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    Cannes: Spielberg busca a magia de sua juventude em O Bom Gigante Amigo

    14 de maio de 2016 /

    Steven Spielberg está de volta a Cannes, três anos após presidir o júri que deu a Palma de Ouro ao belo “Azul É a Cor Mais Quente”, desta vez buscando agradar outro público. Em “O Bom Amigo Gigante”, ele retoma as produções infantis, levando às telas uma adaptação do livro de fantasia escrito por Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”) em 1982. O filme acompanha uma menina que, ao ficar acordada até tarde num orfanato, descobre a existência de um gigante, e embarca numa jornada de encantamento e perigo, acompanhando-o até uma terra mágica, onde conhece sua missão de levar sonhos bons para as crianças. Entretanto, nem todos os gigantes são bonzinhos e a jovem logo se vê em apuros. O livro foi publicado no mesmo ano em que Spielberg lançou seu maior sucesso entre as crianças, o clássico “E.T. – O Extraterrestre” (1982). A lembrança da sci-fi juvenil, claro, foi bastante evocada durante o encontro com a imprensa em Cannes. E deverá ser perpetuada durante sua estreia comercial, numa homenagem à roteirista de ambas as produções. “Para mim não foi como voltar ao passado, foi revistar algo que eu sempre amei fazer: contar histórias cheias de imaginação”, explicou o diretor, no encontro com a imprensa internacional em Cannes. “Quando faço filmes históricos, como ‘Lincoln’ ou ‘Ponte dos Espiões’, a imaginação é um pouco deixada de lado. Aqui, me senti livre. Fazer o filme me trouxe de volta sentimentos que tinha quando era um cineasta mais jovem. De que trata este filme? Simplesmente do poder da imaginação”. O cineasta contou que leu o romance de Roald Dahl a seus sete filhos quando eram pequenos, e a reação das crianças foi sua principal inspiração para filmá-lo. “Estou sempre à procura de uma boa história. Às vezes elas estão na nossa frente”, comentou. Para ele, esta história contém uma mensagem importante. “Devemos acreditar na magia, quando o mundo não deixa de piorar, precisamos de magia”. A ideia de evocar um mundo mágico para as crianças o inspirou a retomar uma saudosa parceria. Para materializar a adaptação, ele tirou a roteirista Melissa Mathison (“Kundun”) da aposentadoria. Especialista em fantasias estreladas por crianças, Melissa foi quem escreveu “E.T. – O Extraterrestre”, e voltou a evocar a mesma sensação de maravilhamento em “O Bom Amigo Gigante”. Infelizmente, ela já lutava com um câncer durante o trabalho e veio a falecer após entregar o roteiro finalizado, em novembro passado. Mas se há essa ligação sentimental com o passado, a produção também reflete as novas experiências do diretor com a tecnologia digital. Spielberg utilizou a experiência adquirida durante as filmagens da animação “As Aventuras de Tintim” (2011) para trabalhar com captura de performance. O gigante do título, por exemplo, ganhou vida por meio dessa técnica, interpretado por Mark Rylance, que venceu do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme anterior do cineasta, “Ponte dos Espiões” (2015). Rylance falou um pouco sobre a experiência, que envolve usar macacões cheios de pontos para leitura de computadores. “Para mim, não foi muito diferente de ensaios no teatro. Você precisa usar sua imaginação. Não há câmeras nem a necessidade de usar marcações rígidas.” Spielberg aproveitou para tecer elogios ao ator, com quem ainda vai trabalhar em seus próximos dois filmes, a sci-fi “Jogador Nº 1” e o drama de época “The Kidnapping of Edgardo Mortara”. “Tenho sorte de conhecê-lo. E mais sorte ainda por termos nos tornado amigos. Conheci muita gente em 40 anos de carreira, mas não trouxe muitas pessoas para minha vida. Mark é um dos raros, e ter com ele amizade e relação profissional é um sonho.” Para o papel principal, porém, o diretor apostou numa pequena estreante: a inglesa Ruby Barnhill, que debuta no cinema aos 11 anos de idade. Sentada ao lado de Spielberg durante a coletiva de imprensa, a jovem atriz disse que “fez aulas de teatro” e participou de uma série infantil britânica (“4 O’Clock Club”) antes de filmar a fantasia. Mas acabou revelando-se tão encantada com Cannes quanto com a terra de gigantes. “Isto aqui é incrível”, ela exclamou. “O Bom Amigo Gigante” estreia em 28 de julho no Brasil, quase um mês após o lançamento nos EUA.

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    Rodrigo Teixeira vai produzir novos filmes de Abbas Kiarostami e James Gray

    13 de maio de 2016 /

    A RT Features, do produtor brasileiro Rodrigo Teixeira, fechou acordos, durante o Festival de Cannes, para coproduzir os novos filmes dos cineastas Abbas Kiarostami (“Cópia Fiel”) e James Gray (“Era Uma Vez em Nova York”). Com roteiro mantido em segredo, “24 Frames” será o primeiro filme de Kiarostami desde “Um Alguém Apaixonado”, de 2012, que fez parte da seleção oficial de Cannes daquele ano. Segundo a revista Variety, o longa é um projeto experimental sobre os filmes que o iraniano vem dirigindo nos últimos três anos. “Kiarostami é um dos maiores nomes do cinema mundial, seus filmes sempre me inspiraram e este é um projeto muito especial e estou muito feliz com a parceria com Charles, seu trabalho nos últimos anos é impressionante”, disse o produtor em comunicado. Já o projeto com James Gray será um épico sci-fi, escrito pelo próprio cineasta americano. A expectativa é que comece a ser rodado no início de 2017. “Temos um roteiro muito forte e vamos anunciar o elenco em breve”, disse o produtor. Rodrigo Teixeira é um dos principais produtores de cinema do país e pioneiro na iniciativa de coprodução internacional. Ele foi bem-sucedido ao se associar como produtor de filmes premiados como a comédia “Frances Ha” (2012) e o terror “A Bruxa” (2015).

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  • Filme

    Cannes: Jodie Foster empolga com o thriller O Jogo do Dinheiro

    13 de maio de 2016 /

    A atriz e diretora Jodie Foster (“Um Novo Despertar”) esteve pela primeira vez em Cannes há exatos 40 anos, durante a première de “Taxi Driver” (1976), que venceria a cobiçada Palma de Ouro. “Tinha 12 anos e só lembro que estava cheio de fotógrafos. Aquele foi o início da minha carreira como atriz. Retornar agora como diretora é uma grande honra”, ela contou, em seu encontro com a imprensa internacional, a respeito de seu retorno ao festival para lançar “Jogo do Dinheiro”, exibido fora de competição. O filme de Foster causou frenesi, mas mais por conta de suas estrelas, George Clooney (“Ave, César!”) e Julia Roberts (“O Maior Amor do Mundo”), reverenciados, na Europa, como realezas de Hollywood. Foi a primeira vez que Roberts subiu a mítica escadaria de Cannes, arrancando gritos e aplausos da multidão. Contente com a idolatria que a profissão lhe rende, Roberts diz que jamais teria a coragem de Foster para virar diretora. “Com alguma frequência as pessoas me perguntam isto. Não tenho esta intenção, porque conheço minhas limitações intelectuais e de paciência. Não posso ter mais de quatro pessoas me fazendo perguntas a todo instante.” Em “Jogo do Dinheiro”, por ironia, é exatamente este o seu papel, como produtora e diretora de um programa televisivo, que se se vê às voltas com uma situação tensa que requer grande concentração e capacidade de discernimento. Trata-se de um thriller, centrado na invasão de um estúdio de TV por um homem desesperado, que toma como refém um guru econômico cujas dicas o fizeram acabar na miséria. Falando sobre a trama, o também produtor George Clooney assumiu como referência o clássico “Rede de Intrigas” (1976), dirigido por Sidney Lumet. “Este filme trabalha a evolução do que se tornou a encruzilhada entre o jornalismo e o entretenimento. ‘Rede de Intrigas’ começou com isto, e é considerada uma das melhores comédias de humor negro de todos os tempos. Trata-se de um excelente filme, mas não é uma comédia. Tudo o que foi escrito na época se tornou realidade, a gente sequer poderia imaginar que poderíamos ter reality shows como os sugeridos na época. Neste filme, refletimos sobre isto, sobre o momento em que o jornalismo precisa render dinheiro ao invés de simplesmente produzir notícias.” Na trama, Clooney interpreta Lee Gates, apresentador do programa “Money Monster”, que serve de título original ao filme, onde dá dicas de economia e, para entreter o público, chega até a dançar. “Quando Jodie veio falar comigo, ela disse que queria fazer um musical”, brincou o ator, sobre a situação. “Ela me perguntou se eu poderia dançar, contratou uma coreógrafa muito talentosa, mas como sou um dançarino muito ruim acho que ficou engraçado.” O ator aproveitou para lembrar como o público é seduzido pelo que vê na TV. Situação que chega ao extremo quando um bilionário apresentador de reality show se torna um candidato viável à presidência dos EUA. “Trump é o resultado dessa tendência cada vez mais gritante na TV, no qual brincadeira substitui notícia. O fato, ilustrado no filme, de que um apresentador de TV sem nenhuma seriedade é instado a dizer para as pessoas como elas devem investir seu dinheiro mostra a que grau de loucura nossa sociedade chegou”. O personagem que invade o estúdio, por sua vez, é interpretado pelo britânico Jack O’Connell (“Invencível”), que na história se revela uma vítima da corrupção do sistema financeiro. “O personagem de Jack encarna a raiva que muitos sentem diante dos abusos do sistema financeiro”, resumiu Foster. Ele pede justiça, que lhe expliquem como seu dinheiro evaporou depois que, na tela de TV, prometeram-lhe todo tipo de garantia. Exige que continuem transmitindo ao vivo seu questionamento, que apareça o responsável pelo esquema e que confesse às pessoas como funciona aquele banditismo, capaz de fazer vítimas sem que isso seja considerado crime. Conforme as respostas surgem, “O Jogo do Dinheiro” revela-se mais que um thriller. É também uma denúncia. “Eu ainda não tinha visto muita reação de Hollywood à crise financeira”, disse Dominic West (série “The Affair”), que interpreta um banqueiro no filme. “A possibilidade de responsabilizar os banqueiros de uma maneira muito visual e dramática foi o que me atraiu no projeto”, ele apontou. Para completar a reflexão econômica, Foster lembrou que a crise também afeta o negócio cinematográfico e dificulta, cada vez mais, que se façam filmes mais ousados. “Eu acho que os executivos dos estúdios estão com medo”, ela avalia. “Acho que este é o período mais avesso ao risco na história do cinema. Muitas coisas mudaram em termos de economia e de estrutura nos estúdios. Por isso, hoje, a televisão se presta mais à inovação, pois com custos menores se pode arriscar mais”, comparou, lembrando que recentemente dirigiu episódios da série “Orange Is the New Black”. A crítica internacional, entretanto, prefere que ela continue no cinema. O consenso é que “O Jogo do Dinheiro” é um de seus melhores trabalhos. “Empolgante” foi a descrição mais utilizada. E não faltou quem publicasse que os filmes exibidos fora de competição – incluindo “Café Society”, de Woody Allen – , estavam dando banho nos primeiros longas da programação oficial de Cannes. “O Jogo do Dinheiro” estreia em duas semanas, no dia 26 de maio, no Brasil.

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    Cannes: Woody Allen diz que acusações de abuso sexual da filha são “besteira”

    12 de maio de 2016 /

    O diretor Woody Allen participou de um almoço com a imprensa internacional em Cannes, em que abordou o suposto abuso sexual de sua filha adotiva, Dylan Farrow, em resposta às críticas de seu outro filho, Ronan Farrow, publicadas nesta semana na revista The Hollywood Reporter. Ronan escreveu um longo texto questionando o silêncio da imprensa presente em Cannes a respeito das acusações que pesam sobre o cineasta, que teria abusado de Dylan quando ela tinha 7 anos, no começo dos anos 1990. Há dois anos, a própria Dylan publicou uma carta no jornal The New York Times relatando o suposto abuso. Dias depois, na mesma publicação, Woody Allen negou ter cometido o crime. E foi tão contundente que ninguém mais falou a respeito. A polêmica teria acabado ali, se Ronan não insistisse em ressuscitá-la. Diante da volta do assunto, Allen foi sucinto. “Eu não falo sobre isso. Fiz a minha declaração há muito tempo no The New York Times, eles me deram bastante espaço para isso. A coisa toda é uma besteira muito grande. Não me incomoda. Não penso a respeito. Trabalho”. Woody Allen tampouco alimenta outra controvérsia, que Ronan Farrow prefere não trazer à tona. Sua mãe, a atriz Mia Farrow, recentemente confessou que talvez ele não fosse filho de Woody Allen, mas sim de Frank Sinatra, seu ex-marido, com quem ela traiu o cineasta. Ronan é bem parecido com Sinatra, mas não fala sobre isso. Prefere criticar “sobre o que vamos fechar os olhos, o que vamos ignorar, o que se conta e o que não se conta”. Durante o almoço, Allen também foi questionado se teria se ofendido com uma piada do apresentador Laurent Laffite na cerimônia de abertura do festival. Em uma referência a Roman Polanski e ao próprio Allen, o comediante francês se dirigiu ao cineasta com a seguinte piada: “Você filma tantos filmes aqui na Europa e nem foi condenado nos Estados Unidos por estupro”. “Precisa de muita coisa para me ofender. O que me incomodou mais na noite passada foi a duração da apresentação antes do filme”, Allen comentou, mais educado que a esposa de Polanski, a atriz Emmanuelle Seigner, que chamou Lafitte de “patético”. Polêmicas recicladas à parte, o novo filme do diretor, “Café Society”, foi muito bem recebido no festival, ganhando elogios rasgados da crítica internacional, que o considerou um dos melhores filmes de abertura de Cannes dos últimos cinco anos – mais exatamente, desde que o próprio Allen abriu o evento com “Meia-Noite em Paris” (2011).

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    Cannes: Woody Allen traz glamour à abertura do festival

    11 de maio de 2016 /

    O Festival de Cannes não poderia ter escolhido um filme mais glamouroso para abrir sua 69ª edição. “Café Society” tem a leveza de “Meia-Noite em Paris”, que abriu o evento em 2011. E exibe algumas das imagens mais belas da carreira do diretor Woody Allen, cortesia do veterano cinematógrafo Vittorio Storaro (“O Último Imperador”) e da fotogenia da estrela Kristen Stewart (“Acima das Nuvens”), dois ícones cinematográficos completamente distintos e com quem ele nunca tinha trabalhado antes. Comédia romântica de época, na linha do recente “Magia ao Luar” (2014), “Café Society” traz Jesse Eisenberg (“Batman vs. Superman”) como alterego de Allen. O cineasta já tinha dirigido o ator em “Para Roma, com Amor” (2012) e aproveita o reencontro para projetar no jovem a nostalgia por sua própria juventude, evocando paixões numa Hollywood glamourosa e numa Nova York igualmente retratada sob as luzes da estilização, durante a década de 1930. “Sempre me achei um cara romântico, embora essa opinião não seja necessariamente compartilhada pelas mulheres com quem convivi ao longo da minha vida”, brincou Allen, com seu célebre humor autodepreciativo, durante a entrevista coletiva com a imprensa internacional. “Cresci assistindo a filmes de Hollywood, que tiveram influência sobre mim, e é assim que me vejo. Tendo a ser romântico quando tento fazer filmes de amor. ‘Match Point’, por exemplo, não foi um filme romântico. Quando faço um filme de amor, ele tende a ser como ‘Café Society’, porque é um reflexo da minha formação”, explicou. No filme, Jesse Eisenberg vive Bobby, um jovem judeu de Nova York que, entendiado com os rumos de sua vida, vai tentar um recomeço em Los Angeles, com a ajuda do tio Phil (Steve Carell, de “A Grande Aposta”), poderoso agente de talentos de Hollywood. Mas, ao se apaixonar pela bela Vonnie (Kristen), secretária do tio, parte o coração e decide voltar para a Costa Leste. A experiência com as celebridades continua com seu envolvimento num nightclub frequentado por ricos e famosos, referência ao Café Society do título, que é administrado por seu irmão mafioso (Corey Stoll, de “Homem-Formiga”). Neste novo cenário, ele também conhece a paixão, ao encontrar Veronica (Blake Lively, de “A Incrível História de Adaline”). Entretanto, o romantismo de Woody Allen não é exatamente edulcorado. Ao final, há uma reviravolta melancólica. “Em filmes, tendemos a ver a vida como algo divertido. Mesmo quando vemos marido traindo a mulher, ou cônjuges mantendo relacionamentos misteriosos. Mas, analisando seriamente, tudo isso é muito triste, porque vemos pessoas sendo traídas, tendo casos, destruindo famílias e relacionamentos. Filmes adotam uma perspectiva cômica da crueldade da vida”, ele comentou, a respeito da trama de “Café Society”. “Dá vertigem, porque é como acontece na vida: você sempre pergunta se tomou as decisões corretas”, comentou Kristen Stewart, presente – e platinada! – à entrevista, a respeito da história escrita por Allen. Apesar do tom nostálgico nas lembranças da velha Hollywood e da romantização boêmia de Nova York, a recriação de época de “Café Society” contou com a incorporação de tecnologia de ponta. Pela primeira vez, e com excelentes resultados, Woody Allen trabalhou com câmeras digitais. “Para mim não mudou nada. Tenho ali a câmera e o elenco que precisa ser iluminado. O processo, para mim, é o mesmo que tenho feito com película. O digital oferece mais opções quando o filme está pronto. Mas não comprometi o meu modo de filmar por causa desse detalhe”, ele ponderou. A facilidade que a tecnologia propicia ao trabalho de pós-produção, entretanto, é vital para um cineasta que mantém um ritmo intenso, lançando um filme por ano desde 1982, apesar da idade avançada. “Eu mesmo não acredito que cheguei aos 80 anos!”, comentou Allen, divertindo a imprensa, antes de retomar seu humor mórbido, que continua desconcertante. “Minha mãe morreu com quase 100 anos, meu pai passou disso. Mas um dia, tenho certeza, acordarei pela manhã e terei um derrame, e vou parar em uma cadeira de rodas. Aí as pessoas vão apontar para mim na rua e dizer: ‘Lembra dele? Costumava fazer filmes. Agora ela faz isso (treme a mão, simulando um descontrole motor)’”. Woody Allen já lançou 14 filmes em Cannes, sempre fora de competição, porque não concorda que filmes possam ser comparados e que o trabalho de um cineasta deva ser considerado melhor que o de outro. “Café Society” será distribuído nos EUA com exclusividade pelo Amazon Studios, que pretende realizar um lançamento limitado nos cinemas em julho, antes de disponibilizá-lo na internet. No Brasil, a estreia está marcada apenas para 27 de outubro.

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    Festival de Cannes tem edição mais competitiva dos últimos anos

    11 de maio de 2016 /

    A edição 2016 do Festival de Cannes, que começa nesta quarta (11/5) com a exibição de “Café Society”, novo filme de Woody Allen, será a mais competitiva dos últimos anos. A organização do evento fez uma seleção de cineastas prestigiadíssimos, verdadeiros mestres do cinema, para a disputa da Palma de Ouro, aumentando a responsabilidade do juri presidido por George Miller (foto acima), o diretor de “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015). Para dar uma ideia inicial do que representam os 20 cineastas selecionados, o menos experiente é o brasileiro Kleber Mendonça Filho, que mesmo assim conquistou prêmios internacionais com sua obra de estreia, “O Som ao Redor” (2014). A grande maioria dos selecionados já foi reconhecida por troféus no próprio Festival de Cannes. Quatro deles, por sinal, levaram a Palma de Ouro. Os maiores campeões são os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, duas vezes vencedores com “Rosetta” (1999) e “A Crianca” (2005). Eles retornam com o drama “La Fille Inconnue” (ou, no título internacional, “The Unknown Girl”), estrelado por Adèle Haenel, a jovem estrela francesa de “Lírios d’Água” (2007) e “Amor à Primeira Briga” (2014). Dois outros cineastas que já conquistaram a Palma de Ouro também estão de volta à competição. Vencedor pelo impactante “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias” (2007), o romeno Cristian Mungiu apresenta “Bacalaureat”, enquanto o britânico Ken Loach, laureado por “Ventos da Liberdade” (2006), exibe “I, Daniel Blake”. A lista prestigiosa também tem diversas Palmas de Prata. O dinamarquês Nicolas Winding Refn, premiado no festival pela direção de “Drive” (2011), traz seu terror artístico “Neon Demon”, passado no mundo da moda e estrelado por Elle Fanning (“Malévola”), Bella Heathcote (“Orgulho e Preconceito e Zumbis”), Abbey Lee (“Mad Max: Estrada da Fúria”), Jena Malone (franquia “Jogos Vorazes”), Keanu Reeves (“De Volta ao Jogo”) e Christina Hendricks (série “Mad Men”). O espanhol Pedro Almodóvar, que recebeu de Cannes o troféu de Melhor Roteiro por “Volver” (2006), comparece com “Julieta”, drama sobre perda e abandono que acompanha uma mulher (interpretada em diferentes fases por Emma Suarez e Adriana Ugarte) ao longo de três décadas. O canadense Xavier Dolan, que venceu o Prêmio do Juri por “Mommy” (2014), revela “Juste la Fin du Monde” (título internacional: “It’s Only the End of the World”), seu primeiro longa estrelado por astros franceses. E que astros! O elenco inclui Léa Seydoux (“007 Contra Spectre”), Marion Cotillard (“Macbeth”), Vincent Cassel (“Em Transe”) e Gaspard Ulliel (“Saint Laurent”). O festival, claro, continua a destacar o cinema francês, e este ano selecionou quatro obras da “casa”. Olivier Assayas vai disputar a Palma de Ouro pela quinta vez com “Personal Shopper”, por coincidência outra história sobrenatural passada no mundo da moda (como “Neon Demon”), que volta a reunir o diretor com a atriz Kristen Stewart após o premiado “Acima das Nuvens” (2014). Nicole Garcia (“Um Belo Domingo”), por sua vez, concorre pela terceira vez com “Mal de Pierres” (“From the Land of the Moon”), que junta Marion Cotillard com Louis Garrel (“Dois Amigos”) num romance de época que atravessa gerações. Bruno Dumont, que já levou duas vezes o Grande Prêmio do Júri (por “A Humanidade”, em 1999, e “Flandres”, em 2006), compete com “Ma Loute” (“Slack Bay”), uma combinação de mistério gótico e romance gay juvenil passado no litoral francês em 1910, no qual Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”) interpreta a matriarca de uma antiga família decadente. E Alain Guiraudie, vencedor da Mostra um Certo Olhar com “Um Estranho no Lago” (2013), traz “Rester Vertical” (“Staying Vertical”), cuja história está sendo mantida em sigilo. Além da já citada obra de Nicole Garcia, a competição terá mais dois filmes dirigidos por mulheres: o road movie “American Honey”, da inglesa Andrea Arnold, que venceu o Prêmio do Juri com “Aquário” (2009), e “Toni Erdmann”, um drama sobre relacionamento familiar da alemã Maren Ade, anteriormente premiada no Festival de Berlim por “Todos os Outros” (2009). O cinema americano, como sempre, também se destaca na seleção, comparecendo com três representantes. Sean Penn, que já foi premiado em Cannes como ator por “Loucos de Amor” (1997), dirige “The Last Face”, drama humanitário passado na África e estrelado por sua ex-mulher Charlize Theron (“Mad Max: Estrada da Fúria”). Jim Jarmusch, vencedor do Prêmio do Júri por “Flores Partidas” (2005), lança “Paterson”, em que Adam Driver (“Star Wars: O Despertar da Força”) é um motorista de ônibus poeta. E Jeff Nichols, que disputou a Palma de Ouro com “Amor Bandido” (2012), retorna com “Loving”, no qual Joel Edgerton (“Aliança do Crime”) e Ruth Negga (série “Agents of SHIELD”) vivem um casal inter-racial nos anos 1950. Outro cineasta bastante conhecido em Hollywood, o holandês Paul Verhoeven, que disputou a Palma de Ouro por “Instinto Selvagem” (1992), traz seu primeiro filme falado em francês, “Elle”, estrelado pela atriz Isabelle Huppert (“Amor”). Refletindo sua filmografia, o longa deve se tornar um dos mais comentados do festival pelo tema polêmico. Na trama, a personagem de Huppert é estuprada e fica fascinada pelo homem que a atacou, passando a persegui-lo. A seleção também inclui três cineastas asiáticos. O iraniano Asghar Farhadi, vencedor do Oscar por “A Separação” (2011) e premiado em Cannes por “O Passado” (2013), volta a lidar com seus temas favoritos, relacionamentos e separações, em “The Salesman”. O filipino Brillante Mendoza, também já premiado em Cannes pela direção de “Kinatay” (2009), traz o drama “Ma’ Rosa”, sobre uma família que possui uma loja de conveniência numa região pobre de Manilla. Por fim, o sul-coreano Park Chan-wook, que ganhou o Grande Prêmio do Juri por “Oldboy” (2003), conta, em “The Handmaiden”, um romance lésbico ambientado na Inglaterra vitoriana. É esta turma premiadíssima que o brasileiro Kleber Mendonça Filho irá enfrentar, com a exibição de “Aquarius” na mostra competitiva. Rodado em Recife, o filme também marca a volta de Sonia Braga ao cinema nacional, no papel de uma viúva rica em guerra contra uma construtora que quer desaloja-la do apartamento onde vive. O Brasil levou a Palma de Ouro apenas uma vez na história, com “O Pagador de Promessas”, em 1962. E o cinema nacional estava meio esquecido no festival. “Aquarius” interrompe um hiato de oito anos desde que uma produção brasileira competiu pela Palma de Ouro pela última vez – com “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas, em 2008. Por sinal, o país também está representado na disputa da Palma de Ouro de curta-metragem, com “A Moça que Dançou com o Diabo”, do diretor João Paulo Miranda Maria, incluído na competição oficial. Além da disputa da Palma de Ouro, o festival terá diversas mostras paralelas, que incluem a exibição do documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha (“Campo de Jogo”), programado na mostra Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação da memória e do patrimônio cinematográfico mundial. O filme vai concorrer ao prêmio L’Oeil d’Or (Olho de Ouro), entregue ao melhor documentário do festival, em disputa que se estende a todas as mostras. O júri deste ano conta com a participação do crítico brasileiro Amir Labaki, diretor do Festival É Tudo Verdade. A programação do festival ainda exibirá, fora de competição, a já citada nova comédia de Woody Allen, “Café Society”, a volta de Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”) ao cinema infantil, com “O Bom Gigante Amigo”, adaptado de uma história de Road Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), o thriller financeiro “Jogo do Dinheiro”, de Jodie Foster (“Um Novo Despertar”), a comédia “Dois Caras Legais”, de Shane Black (“Homem de Ferro 3”), e o thriller “Herança de Sangue”, do francês Jean-François Richet (“Inimigo Público nº 1”), que marca a volta de Mel Gibson (“Os Mercenários 3”) como protagonista de filmes de ação. Sem mencionar dezenas de outras premières mundiais em seções prestigiadas como Um Certo Olhar, Quinzena dos Diretores, Semana da Crítica e Cine-Fundação.

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  • Série

    Dear White People: Comédia indie premiada vai virar série do Netflix

    10 de maio de 2016 /

    A comédia racial “Cara Gente Branca” (Dear White People), premiada no Festival de Sundance de 2014, vai virar uma série do Netflix. O serviço de streaming anunciou a encomenda de 10 episódios da produção. O diretor e roteirista do filme, Justin Simien, vai escrever toda a temporada e assinar a direção do capítulo de estreia. Totalmente independente, o filme foi feito por meio de financiamento coletivo e contou com os atores Tyler James Williams (série “Todo Mundo Odeia o Chris”), Tessa Thompson (“Creed: Nascido para Lutar”), Teyonah Parris (série “Mad Men”), Bradon P. Bell (série “2 Broke Girls”) e Kyle Gallner (“Sniper Americano”). Simien espera poder contar eles na nova versão, mas o elenco da série ainda não foi confirmado. A trama original contava a história de quatro jovens negros que ingressam na universidade e se deparam com o racismo da instituição. Quando os alunos brancos decidem dar uma festa temática sobre a raça negra, os quatro se mobilizam e passam a questionar tudo, inclusive o pensamento politicamente correto e condescendente a respeito da diversidade racial. “Cara Gente Branca” também foi premiada como Melhor Roteiro de Estreia no Spirit Awards (o Oscar indie) de 2015. Mesmo assim, foi lançada no Brasil apenas em março deste ano, e diretamente em VOD (video on demand). Não há previsão para a estreia da série, que vai manter o nome original do filme, “Dear White People”.

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  • Filme

    Documentário Danado de Bom vence o festival Cine-PE

    9 de maio de 2016 /

    O documentário “Danado de Bom”, de Deby Brennand, foi o grande vencedor do 20º Cine-PE, levando os troféus Calunga de Melhor Filme, Fotografia, Montagem e Edição de Som. Único documentário na mostra competitiva de longas, o filme traça um perfil do compositor João Silva, parceiro de Luiz Gonzaga que morreu em 2003 e não chegou a ver o trabalho pronto. “Danado de Bom” foi o único filme aplaudido de pé em todo o Cine PE-2016. Com um tema popular – o forró – , ele já tinha sido exibido no festival É Tudo Verdade, onde não chamou tanta, para não dizer nenhuma, atenção. O mais curioso, entretanto, é que na hora de definir seu prêmio, o público preferiu outro longa, ignorando sua suposta popularidade. Longa mais premiado da noite, “Por Trás do Céu”, de Caio Sóh, venceu o troféu do júri popular e também conquistou quatro categorias da premiação do juri: Melhor Roteiro (do próprio Caio Sóh), Ator Coadjuvante (Paulo Góes), Atriz Coadjuvante (Paula Burlamaqui) e Direção de Arte. O troféu de Melhor Direção ficou com Rodrigo Gava, pela animação “As Aventuras do Pequeno Colombo”, enquanto os prêmios de interpretação foram para os dois protagonistas do filme “Leste Oeste”, Felipe Kannenberg e Simone Iliescu. Dirigido por Rodrigo Grota, “Leste Oeste” tinha sido o longa mais elogiado do evento… Além dos prêmios “oficiais”, o veterano cineasta Luiz Rosemberg Filho, que apresentou “Guerra do Paraguay” na competição, recebeu um Calunga especial pelo conjunto da obra. “Guerra do Paraguay” ainda foi considerado o Melhor Filme do festival na votação da crítica. Ou seja, com apenas seis longas em competição, o Cine-PE só deixou de premiar a comédia “O Prefeito”, de Bruno Safadi, evidenciando o loteamento que costuma resultar de uma amostragem limitada. Outro problema derivado dessa opção, por sinal, acabou prejudicando a festa da premiação: a ausência da maioria dos vencedores, que não compareceram ao evento para receber seus troféus. Diante do acumulo de desculpas, ficou a sensação de desprestígio do festival. Um dos mais importantes festivais de cinema do país, o Cine-PE aconteceu de 2 a 8 de maio, em Pernambuco, trazendo, ainda, 18 curta-metragens. A ficção “Redemunho”, estreia na direção da atriz Marcélia Cartaxo (sempre lembrada por “A Hora da Estrela”), ganhou o prêmio de Melhor Curta. Os títulos dos demais premiados podem ser conferidos abaixo, na lista completa dos vencedores. Vencedores do Cine-PE 2016 MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS Melhor Filme Danado de Bom (PE), de Deby Brennand Melhor Direção Rodrigo Gava, por As Aventuras do Pequeno Colombo (RJ) Melhor Roteiro Caio Sóh, por Por Trás do Céu (SP) Melhor Fotografia Jane Malaquias, Pablo Nóbrega e Pedro Von Kruger, por Danado de Bom (PE) Melhor Edição Jordana Berg, por Danado de Bom (PE) Melhor Edição de Som Ernesto Sena e Antonio de Pádua, por Danado de Bom (PE) Melhor Trilha Sonora Ary Sperling, por As Aventuras do Pequeno Colombo (RJ) Melhor Direção de Arte Ana Isaura, Zeno Zanardi e Kennedy Mariano, por Por Trás do Céu (SP) Melhor Ator Coadjuvante Renato Góes, por Por Trás do Céu (SP) Melhor Atriz Coadjuvante Paula Burlamaqui, por Por Trás do Céu (SP) Melhor Ator Felipe Kannenberg, por Leste Oeste (PR) Melhor Atriz Simone Iliescu, por Leste Oeste (PR) Prêmio Especial do Júri Luiz Rosemberg Filho, pelo conjunto de sua obra e contribuição ao cinema brasileiro Prêmio da Crítica (júri da Abraccine) Guerra do Paraguay, de Luiz Rosemberg Filho (RJ) Prêmio do Júri Popular Por Trás do Céu, de Caio Sóh (SP) MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS Melhor Filme Redemunho, de Marcélia Cartaxo (PB) Melhor Direção Marcello Sampaio, por O Coelho (RJ) Melhor Roteiro Marcélia Cartaxo e Virginia de Oliveira, por Redemunho (PB) Melhor Atriz Ingrid Cairo, por O Coelho (RJ) Melhor Ator Daniel Porpino, por Redemunho (PB) Melhor Fotografia Marcello Sampaio, por O Coelho (RJ) Melhor Direção de Arte Hermerson Souza, por This is not a Song of Hope (PE) Melhor Edição de Som Alexandre Barcellos e Felipe Mattar, por Das Águas que Passam (ES) Melhor Trilha Sonora Lívio Tragtemberg, Naná Vasconcellos e Villa Lobos, por Gramatyka (DF) Melhor Edição Guto BR, por O Último Engolervilha II (RJ) Prêmio do Júri Popular O Coelho, de Marcello Sampaio (RJ) Prêmio da Crítica (júri da Abraccine) Paulo Bruscky, de Walter Carvalho (PE) Prêmio Canal Brasil Redemunho, de Marcélia Cartaxo (PB) MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS PERNAMBUCANOS Melhor Filme Maria, de Carol Correia Melhor Direção Tauana Uchôa, por Não Tem Só Mandacaru Prêmio do Júri Popular Diva, de Luiz Rodrigues Jr.

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  • Filme

    Estreias incluem comédia do Dia das Mães com Julia Roberts

    5 de maio de 2016 /

    Com “Capitão América: Guerra Civil” monopolizando as salas de cinema do país, as distribuidoras disputam as poucas telas remanescentes com filmes de menor potencial comercial. O lançamento mais amplo vai chegar em pouco mais de 200 salas. Trata-se de “Heróis da Galáxia – Ratchet e Clank”, animação made in Hong Kong que adapta personagens de videogame e que fracassou nos EUA, onde estreou na semana passada em 7º lugar, com apenas 18% de aprovação no site Rotten Tomatoes. A segunda maior estreia é “O Maior Amor do Mundo”, que leva a 143 salas a terceira comédia romântica consecutiva do diretor Garry Marshall (“Noite de Ano Novo”) sobre uma data comemorativa – os títulos originais são bem claros, embora os tradutores brasileiros tentem disfarçar o truque. Desta vez, Marshall comemora o Dia das Mães, que cai neste fim de semana. O elenco é uma armadilha para espectadores da Sessão da Tarde, com Julia Roberts, Jennifer Aniston e Kate Hudson, mas o longa não passa de outro refugo das bilheterias americanas – implodiu em 4º lugar e com ridículos 8% de aprovação nos EUA na semana passada. Completa a programação dos shoppings o dispensável remake do terror “Martyrs”, em 118 salas. O filme de 2008, do francês Pascal Laugier, é considerado um dos exemplares mais radicais do subgênero “torture porn”. Já a versão americana (com Troian Bellissario, da série “Pretty Little Liars”) é basicamente uma refilmagem quadro a quadro, que mesmo assim dilui a violência impactante da obra original. Eviscerado pela crítica americana, o filme tem míseros 7% de aprovação no Rotten Tomatoes. Em circuito intermediário, o drama nacional “Prova de Coragem”, de Roberto Gervitz (“Feliz Ano Velho”), chega a 60 salas com Mariana Ximenes (“Zoom”) e Armando Babaioff (“Sangue Azul”). O filme gira em torno da crise de um casal egoísta, que não muda seus planos mesmo diante de uma gravidez de risco. Foi exibido no Festival de Brasília, de onde saiu sem nenhum prêmio. Há dois outros lançamentos brasileiros no circuito limitado. Mais amplo, o documentário “O Começo da Vida”, de Estela Renner (“Muito Além do Peso”), é uma coprodução internacional, que faz uma reflexão sobre a importância da infância, em 22 salas. Por sua vez, “Ralé”, de Helena Ignez (“Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha”), ocupa três salas em São Paulo, uma em Salvador e outra no Rio. O drama se passa nos bastidores de uma filmagem e foi apresentado no Festival do Rio. A lista ainda inclui estreias sul-americanas, por coincidência com duas tramas sobre choque cultural. A comédia “O Décimo Homem”, do veterano cineasta argentino Daniel Burman (“Abraço Partido”), leva a 20 salas a história de um economista que, após levar uma vida bem-sucedida em Nova York, surpreende-se ao reencontrar sua família tradicional. E o drama “Os Inimigos da Dor”, do estreante uruguaio Arauco Hernández Holz (cinematógrafo de “Gigante”), narra a jornada de uma alemão que, ao chegar ao Uruguai, perde sua mala e fica sem rumo. Coprodução brasileira, o filme tem o menor alcance da semana, com exibição em apenas uma sala de São Paulo. A estreia na direção da atriz Natalie Portman (“Thor”), “De Amor e Trevas”, também entra em cartaz, mas sem divulgar o número de salas. De forma a surpreender quem relaciona a atriz a Hollywood, trata-se de um drama israelense, falado em hebraico e baseado nas memórias do escritor Amos Oz, que cresceu com uma mãe suicida (vivida pela própria Portman) e sob a sombra do conflito com a Palestina, durante os anos de formação do Estado de Israel. Completamente invisível, sem salas identificadas, mas com distribuição confirmada pela distribuidora, ainda há uma preciosidade perdida. “Maravilhoso Bocccaccio” é um encanto visual, dirigido pelos irmãos Taviani, que adapta cinco histórias do “Decamerão”, de Giovanni Boccaccio, um dos maiores clássicos da literatura erótica medieval. Embora as tramas pareçam pudicas quando comparadas às adaptações de Pasolini, suas imagens impressionam pela capacidade de evocar pinturas renascentistas. A cenografia e o figurino concorreram ao David di Donatello (o Oscar italiano). Por fim, “A Assassina”, do mestre chinês Hou Hsiao-Hsien (“A Viagem do Balão Vermelho”), reserva a cinco salas, exclusivamente em São Paulo e no Rio, o melhor filme da programação. Repleto de ação, artes marciais e uma fotografia deslumbrante, o longa acompanha uma assassina profissional da dinastia Tang (618-907 a.C.), que se apaixona por seu alvo. A beleza da obra fez de “A Assassina” o filme mais premiado da Ásia em 2015, vencedor de inúmeros troféus, inclusive o de Melhor Direção no Festival de Cannes do ano passado.

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    Festival Cine-PE completa 20 anos valorizando o cinema brasileiro

    3 de maio de 2016 /

    O Festival Cine-PE completa 20 anos de existência numa época de bastante valorização do cinema pernambucano, um dos mais efervescentes e criativos da nova safra autoral brasileira. A mais recente consagração foi a inclusão de “Aquarius”, novo filme de Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor”), na mostra competitiva do Festival de Cannes. A fase de reconhecimento global ao cinema brasileiro teve uma consequência bem-vinda no festival pernambucano, que parece ter abandonado sua desfocada pretensão de virar um evento internacional, passando a valorizar o que fez de melhor em suas duas décadas de existência: lançar novos clássicos nacionais. A crise econômica (a questão cambial) também ajudou na composição das mostras, que voltam a ser exclusivas de filmes brasileiros. São três mostras competitivas: uma de longas, outra de curtas e uma terceira de curtas do estado de Pernambuco. Debates e workshops também entram na programação, que ainda presta homenagem às carreiras do ator Jonas Bloch (“Amarelo Manga”) e da atriz-cineasta Carla Camurati (“Carlota Joaquina: Princesa do Brazil”). Mesmo com a exclusão de filmes internacionais, a mostra competitiva de longas permanece bastante enxuta, com apenas seis títulos, mas, paradoxalmente, eclética ao extremo, incluindo na mesma seleção um filme alegórico de cineasta da velha guarda, um documentário sobre forró e uma animação infantil. A disputa começa com a exibição de “Por Trás do Céu”, do paulista Caio Sóh, diretor de “Teus Olhos Meus” (vencedor do prêmio do público da Mostra de São Paulo de 2011) e marido da protagonista, a atriz Nathalia Dill (“Paraísos Artificiais”). Filme encantado pelo céu azul nordestino, foi rodado no Cariri paraibano, a “Roliúde Nordestina”, onde se passaram clássicos como “São Jerônimo” (1999), de Júlio Bressane, “O Auto da Compadecida” (2000), de Guel Arraes, e “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), de Marcelo Gomes. A mencionada projeção internacional se reflete na exibição da comédia “O Prefeito”, de Bruno Safadi (“Éden”), sobre um prefeito fictício (Nizo Neto) que quer a independência do Rio. O filme integra uma quadrologia (com obras de outros cineastas) que foi lançada no Festival de Locarno no ano passado. Um dos filmes mais esperados da competição é “Guerra do Paraguay”, do mítico Luiz Rosemberg Filho, lenda-viva do chamado Cinema de Invenção, que interrompeu um longo hiato com “Dois Casamento$”, seu filme mais pop, lançado em apenas duas salas em 2015. Na ocasião, comparou a burocracia da Ancine à ditadura que o censurava nos anos 1970. Sua nova obra é uma crítica alegórica ao fascismo, contada em tom de fábula. Com apelo mais popular, o documentário “Danado de Bom”, de Deby Brennand, celebra o forró, ao relembrar a carreira musical de João Silva, grande parceiro de Luiz Gonzaga. O filme da cineasta pernambucana já foi exibido no festival É Tudo Verdade, no mês passado. Voltado ao público infantil, a animação “As Aventuras do Pequeno Colombo”, de Rodrigo Gava (“Turma da Mônica em Uma Aventura no Tempo”), contrasta com a seriedade da seleção, acompanhando uma aventura do jovem Chris (Christóvão Colombo) e seus amigos Leo (Leonardo da Vinci) e Lisa (Monalisa) em busca dos tesouros da lendária Ilha de Hi-Brasil. Assumidamente comercial, a produção já assegurou sua estreia no circuito em dezembro. Completa a programação “Leste Oeste”, primeiro longa-metragem dirigido pelo cineasta Rodrigo Grota, que envolve pilotos de corridas e parece ter sido rodado em outro país, onde há neblinas e manhãs frias. Antítese do cenário ensolarado das demais obras selecionadas, foi filmado em Londrina, na “república” do Paraná.

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    IndieLisboa chega aos 15 anos apontando tendências

    2 de maio de 2016 /

    Um dos maiores eventos de cinema alternativo de Portugal, o festival IndieLisboa terminou este final de semana sua 15ª edição. Entre curtas e longas-metragens, foram exibidos quase 300 filmes ao longo de 11 dias e em quatro espaços principais. O prêmio principal do júri coube ao filme chinês “The Family”, de Shumin Liu, uma obra com mais de quatro horas de duração que tem sido descrita com uma espécie de versão do clássico de Yasujiro Ozu “Era uma vez em Tóquio”. O brasileiro “Mate-me por Favor”, de Anita Rocha da Silva, também concorria à distinção. Ao longo de 15 anos, o festival deixou para trás sua origem humilde, de pequenos ciclos de cinemas de autor entre entusiastas, organizados num mítico e bolorento espaço hoje desaparecido da capital portuguesa – o Cine Estúdio 222. Hoje, segundo dados de um dos diretores e programadores, Carlos Ramos, o IndieLisboa reúne anualmente entre 30 e 40 mil espectadores, gozando de um hype único na cidade. A homenagem principal, na seção Herói Independente, coube ao holandês Paul Verhoeven, de prestígio recentemente “recuperado” pela (ainda) influente revista Cahièrs du Cinema. Já não era sem tempo: Verhoeven, cujo novo filme terá première mundial no Festival de Cannes, beneficiou-se de uma retrospetiva completa onde se puderam visualizar as ousadias temáticas de um cineasta que nunca deixou de ser “indie”, mesmo com grandes sucessos no mainstream. Mas dada a idade avançada (77 anos) e a estreia de “Elle” em Cannes, que inicia em dez dias, ele não pôde comparecer ao evento. O outro homenageado foi o ator francês Vincent Macaigne, presença assídua na produção alternativa do seu país. Já entre as obras mais “midiáticas” e fora de competição estiveram filmes como a aventura militante-feminista de Mia Hansen-Love “L’Avenir” (filme de encerramento) e uma comédia de época de um dos darlings indies, Whit Stilman, “Love & Friendship” (sessão de abertura). O cinema brasileiro teve boa presença: além do filme citado, os lisboetas lotaram a sala para ver “Boi Neon” (exibido fora de competição), mais um ponto para o espantoso currículo do filme de Gabriel Mascaro estreado em Veneza (setembro de 2015). As coproduções também apareceram, seja em bom nível – com o novo filme de Petra Costa (realizado em parceria com Lea Glob), “O Olmo e a Gaivota” – ou nem tanto, como com “Eu Estive em Lisboa e Lembrei de Você”, de José Barahona, filme com vários momentos de amadorismo. De uma maneira muito geral, as misturas de documentário e ficção (ou “ficção do real”, como chamam alguns por aqui) mostram-se uma das abordagens preferidas do festival – seguindo tendências dos eventos internacionais por onde passaram muitas das obras exibidas – caso de Veneza, Sundance e Berlim (particularmente a seção Fórum). A competição internacional do festival não faz distinção entre ficção e documentário, o que cada vez mais se justifica com a predominância dos docudramas nos últimos anos. Houve obras de não-ficção mais tradicionais: em “Flotel Europa” o bósnio Vladimir Tomic faz uma reconstituição da dramática crise de refugiados da guerra do seu país, em 1992, através das filmagens em VHS utilizadas pelos seus amigos e familiares quando foram alojados pelos dinamarqueses no navio que dá nome ao filme. Já em “Kate Plays Christine”, de Robert Greene, que venceu o Prêmio Especial do Júri, é o próprio trabalho de criação que está em questão, mostrando uma atriz preparando-se para viver a trágica figura de uma apresentadora que se suicidou em pleno ar, em 1974. O filme é feliz no retrato do trabalho da construção de uma personagem, mas falha ao dar enorme tempo a pessoas que não fazem a menor ideia de sobre o que estão falando. A mistura de formatos é mais notória em “O Olmo e a Gaivota”, filme que, curiosamente, recebeu o prêmio de Melhor Documentário no Festival do Rio – quando traz, manifestamente, várias situações e diálogos “inventados” para mostrar os desafios da maternidade da sua protagonista. O fato só demonstra o grande embaralhamento dos formatos. Este retrato agridoce da gravidez ficou na lista final como um dos prediletos do público. Em outro destaque da tendência, “In the Last Days of the City”, o egípcio Tamer el Said filmou os tempos antes, durante e depois a Primavera Árabe no Cairo, misturando memória coletiva com invenção, na trajetória de um diretor que tenta fazer um filme sobre a sua família. Por sua vez, o cineasta Roberto Minervini já anda há muito nesta fronteira – desde seu primeiro filme, o belo “Low Tide” (2012). Em “Lousiana – The Other Side” ela volta a um registo semi-documental mostrando o lado negro da América profunda com os seus junkies e chauvinistas políticos do sul. O resultado é intenso. Os ciganos, uma das minorias étnicas mais excluídas da Europa, surgem também no limite da ficção no drama austríaco “Brüder der Nacht” (os protagonistas são reais) e no registro humorístico “Balada de um Batráquio”, curta-metragem documental de “ação” (os “protagonistas” saem invadindo lojas e quebrando sapos de porcelana, símbolo do preconceito, pelas ruas de Lisboa) que rendeu o Urso de Ouro na categoria na última edição do Festival de Berlim. O prêmio da crítica, porém, foi para o norte-americano “Short Stay”, do estreante Ted Fendt, que repesca as noções do “mumblecore”, um dos patriarcas destas tendências de mesclagem de gêneros (o primeiro filme é de 2002), com pobreza de recursos total e atores não profissionais O IndieLisboa também fez um belo apanhado das novas tendências do terror. Há quem associe cinema de terror com execráveis franquias sem qualquer interesse ou qualidade. Mas os não-neófitos bem sabem que muita coisa de valor pode ser feita sob a gigantesca capa do selo “horror”. Não muito respeitosamente, Anita Rocha foi buscar elementos dos slashers mas, menos obviamente, em filmes de terror onde os signos visuais agressivos (sangue, cadáveres) são espelhos do mundo interior para o seu “Mate-me por Favor” – onde o simbolismo serve para retratar o tumultuado processo de coming-of-age da sua protagonista. Mais sutil é “Evolution”, aliás um filme tão etéreo que beira a evanescência. Aqui a francesa Lucille Hadzihalilovic recupera histórias de crianças sinistras e ilhas semi-desertas para fazer um comentário, justamente, sobre a evolução. “A Bruxa”, de Robert Eggers, há pouco tempo estreado no Brasil, investe pelo caminho da reconstituição histórica e no mergulho na mentalidade de uma época, com cuidados redobrados no trabalho de décor deste antigo diretor de arte. Deu certo: do burburinho de Sundance, a bruxa segue assombrando salas e festivais ao redor do mundo… Uma última menção ainda vale para “Sociedade Indiferente” (título que no Brasil se achou mais interessante que “Um Monstruo de Mil Cabezas”), de Rodrigo Plá: somado a outros filmes, fez parte de uma das sessões mais originais e instigantes do IndieLisboa: a Boca do Inferno! Confira abaixo a lista completa dos filmes premiados Vencedores do IndieLisboa 2016 Grande Prêmio de Longa Metragem Cidade de Lisboa Jia/The Family, de Shumin Liu (Austrália, China) Prêmio Especial do Júri Kate Plays Christine, de Robert Greene (EUA) Prêmio do Público de Longa Metragem Le Nouveau, de Rudi Rosenberg (França) Grande Prêmio de Curta Metragem Nueva Vida, de Kiro Russo (Argentina, Bolívia) Prêmio do Público – Curta Metragem Small Talk, de Even Hafnor, Lisa Brooke Hansen (Noruega) Menção Especial de Animação Velodrool, de Sander Joon (Estônia) Menção Especial de Documentário La Impresión de una Guerra, de Camilo Restrepo (Colômbia, França) Menção Especial de Ficção Another City, de Lan Pham Ngol (Vietnã) Melhor Longa Metragem Português Treblinka, de Sérgio Tréfaut (Portugal) Melhor Curta Metragem Português The Hunchback, de Gabriel Abrantes, Ben Rivers (Portugal, França) Prêmio Novo Talento Fnac – Curta Metragem Campo de Víboras, de Cristèle Alves Meira (Portugal) Menção Honrosa Viktoria, de Mónica Lima (Alemanha, Portugal) Prêmio FCSH/NOVA para Melhor Filme na secção Novíssimos Maxamba, de Suzanne Barnard, Sofia Borges (Portugal, EUA) Prêmio RTP para Longa Metragem na Secção Silvestre Eva no Duerme, de Pablo Agüero (França) Prêmio FIPRESCI (Primeiras Obras) Short Stay, Ted Fendt (EUA) Prêmio Format Court (Silvestre Curtas) World of Tomorrow, de Don Hertzfeldt (EUA) Prêmio Árvore da Vida para Filme Português Ascensão, de Pedro Peralta, Portugal Prêmio Árvore da Vida – Menção Honrosa Jean-Claude, de Jorge Vaz Gomes (Portugal) Prêmio IndieJúnior Le Nouveau, Rudi Rosenberg (France) Prêmio do Público – IndieJúnior The Short Story of a Fox and a Mouse, de Camille Chaix, Hugo Jean, Juliette Jourdan, Marie Pillier, Kevin Roger (França) Prêmio Amnistia Internacional Flotel Europa, de Vladimir Tomic (Dinamarca, Sérvia) Prêmio Amnistia Internacional – Menção Honrosa Balada de Um Batráquio, de Leonor Teles (Portugal) Prêmio Culturgest Universidades Flotel Europa, de Vladimir Tomic (Dinamarca, Sérvia) Prêmio Culturgest Escolas Le Gouffre, de Vincent Le Port (França) Prêmio IndieMusic Schweppes Sonita, de Rokhsareh G. Maghami (Alemanha, Suíça, Irã)

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    Diretor dos últimos 007, Sam Mendes vai presidir o juri do Festival de Veneza

    28 de abril de 2016 /

    Os organizadores do Festival de Veneza anunciaram o cineasta Sam Mendes como presidente do juri que irá distribuir os prêmios de sua mostra competitiva de 2016. Diretor dos dois últimos filmes do espião James Bond, “007 Operação Skyfall” (2012) e “007 Contra Spectre” (2014), Sam Mendes já venceu o Oscar (Melhor Filme e Direção) por “Beleza Americana” (2000) e concorreu ao Leão de Ouro do próprio Festival de Veneza com “Estrada para a Perdição” (2002). O diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera, elogiou o cineasta britânico, e afirmou que “as produções de Mendes são capazes de conciliar as expectativas dos mais diferentes críticos com os gostos dos mais variados públicos.” O cineasta também se manifestou, em comunicado, lembrando sua ligação com o festival. “Estou muio honrado por ter sido chamado. Eu sempre tive uma forte ligação com Veneza. Como estudante, trabalhei por três meses na coleção de Peggy Guggenheim em 1984 e minha melhor memória foi a exibição de ‘Estrada para a Perdição’ em Veneza em 2002”, disse o diretor. O próximo filme de Mendes será a adaptação de “The Voyeur’s Motel”, baseado no polêmico livro do escritor Gay Talese sobre o dono de um motel que espionou seus hóspedes por várias décadas. A adaptação será produzida por Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”) para o estúdio DreamWorks e, por enquanto, não há maiores detalhes sobre o projeto. O 73º Festival de Veneza será realizado de 31 de agosto a 10 de setembro na cidade italiana que lhe dá nome.

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    Capitão América: Guerra Civil tem um dos maiores lançamentos de todos os tempos no Brasil

    28 de abril de 2016 /

    A estreia de “Capitão América: Guerra Civil” monopoliza os cinemas brasileiros a partir desta quinta (28/4). A Disney lançou o filme em nada menos que 1,4 mil salas. Trata-se do segundo maior lançamento de todos os tempos no país, ocupando quase 50% de todo o parque exibidor nacional. O recorde pertence a “Star Wars: O Despertar da Força”, que ocupou 1.504 salas em dezembro passado. O filme dos super-heróis é ótimo, mas mesmo que fosse podre já teria vantagem para abrir em 1º lugar e até conquistar um possível recorde de bilheteria com esta exposição excessiva. Além disso, como teve lançamento monstro, todo o resto da programação precisa se espremer para o circuito alternativo. As “demais” estreias somam nada menos que oito filmes, entre eles um drama estrelado por um ex-intérprete de super-herói, Tobey Maguire, da trilogia original do “Homem-Aranha”. Enquanto “Capitão América” introduz o novo Homem-Aranha, Maguire segue a carreira com a cinebiografia do enxadrista Bobby Fischer em “O Dono do Jogo”, uma história de gênio torturado que remete ao premiado “Uma Mente Brilhante” (2001). Maior estreia limitada, chega em 55 salas. A comédia francesa “O que Eu Fiz para Merecer Isso” vem a seguir, em 22 salas, enquanto o resto tem distribuição contada nos dedos das mãos. Em dez salas, o documentário vencedor de Berlim, “Fogo no Mar”, de Gianfranco Rosi, registra o êxodo dos refugiados para a Europa em uma perigosa travessia. Já a lista dos que ocupam menos de cinco salas inclui o drama francês “Dois Rémi, Dois”, inspirado em “O Duplo”, de Fiódor Dostoievski, e, criminosamente, quatro ótimos longas brasileiros. O premiado “Exilados do Vulcão”, de Paula Gaitán, vencedor do Festival de Brasília de 2013, esperou quase três anos para chegar as cinemas. E recebeu isso do mercado: uma sala em São Paulo, uma no Rio, uma em Belo Horizonte, uma em Aracaju e outra em Vitória. A situação é ainda pior para “A Frente Fria que a Chuva Traz”, que marca a volta de Neville D’Almeida aos cinemas. O diretor de clássicos como “A Dama do Lotação” (1978) e “Os Sete Gatinhos” (1980) não filmava há duas décadas, desde “Navalha na Carne” (1997). E o esforço de seu retorno é saudado com exibição em duas salas, uma no Rio e outra em São Paulo. Absurdo!!! A marginalização sofrida é desproporcional. Não apenas pelo conteúdo, baseado na peça de um dramaturgo atual, Mário Bortolotto (“Nossa Vida Não Cabe Num Opala”), como pela embalagem, com um elenco repleto de estrelas jovens bastante populares – Chay Suede e Bruna Linzmeyer. Ou seja, há apelo comercial. O que aumenta ainda mais o questionamento a essa sabotagem explícita. Será que o cinema brasileiro é tão desprezível que o mercado não se importa em fazer isso com um cineasta do porte de Neville D’Almeida? Será que a culpa é da Disney, que ocupou as salas; do circuito exibidor, que ofereceu as salas; ou da Ancine, que só bufa diante do número de salas disponíveis para os lançamentos nacionais? Claro que, como é praxe neste país, a culpa será das vítimas, que erraram ao produzir filmes brasileiros de qualidade e voltaram a errar ao tentar lançá-los durante o período em que os blockbusters sufocam o circuito (6 dos 12 meses do ano). Humilhante. Para completar as estreias, o mercado ainda espreme o documentário futebolístico “Geraldinos”, de Pedro Asbeg e Renato Martins, vencedor do prêmio do público na última Mostra de Tiradentes, em uma sala em São Paulo, e “Teobaldo Morto, Romeu Exilado”, de Rodrigo de Oliveira, em três salas entre Vitória, Goiânia e Aracaju. Pela ganância desmedida e falta de regulamentação, o filme dos super-heróis da Marvel será lembrado, infelizmente, como vilão. De propósito ou não, assumiu o papel de grande inimigo do cinema nacional, impossibilitando, com sua tática de dominação, que trabalhos reconhecidamente competentes pudessem alcançar maior público. O melhor filme já feito pela Marvel não merecia virar emblema do descontrole do mercado.

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