O que Ficou para Trás: Terror da Netflix ganha primeiro trailer
A Netflix divulgou o pôster, 12 fotos e o trailer de “O que Ficou para Trás” (His House), novo terror que a plataforma vai lançar neste mês de outubro, aproveitando o Halloween. A prévia mostra um casal de refugiados, que tenta construir uma nova vida na Inglaterra, mas precisa lidar com uma presença maligna na casa onde o governo britânico os acomodou. O ator inglês Sope Dirisu (“O Caçador e a Rainha do Gelo”) e a atriz nigeriana Wunmi Mosaku (“Lovecraft Country”) interpretam o casal protagonista, que, após uma fuga angustiante do Sudão do Sul, devastado pela guerra, luta para se ajustar à nova vida em uma pequena cidade inglesa, onde precisam conviver com outro tipo de perigo, desta vez sobrenatural. O elenco também destaca Matt Smith (“The Crown”) como representante do governo. Direção e roteiro são do estreante Remi Weekes, que venceu o prêmio NHZ de cineasta emergente no Festival de Sundance, em janeiro deste ano. O curioso é que a Netflix adquiriu os direitos do filme antes desta consagração – ou mesmo da materialização de 100% de aprovação do filme no Rotten Tomatoes. Bastou a premissa para despertar o interesse da plataforma. Em entrevista para a revista Entertainment Weekly, na época do festival, o diretor deu detalhes de como seu terror foi inspirado pelo mundo real. “É uma história de casa mal-assombrada sobre dois imigrantes que tentam construir uma nova vida em um país estrangeiro”, disse Weekes. “Ao contrário das histórias tradicionais de casas mal-assombradas em que o protagonista pode conseguir escapar, os nossos protagonistas — duas pessoas pedindo asilo em outro país — não têm o privilégio de simplesmente sair. Em vez disso, eles têm de sobreviver dentro de casa. É comum isso acontecer no Reino Unido, onde os requerentes de asilo têm que seguir regras pesadas quando recebem acomodação. Este também é frequentemente um caso que gira frequentes traumas — você está preso, tendo que encontrar maneiras de sobreviver ao seu luto e encontrar maneiras de se curar nessa prisão”. “O que Ficou para Trás” estreia no dia 30 de outubro em streaming.
Narciso em Férias é emocionante e essencial para a democracia
“Eu comecei a achar que a vida era aquilo ali. Só aquilo. E que a lembrança do apartamento, dos shows, da vida lá fora era uma espécie de sonho que eu tinha tido.” Essa é uma das falas de Caetano Veloso em “Narciso em Férias”, ao descrever o seu primeiro momento no cárcere, quando foi colocado, sem a menor explicação, em uma solitária escura. Só de pensar nisso, de ter essa sensação de deslocamento da realidade, já é aterrador. “Narciso em Férias” marca o retorno da dupla de cineastas Ricardo Calil e Renato Terra ao mundo da música popular brasileira, depois do ótimo “Uma Noite em 67” (2010). Desta vez, a opção de entrecortar as falas de Caetano Veloso com imagens de arquivo e depoimentos de outros entrevistados foi deixada de lado, e o filme fica muito mais poderoso apenas com as cenas da entrevista com o cantor, músico e compositor baiano. Há quem diga que apresentar única e exclusivamente a entrevista de uma pessoa à frente de uma câmera não é fazer cinema, mas isso é bobagem. Esquecem da grandeza de Eduardo Coutinho, mestre nesse formato. Em “Narciso em Férias”, os diretores optaram por esconder, sempre que possível, suas próprias vozes na condução da entrevista. E utilizam apenas três enquadramentos básicos: o close-up, um plano que mostra o corpo inteiro do cantor e um plano mais distante, que acentua a parede ao fundo. Tudo que ele conta já está em um capítulo do seu livro “Verdade Tropical”, justamente intitulado “Narciso em Férias”, e que agora se tornará um livro à parte, já em pré-venda. O termo foi tomado de empréstimo de um livro do romancista americano F. Scott Fitzgerald, e que também se refere ao fato de que, durante todo o período em que esteve preso, Caetano não se olhou no espelho – deu férias a seu lado narcisista, por assim dizer. Histórias narradas oralmente são a base da construção de nossa civilização e é bom ver que esse tipo de recurso ainda segue sendo incrivelmente poderoso, especialmente quando encontramos alguém que consegue nos colocar dentro da ação. Há momentos da fala de Caetano que conseguem fazer o público se sentir em seu lugar, com um detalhismo de carga dramática assombrosa. O documentário é cheio de momentos de bastante emoção, especialmente em seu terço final. O próprio Caetano Veloso parece ter se surpreendido com o próprio choro e pede para que os diretores parem a filmagem em determinado momento. E não é um momento em que ele fala de seu sofrimento, mas de quando comenta o sentimento de gratidão, que ele tem por um sargento que ficou com pena de sua situação, de ele ser o único que não podia receber a visita da esposa, e que o ajudou. E ele lamenta não ter procurado saber o nome desse homem. Sem dúvida um dos momentos mais bonitos e tocantes do documentário e que, muito provavelmente, perderia um bocado da força sem a voz e sem o olhar do cantor . Outro acerto de Calil e Terra foi o fato de trazerem canções para o documentário. Já começa com uma canção de Orlando Silva, “Súplica”, cuja importância é exposta ao longo do filme. Além disso, cada vez que “Hey Jude”, dos Beatles, tocava nos rádios – foi um grande sucesso da época, o final dos anos 1960 – trazia esperança para Caetano. Outras duas canções do próprio Caetano, inspiradas pela experiência do cárcere, também são citadas com emoção: “Irene” e “Terra”. Além de enfatizar a importância e a beleza do trabalho de um de nossos mais brilhantes músicos, “Narciso em Férias” também impacta por lembrar como os artistas brasileiros foram presos e exilados durante a ditadura militar, em um momento em que a extrema direita se apresenta como uma ameaça cada vez maior para a democracia do Brasil. E isso o torna um filme essencial.
Mostra Tiradentes ganha versão digital gratuita
A Mostra Tiradentes disponibiliza sua versão digital a partir desta quinta (1/10) até quarta-feira (7/10) de forma totalmente gratuita na plataforma do Sesc São Paulo. Em sete dias de programação, o público vai poder assistir 47 filmes (13 longas e 34 curtas), oito bate-papos com realizadores, dois debates e uma performance audiovisual de abertura. A programação completa com datas, horários e períodos em que os filmes estarão disponíveis para exibição pode ser conferida e acessada pelos sites oficiais: sescsp.org.br/mostratiradentes e mostratiradentessp.com.br. O festival tem um perfil mais universitário que os eventos de cinema mais tradicionais do país, e destaca temáticas anuais para sua programação. Neste ano, o tema é Imaginação como Potência. A programação terá todos os filmes vencedores da 23ª Mostra Tiradentes, realizada de forma presencial em janeiro deste ano, na cidade mineira, além de outros destaques, como os títulos que integraram a Mostra Aurora e a Mostra Foco – seções competitivas do evento –, além de títulos selecionados especialmente para esta edição online. O evento começa com a exibição do filme “Canto dos Ossos”, de Jorge Polo e Petrus de Bairros, eleito Melhor Filme da Mostra Aurora pelo Júri Oficial da Mostra Tiradentes, acompanhado por um bate-papo com a equipe do longa. Oito filmes integram a seleção da Aurora. Além de “Canto dos Ossos” (CE), de Jorge Polo e Petrus de Bairros, fazem parte da lista “Cabeça de Nêgo” (CE), de Déo Cardoso, “Cadê Edson?” (DF), de Dácia Ibiapina, “Mascarados” (GO), de Marcela Borela e Henrique Borela, “Pão e Gente” (SP), de Renan Rovida, “Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu” (SP), de Bruno Risas, “Natureza Morta” (MG), de Clarissa Ramalho, e “Sequizágua” (MG), de Maurício Rezende. O evento também prestará uma homenagem ao coletivo Filmes do Caixote, responsável por filmes como “Trabalhar Cansa” e “Sinfonia da Necrópole”. Além de debate com os cineastas, a programação apresentará a filmografia do grupo, com exibições de longas e 15 curtas-metragens que marcaram sua trajetória do coletivo. Entre vários outros curtas, a programação ainda reúne os longas “Até o Fim” (BA), de Ary Rosa e Glenda Nicácio, eleito melhor longa pelo Júri Popular de Tiradentes, e “Yãmi~yhex: As Mulheres-Espírito” (MG), documentário de Sueli Maxakali e Isael Maxacali, filme vencedor do Prêmio Carlos Reichenbach – melhor longa da Mostra Olhos Livres, eleito pelo Júri Jovem.
Filme premiado com astro de The Walking Dead ganha trailer emocionante
O estúdio indie A24 divulgou o pôster e o trailer de “Minari”, filme que venceu o Festival de Sundance deste ano, conquistando tanto o prêmio do júri quanto do público. A prévia destaca alguns dos elogios à obra do diretor Lee Isaac Chung (“Lucky Life”), que tem impressionantes 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, mas principalmente cenas dramáticas poderosas. Se o vídeo de dois minutos é capaz de emocionar, imaginem a obra completa. Baseado na infância do diretor, o filme acompanha um menino coreano-americano de 7 anos de idade, cuja vida vira de cabeça para baixo quando seu pai decide mudar sua família para a zona rural do Arkansas. O elenco destaca Steven Yeun (o Glenn de “The Walking Dead”), Han Ye-ri (“O Compromisso”), Youn Yuh-Jung (“Sense8”) e o menino Alan S. Kim em sua estreia no cinema. A estreia está marcada para novembro na Europa e ainda não há previsão de lançamento nos EUA e no Brasil.
Festival de Berlim reconhece oficialmente que seu fundador era nazista
A direção do Festival Internacional de Cinema de Berlim reconheceu, pela primeira vez, que Alfred Bauer, primeiro diretor do festival, era nazista. Ele atuou como conselheiro do Reichsfilmintendanz, órgão criado por Joseph Goebbels em 1942 para controlar a produção cinematográfica na Alemanha. Em fevereiro deste ano, a Berlinale encomendou um estudo ao Instituto Leibniz de História Contemporânea, após a mídia alemã revelar a atuação de Bauer junto ao regime nazista. Segundo um comunicado divulgado pelo festival nesta quarta-feira, a pesquisa comprovou que Bauer se juntou a várias organizações nacionalistas a partir de 1933, tendo se tornado membro oficial do Partido Nazista em 1937. Além disso, o comunicado afirma que, após o fim da 2ª Guerra Mundial, Bauer tentou ocultar sua participação no governo de Adolf Hitler por meio de declarações “deliberadamente falsas” e “meias-verdades”. Depois de censurar o cinema alemão, adequando-o à máquina de propaganda comandada por Goebbels, ele fundou festival, criado, ironicamente, como parte do processo de reconstrução da identidade alemã, sendo responsável pelas edições que aconteceram entre 1951 e 1976. Bauer lançou o evento como “uma mostra do mundo livre”. “As novas descobertas, agora cientificamente pesquisadas, sobre as responsabilidades de Alfred Bauer no Reichsfilmintendanz e seu comportamento no processo de desnazificação são surpreendentes. No entanto, eles constituem um elemento importante no processo de lidar com o passado nazista de instituições culturais que foram fundadas após 1945”, disse a diretora executiva da Berlinale, Mariette Rissenbeek. O festival decidiu abolir o prêmio que leva o nome de Bauer. A partir de 2021, o troféu será transformado em um Grande Prêmio do Júri, integrando a lista de Ursos de Pratas entregues aos melhores filmes.
Cineasta é expulso do Festival de San Sebastian por se recusar a usar máscara de proteção
O cineasta americano Eugène Green (“A Religiosa Portuguesa”), que construiu sua carreira na indústria cinematográfica da França, foi expulso do Festival de Cinema Internacional de San Sebastian após um “incidente desagradável” na noite de quarta (23/5), em que ele criou problemas de segurança para os organizadores do evento. Durante a première de seu filme “Atarrabi et Mikelats”, ele se recusou a atender cinco pedidos diferentes para usar máscara de proteção no tapete vermelho e no começo da sessão. Quando a projeção começou, ele foi convidado a se retirar do cinema. De acordo com um comunicado do festival, “na noite de quarta-feira, 23, no cinema Príncipe 9, durante a exibição de ‘Atarrabi et Mikelats’, ocorreu um incidente desagradável. O diretor do filme, Eugène Green, foi solicitado até cinco vezes pela equipe do Festival para colocar a máscara e usá-la corretamente. Por fim, devido à falta de colaboração, a direção do Festival pediu-lhe que saísse do teatro. Dois agentes da Polícia Basca o informaram que ele será processado e poderá receber uma multa”. “O Festival suspendeu o credenciamento de Eugène Green, que perdeu o status de convidado do evento por seu desrespeito às medidas acordadas com as autoridades sanitárias e com os funcionários do Festival e por colocar a saúde dos espectadores e de sua equipe de filmagem em risco durante e após a exibição”. Assim como aconteceu durante o Festival de Veneza, a realização do Festival de San Sebastian segue protocolos rígidos de prevenção contra a pandemia de coronavírus. Já premiado em diversos festivais, como Locarno, Londres, Sevilla, Gijón, Portland e IndieLisboa, Eugène Green se tornou o primeiro cineasta a ser expulso de um festival de cinema de primeira linha por desrespeito a regras de segurança e higiene.
É Tudo Verdade: Festival de documentários recomeça com filme premiado em Cannes
A 25ª edição do É Tudo Verdade, maior festival de documentário da América Latina, abre a segunda fase de sua programação nesta quarta (23/9) com a exibição de “A Cordilheira dos Sonhos”, do chileno Patrício Guzmán, filme premiado no Festival de Cannes passado. Ele será exibido em sessão para convidados no Drive-in Belas Artes, em São Paulo, e disponibilizado em streaming a partir das 20h30 como parte da mostra online, que vai até o dia 4 de outubro, e apresentará um total de 61 títulos, entre longas e curtas-metragens, espalhados por mostras competitivas e informativas. Em sua fase inicial, realizada entre 25 de março e 15 de abril passado, o festival já apresentou 30 títulos, entre filmes e séries. Um dos principais títulos do evento, o filme de Guzmán fecha uma trilogia formada ainda por “Nostalgia da Luz” (2012) e “O Botão de Pérola” (2015) num ensaio entre o memorialístico e o político sobre os avanços sociais do governo Allende (1970-1973), a repressão brutal da ditadura Pinochet (1973-1990) e a dura herança atual da política econômica desenvolvida no período autoritário do Chile. Outros filmes estrangeiros bem cotados da programação incluem “Forman vs. Forman”, um tributo a Milos Forman, cineasta tcheco responsável por filmes como “Um Estranho no Ninho” (1975) e “Amadeus” (1984), “Golpe 53”, de Taghi Amirani, que analisa o golpe anglo-americano no Irã, e “1982”, de Lucas Gallo, que usa trechos do programa de TV “60 Minutos” para refletir sobre a “guerra das Malvinas”, declarada pela ditadura argentina contra o Reino Unido pelo controle das Ilhas Falkland. Na lista de filmes nacionais, destacam-se ainda “Libelu — Abaixo a Ditadura”, de Diógenes Muniz, sobre a história do grupo de jovens trotskistas que enfrentaram a ditadura no Brasil, “Jair Rodrigues — Deixa que Digam”, de Rubens Rewald, que retrata o artista e o país, “Os Quatro Paralamas”, de Roberto Berliner e Paschoal Samora, sobre a relação de amizade entre os Os Paralamas do Sucesso e o empresário do grupo, e “Utopia Distopia”, em que Jorge Bodanzky revive o período em que cursou a Universidade de Brasília para apresentar um painel da juventude nos anos 1960. O festival se encerra em outubro com a exibição de “Wim Wenders, Desperado”, documentário sobre o diretor alemão de “Paris, Texas” (1984) e “Asas do Desejo” (1987), dirigido pela dupla Eric Friedler e Andreas Frege. Toda a programação estará disponível em plataformas de streaming, de forma gratuita, mas com horários específicos como se fossem sessões de cinema convencional. Maiores informações e acessos aos filmes podem ser encontrados no site oficial: etudoverdade.com.br.
Nomadland: Vencedor do Festival de Veneza ganha teaser legendado
A 20th Century Studios (ex-Fox) divulgou a versão brasileira do teaser de “Nomadland”. O vídeo lista uma série de festivais que selecionaram o longa. Mas como foi exibido originalmente há 10 dias nos EUA, omite que o filme já venceu um deles. “Nomadland” conquistou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, no fim de semana passado. O drama também foi selecionado pelos festivais de Toronto, Telluride, Nova York e Londres e é favoritíssimo a despontar no Oscar. Road movie com influência de documentários, “Nomadland” traz Frances McDormand, que já venceu o Oscar por “Fargo” (1996) e “Três Anúncios para um Crime” (2017), como uma viúva sem rumo, viajando pelos EUA numa van durante a implosão financeira de sua cidade, estado e país. O elenco também inclui David Strathairn (“The Expanse”) e vários atores amadores que são nômades reais – alguns, inclusive, vistos no documentário “Without Bound – Perspectives on Mobile Living” (2014). Terceiro e último longa indie da diretora Chloé Zhao, vencedora do Gotham Award por “Domando o Destino” (2017), “Nomadland” encerra um ciclo na carreira da cineasta. Enteada da atriz chinesa Song Dandan (“O Clã das Adagas Voadoras”) e radicada nos EUA desde a adolescência, Zhao começa, depois deste filme, sua trajetória nos grandes estúdios de Hollywood com a superprodução da Marvel “Eternos”. O lançamento comercial está marcado para 4 de dezembro na América do Norte, mas ainda não há previsão para estreia no Brasil.
Começa a primeira versão virtual do Festival de Gramado
A primeira versão virtual do Festival de Cinema de Gramado começa nesta quinta (18/9), com exibições que vão até 26 de setembro pelo Canal Brasil e pela plataforma de streaming da emissora, e votação do público por aplicativo. Na primeira noite da mostra competitiva serão exibidos os curtas “4 Bilhões de Infinitos” e “Receita de Caranguejo”, além dos longas “Por que Você Não Chora?”, de Cibele Amaral, e “El Silencio del Cazador”, da Argentina. Além do filme de Cibele Amaral, a programaçaõ reúne mais seis longas nacionais na disputa do Kikito, o troféu competitivo do festival. São eles: “Aos Pedaços”, de Ruy Guerra, “King Kong em Asunción”, de Camilo Cavalcanti, “Um Animal Amarelo”, de Felipe Bragança, “Todos os Mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, “O Samba é Primo do Jazz”, de Angela Zoé, e “Me Chama que Eu Vou”, de Joana Mariani. Alguns desses filmes tiveram passagem por festivais internacionais antes da pandemia, como “Um Animal Amarelo” e “Aos Pedaços”, exibidos em Roterdã, na Holanda, e “Todos os Mortos”, em Berlim, na Alemanha. Já as produções estrangeiras que disputam o prêmio latino-americano incluem ainda o colombiano “La Frontera”, o paraguaio “Matar a un Muerto”, o uruguaio “El Gran Viaje Al Pais Pequeño”, o chileno “Los Fuertes”, o boliviano “Tu me Manques” e o mexicano “Días de Invierno”. Durante a semana, debates sobre os filmes serão transmitidos pelas redes sociais oficiais do evento. A programação também inclui homenagens à cineasta Laís Bodanzky (Troféu Eduardo Abelin) e os atores Marco Nanini (Trofeu Oscarito, o mais tradicional do evento), Denise Fraga (Troféu Cidade de Gramado) e o uruguaio César Troncoso (Kikito de Cristal). Apenas a cerimônia de encerramento, com a entrega de prêmios, deverá ser presencial, a ser realizada no Palácio dos Festivais, sem plateia e seguindo protocolos de segurança e prevenção contra o coronavírus. Mas até isso será exibido no Canal Brasil. Maiores informações sobre a programação e a votação online podem ser encontradas no site oficial http://www.festivaldegramado.net/.
Rock Horror Film Festival exibe 57 filmes de 21 países
O Rock Horror Film Festival estreia nesta quinta (17/9) sua terceira edição – e a primeira online – com 57 filmes de 21 países. O evento, que acontece até 27 de setembro, foi organizado em 12 sessões diárias de 2 horas, mas também inclui encontros de cinema, mesas redondas e lives (shows) de rock com bandas latinas. A edição chama atenção pela forte presença feminina. São 13 diretoras no comando de várias produções, além de um recorde de protagonistas femininas. Entre as curiosidades da programação estão os longas “Celebrity Crush”, dirigido e estrelado por Oliver Robins, que foi um dos atores mirins de “Poltergeist”, nos anos 1980, e o brasileiro “Possessões” dirigido por Tiago Santiago (o autor da novela “Os Mutantes”), que traz Marcelo Serrado, Fernanda Nobre, Antônio Pitanga e Marcos Pitombo em seu elenco. A lista também inclui vários curtas, como “Mamãe Tem um Demônio”, de Demerson Souza, produção da Universidade Anhembi Morumbi que ilustra este post. Ao contrário de outros festivais digitais, como o gratuito Cinefantasy (para ficar no gênero), as sessões são pagas. E em euro, uma vez que a plataforma de streaming em que o evento está hospedado é espanhola. Elas custam 2,50 euros, com diferentes opções de pagamento. As lives de rock, por outro lado, são gratuitas e ainda contarão com um esquenta antes do shows com entrevistas com os artistas. Maiores informações e links para os filmes e demais eventos do festival podem ser encontrados no site oficial https://www.rockhorrorfilmfestival.com/. Veja abaixo 12 teasers da programação.
Trailer dramático coloca Anthony Hopkins e Olivia Colman rumo ao Oscar 2021
A Sony Pictures Classics divulgou o primeiro trailer de “The Father”, drama que reúne dois vencedores do Oscar, Anthony Hopkins (“O Silêncio dos Inocentes”) e Olivia Colman (“A Favorita”), e tem première marcada para vários festivais. Acompanhada por vários elogios, a prévia destaca a intenção do filme de buscar espaço na temporada de premiações. Na história impactante, Hopkins interpreta o pai da personagem de Colman e começa a demonstrar sintomas de demência. Confundindo-se com pessoas e situações, ele perde a noção da realidade, mas se recusa a deixar o apartamento onde viveu a vida toda, suspeitando que a filha pretende colocá-lo em um asilo. A sensação de desorientação é aprofundada pela decisão de apresentar a trama sob o ponto de vista do pai. A Academia gosta de premiar intérpretes de doentes e já deu um Oscar para Julianne Moore pelo retrato de uma mulher com Alzheimer, em “Para Sempre Alice”. O elenco da produção ainda inclui Olivia Williams (“Counterpart”), Imogen Poots (“Viveiro”), Mark Gatiss (“Sherlock”), Rufus Sewell (“O Homem do Castelo Alto”) e Evie Wray (“Sense8”). “The Father” tem direção do dramaturgo francês Florian Zeller (“A Viagem de Meu Pai”), que também escreveu o roteiro com Christopher Hampton (vencedor do Oscar por “Ligações Perigosas”). Exibido no Festival de Sundance, em janeiro, o filme foi ovacionado pela crítica, atingindo 100% de aprovação no Rotten Tomatoes. As premières serão retomadas nesta segunda (14/9) com apresentação no Festival de Toronto, e seguem na sexta (18/9) no Festival de San Sebastian e no próximo fim de semana no Festival de Zurique. A estreia comercial está marcada para 18 de dezembro aos cinemas norte-americanos, mas ainda não há confirmação para o Brasil.
Ator sai de Cara Gente Branca alegando discriminação racial
O ator Jeremy Tardy saiu da série “Cara Gente Branca”, que foi renovada para sua 4ª e última temporada na Netflix. E saiu atirando, alegando racismo da produtora Lionsgate. Trata-se de uma grande ironia, considerando o tema da série. O intérprete de Rashid Bakr divulgou um comunicado em suas redes sociais em que afirma ter sofrido discriminação racial na hora de renegociar seu contrato. Segundo ele, a produtora se recusou a negociar seu salário após receber uma contra-proposta de sua equipe, mas não teve dificuldades para acomodar um colega de elenco branco que conseguiu negociar um valor maior. Leia abaixo a íntegra do comunicado do ator. “Infelizmente não voltarei para a 4ª e última temporada de ‘Cara Gente Branca’ da Netflix por conta da minha experiência com a Lionsgate e suas práticas de discriminação racial. Após receber a oferta para retornar para alguns episódios, minha equipe foi notificada que nossa contra-oferta não seria considerada e que a oferta inicial seria ‘a mais alta e final’. Essa notícia foi perturbadora porque um dos meus colegas brancos – sendo um verdadeiro aliado – revelou que eles fizeram a mesma oferta inicial e negociaram uma contra-oferta de forma satisfatória. Minha equipe revelou essa questão para a Lionsgate e os produtores mantiveram sua posição de que o ator branco estava disponível para negociações enquanto eu não estava – independente dos meus créditos e experiência. Com essa informação, seis membros do elenco recorrente, incluindo eu mesmo, nos organizamos para negar as ofertas iniciais da Lionsgate na segunda-feira 31 de agosto. Nossa intenção foi fazer um movimento poderoso como unidade no processo de negociação e, mais importante, nos posicionarmos no princípio básico de que essa não é simplesmente uma questão monetária. Estávamos todos cientes da notória disparidade salarial entre pessoas negras e nossos colegas brancos nas séries da Netflix e da Lionsgate; então isso deixou o buraco flagrantemente óbvio. Entretanto, nosso poder de barganha coletivo foi minado por ofertas paralelas e falta de transparência. Essas táticas levaram alguns indivíduos a assinar contratos antes de o grupo coletivo receber um processo de negociação justo e igualitário. Essas empresas recentemente lançaram comunicados e até fizeram doações em apoio ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). Estou denunciando suas práticas vergonhosas de discriminação e desigualdade racial tendo em mente como eles sempre desvalorizaram e rebaixaram pessoas negras. Ser politicamente correto da boca pra fora com gestos simbólicos não te absolvem da responsabilidade diária de fazer negócios de uma maneira igualitária e justa. O fato de que isso ocorreu nos bastidores de um programa cujo propósito é abordar problemas sistêmicos do racismo e da discriminação só mostra a grande auge da hipocrisia. Lionsgate. Netflix. Eu estou te vendo. Nós estamos te vendo.” Em resposta, a Lionsgate negou as acusações de discriminação. Em seu próprio comunicado, a produtora afirma que a questão foi “uma negociação puramente financeira ligada a termos de contrato. A Lionsgate está comprometida a tratar de forma igualitária todos os seus talentos, independente de raça, gênero, idade ou orientação sexual. Estamos muito orgulhosos de ‘Cara Gente Branca’ e seu espaço na conversa nacional sobre igualdade racial e justiça social, e estamos ansiosos para iniciar a produção da 4ª temporada”. Baseada no aclamado filme independente de mesmo nome, a série satiriza a “América pós-racial” ao retratar a vida de estudantes negros em uma conceituada universidade predominantemente branca. A atração faz um questionamento extensivo do racismo no mundo moderno, sem poupar sequer o pensamento politicamente correto e condescendente a respeito da diversidade racial. A série foi criada pelo diretor e roteirista Justin Simien, responsável pelo longa original, premiado no Festival de Sundance de 2014, e além de explorar questões de raça, também discute classes sociais e sexualidade. Assim como as três temporadas anteriores, a season finale terá 10 episódios. A data de estreia dos capítulos finais ainda não foi divulgada. Unfortunately I will not be joining NETFLIX’s Dear White People for its fourth and final season due to my experience… Publicado por Jeremy Tardy em Sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Netflix incentiva detratores a verem Lindinhas
A Netflix divulgou um vídeo com bastidores e depoimento da diretora de “Lindinhas” (Cuties/Mignonnes), filme que a própria Netflix polemizou por vacilo de seu marketing. No vídeo, Maïmouna Doucouré, que também escreveu o filme, explica sua intenção com a obra e como se inspirou em sua própria história, em meio ao fogo-cruzado que vem se abatendo sobre ela na internet. Maïmouna Doucouré foi uma das primeiras mulheres negras a vencer o prêmio de Melhor Direção no Festival de Sundance e recebeu elogios rasgados da crítica internacional por seu trabalho – 88% de aprovação no Rotten Tomatoes – , mas por um equívoco calamitoso da Netflix acabou virando alvo de uma guerra cultural. Um cartaz da plataforma sensualizou as personagens pré-adolescentes da produção e deu outro sentido à obra. A Netflix assumiu o erro e pediu desculpas. Mas isso não arrefeceu campanhas ativas contra a produção na internet, que incentivam quem não o viu a dar “dislikes” e notas baixas em sites como o Rotten Tomatoes, IMDb e Metacritic, além de difundir hashtags pedindo boicotes. A diretora contou que tem recebido até ameaças de morte. Além do vídeo com a diretora, a Netflix também emitiu um novo comunicado junto com o lançamento, que aconteceu nesta sexta (11/9), incentivando os detratores a perceberem que o filme se preocupa com as mesmas coisas que os escandalizam. “‘Cuties’ é uma crítica social à sexualização de crianças. É um filme premiado, com uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas sofrem das redes sociais e da sociedade em geral enquanto crescem – e encorajamos qualquer pessoa que se importa com este tema fundamental a assistir ao filme”, diz o texto oficial. Por curiosidade, o filme acabou sendo lançado no Brasil com o título original, “Mignonnes” em francês, após toda a confusão. Mas durante a divulgação inicial, ele ficou conhecido como “Lindinhas” no país. Mudar o título não muda o filme, só mostra que o marketing da Netflix não funciona mesmo como deveria.












