Documentário brasileiro é premiado no Festival de Berlim
"A Hora do Recreio", de Lucia Murat, foi agraciado com Menção Especial do Júri Jovem na Mostra Generation, dedicada ao público infantojuvenil
“O Último Azul”, com Rodrigo Santoro, atinge melhor avaliação da crítica no Festival de Berlim
Filme de Gabriel Mascaro lidera ranking da imprensa especializada entre os já exibidos no evento
Festival de Berlim começa com 13 filmes brasileiros
A 75ª edição do evento tem início nesta quinta (13/2) com homenagem à Tilda Swinton
Filme brasileiro “O Último Azul” vai competir no Festival de Berlim
Produção de Gabriel Mascaro é destaque em uma das mostras mais importantes do cinema internacional
Rodrigo Santoro compartilha imagens de filmagens na Amazônia
O ator Rodrigo Santoro postou nesta terça (25/7) uma série de fotos no Rio Negro, na Amazônia, onde aparece com um novo visual. O ator está no local para as filmagens do longa “Outro Lado do Céu”, dirigido por Gabriel Mascaro (“Divino Amor”), e se diz feliz com a oportunidade de conhecer o estado. Imersão na Amazônia “Nos últimos dias estive mergulhado no ‘Outro Lado do Céu’, novo filme de Gabriel Mascaro. Além de ser um diretor que eu admiro e com quem sempre quis trabalhar, o convite pra mergulhar nesse Brasil da Amazônia, do Rio Negro, do coração da floresta foi um verdadeiro presente”, disse ele no Instagram. Durante a viagem, o ator foi para Novo Airão, nadou no Rio Negro, passeou de barco, conheceu comunidades indígenas e comeu tucunaré. “O lugar aqui é maior do que tudo e, absolutamente imerso, tive a sensação de que isso potencializou o nosso trabalho, a nossa entrega. Espero que vocês gostem”, afirmou o ator. Santoro chamou atenção principalmente por apresentar um visual com barba e cabelo grande cacheado. “A terceira foto está de cair o queixo. Linda demais!”, elogiou uma seguidora. Quem também está no filme é Tainá Müller, da famosa série “Bom dia, Verônica”, que postou imagens de comunidades ribeirinhas do Amazonas nos Stories do Instagram. Sobre o “Outro Lado do Céu” Como no longa anterior de Mascaro, o premiado “Divino Amor” (2019), a trama do filme é uma distopia e se passa após o governo criar um sistema de isolamento compulsório para idosos acima de 80 anos, que devem ser confinados numa colônia. Teca, uma das personagens, tem 77 anos e vive num vilarejo em Muriti, na Amazônia, quando é surpreendida pela notícia. É quando ela resolve, escondida dos oficiais, embarcar numa viagem nos rios e ao submundo para realizar seu último sonho: passear de avião. Com produção da Globo Filmes, o longa deve ter estreia mundial em 2024. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Rodrigo Santoro (@rodrigosantoro)
Globo Filmes anuncia mais de 10 novas produções brasileiras no Festival de Cannes
A Globo Filmes anunciou a produção de mais de 10 longas durante o 76º Festival de Cannes, que iniciou na terça-feira (16/5). Os filmes foram apresentados pela head de conteúdo da produtora, Simone Oliveira, convidada da Cannes Producers Network, que também está no evento para acompanhar a première de “Nelson Pereira dos Santos: Uma Vida de Cinema”. A empresa afirma ter investido R$ 35,6 milhões na produção de longas-metragens brasileiros neste ano. Segundo comunicado à imprensa, sua presença em Cannes “reforça a importância de estabelecer parcerias internacionais para produções atuais e futuras do cinema nacional”. A lista de produções inclui o citado documentário “Nelson Pereira dos Santos: Uma Vida de Cinema”, dirigido por Aída Marques (“Estação Aurora”) e Ivelise Ferreira (“A Música Segundo Tom Jobim”), sobre o cineasta do clássico “Vidas Secas” (1963), “O Amuleto de Ogum” (1974) e “Vidas Secas” (1984). Os diretores das obras, todas co-produções, vão desde o renomado Gabriel Mascaro (“Divino Amor”) até o celebrado documentarista Eryk Rocha (“Cinema Novo”), passando pela atriz premiada Dira Paes (“Pantanal”) em sua estreia atrás das câmeras. Após a distonia evangélica de “Divino Amor”, Mascaro dirigirá “O Outro Lado do Céu”, produzido pela Globo Filmes e Desvía Produções, um drama de fantasia ambientado em um Brasil de realidade alternativa, onde qualquer pessoa com mais de 80 anos é confinada em uma colônia para ajudar na recuperação econômica do Brasil. Já Rocha está preparando “Elza”, retrato documental da cantora Elza Soares, enquanto Dira Paes fará sua estreia na direção com “Pasárgada”, sobre tráfico internacional de animais. Alguns projetos já estão com cronograma de produção fechado e começam a ser filmados no segundo semestre deste ano. Entre eles, destacam-se “Por um Fio” de David Schurmann (“Pequeno Segredo”), sobre um oncologista tratando seu próprio irmão de câncer, e “Colegas 2” de Marcelo Galvão, continuação do filme vencedor do Festival de Gramado de 2012. Os dramas incluem ainda “As Vitrines” de Flavia Castro (“Deslembro”), “Precisamos Falar Sobre Nossos Filhos” de Rebeca Diniz e Pedro Waddington (ambos de “Sob Pressão”), “A Batalha na Rua Maria Antônia” de Vera Egito (“Elis: Viver é melhor que Sonhar”), “Manas” de Marianna Brennan (“O Coco, A Roda, O Pnêu e O Farol”), “Novas Severinas” de Eliza Ribeiro Capai (“Your Turn”), “Dois Verões e uma Eternidade” de Sandra Kogut (“Três Verões”), “O Haiti É Aqui” do trio Fabio Mendonça (“Vale dos Esquecidos”), Teodoro Poppovic (“Rota 66: A Polícia que Mata”) e Maurício Bouzon (“Queime este Corpo”), e “Raoni, Uma Amizade Improvável”, documentário do belga Jean-Pierre Dutilleux sobre sua longa amizade com o cacique Raoni Metuktire – que ele filma desde os anos 1970. Mas além dos títulos dramáticos, a Globo também está investindo em diversas comédias. Entre elas, “Tá Escrito”, estrelada por Larissa Manoela (“Modo Avião”) e com direção de Matheus Souza (“A Última Festa”), “Tô de Graça” de César Rodrigues (“Nada Suspeitos”), baseada na série mais assistida do Multishow, “Os Farofeiros 2”, sequência do filme de 2018 de Roberto Santucci, e “Minha Irmã e Eu”, dirigida por Suzana Garcia (“Foteuses”) e protagonizada por Ingrid Guimarães (“Novo Mundo”) e Tatá Werneck (“Terra e Paixão”). Em entrevista à revista americana Variety, Simone Oliveira revelou que os filmes de humor têm como objetivo recuperar o interesse dos brasileiros pelo cinema. “Vemos as salas de cinema como prioridade. Os filmes são lançados com forte publicidade e cobertura cross-media dos programas de entretenimento e jornalismo da TV Globo, que atingem 100 milhões de pessoas por dia”, afirmou. “Essa visibilidade fortalece o filme para a estreia nos cinemas e, posteriormente, para as demais vitrines, criando um ciclo virtuoso”, acrescentou.
Festival Sesc Melhores Filmes disponibiliza sucessos da crítica de graça
Principal endereço do cinema de arte de São Paulo, o Cinesesc começou a 46ª edição de seu Festival Sesc Melhores Filmes, que este ano acontece online e de graça, na plataforma Em Casa com Sesc. A seleção reúne 13 dos melhores principais títulos lançados nos cinemas brasileiros em 2019, como o polonês “Guerra Fria”, Melhor Direção em Cannes e indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro, o dinamarquês “Rainha de Copas”, prêmio do público em Sundance, e o sueco “Border”, igualmente premiado em Cannes. A maioria, porém, são títulos nacionais, entre eles dois longas também premiados em Cannes, “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e “Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora. Alguns títulos ficarão disponíveis por 30 dias na plataforma digital, mas outros, como o citado “Bacurau”, terão sessão única – neste caso, no domingo (23/8). O acesso aos filmes estão disponíveis no site oficial: https://melhoresfilmes.sescsp.org.br/. A lista de títulos pode ser conferida abaixo. “Bacurau”, de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho. “Border”, de Ali Abbasi. “Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos”, de Renée Nader Messora e João Salaviza. “Cine São Paulo”, de Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli. “Divino Amor”, de Gabriel Mascaro. “Elegia de um Crime”, de Cristiano Burlan. “Greta”, de Armando Praça. “Guerra Fria”, de Pawel Pawlikowski. “Inferninho”, de Pedro Diogenes e Guto Parente. “Los Silencios”, de Beatriz Seigner. “No Coração do Mundo”, de Gabriel Martins e Maurílio Martins. “Rainha de Copas”, de May El-Toukhy. “Torre das Donzelas”, de Susanna Lira.
Divino Amor é mais que uma distopia neon-evangélica do Brasil
“Divino Amor” vem sendo lido como uma ficção distópica sobre o domínio da religião evangélica no Brasil após o governo Bolsonaro. Mas quem, a partir disso, esperar um filme caricato que julga por meio de reprimendas um certo modo de ser, acabará se surpreendendo, pois o filme vai muito além do estereótipo. De um lado, é nítido que o filme atua por meio da farsa ou da ironia. No ano de 2027, o Brasil estará controlado por evangélicos que se tornam um grupo hegemônico. Inclusive o desvio – as festas, a cultura – passa a ser dominado pelo evangelismo. Mas, para o diretor Gabriel Mascaro, a sociedade do futuro se afasta dos sonhos motorizados de “Os Jetsons” ou da realidade virtual ou aumentada de “Minority Report”. Estamos não muito distantes do mundo do hoje – não há hologramas, ou coisas do tipo, nem mesmo celulares. Ou seja, estamos diante de um futurismo de subúrbio de terceiro mundo. O futuro evangélico de Mascaro se afirma a partir do trabalho e da família. O trabalho é o cartório – a síntese da burocracia weberiana como forma de organização do espaço e dos corpos a partir de uma lógica utilitária. Ainda que se usem códigos genéticos e uma espécie de detector (não de metais mas de identidades) como forma de mostrar o avanço da tecnologia, é possível dizer que o cartório de Mascaro não é muito diferente da burocracia atual. Sua protagonista Joana (na grande interpretação de Dira Paes) é uma cartorária do setor de divórcios que tenta recrutar casais em crise para os ritos da seita “divino amor”. A ênfase em luzes neon entre o rosa e o roxo, em meio a névoas de fumaça, imprimem ao filme um tom claramente artificial ambíguo, entre o rasgadamente brega e o infantil (tom infantil reforçado pela narração que costura o filme). A ritualização das cerimônias do Divino Amor (a terapia de casais, o batismo) oscila entre o sensual e o kitsch. O filme apresenta o culto como uma reflexão distanciada sobre a estetização do evangelismo, numa relação complexa entre a adoração e a sedução, algo que remete ao trabalho de Barbara Wagner e Benjamin de Burca, especialmente em “Terremoto Santo” (2017). A epifania divina pode estar muito próxima de um orgasmo – e é preciso constatar o papel da estetização nos cultos. O tom irônico como essa sociedade do futuro controla o fluxo dos corpos, por meio de um regime maquínico que normatiza os modos de ser, pode ser visto em sua máxima expressão nas originalíssimas cenas em que Joana, a personagem de Dira Paes, se consulta com um pastor, entrando com seu carro por meio de um drive thru. As consultas espirituais passam a ser uma mescla de uma consulta médica com uma loja de fast food. A simplicidade da ornamentação (o pastor está simplesmente sentado em uma cadeira em torno de uma enorme redoma de vidro) apresenta um futurismo pragmático, uma estética minimalista e neutra, assim como boa parte das opções da direção de arte no cartório. É de se notar que os espaços públicos são raros no filme – a cidade está completamente ausente do filme. O tom tipicamente estilizado ocorre primordialmente no interior do “Divino Amor” – essa espécie de portal encantado em que, num recurso de fantasia tipicamente cinematográfico, os personagens entram em contato com o “divino” – numa estilização cênica do contato dos corpos tão kitsch que não seria exagero se nos lembrássemos do teatro de “Oh! Rebuceteio” (sem neon). Dessa forma, se, de um lado, é nítido o distanciamento do realizador em relação ao universo que ele apresenta, por meio dessas camadas críticas de ironia, ou ainda, se em alguns pontos o filme tangencia o caricato, com uma base cômica, a grande contribuição de Mascaro é de nunca propor meramente escrachar ou julgar seus personagens, mas procurar mergulhar nas contradições e paradoxos que surgem por dentro desse mesmo regime. Para além do panorama das transformações da sociedade brasileira, “Divino Amor” busca compreender os dilemas de sua protagonista. Joana é uma profunda seguidora dos princípios divinos, mas não se sente abençoada, já que seu trabalho e sua família estão por um triz. Ela precisa de um sinal, de uma prova do amor de Deus. Joana poderia elencar um rol de sacrifícios ao ser posta à prova do amor de Deus, como Moisés ou Abraão. Ao mesmo tempo, a ironia surge desse contraponto: seus dilemas surgem exatamente porque Deus atende a seu pedido, e a faz grávida. Talvez Joana seja condenada por amar demais. É a partir daí que vejo “Divino Amor” do ponto de vista do melodrama, sobre a importância do amor e sobre os riscos de quem ama verdadeiramente diante de um mundo maquínico – estes estão verdadeiramente condenados. “Divino Amor” vira então “Benilde”, de Manoel de Oliveira, ou mesmo um rastro de um filme de Jean-Claude Brisseau. É como se Mascaro observasse os paradoxos que surgem no interior de um regime de normatização dos corpos que, aliás extrapola o evangelismo (veja, por exemplo, o cartório). Joana curiosamente representa o desvio no interior do sistema, um abalo que surge justamente por ela, de forma pura, levar seu modus operandi até às últimas consequências. É o amor incondicional que rompe o sistema por dentro. Quando digo por dentro, me refiro também à própria questão do corpo. Um corpo que implode e passa a ser fértil. É muito curioso quando Mascaro propõe uma relação entre a fertilidade e a luz, ou seja, entre a natureza e o cinema (seja artificial por meio da estranha máquina, seja natural, no belíssimo plano em que Dira em pelo se posiciona para a luz). Dar a/à luz. O rebento que nasce ao final sinaliza esse doce desejo da revolução, que nasce não pelo ódio mas pelo amor. Quase ao avesso de “As Boas Maneiras” (2017), mas um avesso que confirma a regra, a criança de “Divino Amor” não canibaliza a normatividade: ela representa a esperança pelo desvio que surge justamente de uma extrapolação do próprio sistema. A ambiguidade com que o diretor compõe uma encenação que conjuga uma crítica irônica aos modos de ser e um afeto respeitoso diante do poder transformador do amor espelha esteticamente sua oscilação entre a comédia e o melodrama, entre o realismo e o futurismo, entre o infantil e o adulto, entre a distopia e a utopia. Como no filme anterior de Mascaro, “Boi Neon” (2015), a obra do diretor não está interessada em propor representações totalizantes do mundo contemporâneo. Ele prefere investigar esses agenciamentos turvos, que apresentam desvios ou que apontam para os paradoxos no interior desses regimes hegemônicos. Em comum, o amor ou o desejo é que rompem as porteiras da normatização dos regimes. E a estetização é o elemento que ativa a sedução dos corpos. Ou seja, a contribuição de Mascaro, para além dos discursos totalizantes, é observar a possibilidade de rachaduras ou desvios (utilizando essa palavra que se remete ao próprio nome da produtora de Mascaro e Rachel) no interior de determinados regimes.
Divino Amor: Sci-fi brasileira tem 100% de aprovação no Rotten Tomatoes
Depois de ter encantado a crítica americana no Festival de Sundance 2019, a sci-fi brasileira “Divino Amor”, dirigida pelo pernambucano Gabriel Mascaro (“Boi Neon”), arrancou elogios dos críticos europeus em sua exibição no Festival de Berlim. O êxtase coletivo resultou em cotação máxima no site Rotten Tomatoes, um aval entusiasmado de 100% de aprovação. Descrevendo o país do futuro, “Divino Amor” se passa em 2027, após uma combinação de Estado e religião tornar os brasileiros profundamente conservadores. Neste futuro, o Carnaval perdeu a primazia para a maior festa brasileira, a do Amor Supremo, uma espécie de rave cristã que marca a espera pela segunda vinda de Jesus. Além disso, os funcionários públicos precisam passar por scanners que determinam o estado civil de cada um, e quem tiver crise deve se consultar com um pastor a qualquer hora do dia, em um drive-thru ao estilo do MacDonald’s. Estrelado por Dira Paes (“Redemoinho”) e Julio Machado (“Joaquim”), o filme participa da Berlinale na prestigiosa Mostra Panorama. “Um profundo questionamento cinemático sobre a natureza da alma conflitada do Brasil”, descreveu o site IndieWire em sua análise. “Mascaro realizou uma parábola futurista arrepiante que ressoa muito além de seus créditos finais, em suas reflexões sobre a fé”, destacou o site Ion Cinema. “Ele nunca soa forçado em seus comentários sobre evangelismo e burocracia inflexíveis, mas suas críticas são tanto inteligentes quanto inescapáveis”, ponderou o site Screen Daily. “Ultrapassando os limites da exploração da fé, o filme de Gabriel Mascaro provavelmente provocará uma controvérsia muito séria no Brasil, mas… é muito mais complexo do que seus aspectos mais imediatos e os momentos carnais sugerem”, ponderou o site Cineuropa. “Lindamente fotografado e produzido, impressionantemente bem interpretado e com muitas coisas fascinantes em mente, este filme é a prova definitiva que Mascaro, aos 35 anos, é um dos dos mais audaciosos e talentosos cineastas brasileiros de sua geração”, rasgou a revista The Hollywood Reporter. “Se a distopia-discoteca fosse um subgênero, o filme seria seu ápice… A nova era do cinema de protesto brasileiro começa aqui, e ‘Amor Divino’ deu o pontapé inicial com sapatilhas de dança”, decretou a revista Variety. Com a reação exacerbada, “Divino Amor” capitaliza uma aprovação internacional que tem sido rara para o cinema brasileiro nos últimos anos. E que é fundamental para impulsionar candidatos à disputa do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. O detalhe é que dificilmente o governo Bolsonaro aprovaria crítica tão contundente a seus valores como representante do país, o que pode manter o baixo nível da seleção em 2020. Até os americanos perceberam as referências. “‘Divino Amor’ chega logo após Bolsonaro ter abolido o Ministério de Direitos Humanos do Brasil para formar o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos sob direção da pregadora evangélica rigorosamente anti-aborto Damares Alves – uma iniciativa que não soaria fora de lugar em uma fantasia sombria como esta”, escreveu a revista Variety.
Festival de Berlim seleciona novo filme do diretor de Boi Neon
O Festival de Berlim 2019 selecionou mais três produções ou coproduções brasileiras, incluindo a ficção científica “Divino Amor”, de Gabriel Mascaro (“Boi Neon”), para sua programação oficial. Anunciados nesta segunda (21/1), os longas serão exibidos na mostra Panorama, uma das principais exibições paralelas do festival. A trama de “Divino Amor” se passa em 2027 e apresenta uma sociedade obcecada pela religião, em que raves viraram cultos e a novidade da vez são cabines de conselhos espirituais no estilo fast food. Neste mundo, Joana (Dira Paes) vive sua fé de forma mais antiquada. Ela participa de um coletivo religioso que resiste às tendências pós-modernas de seu tempo, e tenta se aproximar de Deus enquanto ela e o marido, Danilo (Julio Machado), buscam engravidar pela primeira vez. O filme também foi selecionado para o Festival de Sundance 2019, o principal evento americano do cinema independente, que acontece entre os dias 24 de janeiro e 3 de fevereiro. As outras duas novidades brasileiras de Berlim são coproduções com outros países. “Breve Historia Del Planeta Verde”, do argentino Santiago Loza, também é uma sci-fi, em coprodução entre Brasil, Argentina, Alemanha e Espanha, e conta o que acontece quando uma jovem do interior argentino descobre a criatura alienígena que sua avó escondeu dela durante toda a sua vida. E “La Arrancada”, do amazonense Aldemar Matias, feito em parceria com Cuba e França, mostra a vida de uma atleta na ilha caribenha, acompanhando as mudanças sociais dos últimos anos no país. Eles se juntam ao documentário “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes, e a ficção “Greta”, de Amando Praça, anteriormente anunciados. Entre os títulos internacionais, a maior novidade da seleção é “Light of My Life”, estreia do ator Casey Affleck (“Manchester à Beira-Mar”) na direção. Trata-se de mais uma sci-fi, em que o ator-diretor tenta sobreviver ao apocalipse ao lado de Elisabeth Moss (“The Handmaid’s Tale”). A edição de 2019 do Festival de Berlim vai acontecer entre os dias 7 e 17 de fevereiro.
Elis lidera lista de indicados ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2016
A Academia Brasileira de Cinema, que elege com bastante atraso os melhores artistas, técnicos e filmes nacionais do ano anterior, divulgou a lista de indicados à 16º edição de sua premiação, batizada singelamente de Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Com 12 indicações, o drama biográfico “Elis”, de Hugo Prato, que conta a história da cantora Elis Regina, lidera a lista de produções selecionadas. Outros filmes que se destacam são “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, e “Nise — O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner. Em compensação, “Sinfonia da Necrópole” e “O Roubo da Taça” foram subestimados com apenas uma indicação cada, o que ainda assim é melhor do que ter sido simplesmente ignorado, como aconteceu com “O Silêncio do Céu”, “Campo Grande”, “Para Minha Amada Morta” e “Ponto Zero”, quatro filmes melhores que, por exemplo, “Elis”. Já o pior filme brasileiro de 2016 está na lista, entre as comédias. Adivinhe qual. Além da distribuições de troféus, haverá homenagens ao ator Antonio Pitanga, à atriz e diretora Helena Ignez, ao centenário de empresa distribuidora Grupo Severiano Ribeiro (hoje Kinoplex) e à Cinemateca Brasileira. A cerimônia de premiação vai acontecer em 5 de setembro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, sob direção de Bia Lessa. Confira abaixo a lista completa dos indicados. Indicados ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2016 Melhor Filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro “Elis”, de Hugo Prata “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert “Nise – O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner Melhor Documentário “Cícero Dias, o Compadre de Picasso”, de Vladimir Carvalho “Cinema Novo”, de Eryk Rocha. Curumim, de Marcos Prado. “Eu Sou Carlos Imperial”, de Renato Terra e Ricardo Calil “Marias”, de Joana Mariani “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”, de Belisario Franca “Quanto Tempo o Tempo Tem”, de Adriana L. Dutra Melhor Comédia “BR716”, de Domingos Oliveira “É Fada!”, de Cris D’Amato “Minha Mãe É Uma Peça 2”, de César Rodrigues “O Roubo da Taça”, de Caito Ortiz “O Shaolin do Sertão”, de Halder Gomes Melhor Direção Afonso Poyart (“Mais Forte Que O Mundo – A História De José Aldo”) Anna Muylaert (“Mãe Só Há Uma”) David Schurmann (“Pequeno Segredo”) Gabriel Mascaro (“Boi Neon”) Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”) Melhor Atriz Adriana Esteves (“Mundo Cão”) Andréia Horta (“Elis”) Glória Pires (“Nise – O Coração da Loucura”) Julia Lemmertz (“Pequeno Segredo”) Sonia Braga (“Aquarius”) Sophie Charlotte (“Reza a Lenda”) Melhor Ator Caio Blat (“BR716”) Cauã Reymond (“Reza a Lenda”) Chic Diaz (“Em Nome da Lei”) Domingos Montagner (“Um Namorado Para Minha Mulher”) Juliano Cazarré (“Boi Neon”) Lázaro Ramos (“Mundo Cão”) Melhor Atriz Coadjuvante Alice Braga (“Entre Idas e Vindas”) Andréa Beltrão (“Sob Pressão”) Laura Cardoso (“De Onde Eu Te Vejo”) Maeve Jinkings (“Aquarius”) Maeve Jinkings (“Boi Neon”) Sophie Charlotte (“BR716”) Melhor Ator Coadjuvante Caco Ciocler (“Elis”) Dan Stulbach (“Meu Amigo Hindu”) Flavio Bauraqui (“Nise – O Coração da Loucura”) Gustavo Machado (“Elis”) Irandhir Santos (“Aquarius”) Melhor Roteiro Original Afonso Poyart e Marcelo Rubens Paiva (“Mais Forte Que O Mundo – A História de José Aldo”) Anna Muylaert(“Mãe Só Há Uma”) Domingos Oliveira (“BR716”) Gabriel Mascaro (“Boi Neon”) Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”) Melhor Roteiro Adaptado Fil Braz e Paulo Gustavo (“Minha Mãe É Uma Peça 2”) Hilton Lacerda e Ana Carolina Francisco (“Big Jato”) Lusa Silvestre e Julia Rezende (“Um Namorado Para Minha Mulher”) Neville D’Almeida e Michel Melamed (“A Frente Fria Que a Chuva Traz”) Walter Lima Jr (“Através da Sombra”) Melhor Direção de Fotografia Adrian Teijido (“Elis”) André Horta (“Nise – O Coração da Loucura”) Diego Garcia (“Boi Neon”) Marcelo Corpanni (“Reza a Lenda”) Mauro Pinheiro Junior (“Meu Amigo Hindu”) Melhor Direção de Arte Clovis Bueno, Isabel Xavier e Caroline Schamall (“Meu Amigo Hindu”) Daniel Flaskman (“Nise – O Coração Da Loucura”) Frederico Pinto (“Elis”) Juliana Ribeiro (“O Shaolin do Sertão”) Juliano Dornelles e Thales Junqueira (“Aquarius”) Melhor Figurino Cássio Brasil (“Reza A Lenda”) Cris Kangussu (“Nise – O Coração da Loucura”) Cristina Camargo (“Elis”) Flora Rebollo (“Boi Neon”) Luciana Buarque (“O Shaolin do Sertão”) Melhor Maquiagem Alex De Farias (“Boi Neon”) Anna Van Steen (“Elis”) Bruna Nogueira (“Meu Amigo Hindu”) Cristiano Pires (“O Shaolin do Sertão”) Tayce Vale (“Reza a Lenda”) Melhores Efeitos Visuais Binho Carvalho e José Francisco (“Reza a Lenda”) Eduardo Amodio (“Aquarius”) Guilherme Ramalho (“Elis”) Marcelo Siqueira (“Pequeno Segredo”) Mari Figueiredo (“Mais Forte Que O Mundo – A História de José Aldo”) Melhor Montagem Eduardo Serrano (“Aquarius”) Fernando Epstein e Eduardo Serrano (“Boi Neon”) Gustavo Giani (“Meu Amigo Hindu”) Karen Harley (“Big Jato”) Tiago Feliciano (“Elis”) Melhor Montagem de Documentário Alexandre Lima (“Curumim”) Gabriel Medeiros (“Geraldinos”) Jordana Berg (“Eu Sou Carlos Imperial”) Renato Vallone (“Cinema Novo”) Yan Motta (“Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”) Melhor Som Alfredo Guerra e Érico Paiva (“O Shaolin Do Sertão”) Fabian Oliver, Mauricio D’orey e Vicent Sinceretti (“Boi Neon”) Gabriela Cunha, Daniel Turini, Fernando Henna e Paulo Gama (“Sinfonia da Necrópole”) Jorge Rezende, Alessandro Laroca, Armando Torres Jr. e Eduardo Virmond Lima (“Elis”) Nicolas Hallet e Ricardo Cutz (“Aquarius”) Paulo Ricardo Nunes, Miriam Biderman, Ricardo Reis e Paulo Gama (“Reza a Lenda”) Melhor Trilha Sonora Original Alceu Valença (“A Luneta do Tempo”) Antonio Pinto (“Pequeno Segredo”) Dj Dolores (“Big Jato”) Jaques Morelenbaum (“Nise – O Coração da Loucura”) Otavio De Moraes (“Elis”) Melhor Trilha Sonora Alexandre Guerra (“O Vendedor de Sonhos”) Bernardo Uzeda (“Mate-Me por Favor”) Domingos Oliveira (“BR716”) Mateus Alves (“Aquarius”) Mauricio Tagliari (“Mundo Cão”) Melhor Longa-Metragem Estrangeiro “A Chegada”, de Denis Villeneuve “A Garota Dinamarquesa”, de Tom Hooper “Animais Noturnos”, de Tom Ford “Elle”, de Paul Verhoeven “O Filho de Saul”, de László Nemes “Spotlight – Segredos Revelados”, de Tom Mccarthy Melhor Curta “A Moça que Dançou com o Diabo”, de João Paulo Miranda Maria “Constelações”, de Maurílio Martins “E o Galo Cantou”, de Daniel Calil “Não Me Prometa Nada”, de Eva Randpolph “O Melhor Som do Mundo”, de Pedro Paulo De Andrade Melhor Curta de Documentário “A Morte do Cinema”, de Evandro De Freitas “Abissal”, de Arthur Leite “Aqueles Anos de Dezembro”, de Felipe Arrojo Poroger “Buscando Helena”, de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner “Índios no Poder”, de Rodrigo Arajeju “Orquestra Invisível Let’s Dance”, de Alice Riff Melhor Curta de Animação “Cartas, de David Mussel “O Caminho dos Gigantes, de Alois Di Leo “O Projeto do Meu Pai”, de Rosaria Maria “Quando os Dias Eram Eternos”, de Marcus Vinicius Vasconcelos “Tango”, de Francisco Gusso e Pedro Giongo “Vento”, de Betânia Furtado “Vida de Boneco”, de Flávio Gomes
Troféu do cinema ibero-americano premia Aquarius e Boi Neon
A 3ª edição do Prêmio Fênix Ibero-Americano de Cinema consagrou o filme chileno “Neruda”, de Pablo Larraín, e destacou duas produções brasileiras, “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro. Os filmes brasileiros levaram dois troféus cada: Melhor Direção e Atriz (Sônia Braga) para “Aquarius”, e Melhor Roteiro (Mascaro) e Fotografia (Diego García) para “Boi Neon”. “Neruda”, por sua vez, ficou com quatro prêmios. Além de Melhor Filme, conquistou os troféus de Montagem, Direção de Arte e Figurino. Para completar, o thriller de época argentino “O Clã” também levou dois prêmios, com destaque para o de Melhor Ator conquistado para o veterano Guillermo Francella. Entre os documentários, “Tempestade” não deixou chances para os concorrentes, vencendo os três troféus disponíveis na categoria. O Prêmio Fênix Ibero-Americano de Cinema é uma das duas premiações recentes que buscam ser consideradas o “Oscar ibero-americano”. A outra é o Prêmio Platino. Curiosamente, ambos foram criados no mesmo ano, com suas primeiras edições realizadas em 2014. No ano passado, o Fênix elegeu outro filme de Pablo Larraín, “O Clube”, como melhor do ano, enquanto o Platino preferiu o colombiano “O Abraço da Serpente”, de Ciro Guerra. Vencedores do prêmio Fênix do Cinema Ibero-Americano 2016 Melhor Filme “Neruda” Melhor Diretor Kleber Mendonça Filho, por “Aquarius” Melhor Atriz Sônia Braga, por “Aquarius” Melhor Ator Guillermo Francella, por “O Clã” Melhor Roteiro Gabriel Mascaro, por “Boi Neon” Melhor Direção de Fotografia Diego García, por “Boi Neon” Melhor Montagem Hervé Schneid, por “Neruda” Melhor Direção de Arte Estefania Larrain, por “Neruda” Melhor Figurino Muriel Parra, “Neruda” Melhor Som Vicente D’Elia e Leandro de Loredo, por “O Clã” Melhor Trabalho de Exibição “Os 33” Melhor Trilha Sonora Original Leonardo Heiblum e Jacobo Lieberman, por “Tempestade” Melhor Documentário “Tempestade” Melhor Direção de Fotografia de Documentário Ernesto Pardo, por “Tempestade” Prêmio pela Carreira Alejandro Jodorowsky









