso sexual na justiça britânica. Ele se declarou inocente em julho, na audiência preliminar do julgamento, que vai acontecer só em 2024. Além de Spacey, o diretor Paul Haggis (“Crash – No Limite”), o produtor Harvey Weinstein (“Os Oito Odiados”) e o ator Danny Masterson (“That ’70s Show”) também estão enfrentando julgamentos criminais por assédio, abuso e violência sexual neste mês de outubro.
Ezra Miller se declara inocente de acusação de furto
O ator Ezra Miller (“Liga da Justiça”) se declarou inocente das acusações de furto perante o tribunal de Vermont, nos EUA, nessa segunda (17/10). Acusado ter invadido uma casa e furtado várias garrafas de bebida, o ator pode pegar até 26 anos de prisão se for condenado. O ator é acusado de invadir uma residência em Stamford, Vermont, em 1º de maio. Na ocasião, imagens das câmeras de segurança levaram a polícia até Miller. Segundo a acusação de furto, as garrafas custavam cerca de US$ 900. A pena pena máxima para este crime é de um ano de prisão e multa de US$ 1 mil. O maior problema para o ator é o crime de invasão de propriedade, que tem outra multa penal de até de US$ 1 mil, mas um tempo máximo de 25 anos de prisão. “Ezra Miller se declarou nesta manhã inocente de uma acusação de invasão e uma acusação de pequeno furto no Tribunal Superior de Vermont e aceitou as condições impostas pelo tribunal de não entrar em contato ou entrar na casa dos habitantes”, declarou Lisa B. Shelkrot, advogada de Miller. “Ezra gostaria de agradecer o amor e o apoio que recebeu de sua família e amigos, que continuam sendo uma presença vital em sua saúde mental.” O ator está colecionando denúncias e problemas com a polícia desde fevereiro, quando foi acusado de tentar enforcar uma mulher num bar na Islândia. Depois disso, foi preso em março no Havaí por criar tumulto em outro bar e autuado em abril por suspeita de agressão de segundo grau numa festa em uma residência particular, também no Havaí. Em seguida, foi alvo de duas ordens de restrição. A primeira foi feita pelos pais de uma jovem de 18 anos da Reserva Indígena Standing Rock, na região de Dakota, que alegam que Miller manipulou sua filha desde que ela tinha 12 anos. Aos 18, ela abandonou a escola e fugiu de casa, indo parar na residência do ator. A jovem escreveu em seu Instagram que Miller a ajudou num momento difícil. A segunda foi feita por pais de uma criança de 12 anos em Massachusetts, após Miller supostamente entrar em um confronto agressivo com sua família, exibir uma arma e constranger a criança com abraços e comentários sobre gênero, ao descobrir que ela se definia como não binária. Para completar, em junho veio à tona a denúncia de que Miller estava abrigando uma mãe e seus filhos pequenos em sua fazenda em Vermont, em meio a condições inseguras, com armas e munição espalhadas pela propriedade. A mãe disse à publicação que o ator a ajudou a escapar de um casamento abusivo. Em agosto, Miller pediu desculpas por seu comportamento e começou um tratamento de saúde mental. “Tendo passado recentemente por um período de crise intensa, agora entendo que estou sofrendo problemas complexos de saúde mental e comecei um tratamento contínuo”, disse Miller em comunicado. “Quero pedir desculpas a todos que alarmei e aborreci com meu comportamento passado. Estou comprometido em fazer o trabalho necessário para voltar a um estágio saudável, seguro e produtivo em minha vida.” O tratamento seria uma exigência da Warner Bros., que enfrenta um dilema em relação ao filme “The Flash” já concluído. Os custos para substituí-lo na produção seriam simplesmente caros demais – o ator não só está em quase todas as cenas como ainda tem papel duplo, como um Flash de outro universo. Também seria difícil arquivar o lançamento, após os gastos milionários investidos em sua produção. Mas há planos para tirá-lo do papel em próximas produções. Miller teria regravado cenas do filme após as confusões. “The Flash” tem estreia marcada para 23 de junho de 2023.
Mel Gibson é testemunha no julgamento de Harvey Weinstein por crimes sexuais
O ator Mel Gibson é uma das testemunhas listadas pela acusação contra o produtor Harvey Weinstein em seu novo julgamento por crimes sexuais em Los Angeles, nos Estados Unidos. Gibson será chamado para corroborar as acusações de uma mulher que não teve o nome revelado, identificada como Jane Doe 3, que afirmou ter sido abusada sexualmente por Weinstein em 2010 após uma sessão de massagem em um hotel. Dias depois, ela foi fazer uma massagem em Gibson, que ao mencionar Weinstein viu a mulher desabar em choro e ouviu seu desabafo. Em contrapartida, a defesa do produtor questionou à Justiça se eles poderiam perguntar ao ator sobre declarações racistas e antissemitas que ele fez ao longo dos anos, mas a solicitação não foi permitida pela magistrada responsável pelo caso. No entanto, os representantes de Weinstein poderão perguntar se Gibson guarda rancor contra o produtor por problemas de trabalho. O fato de Gibson ser listado como testemunha não garante sua participação no julgamento. Geralmente, mais testemunhas são listadas que chamadas para o tribunal. Tudo depende do andamento das sessões. Weinstein está atualmente cumprindo uma sentença de 23 anos de prisão após ter sido condenado por estupro e abuso sexual em um julgamento em Nova York em 2020, e agora enfrenta mais 11 acusações de abusos sexuais de cinco mulheres, que ele teria atacado entre 2004 e 2013.
Cuba Gooding Jr. não será preso após se declarar culpado de assédio sexual
O ator Cuba Gooding Jr. (o O.J. Simpson de “American Crime Story”) não será preso após ter se declarado culpado no julgamento de assédio sexual que ele enfrenta na justiça de Nova York. O caso foi resolvido nesta quinta (13/10), depois de o ator ter cumprido os termos de um acordo de confissão condicional. A promotora Coleen Balbert disse que Gooding apresentou bom comportamento e completou os seis meses de aconselhamento a respeito do vício em álcool e do seu comportamento, permitindo que ele retirasse sua alegação de contravenção e se declarasse culpado de uma violação de assédio. Balbert disse ainda que recebeu “relatos positivos nos últimos seis meses” do terapeuta de Gooding e que o ator optou por continuar com o tratamento além do tempo exigido. Portanto, Gooding não vai enfrentar nenhuma penalidade adicional. Além disso, ao ter substituído a sua alegação de contravenção por uma alegação de violação não criminal, ele não terá antecedentes criminais. Se Gooding não cumprisse os termos do acordo, ele poderia pegar até um ano de prisão. Gooding se declarou culpado em abril de uma acusação de contravenção por ter beijado à força uma funcionária de uma boate de Nova York em 2018. Essa foi apenas uma das dezenas de alegações de comportamento inadequado contra o ator que vieram à tona nos últimos anos. Algumas das acusadoras de Gooding criticaram a decisão, por considerá-la leve demais e vão abrir um processo civil contra ele. Durante o julgamento, a funcionária da boate disse que as ações de Gooding tiveram uma repercussão mínima para ele, enquanto suas vítimas precisaram lidar com as consequências dos seus atos. Vencedor do Oscar por “Jerry Maguire: A Grande Virada” (1996), o ator chegou a ser preso em 2019 após uma mulher acusá-lo de apalpar seus seios sem permissão em um bar na cidade. O caso teve grande repercussão e, depois de pagar fiança para responder o processo em liberdade, outras mulheres acusaram o ator publicamente de atos semelhantes. Gooding acabou acusado em mais dois casos adicionais, por beliscar as nádegas de uma garçonete e tocar de forma inapropriada outra mulher, ambas em 2018 em Nova York. Até se declarar culpado, ele negava as acusações. Seus advogados argumentavam que os promotores tinham se tornado zelosos demais, apanhados no fervor do movimento #MeToo, ao transformar “gestos comuns” ou mal-entendidos em crimes. A linha da defesa mudou após o juiz decidir que, caso Gooding fosse a julgamento, os promotores poderiam chamar mais mulheres que o denunciaram para testemunhar sobre alegações de que Gooding também as tocou sem permissão. Ao todo, 19 acusadoras vieram à público denunciar o comportamento do ator. Ele também é acusado, em outro processo, de estuprar uma mulher na cidade de Nova York em 2013. Depois que um juiz emitiu uma sentença de condenação à revelia em julho passado, porque Gooding não respondeu ao processo, o ator contratou um advogado e está lutando contra as alegações. O caso de Gooding é apenas mais um em uma série de processos de abuso sexual em andamento. Outros julgamentos que estão acontecendo atualmente são os de Kevin Spacey (“House of Cards”), Harvey Weinstein (produtor de “Os Oito Odiados”) e Danny Masterson (“That 70’s Show”).
Primeira Dama da Califórnia vai depor como vítima no julgamento de Weinstein
A documentarista Jennifer Siebel Newsom (“Fair Play”), esposa do atual governador da Califórnia, Gavin Newsom, vai depor como vítima no julgamento do produtor Harvey Weinstein (“Os Oito Odiados”), que começou nessa segunda (10/10), em Los Angeles. A data do depoimento de Newsom ainda não foi divulgada. “Como muitas outras mulheres, minha cliente foi agredida sexualmente por Harvey Weinstein em uma suposta reunião de negócios que acabou sendo uma armadilha”, disse a advogada Elizabeth Fegan, ao site Deadline. “Ela pretende testemunhar em seu julgamento a fim de buscar alguma medida de justiça para as sobreviventes e como parte do trabalho de sua vida para melhorar a vida das mulheres”. A advogada ainda afirmou que Newsom não pretende discutir este assunto fora do tribunal e pediu respeito pela decisão da Primeira Dama. Até esta segunda identificada apenas como “Jane Doe” (Joana Ninguém) no processo, Newsom teria sido estuprada por Weinstein entre setembro de 2004 e setembro de 2005, em Los Angeles, de acordo com documentos judiciais. Apesar de ter sido revelada agora como acusadora, Jennifer Siebel Newsom (que além de ser documentarista também tem uma extensa carreira como atriz) já tinha assumido que era uma das vítimas do produtor. Ela detalhou o ataque de Weinstein em um artigo publicado em 2017, no Huffington Post. “Eu era ingênua, nova na indústria e não sabia como lidar com seus avanços agressivos – convites de trabalho de um amigo tarde da noite no Festival de Cinema de Toronto e, mais tarde, um convite para encontrá-lo e conversar sobre um papel no Hotel The Peninsula, onde a equipe estava presente e, de repente, desapareceram, deixando-me sozinha com essa lenda de Hollywood extremamente poderosa e intimidadora”, escreveu ela na ocasião. O relato original de Siebel Newsom veio logo após o jornal New York Times expor as décadas de estupros, agressões e ameaças de assédio de Weinstein contra atrizes e outras mulheres na indústria do entretenimento. Weinstein está enfrentando quatro acusações de estupro, quatro acusações de cópula oral forçada, uma acusação de penetração sexual forçada, uma acusação de agressão sexual por contenção e agressão sexual, em diferentes incidentes envolvendo cinco mulheres no condado de Los Angeles, entre 2004 a 2013. Ele já foi condenado a 23 anos de prisão por um júri de Manhattan em março de 2020 por conta de outros crimes sexuais, e pode aumentar sua sentença para 140 anos de prisão se for considerado culpado em Los Angeles. O julgamento iniciou com a seleção do júri, processo que pode durar até duas semanas. Portanto, as acusadoras e suas testemunhas só devem começar a ser ouvidas depois do dia 22 de outubro. A expectativa é que o processa tenha duração de até dois meses no tribunal. Atualmente, Weinstein apela da decisão do tribunal de Nova York para tentar reverter ou diminuir sua sentença. O documentário mais recente de Jennifer Siebel Newsom, “Fair Play” (2022), venceu o Bergen International Film Festival. Seus trabalhados anteriores incluem “The Mask You Live In” (2015), vencedor de um prêmio no Festival Internacional de Las Vegas, e “Miss Representation” (2011), indicado ao Grande Prêmio do Juri no Festival de Sundance.
Kevin Spacey enfrenta julgamento por assédio de ator de “Star Trek: Discovery”
O primeiro julgamento do ator Kevin Spacey (“House of Cards”) por abuso vai começar nesta quinta (6/10) em Nova York. O caso se concentra nas acusações feitas pelo ator Anthony Rapp (estrela de “Star Trek: Discovery”), que há cinco anos acusou publicamente Spacey de tê-lo assediado quando ele era menor de idade. O julgamento vai se concentrar nas acusações de violência e inflição intencional de sofrimento emocional, mas não nas alegações mais fortes de assédio sexual, que foram descartadas em junho, por prescrição. Rapp está pedindo US$ 40 milhões em danos punitivos e compensatórios. Segundo a alegação de Rapp, Spacey agiu para gratificar seu desejo sexual durante um encontro em uma festa em Manhattan, em 1986, quando ele tinha apenas 14 anos e Spacey estava com 26 ou 27 anos. O caso veio à tona em 2017, quando o site BuzzFeed publicou uma entrevista com Rapp, em que ele relatou o ocorrido. Segundo o ator, Spacey estava bêbado e o agarrou no final de uma festa com o elenco de uma peça, colocou-o em cima de uma cama, subiu em cima dele e fez avanços sexuais (tocando as suas nádegas). Logo após a publicação da história, Spacey fez um post no seu Twitter dizendo não se lembrar de nada do que foi relatado. “Se eu me comportei como ele descreve, devo a ele as mais sinceras desculpas pelo que teria sido um comportamento bêbado profundamente inapropriado, e lamento os sentimentos que ele descreve ter carregado por todos esses anos”, escreveu ele, que aproveitou para se assumir gay. Inicialmente, Rapp havia desistido de processar Spacey porque se recusava a dizer o nome do seu agressor na ação. E após o encorajamento do movimento #MeToo, já era tarde demais e o processo inicial foi descartado. Além disso, a defesa de Spacey argumentou que o ocorrido não se caracterizava como abuso sexual. “O senhor Rapp afirma que o senhor Fowler [sobrenome real de Spacey] o levantou, que a mão do senhor Fowler ‘raspou’ as nádegas vestidas do senhor Rapp por segundos enquanto o fazia, que o senhor Fowler colocou o senhor Rapp de costas em uma cama, e o senhor Fowler então brevemente colocou seu próprio corpo vestido parcialmente ao lado e parcialmente sobre o do Sr. Rapp”, afirma um documento do processo. O próprio Rapp afirmou em depoimento que “não houve beijos, ninguém se despiu, não houve toques por cima das roupas e nem declarações ou insinuações sexualizadas”. Com base nisso, os advogados de Spacey argumentaram que o processo de Rapp deveria ser arquivado, uma vez que a lei “exige” que um acusador precisa “apertar, agarrar ou beliscar uma parte sexual ou outra parte íntima” para que a acusação de abuso sexual possa se qualificar sob a lei de Nova York. “As alegações do demandante equivalem a uma alegação de que Fowler o surpreendeu ao pegá-lo, colocá-lo em uma cama e colocar um pouco de seu peso corporal contra ele, antes que o demandante ‘se contorcesse’ sem resistência”, disse o documento. Entretanto, os advogados de Rapp citaram dois casos do estado de Nova York em que homens foram condenados por abuso sexual de terceiro grau depois de “roçarem” as nádegas de mulheres nos vagões de metrô. Na ocasião, eles estavam com as mãos estendidas para fins de gratificação sexual. O julgamento de Spacey pode produzir algumas testemunhas inesperadas, uma vez que documentos do tribunal deram a entender que testemunhas envolvidas na produção de “House of Cards” podem ser chamadas para depor. Spacey foi retirado da série depois do surgimento das acusações, que levaram integrantes da equipe a fazerem suas próprias denúncias. Ele também perdeu o papel no filme “Todo o Dinheiro do Mundo” (2017), tendo sido substituído por Christopher Plummer depois que o filme já estava pronto – as refilmagens ocorrem de forma acelerada para o filme não perder sua data de estreia. O ator já foi condenado a pagar US$ 31 milhões de indenização à produtora MCR pelo cancelamento da série “House of Cards”, com o juiz do caso considerando que seu comportamento foi responsável pela decisão da Netflix de encerrar a série premiada. Mas ainda não tinha sido julgado por uma denúncia de assédio. Até então, ele vinha tendo muita sorte. Dois acusadores que o processaram morreram antes de seus casos chegarem nos tribunais. O escritor norueguês Ari Behn, ex-marido da princesa da Noruega, cometeu suicídio no Natal de 2019, três meses após um massagista que acusava o ator falecer subitamente. Para completar, ele teve outro processo, movido por um rapaz que tinha 18 anos na época do assédio, retirado abruptamente na véspera de ir a julgamento. Graças à falta de condenação, Spacey conseguiu voltar a atuar. Ele participou de um filme italiano, “L’Uomo che Disegnò Diò”, dirigido e estrelado pelo astro Franco Nero, e interpretou um vilão no filme de baixo orçamento “Peter Five Eight”, que foi levado ao Marché du Film, o mercado de negócios do Festival de Cannes, para conseguir distribuidores internacionais. Mas neste ano voltou a sofrer denúncias de abuso sexual na justiça britânica. Ele se declarou inocente em julho, na audiência preliminar do julgamento, que vai acontecer só em 2024. Além de Spacey, o diretor Paul Haggis (“Crash – No Limite”) está enfrentando uma acusação de estupro apresentada pela publicitária Haleigh Breest. O caso de Haggis também será julgado em Nova York. Já em Los Angeles, o produtor Harvey Weinstein (“Os Oito Odiados”) e o ator Danny Masterson (“That ’70s Show”) também estão enfrentando acusações criminais.
Telefilme do julgamento de Johnny Depp e Amber Heard ganha trailer
A plataforma americana Tubi divulgou o trailer de “Hot Take: The Depp/Heard Trial”, um telefilme baseado no processo travado entre o ex-casal Johnny Depp (“Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”) e Amber Heard (“Aquaman”). A prévia mostra a reconstituição do julgamento e algumas invenções de bastidores, interpretadas por atores nada parecidos com os personagens reais. O detalhe mais bizarro da adaptação é que o intérprete de Depp é 20 anos mais novo que o ator, enquanto a intérprete de Heard é 9 anos mais velha que a atriz verdadeira. A distorção faz com que Depp pareça mais jovem que Heard, embora na vida real seja o contrário: ela é 23 anos mais nova que ele. Mark Hapka (“Paixão Perigosa”) vive Depp, Megan Davis (“Famous”) é Heard, Melissa Marty (“Station 19”) interpreta Camille Vasquez (a advogada de Depp) e Mary Carrig (“Worst Birthday Ever”) dá vida à Elaine Bredehoft (advogada de Heard). Escrito por Guy Nicolucci (“Late Night with Conan O’Brien”), “Hot Take: The Depp/Heard Trial” vai mostrar o relacionamento tumultuado do casal, dentro e fora do tribunal, e contará com direção de Sara Lohman (“Off the Grid”). O julgamento real foi concluído em 1º de junho, com o júri considerando Heard culpada por difamar Depp em um editorial do Washington Post em 2018, enquanto o ator foi condenado por difamá-la por meio de seu ex-advogado. Entre o que os dois foram condenados a pagar, Heard ficou devendo cerca de US$ 10 milhões a Depp, mas recorreu da decisão. A estreia vai acontecer na sexta (30/9) de forma gratuita na Tubi, plataforma da rede americana Fox.









