Netflix cancela séries com Lucy Alves e Fernanda Paes Leme
A Netflix cancelou suas duas séries brasileiras mais novas: “Só se For por Amor”, romance sertanejo protagonizado por Lucy Alves (atualmente em “Travessia”), e “Nada Suspeitos”, comédia com Fernanda Paes Leme (“Ricos de Amor”). As duas se juntam ao corte recente de “Maldivas”, com Bruna Marquezine e Manu Gavassi. “Só se For por Amor” foi embalada por grande campanha publicitária, com direito à ação no reality “A Fazenda”, da Record TV, e em meio a várias iniciativas em plataformas rivais e no cinema sobre o universo sertanejo. A produção era estrelada pela multitalentosa Lucy Alves (“Tempo de Amar”), Felipe Bragança (“Dom”) e marcava a estreia da cantora Agnes Nunes como atriz. Na trama, que se desenrolava em Goiás, Deusa (Lucy Alves) e Tadeu (Filipe Bragança) eram um casal apaixonado que decide criar uma banda, a Só Se For por Amor. Mas assim que começam a fazer sucesso, Deusa recebe uma proposta de carreira solo. Ao seguirem rumos diferentes, a relação deles sofre abalos, enquanto o grupo procura uma nova vocalista. É quando surge a misteriosa Eva (Agnes Nunes). Já “Nada Suspeitos” trazia Fernanda Paes Leme, Thati Lopes (“Esposa de Aluguel”) e Maíra Azevedo (“Até o Fim”) como herdeiras e suspeitas da morte de seu amante milionário. A trama era uma combinação de “whodunit” (quem matou), gênero dos mistérios de Agatha Christie, com um tema popular da atual leva de comédias nacionais: as novas ricas. Tudo começa como um mistério tradicional, com a convocação das três amantes e seus agregados para um encontro na mansão do amante. É quando descobrem que estão envolvidas com o mesmo homem. Mas antes que mais detalhes sejam revelados, a luz apaga, alguém grita e o dono da casa aparece morto – clássico. Mas em meio à investigação criminal, a comédia adentra o território da convivência forçada entre as herdeiras, que precisam dividir a mansão – o que parecia duas histórias diferentes em uma mesma produção. O elenco de apoio era grandioso, com destaque para Marcelo Médici (“Vai que Cola”), GKay (“Carnaval”), Silvero Pereira (“Bacurau”), Romulo Arantes Neto (“Quem Vai Ficar com Mario?”), Raphael Logan (“Pacificado”), Dhu Moraes (“Tô de Graça”), Cezar Maracujá (“Os Suburbanos”), Paulo Tiefenthaler (“Coisa mais Linda”), Gi Uzêda e o veterano Eliezer Motta (que marcou época em “Viva o Gordo”). A Netflix continua apostando nos sucessos de “Sintonia”, renovada para sua 4ª temporada, mas até o momento não confirmou nem sequer o terceiro ano de “Bom Dia, Verônica”, uma das maiores audiências brasileiras da plataforma.
Só Se For Por Amor: Série musical com Lucy Alves e Agnes Nunes ganha trailer
A Netflix revelou o primeiro trailer da série nacional “Só Se For Por Amor”, que assim como “Rensga Hits!” vai se passar no universo dramático da música sertaneja. A prévia, por sinal, é embalada pelo hit “Evidências”, de Chitãozinho e Xororó. A produção é estrelada pela multitalentosa Lucy Alves (“Tempo de Amar”), Felipe Bragança (“Dom”) e marca a estreia da cantora Agnes Nunes como atriz. Na trama, que se desenrola em Goiás, Deusa (Lucy Alves) e Tadeu (Filipe Bragança) são um casal apaixonado que decide criar uma banda, a Só Se For por Amor. Mas assim que começam a fazer sucesso, Deusa recebe uma proposta de carreira solo. Ao seguirem rumos diferentes, a relação deles sofre abalos, enquanto o grupo procura uma nova vocalista. É quando surge a misteriosa Eva (Agnes Nunes). Acompanhando a divulgação, Lucy Alves também compartilhou o vídeo em seu Instagram e se disse muito feliz de “fazer parte” da produção. “Essa história representa muito pra mim”, comentou. A estreia está marcada para 21 de setembro.
Netflix revela teaser da série com as cantoras Lucy Alves e Agnes Nunes
A Netflix também está entrando no universo dramático da música mais popular brasileira. A plataforma divulgou pôsteres e o primeiro teaser da série nacional “Só Se For Por Amor”, protagonizada pela cantora Lucy Alves (“Tempo de Amar”) e Felipe Bragança (“Dom”), que estreia em 21 de setembro. A prévia apresenta os protagonistas, que também incluem a cantora Agnes Nunes, em sua estreia como atriz. Na trama, que se passa em Goiás, Deusa (Lucy Alves) e Tadeu (Filipe Bragança) são um casal apaixonado que decide criar uma banda, a Só Se For por Amor. Mas assim que começam a fazer sucesso, Deusa recebe uma proposta de carreira solo. Ao seguirem rumos diferentes, a relação deles sofre abalos, enquanto o grupo procura uma nova vocalista. É quando surge a misteriosa Eva (Agnes Nunes). Lucy Alves aproveitou a divulgação para comentar o lançamento nas redes sociais. “Um conto quente que nem sertão, cheio de prazer e de paixão. Deusa está chegando, minha gente! Ansiosa pra dividir com vocês. ‘Só Se For Por Amor’ é um presente e um projeto que eu tenho o imenso prazer em fazer parte. Obrigada, Netflix Brasil! Tô pronta! Estreia dia 21 de Setembro”, ela escreveu.
Festival de Gramado premia King Kong em Asunción
O filme “King Kong em Asunción”, do pernambucano Camilo Cavalcanti, foi o grande vencedor da primeira edição virtual do Festival de Gramado. Além do Kikito de Melhor Filme, também conquistou os prêmios de Melhor Ator, Trilha Sonora e do Júri Popular. A premiação do ator Andrade Júnior, por sinal, rendeu um dos momentos mais emocionantes do evento. Reverenciado por seu desempenho no longa de Cavalcanti, o intérprete brasilense morreu no ano passado, aos 74 anos. Em “King Kong em Assunción”, ele interpreta um matador de aluguel que, depois de cometer o último assassinato na região desértica de Salar de Uyuni, esconde-se no interior da Bolívia e decide ir atrás da filha que nunca conheceu. O papel foi também o primeiro – e único – protagonismo de sua carreira, iniciada tardiamente nos anos 1990. Por causa da pandemia de covid-19, o tradicional festival de cinema da serra gaúcha aconteceu fora de época e em formato totalmente virtual, com sessões pela TV e internet, numa parceria com o Canal Brasil. Apenas a cerimônia de premiação aconteceu de forma presencial, realizada no Palácio dos Festivais de Gramado, sem plateia e seguindo protocolos de segurança, com a presença das apresentadoras Marla Martins e Renata Boldrini, que chamaram os vencedores no telão. O formato só não afetou os discursos politizados. Um dos mais contundentes partiu do veterano cineasta Ruy Guerra, de 89 anos, que reclamou do “governo racista”, responsável pela “avalanche que estamos sofrendo nas artes e nas ciências”, ao receber o troféu de Melhor Direção por “Aos Pedaços”. O troféu de Melhor Atriz ficou com a portuguesa Isabél Zuaa por “Um Animal Amarelo”, de Felipe Bragança (premiado também pelo Roteiro), enquanto os coadjuvantes saíram de “Todos os Mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, que consagrou Thomás Aquino e a cantora Alaíde Costa em sua estreia na atuação. Entre os filmes latino-americanos, o uruguaio “El Gran Viaje al Pais Pequeño”, de Mariana Viñoles, foi quase uma unanimidade, levando os troféus da Crítica, do Público, um prêmio especial do Júri e o de Melhor Direção. Entretanto, não ficou com o Kikito oficial de Melhor Longa Estrangeiro, reconhecimento que o Júri decidiu dar ao colombiano “La Frontera”, de David David. Por fim, os destaques na premiação de curtas brasileiros foram “O Barco e o Rio”, de Bernardo Ale Abinader (Melhor Filme e Direção), e “Inabitável”, de Matheus Farias & Enock Carvalho (Prêmio Canal Brasil e da Crítica). Confira abaixo a lista completa dos vencedores. Competição de Longa-Metragem Brasileiro Melhor Filme – King Kong en Asunción Melhor Direção – Ruy Guerra, por Aos Pedaços Melhor Ator – Andrade Júnior, por King Kong en Asunción Melhor Atriz – Isabél Zuaa, por Um Animal Amarelo Melhor Roteiro – Felipe Bragança, por Um Animal Amarelo Melhor Fotografia – Pablo Baião, por Aos Pedaços Melhor Montagem – Eduardo Gripa, por Me Chama Que Eu Vou Melhor Trilha Musical – Salloma Salomão, por Todos os Mortos, e Shaman Herrera, por King Kong en Asunción Melhor Direção de Arte – Dina Salem Levy, por Um Animal Amarelo Melhor Atriz Coadjuvante – Alaíde Costa, por Todos os Mortos Melhor Ator Coadjuvante – Thomás Aquino, por Todos os Mortos Melhor Desenho de Som – Bernardo Uzeda, por Aos Pedaços Prêmio Especial do Júri: Elisa Lucinda, por Por que você não chora? Menção Honrosa do Júri: Higor Campagnaro, por Um Animal Amarelo Competição de Longa-metragem Estrangeiro Melhor Filme – La Frontera Melhor Direção – Mariana Viñoles, por El Gran Viage al País Pequeño Melhor Ator – Anibal Ortiz, por Matar a un Muerto Melhor Atriz – Daylin Vega Moreno e Sheila Monterola, por La Frontera Melhor Roteiro – David David, por La Frontera Melhor Fotografia – Nicolas Trovato, por El Silencio del Cazador Prêmio Especial do Júri: El Gran Viaje al País Pequeño Competição de Longa-metragem Gaúcho Melhor Filme – Portuñol, de Thaís Fernandes Competição de Curta-metragem Brasileiro Melhor Filme – O Barco e o Rio Melhor Direção – Bernardo Ale Abinader, por O Barco e o Rio Melhor Ator – Daniel Veiga, por Você Tem Olhos Tristes Melhor Atriz – Luciana Souza, Inabitável Melhor Roteiro – Inabitável, Matheus Farias e Enock Carvalho Melhor Fotografia – O Barco e o Rio, para Valentina Ricardo Melhor Montagem – Você Tem Olhos Tristes, para Ana Júlia Travia Melhor Trilha Musical – Atordoado, eu permaneço atento, para Hakaima Sadamitsu, M. Takara Melhor Direção de Arte – O Barco e o Rio, para Francisco Ricardo Lima Caetano Melhor Desenho de Som – Receita de Caranguejo, Isadora Torres e Vinicius Prado Martins Prêmio Especial do Júri: Preta Ferreira, por Receita de Caranguejo Prêmios do Júri Popular Curta Brasileiro: O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader Longa Estrangeiro: El Gran Viage al País Pequeño, de Mariana Viñoles Longa Brasileiro: King Kong en Asunción, de Camilo Cavalcante Prêmios do Júri da Crítica Curta Brasileiro: Inabitável Longa Estrangeiro: El Gran Viaje al País Pequeño Longa Brasileiro: Um Animal Amarelo
Começa a primeira versão virtual do Festival de Gramado
A primeira versão virtual do Festival de Cinema de Gramado começa nesta quinta (18/9), com exibições que vão até 26 de setembro pelo Canal Brasil e pela plataforma de streaming da emissora, e votação do público por aplicativo. Na primeira noite da mostra competitiva serão exibidos os curtas “4 Bilhões de Infinitos” e “Receita de Caranguejo”, além dos longas “Por que Você Não Chora?”, de Cibele Amaral, e “El Silencio del Cazador”, da Argentina. Além do filme de Cibele Amaral, a programaçaõ reúne mais seis longas nacionais na disputa do Kikito, o troféu competitivo do festival. São eles: “Aos Pedaços”, de Ruy Guerra, “King Kong em Asunción”, de Camilo Cavalcanti, “Um Animal Amarelo”, de Felipe Bragança, “Todos os Mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, “O Samba é Primo do Jazz”, de Angela Zoé, e “Me Chama que Eu Vou”, de Joana Mariani. Alguns desses filmes tiveram passagem por festivais internacionais antes da pandemia, como “Um Animal Amarelo” e “Aos Pedaços”, exibidos em Roterdã, na Holanda, e “Todos os Mortos”, em Berlim, na Alemanha. Já as produções estrangeiras que disputam o prêmio latino-americano incluem ainda o colombiano “La Frontera”, o paraguaio “Matar a un Muerto”, o uruguaio “El Gran Viaje Al Pais Pequeño”, o chileno “Los Fuertes”, o boliviano “Tu me Manques” e o mexicano “Días de Invierno”. Durante a semana, debates sobre os filmes serão transmitidos pelas redes sociais oficiais do evento. A programação também inclui homenagens à cineasta Laís Bodanzky (Troféu Eduardo Abelin) e os atores Marco Nanini (Trofeu Oscarito, o mais tradicional do evento), Denise Fraga (Troféu Cidade de Gramado) e o uruguaio César Troncoso (Kikito de Cristal). Apenas a cerimônia de encerramento, com a entrega de prêmios, deverá ser presencial, a ser realizada no Palácio dos Festivais, sem plateia e seguindo protocolos de segurança e prevenção contra o coronavírus. Mas até isso será exibido no Canal Brasil. Maiores informações sobre a programação e a votação online podem ser encontradas no site oficial http://www.festivaldegramado.net/.
Festival de Gramado anuncia filmes selecionados
A organização do Festival de Gramado anunciou nesta terça-feira (18/8) os filmes selecionados para sua edição de 2020, que será uma combinação de evento televisivo e digital, devido à pandemia de coronavírus. A competição também se encolheu. Apenas sete longas nacionais concorrerão ao Kikito, o troféu competitivo do festival. São eles: “Aos Pedaços”, de Ruy Guerra, “King Kong em Asunción”, de Camilo Cavalcanti, “Um Animal Amarelo”, de Felipe Bragança, “Por que Você Não Chora?”, de Cibele Amaral, “Todos os Mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, “O Samba é Primo do Jazz”, de Angela Zoé, e “Me Chama que Eu Vou”, de Joana Mariani. Alguns desses filmes tiveram passagem por festivais internacionais antes da pandemia, como “Um Animal Amarelo” e “Aos Pedaços”, exibidos em Roterdã, na Holanda, e “Todos os Mortos”, em Berlim, na Alemanha. Outras sete produções estrangeiras também disputam o prêmio latino-americano: o argentino “El Silencio del Cazador”, o colombiano “La Frontera”, o paraguaio “Matar a un Muerto”, o uruguaio “El Gran Viaje Al Pais Pequeño”, o chileno “Los Fuertes”, o boliviano “Tu me Manques” e o mexicano “Días de Invierno”. Além dos filmes que disputam prêmios, o festival homenageará a cineasta Laís Bodanzky (Troféu Eduardo Abelin) e os atores Marco Nanini (Trofeu Oscarito, o mais tradicional do evento), Denise Fraga (Troféu Cidade de Gramado) e o uruguaio César Troncoso (Kikito de Cristal). As novidades deste ano também incluem mudanças no time de curadores, com a entrada do apresentador Pedro Bial e da atriz argentina Soledad Villamil. Eles se juntam a Marcos Santuario, há nove anos no comando da seleção de Gramado. O outro curador habitual do festival, o jornalista Rubens Ewald Filho, faleceu no ano passado. A 48ª do Festival de Gramado vai ocorrer entre os dias 18 e 26 de setembro, com sessões exibidas no Canal Brasil e disponibilizadas por 24 horas no aplicativo de streaming Canal Brasil Play. Apenas a cerimônia de encerramento, com a entrega de prêmios deverá ser presencial, a ser realizada no Palácio dos Festivais, sem plateia e seguindo protocolos de segurança. Mas esse evento também deve ser exibido no Canal Brasil.
Um Animal Amarelo: Novo filme de Felipe Bragança vai encerrar festival IndieLisboa
O drama brasileiro “Um Animal Amarelo” foi selecionado como filme encerramento do IndieLisboa, o maior festival de cinema independente de Portugal. O longa escrito e dirigido por Felipe Bragança será apresentado na noite de premiação dos festival, marcada para 5 de setembro. Devido à pandemia de coronavírus, o Indielisboa, normalmente realizado durante o mês de maio, vai acontecer neste ano no período de 25 de agosto a 5 de setembro. O evento será um dos primeiros festivais europeus a acontecer com presença de público nas salas, seguindo normas de segurança e higiene sanitária de prevenção. Sexto longa dirigido por Bragança, “Um Animal Amarelo” teve première mundial em janeiro, no Festival de Roterdã, e deve estrear comercialmente em Portugal e no Brasil em novembro. O filme é descrito pelo diretor como uma “tragicômica e melancólica fábula tropical sobre as heranças do colonialismo português no Brasil de hoje”, e foi rodado no Brasil, Portugal e Moçambique com produção da carioca Marina Meliande e do português Luis Urbano – produtor de filmes de Miguel Gomes e Manoel de Oliveira. O elenco é multinacional e inclui os brasileiros Higor Campagnaro, Herson Capri, Thiago Lacerda, Sophie Charlotte e Tainá Medina, os luso-africanos Isabel Zuaa, Lucília Raimundo e Matamba Joaquim e os portugueses Catarina Wallenstein, Diogo Dória e Adriano Luz. Veja abaixo o trailer do longa.
Não Devore Meu Coração lida com amor e ódio de forma irregular
O novo filme de Felipe Bragança parece ser cheio de boas intenções. A narrativa se divide em capítulos, com letras grandes e de destaque e títulos chamativos. A trilha sonora meio anos 1980, com uso de sintetizadores, também contribui para algo elegante e retrô (está na moda, não é?). Mas “Não Devore Meu Coração” é uma obra irregular, que se apoia no talento de Cauã Raymond (“Alemão”), muito bem nas cenas com a família, o que só aumenta o contraste com o trabalho menos naturalista de interpretação dos atores jovens e pouco experientes do elenco. O resultado é uma obra torta, tanto do ponto de vista da atuação quanto em sua condução narrativa, que não consegue transmitir o sentimento que parece querer passar, seja o amor imenso do pequeno Joca (Eduardo Macedo) pela indiazinha paraguaia da fronteira (Adeli Gonzales), seja a relação de Fernando, o personagem de Cauã, com o ambiente hostil que o cerca. Este ambiente hostil, que evoca séculos de desavenças, desde a Guerra do Paraguai, traz como cenário principal uma guerra local entre gangues de motoqueiros: de um lado, um grupo de brasileiros do Mato Grosso do Sul com pinta de fascistas; do outro, um grupo de paraguaios-guaranis, que têm visto todos os dias corpos desovados no rio Apa, o rio que separa o Brasil do Paraguai. Bragança parece querer dar à trama um ar de fábula, a exemplo do que havia feito com “A Alegria” (2010), ainda mais estranho e menos palatável. Essa história de amor e ódio tem os seus momentos. Há algo de “Acossado” (1960) no momento em que o garotinho, inebriado pelo amor que sente pela jovem índia, conta algo sobre o irmão. Essa é uma das melhores cenas do filme. Mas é uma pena que ela pareça deslocada em uma obra que parece optar pelo distanciamento das emoções. Apesar de “Não Devore Meu Coração” ter sido exibido em festivais internacionais, a carreira de Bragança como cineasta até agora não emplacou, pelo menos não dentro de um circuito mais amplo. Mas ele busca um tom diferente, e isso não deixa de ser uma qualidade.
Festival de Brasília inicia 50ª edição marcando a identidade nacional
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro inicia sua edição de número 50 nesta sexta (15/9) com a exibição de “Não Devore Meu Coração!”, primeiro filme solo de Felipe Bragança (codiretor de “A Alegria”), sobre o romance de adolescentes na fronteira com o Paraguai e disputas entre motociclistas e descendentes de índios guaranis, que evocam ressentimentos antigos da Guerra do Paraguai. Antes de chegar em Brasília, o filme de Bragança foi exibido no Festival de Berlim, assim como outros dois longas da mostra competitiva: “Pendular”, de Julia Murat, e “Vazante”, de Daniela Thomas. “Não Devore Meu Coração” também foi exibido nos festivais de Sundance (EUA), Toulousse (França) e abriu a mostra de Cartagena de Índias (Colômbia), além de estar na programação do Festival Biarritz América Latina, que acontece na França em outubro. O filme discute identidade nacional e ecoa algo que chama atenção na seleção de Brasília. A mostra competitiva reuniu nove filmes de nove estados diferentes, cada um com seu próprio sotaque e dilemas, cobrindo paisagens tão distintas quanto os rincões do Rio Grande do Sul (“Música para Quando as Luzes se Apagam”, de Ismael Caneppele) e os conflitos urbanos de Recife (“Por Trás da Linha de Escudos”, de Marcelo Pedroso). Entre os cenários, também aparecem cidades históricas de Minas Gerais (“Arábia”, de Affonso Uchoa e João Dumons), o centro de São Paulo (“Pendular”, de Julia Murat) e o Recôncavo Baiano (“Café com Canela”, de Ary Rosa e Glenda Nicácio). Há também viagens ao passado, às fazendas coloniais mineiras do século 19 (“Vazante”, de Daniela Thomas) e à Curitiba durante a ditadura militar (“Construindo Pontes”, de Heloisa Passos). Este ano, os filmes selecionados receberão cachê de participação, o que aumentou a procura pelo festival. Ao todo, foram inscritos 778 produções nas mostras competitivas, sendo 170 longas, de onde os organizadores selecionaram a nata. Cada longa em competição receberá R$ 15 mil só para participar do evento. Mas há outras mostras, que elevam a soma dos cachês a R$ 340 mil, apenas para exibir os filmes. Além do cachê, serão distribuídos os tradicionais troféus Calango e o Prêmio Petrobras de Cinema, votado pelo público. O vencedor deste troféu ainda receberá R$ 200 mil, que devem ser investidos na distribuição comercial do filme. Desde a primeira edição, em 1965 – quando era chamado de Semana do Cinema Brasileiro –, o Festival de Brasília só não foi realizado entre 1972 e 1974, no auge da censura do regime militar. O histórico dessas 50 edições também será lembrado em duas mostras paralelas, ao longo dos próximos dias. O festival também prepara uma homenagem para Nelson Pereira dos Santos, diretor de clássicos como “Rio 40 Graus” (1955), “Vidas Secas” (1963), “Como Era Gostoso o Meu Francês” (1971), “O Amuleto de Ogum” (1974), “Memórias do Cárcere” (1984) e o recente “A Música Segundo Tom Jobim” (2012), atualmente com 88 anos de idade. A 50ª edição do Festival de Brasília acontece até 24 de setembro, e terá como encerramento o filme “Abaixo a Gravidade”, de Edgard Navarro. Confira abaixo a lista dos filmes selecionados para as mostras competitivas. Competição de Longa-metragem “Arábia”, de Affonso Uchoa e João Dumans, MG “Café com Canela”, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, BA “Construindo Pontes”, de Heloisa Passos, PR “Era uma vez Brasília”, de Adirley Queirós, DF “Música para Quando as Luzes se Apagam”, de Ismael Cannepele, RS “O Nó do diabo”, de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhesus Tribuzi , PB “Pendular”, de Julia Murat, RJ “Por Trás da Linha de Escudos”, de Marcelo Pedroso, PE “Vazante”, de Daniela Thomas, SP Competição de Curta-metragem “A Passagem do Cometa”, de Juliana Rojas, SP “As Melhores Noites de Veroni”, de Ulisses Arthur, AL “Baunilha”, Leo Tabosa, PE “Carneiro de Ouro”, Dácia Ibiapina, DF “Chico”, Irmãos Carvalho, RJ “Inocentes”, Douglas Soares, RJ “Mamata”, Marcus Curvelo , BA “Nada”, Gabriel Martins , MG “O Peixe”, Jonathas de Andrade, PE ‘Peripatético”, Jessica Queiroz, SP “Tentei”, Laís Melo, PR “Torre”, Nadia Mangolini, SP
Primeiro filme brasileiro da Netflix vai concorrer no Festival de Gramado
O Festival de Gramado vai repetir no Brasil a polêmica que marcou o Festival de Cannes deste ano. O primeiro filme nacional produzido pela Netflix para exibição em streaming entrou na seleção do evento. “O Matador”, de Marcelo Galvão, está entre os sete filmes da competição do evento, que acontece de 17 e 26 de agosto. Há dois meses, duas produções da Netflix (“Okja” e “The Meyerowitz Stories”) foram selecionadas para a competição principal de Cannes, provocando a ira dos exibidores franceses e o descontentamento de alguns profissionais da indústria. A repercussão foi tanta que provocou mudanças nas regras da mostra francesa: a partir do ano que vem, somente filmes que forem estrear nos cinemas poderão concorrer à Palma de Ouro. Será curioso ver que repercussão o caso de “O Matador” terá no Brasil, já que os exibidores nacionais não são conhecidos por privilegiarem dramas brasileiros na ocupação de suas telas. O pioneiro filme de Marcelo Galvão será lançado na Netflix no final do ano e não tem previsão de estreia nos cinemas. Faroeste caboclo ambientado no sertão pernambucano nas décadas de 1910 e 1940, “O Matador” conta a história de Cabeleira (Diogo Morgado), que foi abandonado ainda bebê e criado por um cangaceiro local chamado Sete Orelhas (Deto Montenegro). Quando Sete Orelhas desaparece, ele vai a sua procura e acaba encontrando uma cidade sem lei, governada pelo tirânico Monsieur Blanchard (Etienne Chicot), um francês que domina o mercado de pedras preciosas e anteriormente empregava Sete Orelhas como seu matador. O filme foi escrito e dirigido por Marcelo Galvão, que costuma ser premiado em Gramado: “Colegas” venceu Melhor Filme em 2012 e “A Despedida” lhe rendeu o Kikito de Melhor Diretor em 2014. Os outros seis longas que vão disputar Kikitos são “A Fera na Selva”, segundo longa dirigido pelo ator Paulo Betti (após “Cafundó”, em 2005), desta vez em parceria com a também atriz Eliane Giardini e o veterano cinematógrafo Lauro Escorel (“A Suprema Felicidade”); “As Duas Irenes”, primeiro longa do paulista Fábio Meira; “Bio”, do cineasta gaúcho Carlos Gerbase (“Menos que Nada”); “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky (“As Melhores Coisas do Mundo”); “Não Devore Meu Coração!”, de Felipe Bragança (“A Alegria”); e “Pela Janela”, primeiro longa de Caroline Leone (editora de “Vermelho Russo”) numa coprodução com a Argentina. Todos os filmes terão sua première nacional em Gramado, mas “As Duas Irenes”, “Como Nossos Pais” e “Não Devore Meu Coração!” já foram exibidos no Festival de Berlim 2017 e em outros eventos internacionais. “As Duas Irenes”, inclusive, foi premiado como Melhor Filme de Estreia e Melhor Direção de Fotografia no Festival de Guadalajara, no México, enquanto “Como Nossos Pais” venceu o Festival de Cinema Brasileiro de Paris. Trata-se de uma ótima seleção, mas, como tem sido regra nos festivais brasileiros, bastante enxuta. Apesar do prestígio que acompanha Gramado, são enormes as chances de todos os filmes saírem premiados, já que há apenas sete obras em competição – o que diminui a importância do prêmio. Nisto, Gramado se mostra bem diferente de Cannes, que reúne mais de 20 longas na disputa pela Palma de Ouro – o que realmente dá outra representatividade ao troféu. Para não ir tão longe, o último Festival do Rio juntou 14 longas, entre obras de ficção e documentários, em sua mostra competitiva principal – e mais seis, um Festival de Brasília inteiro, numa mostra paralela de filmes autorais.
Cineastas brasileiros no Festival de Berlim se manifestam contra mudanças na política do audiovisual
Os cineastas brasileiros presentes no Festival de Berlim aproveitaram uma recepção promovida pela Embaixada do Brasil na Alemanha para divulgar uma carta conjunta, manifestando-se contra mudanças na política do audiovisual. Sem usar a palavra “golpe”, que parece ter caído em desuso, o texto parte de uma acusação contra o governo de Michel Temer, que teria atingido “duramente” direitos, para traçar um cenário de fim de mundo, em que o audiovisual brasileiro “corre o risco de acabar”. Entretanto, logo no parágrafo seguinte, o mesmo texto celebra o fato de o audiovisual brasileiro (nunca antes na história deste país) ter sido tão forte. A manifestação marca terreno, visando impedir mudanças na política nacional para o setor do audiovisual, especialmente na área de fomento – dinheiro público para a produção de filmes. Quem assina embaixo são os diretores Daniela Thomas, Laís Bodanzky, Julia Murat, Cristiane Oliveira e Felipe Bragança, todos com filmes em Berlim. Confira o texto na íntegra: “Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Em quase um ano desse governo, os direitos de educação, saúde e trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre o risco de acabar. Nos últimos anos, a Ancine tem direcionado suas diretrizes, conservando com atenção os muitos Brasis. Ampliou o alcance dos mecanismos de fomentos, que hoje atingem segmentos e formatos dos mais diversos, entre eles o cinema autoral, aqui representado. O resultado é visível. O ano de 2017 começou com a expressiva presença de filmes brasileiros nos três dos principais festivais internacionais, totalizando 27 participações em Sundance, Roterdã e aqui em Berlim. Não chegamos a esse patamar histórico sem política pública. Tudo o que se alcançou até aqui é fruto de um grande esforço do conjunto de agentes envolvidos entre Ancine, produtores, realizadores, distribuidores, exibidores, programadores, artistas, lideranças, poder público, entre outros. Acima de tudo, queremos garantir que qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas do audiovisual brasileiro sejam amplamente debatidos com o conjunto do setor e com toda a sociedade. Assim, pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos aqui a continuidade e o incremento dessa política pública.”
Crítica americana detona filme brasileiro no Festival de Sundance
Os críticos americanos não se empolgaram com “Não Devore Meu Coração”, primeiro filme solo de Felipe Bragança (codiretor de “A Alegria”). Exibido no Festival de Sundance com o título em inglês “Don’t Swallow My Heart, Alligator Girl!”, o longa teve alguns pontos destacados, mas a avaliação das duas principais críticas publicadas até agora é de que se trata de um trabalho amador. A resenha menos destrutiva, publicada no site Screen Daily, considerou o filme “desigual”: “Há flashes de inspiração e momentos memoráveis suficientes para garantir a atenção no circuito dos festivais, mas há também uma sensação persistente de que Bragança abocanhou mais do que poderia mastigar”. A pior avaliação veio da revista Variety, que, para ilustrar o amadorismo da produção, chega a mencionar uma cena dramática de funeral, “que não deveria produzir risadas”. Embora tenha havido menções positivas para a direção de fotografia de Glauco Firpo (“Castanha”) e a atuação Cauã Reymond (“Alemão”), estes elementos são citados como antítese. Por exemplo: “O contraste entre o popular ator brasileiro Reymond (também co-produtor), mastigando suas frases com a formação de um profissional, e os artistas amadores claramente inseguros de como dizer diálogos pouco naturais, destrói qualquer ilusão de coesão”. A lista de defeitos citados segue, arrasadora, da “edição sem brilho” à inserção “inelegante” de trechos musicais. A conclusão do crítico, que se chama Jay Weissberg, é similar à do Screen Daily, ainda que mais ácida. “Após algumas exibições em festivais, ‘Não Devore Meu Coração’ será, de fato, deglutido”. A crítica da Variety foi reproduzida no Yahoo! e em dezenas de outros sites.









