Festival de Gramado anuncia filmes selecionados
A organização do Festival de Gramado anunciou nesta terça-feira (18/8) os filmes selecionados para sua edição de 2020, que será uma combinação de evento televisivo e digital, devido à pandemia de coronavírus. A competição também se encolheu. Apenas sete longas nacionais concorrerão ao Kikito, o troféu competitivo do festival. São eles: “Aos Pedaços”, de Ruy Guerra, “King Kong em Asunción”, de Camilo Cavalcanti, “Um Animal Amarelo”, de Felipe Bragança, “Por que Você Não Chora?”, de Cibele Amaral, “Todos os Mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, “O Samba é Primo do Jazz”, de Angela Zoé, e “Me Chama que Eu Vou”, de Joana Mariani. Alguns desses filmes tiveram passagem por festivais internacionais antes da pandemia, como “Um Animal Amarelo” e “Aos Pedaços”, exibidos em Roterdã, na Holanda, e “Todos os Mortos”, em Berlim, na Alemanha. Outras sete produções estrangeiras também disputam o prêmio latino-americano: o argentino “El Silencio del Cazador”, o colombiano “La Frontera”, o paraguaio “Matar a un Muerto”, o uruguaio “El Gran Viaje Al Pais Pequeño”, o chileno “Los Fuertes”, o boliviano “Tu me Manques” e o mexicano “Días de Invierno”. Além dos filmes que disputam prêmios, o festival homenageará a cineasta Laís Bodanzky (Troféu Eduardo Abelin) e os atores Marco Nanini (Trofeu Oscarito, o mais tradicional do evento), Denise Fraga (Troféu Cidade de Gramado) e o uruguaio César Troncoso (Kikito de Cristal). As novidades deste ano também incluem mudanças no time de curadores, com a entrada do apresentador Pedro Bial e da atriz argentina Soledad Villamil. Eles se juntam a Marcos Santuario, há nove anos no comando da seleção de Gramado. O outro curador habitual do festival, o jornalista Rubens Ewald Filho, faleceu no ano passado. A 48ª do Festival de Gramado vai ocorrer entre os dias 18 e 26 de setembro, com sessões exibidas no Canal Brasil e disponibilizadas por 24 horas no aplicativo de streaming Canal Brasil Play. Apenas a cerimônia de encerramento, com a entrega de prêmios deverá ser presencial, a ser realizada no Palácio dos Festivais, sem plateia e seguindo protocolos de segurança. Mas esse evento também deve ser exibido no Canal Brasil.
Congresso derruba veto de Bolsonaro e restabelece Lei de Incentivo ao Audiovisual
Em sessão remota do Congresso Nacional, deputados e senadores derrubaram nesta quarta-feira (12/8) o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei que prorroga os benefícios fiscais previstos na Lei do Audiovisual e a vigência do Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine). Bolsonaro tinha vetado integralmente o projeto em dezembro, após aprovação na Câmera e no Senado. A Lei do Audiovisual é uma forma de apoio indireta a projetos do setor, que dá descontos fiscais a patrocinadores. A norma entrou em vigor em 1993 e permite a dedução, no Imposto de Renda, das quantias investidas. Ela tinha perdido sua validade em 2019 e Bolsonaro se recusou a renová-la, vetando o projeto integralmente. Já o Recine é um regime tributário especial, que permite estimular a ampliação de investimentos privados em salas de cinema. A lei, agora promulgada, destina incentivos fiscais aos proprietários de salas de cinema pelo país e também à produção cinematográfica e televisiva brasileira. Pelo programa, é possível a suspensão da cobrança do PIS, Cofins, Imposto de Importação e IPI na importação de equipamentos usados na construção e modernização de cinemas. Por conta do veto original de Bolsonaro à renovação das duas leis, a Ancine, que não libera o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) desde 2018, tinha tomado a iniciativa de propor empréstimos a juros para exibidores pagarem dívidas geradas pelo fechamento das salas durante a pandemia. A promulgação da PL 5.815/2019, projeto de autoria do deputado Marcelo Callero (ex-Ministro da Cultura do governo Temer), agora garantirá verbas incentivadas ao circuito cinematográfico. Será um grande alívio em meio ao sufoco causado pela guerra cultural travada pelo desgoverno, que além de tentar impedir o setor de receber os incentivos da lei, proibiu apoio da Petrobras aos festivais do país, eliminou verbas de apoio da chancelaria à divulgação do cinema nacional no exterior, desmontou várias vezes a estrutura das secretarias da Cultura e do Audiovisual e criou dificuldades burocráticas para a liberação do FSA, verba de fomento da produção audiovisual, arrecadada via taxação do setor, cujo destino desde a posse de Bolsonaro é uma incógnita.
Small Axe: Série de filmes de Steve McQueen sobre luta racial ganha primeiro trailer
A Amazon divulgou o primeiro trailer de “Small Axe”, que apresenta a “série” como uma coleção de cinco filmes dirigidos por Steve McQueen, o cineasta de “12 Anos de Escravidão”. O vídeo foi divulgado no domingo (9/8), data em que se completou 50 anos do evento que ele retrata. Todos os filmes abordarão a luta racial no Reino Unido entre os anos 1960 e 1980, muitas vezes contando com os mesmos personagens. O primeiro vai se chamar “Mangrove”, sobre protestos antirracistas que uniram comunidades oprimidas em Londres em agosto de 1970. Naquele mês, negros e imigrantes sul-asiáticos marcharam juntos em direção a delegacias de polícia, denunciando a brutalidade dos oficiais contra as comunidades não-brancas britânicas. Nove dos líderes ativistas acabaram presos, incluindo os três sócios do restaurante Mangrove, cuja invasão pela polícia foi o estopim para os protestos. O julgamento marcou época. O elenco destaca Letitia Wright (a Shuri de “Pantera Negra”) como líder dos ativistas que protestam contra o racismo policial, além de Shaun Parkes (“Perdidos no Espaço”), Malachi Kirby (“Raízes”), Rochenda Sandall (“Line of Duty”), Jack Lowden (“Duas Rainhas”), Sam Spruell (“The Bastard Executioner”), Gershwyn Eustache Jr. (“Britannia”) e Gary Beadle (“No Coração do Mar”). Apropriadamente, o título do projeto deriva de um provérbio africano usado em todo o Caribe e que ficou famoso ao ser cantado por Bob Marley em 1973: “Se você é a árvore grande, nós somos o machado pequeno” (small axe). “Small Axe” é uma coprodução entre a Amazon e a ABC, e os outros filmes da coleção são intitulados “Lovers Rock”, “Alex Wheatle”, “Education” e “Red, White and Blue”, que é estrelado por John Boyega (“Star Wars: A Ascensão Skywalker”). “Mangrove” deveria ter sido exibido no cancelado Festival de Cannes. Agora vai abrir o Festival de Nova York, junto com “Lovers Rock” e “Red, White and Blue”, no dia 25 de setembro. A previsão é que eles sejam lançados logo em seguida na BBC e na Amazon.
Festival de Toronto anuncia seleção oficial com filme brasileiro
O Festival de Toronto, que vai acontecer de forma híbrida em 2020, com algumas estreias presenciais (seguindo medidas de distanciamento e higiene contra o coronavírus) e exibições virtuais, revelou sua seleção de filmes nesta quinta (30/7). A lista inclui um filme brasileiro, “Casa de Antiguidades”, longa de João Paulo Miranda Maria estrelado por Antônio Pitanga, que retrata a vida de um operário negro em uma cidade fictícia de colonização austríaca no Brasil. O filme também estaria no Festival de Cannes, que acabou cancelado, e recentemente ganhou o selo de aprovação dos organizadores do evento francês — que, apesar de ter desistido de uma edição tradicional em 2020 por causa da pandemia, referendou as produções que teria exibido caso pudesse. A relação de Toronto inclui ainda diversas obras de cineastas consagrados, como Werner Herzog, Thomas Vinterberg, Chloé Zhao, François Ozon, Naomi Kawase e Spike Lee, além de filmes que marcam as estreias na direção de atores como Halle Berry, Regina King e Viggo Mortensen. Os organizadores prometeram entrevistas coletivas virtuais, assim como a realização de seu tradicional mercado de negócios de forma remota e online. “Começamos este ano planejando um 45º Festival igual a nossas edições anteriores”, disse Cameron Bailey, diretor artístico do festival, “mas ao longo do caminho tivemos que repensar quase tudo. A programação deste ano reflete esse tumulto. Os nomes que vocês já conhecem estão lançando coisas novas neste ano, e há uma série de novos nomes interessantes para descobrir. Somos gratos a todos os cineastas e empresas que se juntaram a nós nessa aventura e mal podemos esperar para compartilhar esses filmes brilhantes com nosso público.” Considerado o maior e mais importante festival de cinema da América do Norte, o evento vai acontecer entre os dias 10 e 19 de setembro na cidade canadense de Toronto. Confira abaixo a lista completa de títulos anunciados pela organização do festival. “180 Degree Rule”, de Farnoosh Samadi (Irã) “76 Days”, de Hao Wu, Anonymous, Weixi Chen (EUA) “Ammonite”, de Francis Lee (Reino Unido) “Druk”, de Thomas Vinterberg (Dinamarca) “Bandar Band”, de Manijeh Hekmat (Irã/Alemanha) “Beans”, de Tracey Deer (Canadá) “Dasatskisi”, de Dea Kulumbegashvili (Geórgia/França) “Bu Zhi Bu Xiu”, de Wang Jing (China) “Bruised”, de Halle Berry (EUA) “City Hall”, de Frederick Wiseman (EUA) “Concrete Cowboy”, de Ricky Staub (EUA) “David Byrne’s American Utopia”, de Spike Lee (EUA) “The Disciple”, de Chaitanya Tamhane (Índia) “Enemies of the State”, de Sonia Kennebeck (EUA) “Falling”, de Viggo Mortensen (Canadá/Reino Unido) “The Father”, de Florian Zeller (Reino Unido/França) “Fauna”, de Nicolás Pereda | México/Canadá “Fireball: Visitors from Darker Worlds”, de Werner Herzog, Clive Oppenheimer (Reino Unido/EUA) “Gaza, Mon Amour”, de Tarzan Nasser, Arab Nasser (França/Alemanha/Portugal/Palestina/Qatar) “Tao Chu Li Fa Yuan”, de I-Fan Wang (Taiwan) “Good Joe Bell”, de Reinaldo Marcus Green (EUA) “I Care A Lot”, de J Blakeson (Reino Unido) “Inconvenient Indian”, de Michelle Latimer (Canadá) “The Inheritance”, de Ephraim Asili (EUA) “Ash Ya Captain”, de Mayye Zayed (Egito/Alemanha/Dinamarca) “Limbo”, de Ben Sharrock (Reino Unido) “Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda Maria (Brasil/França) “MLK/FBI”, de Sam Pollard (EUA) “The New Corporation: The Unfortunately Necessary Sequel”, de Joel Bakan, Jennifer Abbott (Canadá) “Nuevo Orden”, de Michel Franco (México) “La Nuit des Rois”, de Philippe Lacôte (Costa do Marfim/França/Canadá/Senegal) “Nomadland”, de Chloé Zhao (EUA) “No Ordinary Man”, de Aisling Chin-Yee, Chase Joynt (Canadá) “Notturno”, de Gianfranco Rosi (Itália/França/Alemanha) “One Night in Miami”, de Regina King (EUA) “Penguin Bloom”, de Glendyn Ivin (Austrália) “Pieces of a Woman”, de Kornél Mundruczó (EUA/Canadá/Hungria) “Felkészülés Meghatározatlan Ideig Tartó Együttlétre”, de Lili Horvát (Hungria) “Quo Vadis, Aïda?”, de Jasmila Žbanić (Bósnia Herzegovina/Noruega/Holanda/Áustria/França/Alemanha/Polônia/Turquia) “Shadow In The Cloud”, de Roseanne Liang (EUA/Nova Zelândia) “Shiva Baby”, de Emma Seligman (EUA/Canadá) “Spring Blossom”, de Suzanne Lindon (França) “A Suitable Boy”, de Mira Nair (Reino Unido/Índia) “Été 85”, de François Ozon (França) “The Third Day”, de Felix Barrett, Dennis Kelly (Reino Unido) “Trickster”, de Michelle Latimer (Canadá) “Asa Ga Kuru”, de Naomi Kawase (Japão) “Subarashiki Sekai”, de Miwa Nishikawa (Japão) “Violation”, de Madeleine Sims-Fewer, Dusty Mancinelli (Canadá) “Wildfire”, de Cathy Brady (Reino Unido/Irlanda)
Um Animal Amarelo: Novo filme de Felipe Bragança vai encerrar festival IndieLisboa
O drama brasileiro “Um Animal Amarelo” foi selecionado como filme encerramento do IndieLisboa, o maior festival de cinema independente de Portugal. O longa escrito e dirigido por Felipe Bragança será apresentado na noite de premiação dos festival, marcada para 5 de setembro. Devido à pandemia de coronavírus, o Indielisboa, normalmente realizado durante o mês de maio, vai acontecer neste ano no período de 25 de agosto a 5 de setembro. O evento será um dos primeiros festivais europeus a acontecer com presença de público nas salas, seguindo normas de segurança e higiene sanitária de prevenção. Sexto longa dirigido por Bragança, “Um Animal Amarelo” teve première mundial em janeiro, no Festival de Roterdã, e deve estrear comercialmente em Portugal e no Brasil em novembro. O filme é descrito pelo diretor como uma “tragicômica e melancólica fábula tropical sobre as heranças do colonialismo português no Brasil de hoje”, e foi rodado no Brasil, Portugal e Moçambique com produção da carioca Marina Meliande e do português Luis Urbano – produtor de filmes de Miguel Gomes e Manoel de Oliveira. O elenco é multinacional e inclui os brasileiros Higor Campagnaro, Herson Capri, Thiago Lacerda, Sophie Charlotte e Tainá Medina, os luso-africanos Isabel Zuaa, Lucília Raimundo e Matamba Joaquim e os portugueses Catarina Wallenstein, Diogo Dória e Adriano Luz. Veja abaixo o trailer do longa.
Festival de Veneza vai homenagear carreiras de Tilda Swinton e Ann Hui
A organização da 77ª edição do Festival de Cinema de Veneza anunciou que a atriz inglesa Tilda Swinton e a cineasta chinesa Ann Hui serão homenageadas com um Leão de Ouro especial pelas realizações de suas carreiras. O festival, que confirmou sua realização entre os dias 2 a 12 de setembro, não revelou se as duas artistas comparecerão pessoalmente à premiação. “Ann Hui é uma das diretoras de cinema mais apreciadas, prolíficas e versáteis do continente asiático”, escreveu o diretor do festival, o crítico de cinema italiano Alberto Barbera, que também elogiou Tilda Swinton em comunicado, por “sua versatilidade fora do comum”. A atriz britânica de 59 anos estreou no cinema em 1986 com o filme “Egomania”, e desde então participou de quase 70 longas-metragens, trabalhando com diretores como Jim Jarmusch, Wes Anderson, Terry Gilliam, Danny Boyle, Bong Joon-ho, Luca Guadagnino e Lynne Ramsay, demonstrando inclinação por obras de caráter mais artístico e ousado. Mas os mais jovens devem lembrar mais seu desempenho nos filmes da Marvel, como a Anciã, mentora do Doutor Estranho. “Tilda Swinton é unanimemente reconhecida como uma das intérpretes mais originais e intensas”, destacou Barbera ao comentar “sua personalidade exigente e excêntrica” e “sua capacidade de passar do cinema de autor mais radical para as grandes produções de Hollywood, sem renunciar a sua inesgotável necessidade de dar vida a personagens inclassificáveis e pouco comuns”, escreveu Barbera. Já a diretora de 73 anos, que iniciou sua carreira em 1979, “foi uma das primeiras artistas a misturar material documental e cinema de ficção”, e nunca abandonar “a visão do autor”, segundo o próprio Barbera. Ao longo de quase meio século, esteve particularmente interessada nos “assuntos humanos e sociais”, como a vida dos imigrantes vietnamitas após a Guerra do Vietnã e foi “pioneira, por sua linguagem e estilo visual”, lembrou o crítico. Em nota divulgada pela Biennale, Hui se disse “sem palavras” pela homenagem e desejou que “todo o mundo melhore logo, para que todos possam sentir-se felizes como me sinto agora”. O Festival de Veneza acontecerá neste ano com um programa “reduzido” devido à pandemia de coronavírus, segundo adiantaram os organizadores, que divulgarão a lista dos filmes selecionados em 28 de julho em uma entrevista coletiva para a imprensa.
Possessor: Terror elogiado do filho de David Cronenberg ganha trailer sanguinário
A distribuidora indie Neon divulgou o pôster e o trailer de “Possessor”, novo filho escrito e dirigido por Brandon Cronenberg, o filho do cineasta David Cronenberg. A prévia não dá muitas pistas da trama, mas é tensa, sanguinária e revela um clima de terror tecnológico. “Possessor” é o segundo longa do jovem Cronenberg. O primeiro foi “Antiviral”, de 2012. Ambos mostram uma inclinação do filho a refletir o começo da carreira do pai, lembrando a época em que David Cronenberg era conhecido por filmes de terror sobre alterações biológicas. A trama é estrelada por Andrea Riseborough (“O Grito”) como uma mulher que entra na cabeça das pessoas – literalmente. Sua personagem é uma agente de uma corporação que usa a tecnologia de implantes cerebrais para habitar o corpo de outras pessoas, levando-as a cometer assassinatos em benefício da empresa. Embora tenha um dom especial para esse trabalho, a experiências é traumática e ela luta para suprimir as memórias e impulsos violentos em seu cotidiano. À medida que sua tensão mental se intensifica, ela começa a perder o controle e logo se vê presa na mente de um homem (Christopher Abbott, de “Ao Cair da Noite”) cuja identidade ameaça aniquilar a sua. Exibido no Festival de Sundance em janeiro, o filme foi bastante elogiado e atingiu 93% de aprovação no Rotten Tomatoes, mas os críticos também foram unânimes em avisar que sua brutalidade não é para todos. O elenco também destaca Jennifer Jason Leigh (“Os Oito Odiados”), Sean Bean (“Game of Thrones”) e Tuppence Middleton (“Sense 8”). A estreia está marcada para “breve”, sem data específica.
Kate Winslet será homenageada pela edição virtual do Festival de Toronto
A atriz britânica Kate Winslet será a grande homenageada do Festival de Toronto, que em 2020 será realizado virtualmente. “A presença brilhante e comovente de Kate nas telas continua a cativar, divertir e inspirar o público e os atores”, disse Joana Vicente, diretora do festival, ao anunciar a homenagem na quinta-feira (16/7) em comunicado. “Desde seu primeiro filme, ‘Almas Gêmeas’, que a ajudou a lançá-la ao estrelato em 1994, passando por seu inesquecível trabalho em ‘Titanic’ e o filme que lhe rendeu o Oscar, ‘O Leitor’, a presença de Winslet na tela é tão poderosa e corajosa quanto as mulheres que ela escolhe representar”, continuou Vincente, antes de concluir que ela é “uma das melhores e mais respeitadas atrizes de sua geração”. Winslet vai receber o Tribute Award, concedido pelo Festival de Toronto a atores, diretores e outros profissionais do cinema por suas contribuições excepcionais à indústria. Devido ao coronavírus, a 45ª edição do Festival de Toronto ocorrerá de 10 a 19 de setembro em um formato híbrido, que combinará eventos presenciais e virtuais. Com isso, o maior festival de cinema da América do Norte terá metade de suas atrações tradicionais.
Festival de Telluride é cancelado devido à covid-19
Os organizadores do Festival de Cinema de Telluride anunciaram nesta terça (14/7) o cancelamento a 47ª edição do evento, prevista para a primeira semana de setembro na cidade do Colorado, nos Estados Unidos, devido à pandemia de coronavírus. O anúncio foi feito por meio de um comunicado, que afirma que a decisão foi tomada após o agravamento da pandemia nos EUA, já que até a semana passada havia “um plano muito bom” para seguir em frente com o festival. Devido aos números crescentes da covid-19 no país, o plano acabou descartado. “Após meses de debate intenso em relação a promover um evento fisicamente, nós chegamos à conclusão unânime e de partir o coração de cancelar a celebração de filmes deste ano em Telluride”, diz o texto dos organizadores do evento. “Não importa quantos de nós usamos máscaras e nos atentamos às medidas de distanciamento social, a pandemia piorou em vez de melhorar, e a saúde e segurança de vocês não pode ser comprometida.” Apesar de menos conhecido do que os festivais de Cannes, Veneza e Toronto, Telluride tem sido importante para a chamada “temporada do Oscar”, quando os estúdios apresentam seus filmes buscando criar burburinho para a premiação. Os que conseguem aprovação da crítica nestes eventos passam a estrelar campanhas de marketing ferrenhas. A repercussão em Telluride foi importante, por exemplo, para o Oscar de “O Parasita” neste ano, além de dar fôlego para as indicações de “Dois Papas”, até então ignorado pela crítica. Segundo os organizadores, alguns filmes que integravam a seleção deste ano poderão ser vistos em outros festivais parceiros. Os eventos de Nova York, Toronto e Veneza seguem firmes na decisão de manter suas edições de 2020.
Versão definitiva de Apocalypse Now é o principal lançamento digital da semana
A principal novidade online do fim de semana é a “versão definitiva” de um dos filmes mais reverenciados da história do cinema. “Apocalypse Now: Final Cut” é a terceira edição oficial do clássico de guerra de Francis Ford Coppola – sem contar a “cópia de trabalho” que venceu o Festival de Cannes – , remontada pelo próprio diretor, e chega ao streaming após inaugurar o Belas Artes Drive-In Confira abaixo mais detalhes deste e de outros lançamentos digitais inéditos nas salas de cinema, que chegam aos serviços de VOD (locadoras online) e streaming neste fim de semana. A curadoria não inclui títulos clássicos (são muitos e com alta rotatividade) e produções de baixa qualidade que, em outros tempos, sairiam diretamente em vídeo. Apocalypse Now: Final Cut | EUA | 1979-2018 Depois do sucesso da exibição do filme de Francis Ford Coppola no Belas Artes Drive-In, a plataforma de streaming do cinema disponibiliza a nova versão estendida do cult de 1979 junto com dois documentários sobre seus bastidores: “Apocalipse de um Cineasta” (1991) e “Dutch Angle: Fotografando Apocalypse Now” (2019). Com 3 horas de duração, o filme em si é uma versão maior que a exibida nos cinemas em 1979 – mas menor que a disponibilizada em DVD (“Apocalypse Now: Redux”) – e conta com imagem e som remasterizados. A première deste “Final Cut” aconteceu no Festival de Tribeca, em Nova York, em abril de 2018. Disponível no Belas Artes à La Carte. Feito em Casa | EUA | 2020 Antologia de curtas realizados durante a quarentena por uma equipe seleta – e impressionante – de 17 cineastas de várias regiões do mundo. Cada curta tem de cinco a sete minutos e uma das curiosidades da produção é a primeira parceria entre o diretor chileno Pablo Larrain (“Neruda”) e a atriz americana Kristen Stewart (“As Panteras”), que a seguir trabalharão juntos em “Spencer”, cinebiografia da princesa Diana. Larrain é o produtor do projeto e ele encomendou um dos curtas a Stewart, que assina seu segundo trabalho no formato, após estrear como curtametragista em “Come Swim”, de 2017. Os demais diretores são o italiano Paolo Sorrentino (“A Grande Beleza”), a japonesa Naomi Kawase (“Esplendor”), o malinês Ladj Ly (“Os Miseráveis”), o casal libanês Nadine Labaki e Khaled Mouzanar (“Cafarnaum”), a zambiana Rungano Nyoni (“Eu Não Sou uma Bruxa”), a mexicana Natalia Beristáin (“No Quiero Dormir Sola”), o alemão Sebastian Schipper (“Victoria”), o chinês Johnny Ma (“Viver para Cantar”), as britânicas Gurinder Chadha (“A Música da Minha Vida”), de origem indiana, e Ana Lily Amirpour (“Garota Sombria Caminha pela Noite”), de origem iraniana, a atriz americana Maggie Gyllenhaal (“The Deuce”), a diretora de fotografia Rachel Morrison (“Pantera Negra”), o americano filho de brasileiros Antonio Campos (“Simon Assassino”), o chileno Sebastián Lelio (“Uma Mulher Fantástica”) e, claro, o próprio Larrain, que descreve a experiência da antologia como um “festival de cinema muito estranho, bonito e único”. Disponível na Netflix. Adú | Espanha | 2020 Três jornadas, que se entrecruzam de forma dramática, ilustram diferentes lados de uma história sobre imigrantes ilegais africanos que tentam chegar na Europa. A produção da Paramount, dirigida por Salvador Calvo (“Os Últimos das Filipinas”), foi feita para o cinema, mas acabou adquirida pela Netflix para distribuição internacional. Disponível na Netflix. Desperados | EUA | 2020 A comédia escrita, dirigida e estrelada por mulheres gira em torno de uma neurótica (Nasim Pedrad, de “Aladdin”) que encontra o “date perfeito” (Robbie Amell), mas pira quando ele fica cinco dias sem retornar suas ligações. Após enviar um email cheio de insultos, ela descobre que ele sofreu um acidente, está no hospital e a ama. Desesperada por conta das mensagens, a neurótica traça um plano com suas duas melhores amigas (Anna Camp e Sarah Burns) para pegar o celular dele antes que ele tenha alta. O detalhe é que o celular está no México. Ao chegar no hotel, ela se depara com outro ex-date (Lamorne Morris), que logo é envolvido no esquema frenético. A direção de LP (Lauren Palmigiano), que já fez muitas sitcoms, opta por um tom histérico similar às comédias brasileiras. Há quem goste. Disponível na Netflix. Lemedel | Chile | 2019 O documentário, premiado no Festival de Berlim com o Teddy de Melhor Filme LGBTQIA+, aborda a vida do escritor, artista visual e pioneiro do movimento Queer na América Latina Pedro Lemebel, que abalou as estruturas da sociedade conservadora do Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet, nos anos 1980. Disponível em iTunes, Google Play, Now, Vivo Play e YouTube Filmes. Atleta A | EUA | 2020 O documentário relata a polêmica que se abateu sobre a ginástica olímpica dos EUA com o surgimento de denúncias de abuso sexual do médico da seleção feminina, acobertadas pela federação esportiva. Dirigido pelos cineastas Bonni Cohen e Jon Shenk (de “Uma Verdade Mais Inconveniente”), o filme se aprofunda nas denúncias devastadoras das atletas, acompanhando o trabalho dos repórteres do pequeno jornal americano IndyStar, responsáveis pela revelação da cultura de abusos a que eram submetidas as estrelas da elite olímpica americana, até o julgamento do caso, que aconteceu em 2018 e levou à renúncia de todo o comitê olímpico de ginástica feminina dos EUA. Disponível na Netflix. Bryan Stevenson: Luta Por Igualdade | EUA | 2020 Documentário sobre o advogado que inspirou o filme “Luta por Justiça” (2019), e que foi vivido por Michael B. Jordan no cinema. A produção da HBO também debate as origens da injustiça racial e como ela evoluiu até os dias de hoje. De acordo com Stevenson, o sistema de justiça criminal “te trata melhor se você é rico e culpado do que se você é pobre e inocente”. Disponível na HBO Go.
Natalia Dyer luta contra tentações no trailer de comédia com 100% no Rotten Tomatoes
A Vertical Entertainment divulgou o pôster e o trailer de “Yes, God, Yes”, comédia adolescente estrelada por Natalia Dyer (a Nancy de “Stranger Things”). O vídeo inclui muitos elogios da crítica. E não é exagero. Além de ter sido premiado no Festival SXSW do ano passado, o filme registra 100% de aprovação no Rotten Tomatoes. A prévia mostra a premissa divertida, ao acompanhar Alice (a personagem de Dyer), uma adolescente católica que, ao atingir a puberdade, é enviada para um acampamento cristão para aprender a lidar com os hormônios e evitar as tentações. Mas ao chegar lá descobre que tudo a excita, principalmente o monitor peludo e gostoso que deveria ajudá-la a se manter virgem. Escrito e dirigido por Karen Maine (“Entre Risos e Lágrimas”), o filme é uma adaptação do curta de mesmo nome, que também foi estrelado por Dyer em 2017. O elenco ainda inclui Susan Blackwell (“Depois do Casamento”), Matt Lewis (“As Aventuras de Timmy Failure”), Alisha Boe (“13 Reasons Why”) e Wolfgang Novogratz (“Você Nem Imagina”). “Yes, God, Yes” estreia em 24 de julho em VOD nos EUA e ainda não tem previsão para chegar ao Brasil.
Festival online do Espaço Itaú exibe as melhores (pré) estreias da semana
O principal programa online do fim de semana é o Festival de Pré-Estreias do Espaço Itaú, que traz uma seleção de filmes inéditos nos cinemas, entre eles “Pacarrete”, grande vencedor do Festival de Gramado do ano passado. O longa levou oito troféus, incluindo os de Melhor Filme na votação do júri e do público, além de prêmios para a atriz Marcélia Cartaxo e o diretor-roteirista Allan Deberton. Em “Pacarrete”, Marcélia Cartaxo dá vida à história real de uma mulher de Russas, no interior do Ceará. Bailarina e ex-professora, a mulher do título sonha em se apresentar na festa da cidade. Com voz estridente, grita frases desconexas pelas ruas — e é simplesmente tachada de louca pelos moradores. Outro destaque digital do Espaço Itaú é “Dora e Gabriel”, novo filme do diretor Ugo Giorgetti, que é disponibilizado pela primeira vez em streaming, em consequência do cancelamento e/ou adiamento dos festivais de cinema nacional de 2020. Há também títulos internacionais na seleção. O detalhe é que os filmes ficarão disponíveis apenas 48 horas. É preciso correr para assistir, ao contrário dos outros títulos disponibilizados neste fim de semana. Confira abaixo mais detalhes destes e de outros lançamentos digitais inéditos nos cinemas brasileiros, que chegam aos serviços de VOD (locadoras online) e streaming neste fim de semana. A curadoria não inclui títulos clássicos (são muitos e com alta rotatividade) e produções de baixa qualidade que, em outros tempos, sairiam diretamente em vídeo. Festival de Pré-Estreias do Espaço Itaú Uma seleção de filmes inéditos, disponíveis por apenas 48 horas, que inclui os brasileiros “Mangueira em Dois Tempos”, de Ana Maria Magalhães, “Dora e Gabriel”, de Ugo Giorgetti, “Pacarrete”, de Allan Deberton, “Guerra de Algodão”, de Marília Hugues e Claudio Marques, além de títulos estrangeiros, em que se destacam “O Chão Sob Meus Pés”, de Marie Kreutzer, e “Liberté”, de Albert Serra, premiado no Festival de Cannes passado. Programação completa, com datas de exibição e links de acesso em Espaço Itaú Play. Indianara | Brasil | 2019 O documentário vencedor do Festival Mix Brasil do ano passado acompanha Indianara Siqueira, líder de um grupo de mulheres transgênero em luta contra o preconceito, a intolerância e a polarização. Desde disputas partidárias até o puro combate contra o governo opressor, a ativista de origens humildes passou por uma longa trajetória até se tornar ícone do movimento LGBTQIA+. Disponível em Google Play, Now, Looke, Vivo Play, Amazon Prime Video e YouTube Filmes Afunde o Navio | EUA | 2019 Filme com maior aprovação crítica da semana – 98% no Rotten Tomatoes – , o suspense criminal acompanha duas irmãs que precisam lidar com a morte de um estranho numa cidadezinha pesqueira com muitas mulheres que parecem saber tudo da vida de todo mundo. A dupla planeja se livrar do corpo sem deixar vestígios, mas o crime não passa despercebido. E um policial aparece em sua porta antes do previsto. A trama cheia de reviravoltas e humor negro, ao estilo dos irmãos Coen, rendeu o troféu de Melhor Roteiro para as cineastas novatas Bridget Savage Cole e Danielle Krudy no Festival de Tribeca do ano passado. Disponível na Amazon Prime Video Ninguém Sabe que Estou Aqui | Chile | 2020 Premiado no Festival de Tribeca deste ano e com 86% de aprovação no Rotten Tomatoes, o drama traz Jorge Garcia (o Hurley de “Lost”) como um ex-cantor infantil da música latina, cujos discos fizeram enorme sucesso no início dos anos 1990, mas que nunca foi conhecido do grande público, já que sua voz era dublada por outro menino – bonitão, com visual de ídolo juvenil. Agora recluso no sul do Chile, praticamente sem contato com o mundo e bem mais gordo, ele ainda tem a mesma voz que encantou multidões. A partir de visitas inesperadas, ele começa a colocar sua história em perspectiva e a ser ouvido de verdade. Disponível na Netflix Viveiro | EUA | 2020 O terror (com 71% no Rotten Tomatoes) traz Imogen Poots (“Sala Verde”) e Jesse Eisenberg (“Batman vs. Superman”) como um casal em busca da casa ideal. Ao entrarem num condomínio afastado, eles se vêem perdidos em um complicado labirinto feito de moradas idênticas entre si. Até que percebem que não podem escapar. A performance de Imogen rendeu prêmio de Melhor Atriz no Festival de Sitges, na Espanha, um dos mais tradicionais do gênero fantástico. Disponível em iTunes, Now, Google Play, Oi Play, Vivo Play, YouTube Filmes Bulbbul | Índia | 2020 Combinação de terror e conto de fadas, princesinha e criatura das trevas, gira em torno do mistério de uma mulher sonhadora que é abandonada e precisa lidar com o passado doloroso enquanto sua aldeia é assolada por assassinatos misteriosos. O filme marca a estreia na direção de Anvita Dutt, compositora de Bollywood, mas curiosamente não tem elementos musicais. Disponível na Netflix A Guerra de Anna | Rússia | 2018 Anna é uma menina judia de 6 anos que precisa sobreviver sozinha durante a 2ª Guerra Mundial, após sua família ser executada pelos nazistas. Ela se se esconde na chaminé do escritório do comandante nazista, onde pretende ficar até sua vila ser liberada pelos russos. O filme venceu o Golden Eagle Awards, o “Oscar da Rússia”. Disponível em iTunes, Now, Google Play, Vivo Play, YouTube Filmes The Little Comrade | Estônia | 2018 Baseado em dois romances autobiográficos da escritora Leelo Tungal, o filme apresenta o autoritarismo soviético sob perspectiva infantil, por meio de uma criança que tenta encontrar sentido nas complexas circunstâncias de sua vida. A mãe de Leelo, de 6 anos, é diretora da escola e um dia é presa diante da criança, enviada para um campo de concentração, durante o auge do stalinismo. O medo de que o sumiço da mãe seja sua culpa pesa na consciência da criança, que decide se comportar o melhor que pode para que ela volte. Mas a mãe não volta e Leelo se envolve em um problema atrás do outro, fazendo com que “bom” e “mal” comportamento se confundam em sua cabeça. Disponível na iTunes Festival Eurovision da Canção | EUA | 2020 A primeira comédia de Will Ferrell (“Pai em Dose Dupla”) na Netflix acompanha um casal de cantores islandeses fictícios (vividos por Ferrell e Rachel McAdams, de “Doutor Estranho”) na tradicional competição musical Eurovision, que acontece anualmente entre os países europeus. A direção é de David Dobkin, que retoma a parceria com a dupla após “Penetras Bons de Bico” (2005), e o resultado é puro Ferrell – isto é, medíocre, com 59% de aprovação no Rotten Tomatoes. O elenco ainda inclui Pierce Brosnan (“Mamma Mia!”), Dan Stevens (“Legion”), Natasia Demetriou (“What We Do in the Shadows”) e até a cantora Demi Lovato (“Sunny Entre Estrelas”). Disponível na Netflix
Suzana Amaral (1932 – 2020)
A cineasta Suzana Amaral, diretora do clássico “A Hora da Estrela” (1985), premiado em Berlim, morreu na tarde desta quinta-feira (25/6) em São Paulo. Segundo a família, a causa da morte não foi relacionada à covid-19. “Minha mãe deixa legado em várias áreas, sobretudo no cinema. Suzana veio e trouxe para o cinema brasileiro uma nova linguagem, uma poética que era só dela — com muita influência do cinema alemão. Ela também deixa um legado na sua ética como professora, além de ter sido uma mãe maravilhosa”, disse a filha Flávia ao jornal Folha de S. Paulo. Neste momento delicado para o cinema brasileiro, continua Flávia, “que ela seja uma bandeira para que se salve o cinema nacional, bem como todas as áreas da cultura, que estão tão vilipendiadas nos nossos dias”. Há registros na imprensa do nascimento de Suzana em 1928 e 1932, mas ela dizia em entrevistas que não gostava de falar qual era sua idade. “Ela era muito danada [com relação à idade], até o último momento”, afirmou Flávia. Fica, então, assinalada sua data preferida de nascimento, 1932. Suzana Amaral nasceu em São Paulo e só decidiu virar cineasta depois de ser mãe de nove filhos. Ela entrou na Escola de Comunicação Social e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) em 1968 e fez sua estreia como diretora no último ano do curso, em 1971, com os curtas “Sua Majestade Piolim” sobre o famoso palhaço Piolim, e “Semana de 22”, um panorama da Semana de Arte Moderna. Foram mais de 35 anos de carreira, mas apenas três longas de ficção. Todos adaptações de obras literárias. O primeiro foi “A Hora da Estrela”, baseado no texto original com mesmo nome de Clarice Lispector. A obra marcou época com a performance da então desconhecida Marcelia Cartaxo, que venceu o Urso de Prata de Melhor Atriz. Suzana também recebeu dois prêmios paralelos de direção (o OCIC e o C.I.C.A.E. Award) e seguiu colecionando reconhecimentos, no Festival de Havana e de Brasília – onde conquistou tudo: Melhor Filme, Direção, Atriz, Ator (José Dumont), Fotografia, Edição… O longa seguinte só foi lançado 16 anos depois. Baseado na obra homônima de Autran Dourado, “Uma Vida em Segredo” chegou às telas em 2001 lançando outra atriz, Sabrina Greve. Que também foi premiada por sua performance, vencendo o troféu de Melhor Atriz nos festivais de Brasília e Cine Ceará. Suzana ainda levou o troféu de Melhor Filme no festival cearense E, finalmente em 2009, saiu “Hotel Atlântico”, com roteiro adaptado de um romance de João Gilberto Noll, estrelado pelo já conhecido Júlio Andrade. Venceu o prêmio de Melhor Filme do Festival de Lima, no Peru. Ela também dirigiu dezenas de documentários e programas para a TV Cultura, sem esquecer uma minissérie portuguesa, “Procura-se”, em 1993. Em uma entrevista concedida à Fundação Casper Líbero em 2016, a diretora foi questionada porque só tinha feito três longas em toda a carreira. Ela respondeu: “Porque faltou dinheiro. Faltou apoio e grana”. Vítima de um AVC há cerca de um ano, Suzana estava com a saúde fragilizada desde então.












