Roteirista de Tropa de Elite vai trabalhar na série de José Padilha sobre a Operação Lava-Jato
Ex-capitão do BOPE e comentarista de segurança pública da TV Globo há seis anos, Rodrigo Pimentel vai trocar a televisão brasileira pela produção de séries americanas. Ele irá trabalhar no novo projeto do diretor José Padilha, ajudando a escrever o roteiro de uma série sobre a Operação Lava-Jato. Segundo adiantou a coluna Radar, do site da revista Veja, o projeto seria para o Netflix. O serviço de streaming já possuiu uma relação profissional com Padilha, inaugurada com a bem-sucedida série “Narcos”, produzida pelo cineasta brasileiro. Rodrigo Pimentel também já foi parceiro de outros trabalhos de Padilha, tendo aparecido no documentário “Ônibus 174” (2002), do qual se tornou produtor associado, e escrito o livro “Elite da Tropa”, que inspirou o filme “Tropa de Elite” (2007). Ele também coescreveu, com Padilha e Bruno Mantovani, o roteiro do longa de 2007 e a história de sua continuação, “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro” (2010). Muitos acreditam, inclusive, que ele seja a inspiração do lendário Capitão Nascimento.
José Padilha vai fazer série americana sobre a Lava-Jato
O cineasta José Padilha quer transformar a Operação Lava-Jato numa série policial americana. O diretor, que se especializou em filmes e séries sobre crime e corrupção, vê na investigação sobre as entranhas da política brasileira todos os ingredientes de uma série envolvente, com apelo internacional. Ao contrário de Wagner Moura, que estrelou os dois “Tropa de Elite” e a série “Narcos”, produções comandadas por Padilha, o diretor acredita que a Lava-Jato “não tem viés político nenhum”. Enquanto Moura defende que a politização da investigação ameaça a democracia, Padilha diz que, ao contrário, são os roubos cometidos em nome de um partido que fraudam o processo democrático. “Toda vez que alguém fala dos indícios avassaladores contra Lula, um petista diz que o PSDB também rouba. Tenta-se transformar tudo numa questão ideológica. Mas tudo é caso de polícia”, ele resumiu, em entrevista à revista Veja. Padilha, que vive nos Estados Unidos com a mulher e o filho de 12 anos, contou à Veja que seu projeto sobre a Lava-Jato será baseada em um livro ainda inédito, composto por entrevistas com os envolvidos no escândalo. “O objetivo é narrar a operação policial em si e mostrar inúmeros detalhes esclarecedores que a própria imprensa desconhece”, ele adiantou. Como a série será uma produção internacional, ela terá título em inglês. Padilha trabalha com o nome provisório de “Jet Wash”, mas isso deve mudar, já que, nos Estados Unidos, a tradução literal não faz sentido. Lá, lava-jato é Car Wash – título de uma famosa comédia dos anos 1970. Atualmente, Padilha prepara a 2ª temporada de “Narcos” para o Netflix e desenvolve uma atração sobre a história das gangues das prisões americanas, intitulada “The Brand”, para o canal pago Showtime. Além disso, vaidirigir o filme de ação “Entebbe”, sobre uma operação histórica de combate contra o terrorismo.
House of Cards: Frank Underwood está se divertindo com o escândalo político do Brasil
O Twitter oficial da série política “House of Cards” publicou um post em que o Presidente Frank Underwood (Kevin Spacey) aparece rindo, sob a legenda: “Vendo as notícias de hoje da cobertura do Brasil”. Criada por Beau Willimon (roteirista de “Tudo pelo Poder”), “House of Cards” acompanha a trajetória de um político corrupto e violento, que se mostra capaz das artimanhas mais perversas, sem receio de sujar as mãos, para se tornar presidente dos EUA. Não é à toa sua admiração recente pela política brasileira. A série estreou sua ótima 4ª temporada em 4 de março e já se encontra renovada para a 5ª temporada no Netflix. Watching today's Brazilian news coverage. pic.twitter.com/ojlEjXuVje — House of Cards (@HouseofCards) 16 de março de 2016
Spotlight denuncia um dos maiores escândalos do século em homenagem ao bom e velho jornalismo
Um dos filmes mais incensados pela crítica americana em 2015, favorito a diversos prêmios da temporada, “Spotlight – Segredos Revelados” chega aos cinemas em sintonia com estes tempos de denúncias de esquemas de corrupção em grandes corporações e no governo, mas também das revelações pessoais em redes sociais, de gente disposta a compartilhar a sua própria experiência como vítima de abuso sexual na infância ou na adolescência. O longa de Tom McCarthy trata de um escândalo específico, trazido à luz pela imprensa americana em 2002: o número alarmante de ocorrências de padres católicos que abusaram sexualmente de crianças em suas paróquias. A trama acompanha o trabalho investigativo de um grupo de repórteres do jornal The Boston Globe, que tem início com a chegada de um novo editor, interessado no caso de abuso de um padre local, abafado pela Igreja. Puxando o fio da meada, a investigação chega a novos casos e passa a ganhar proporções assustadoras, envolvendo dezenas de sacerdotes e vítimas. Mas nenhum caso tivera repercussão até então, graças ao trabalho de advogados, acordos financeiros e pressão social. Impressionados com a descoberta, os repórteres decidem enfrentar a poderosa Igreja Católica, revelando uma sordidez que repercute até os dias de hoje, levando até o Papa Francisco a se manifestar. Além da trama relevante, “Spotlight” materializa uma realização técnica admirável. A fotografia, de Masanobu Takayanagi, dá profundidade de campo a ambientes de trabalho reduzidos, como a redação do jornal, e a cenografia, figurino etc. também não ficam atrás. A reconstituição é fidedigna e feita de forma discreta e sóbria, evocando a estética elegante de clássicos do jornalismo político, como “Todos os Homens do Presidente”, de Alan J. Pakula, e “Rede de Intrigas”, de Sidney Lumet, ambos de 1976, com direito a toda a carga de urgência e suspense que obras como essas requerem. Para completar, o elenco é formado por artistas de peso como Michael Keaton (“Birdman”), Mark Ruffalo (“Os Vingadores”), Rachel McAdams (“Questão de Tempo”), Brian d’Arcy James (série “Smasht”), Liev Schreiber (série “Ray Donovan”) e John Slattery (série “Mad Men”), intérpretes da equipe que sacrifica a vida pessoal pela dedicação ao trabalho. De fato, é curioso como os cônjuges dos jornalistas praticamente não aparecem em cena, sinalizando a obsessão pela notícia que marca a vida desses profissionais. O filme também apresenta seu caso como um símbolo de resistência, diante do fechamento ou demissões em massa que vêm acontecendo nos jornais, devido à popularização dos sites da internet. O fato é que a nova mídia não demonstrou, até agora, interesse em bancar investigações ao longo de meses de pesquisa e aprofundamento como a realizada pela equipe de “Spotlight”. A perda dos jornais, representaria a perda da informação. Portanto, “Spotlight” supre duas funções: o de filme-denúncia e de filme-homenagem ao estilo de jornalismo old school e às pessoas que o fazem/faziam. Mas é mesmo como filme-denúncia que a obra de Tom McCarthy se mostra mais contundente, ao revelar uma instituição religiosa insuspeita como uma espécie de máfia, capaz de esconder todas as fontes, comprar advogados ou oferecer altas somas em dinheiro em troca do silêncio. Troque a religião por partido político, e a história também pode servir de paradigma para iluminar outras lamas profundas.
Bill Cosby tem mandato de prisão expedido em caso de abuso sexual
O comediante americano Bill Cosby, de 78 anos, teve um mandado de prisão expedido nesta quarta-feira (30/12), acusado de drogado e abusado sexualmente de uma ex-funcionária da Universidade de Temple em 2004, informou a revista People. O ator se apresentou à justiça e pagou uma fiança de US$ 1 milhão para responder ao processo em liberdade. Ele teve que entregar seu passaporte e precisará se apresentar diante de um tribunal para a audiência preliminar do caso, marcada para 14 de janeiro Trata-se da primeira acusação de crime sexual levada adiante contra o comediante, que entre 2014 e 2015 enfrentou um grande escândalo, após mais de 50 mulheres revelarem casos de abuso praticados por Cosby ao longo de sua carreira. De acordo com a People, a vítima que conseguiu levar o caso adiante é Andrea Constand, de 42 anos, que atualmente trabalha como massagista em Ontário, no Canadá. Ela não comentou o assédio, que teria acontecido numa mansão do humorista na Pensilvânia, mas uma de suas advogadas agradeceu à justiça. “Obviamente, nós agradecemos pela expressão de confiança”, afirmou Dolores Troiani. “Vamos ver o que acontece. Esperamos que a justiça seja feita. Vamos cooperar totalmente.” Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira, o promotor-assistente Kevin Steele anunciou o início do processo. “O senhor Cosby foi indiciado por agressão indecente com agravante”, declarou. “Na noite em questão, o senhor Cosby insistiu para que ela [Andrea Constand] tomasse pílulas dadas por ele além de vinho. Seu efeito a tornou incapaz de mover-se e de responder a suas investidas. Ele então cometeu uma agressão indecente agravada contra ela”, explicou Steele. Para piorar a situação, a vítima era homossexual. No processo, Andrea se refere ao humorista como um “narcisista” que não percebeu que ela era lésbica. Duas semanas antes do mandato de prisão, no dia 14 de dezembro, Bill Cosby abriu seu próprio processo por difamação contra sete das 50 mulheres que o acusaram de abuso. O ator rotulou as acusações de “malvadas, oportunistas, falsas e difamatórias”, e de serem “uma mera tentativa para conseguir dinheiro” e “arruinar” sua reputação. Segundo a advogada de Cosby, as acusações “lhe causaram e continuam lhe causando dor substancial e danos a sua reputação, contratos empresariais, vergonha, mortificação, danos a suas propriedades, empresas, comércio, profissão e ocupação”. “O senhor Cosby alega sem rodeios que ele não drogou e não abusou sexualmente das acusadas e que cada uma delas publicou, maliciosamente e com pleno conhecimento, comentários falsos e acusações desde 2014 até hoje, em uma tentativa de prejudicar sua reputação e extrair benefícios pecuniários”, afirmou Monique. O advogado que representa as sete mulheres, Joseph Cammarata, por sua vez, rotulou o movimento de “jogada básica de qualquer advogado”, e destacou que Cosby apenas iniciou ações contra sete delas, quando há dezenas de outras mulheres que o processaram. A edição de julho da revista New York Magazine chegou a reunir 35 acusadoras, com idades entre 20 e 80 anos, e de profissões tão diversificadas quanto garçonetes e jornalistas, que teriam sido estupradas por Cosby desde os anos 1970. Muitas destas acusações já prescreveram aos olhos da lei. Bill Cosby já foi referência de humor televisivo, experimentando grande sucesso entre as décadas de 1960 e 1980, principalmente pelo sucesso do programa “The Cosby Show”, exibido pela rede NBC, no qual interpretava um pai de família conservador. A atriz brasileira Sonia Braga chegou a participar da série em 1986.
Favorito ao Oscar, Spotlight ganha trailer legendado e pôster nacional
A Sony Pictures divulgou o pôster nacional e o trailer legendado de “Spotlight – Segredos Revelados”, docudrama que vem se destacando na temporada de premiações e é favorito à indicações no Oscar 2016. A prévia resume a trama e é uma porrada, com elementos de suspense intenso e drama catártico, ao som de “Dear God”, clássico da banda XTC. Baseado em fatos reais, o filme apresenta a investigação jornalística que revelou o escândalo de pedofilia na Igreja católica americana, levada adiante por um time de repórteres do jornal Boston Globe, conhecido como Spotlight. Enfrentando a Igreja e advogados para fazer entrevistas e descobertas, os jornalistas conseguiram provas de centenas de casos de pedofilia, abalando as estruturas do catolicismo mundial, e foram premiados com o Prêmio Pulitzer de Serviço Público “por sua corajosa e abrangente cobertura do abuso sexual dos padres, um esforço que quebrou um sigilo, causou reações em nível local, nacional e internacional, e produziu mudanças na Igreja Católica”. No filme, os jornalistas são interpretados por Mark Ruffalo (“Os Vingadores”), Michael Keaton (“RoboCop”), Rachel McAdams (“Questão de Tempo”), Brian d’Arcy James (série “Smasht”), Liev Schreiber (série “Ray Donovan”) e John Slattery (série “Mad Men”). O forte elenco também inclui Stanley Tucci (“Jogos Vorazes”), Billy Crudup (“Watchmen”) e Len Cariou (série “Blue Blood”). A direção é de Thomas McCarthy (“Trocando os Pés”), que também escreveu o roteiro em parceria com Josh Singer (“O Quinto Poder”), e o filme já venceu o Gotham Awards e a predileção da crítica, que o elegeu como melhor do ano em várias listas. Já em cartaz em circuito limitado nos EUA, “Spotlight” estreia no Brasil em 7 de janeiro.
Scarlett Johansson pode estrelar filme sobre escândalo na indústria dos games
A história do escândalo conhecido como Gamergate, que abalou o mundo dos games com acusações de corrupção e comportamento machista, vai virar filme. E pode ser estrelado pela atriz Scarlett Johansson (“Os Vingadores”), que, segundo o site Deadline, é uma das maiores interessadas no projeto. A trama será baseada no livro ainda inédito “Crash Override: How To Save The Internet From Itself”, em que a designer de games Zoe Quinn lembra o que lhe aconteceu. A controvérsia começou quando Quinn, criadora do game “Depression Quest”, foi acusada no blog de um ex-namorado de ter mantido relacionamentos com jornalistas em troca de críticas positivas. A acusação fez surgir a hashtag #gamergate e alimentou o ódio destrutivo das redes sociais, com Quinn e outras mulheres do meio chegando a receber ameaças de morte. O ataque foi tão virulento que acabou levantando o debate sobre as próprias redes sociais, numa discussão que foi muito além da acusação original, revelando um universo machista, beirando a misoginia. A ex-presidente da Sony Amy Pascal adquiriu os direitos da história em um leilão envolvendo diversos estúdios e canais de TV. E já encomendou o roteiro. As estreantes Rebecca Angelo e Lauren Schuker foram encarregadas da adaptação. O livro “Crash Override: How To Save The Internet From Itself” só vai chegar às livrarias dos EUA em setembro de 2016. Já o filme não tem ainda cronograma de filmagem, muito menos previsão de estreia.
Leonardo DiCaprio vai produzir filme sobre o escândalo da Volkswagen
O escândalo da montadora alemã Volkswagen, que admitiu ter instalado um dispositivo para fraudar os resultados dos dados de emissões de poluentes em 11 milhões de veículos no mundo, vai virar um filme da Paramount Pictures produzido por Leonardo DiCaprio. Segundo o site da revista Variety, DiCaprio irá trabalhar em parceria com Jennifer Davisson, por meio de sua companhia Appian Way. Os dois já produziram juntos longas como “A Órfã” (2009), “Tudo pelo Poder” (2011), “A Garota da Capa Vermelha” (2011) e “Aposta Máxima” (2013). A trama será baseada em livro ainda inédito do jornalista Jack Ewing, do jornal The New York Times, que detalhará o escândalo que abalou a indústria automotiva mundial e pode render multas de até US$ 18 bilhões para a Volkswagen. Ele já vendeu os direitos da publicação para a Paramount. Ainda não foram anunciados diretor, roteirista, elenco nem previsão sobre quando a o filme chegará aos cinemas. Leonardo DiCaprio será visto a seguir nos cinemas no western “O Regresso”, dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu (“Birdman”), que tem estreia marcada para 4 de fevereiro no Brasil.
Maria Schneider (1952 – 2011)
A atriz francesa Maria Schneider morreu nesta quarta (3/2) em Paris, de câncer, aos 58 anos. Ela ficou internacionalmente conhecida por seu papel no drama “O Último Tango em Paris” (1972), que a transformou em ícone sexual dos anos 70. Nascida Marie Christine Gélin em Paris, Maria Schneider era filha de uma modelo de origem romena e do ator Daniel Gélin, que nunca a reconheceu, e fez pequenos papéis num punhado de filmes, antes de estourar em “O Último Tango em Paris”. Maria só conheceu o pai aos 15 anos, quando fugiu de casa, mas a filiação a ajudou a conseguir emprego no cinema, como figurante, aos 17 anos. Ela estreou sem receber créditos no filme “Les Femmes” (1969). Seu nome não apareceu nas telas, mas foi reconhecido por Brigitte Bardot, a estrela do filme, que era amiga de seu pai. Sabendo de sua história, a estrela a convidou morar em sua mansão. Graças a Brigitte, Maria conheceu diversas personalidades da indústria cinematográfica. Warren Beatty a apresentou à agência de talentos William Morris, que fez subir seu status: de figurante sem falas, tornou-se coadjuvante sem nome em “Madly” (1970), estrelado por Alain Delon, e finalmente uma adolescente sexy e rebelde em “Les Jambes en l’Air” (1971) – praticamente, uma jovem Brigitte Bardot. Ela estava empolgada em fazer um novo filme com Delon, então o maior galã da França, quando veio a oferta para estrelar “O Último Tango em Paris”. Seu primeiro impulso, ao ler o roteiro, foi recusar o papel, mas a agência William Morris lhe aconselhou o contrário: “É um papel de protagonista ao lado de Marlon Brando — você não pode recusar.” A atriz foi selecionada pelo cineasta Bernardo Bertolucci aos 19 anos, após vê-la na casa de Brigitte Bardot. Bertolucci se encantou com aquela jovem ainda desconhecida, que circulava com intimidade pelos quartos da maior estrela da França, acreditando que possuía uma beleza angelical capaz de incendiar o mundo. E tratou de despir seu corpo, para contar uma história tórrida, sobre uma adolescente e um viúvo americano de passagem por Paris, que transam sem se conhecer. Foi um escândalo. Por conta das cenas de nudez frontal e uma sequência picante, envolvendo manteiga e sodomia, o maior sucesso de Maria Schneider se tornou também um dos mais filmes polêmicos de sua época. Não por acaso, “O Último Tanto em Paris” ficou proibido de ser exibido no Brasil por quase uma década, censurado pela ditadura militar. A fama do filme também pesou sobre a carreira da atriz, que passou a receber sempre ofertas de papéis de devassa. Dizendo-se manipulada por Bertolucci e traumatizada pelas cenas mais violentas – o estupro com manteiga não estava originalmente no roteiro e foi improvisado por Brando – , ela jurou nunca mais tirar as roupas no cinema e evitou falar sobre “O Último Tanto em Paris” por boa parte de sua vida. Quando voltou a falar do filme, não teve palavras gentis. Em 2007, ela revelou, numa entrevista: “Marlon me disse na ocasião da cena com a manteiga: ‘Maria, não se preocupe, é apenas um filme’. Mas durante a cena, ainda que não fosse real, eu chorei lágrimas verdadeiras. Eu me senti humilhada e, para ser honesta, um pouco estuprada por Brando e por Bertolucci. Eu devia ter chamado meu agente ou um advogado, porque não sabia se devia fazer uma cena que não estava no roteiro. E, depois da cena, Marlon não me consolou nem se desculpou. Felizmente, tudo durou apenas um take”. Sem tirar as roupas, ela estrelou outra produção importante de mais um proeminente cineasta italiano: “Profissão: Repórter” (1975), de Michelangelo Antonioni, em que atuou ao lado de Jack Nicholson. Obra de fotografia sublime, “Profissão: Repórter” deveria ter estabelecido Maria Schneider como uma das maiores estrelas da Europa. Mas Nicholson, que era um dos produtores, não quis que o filme tivesse um grande lançamento comercial, controlando sua distribuição para garantir que ele fosse apreciado como um “filme de arte”. A atriz também estrelou “La Baby Sitter” (1975), último filme do mestre francês René Clément, que infelizmente fracassou nas bilheterias, uma maldição que acompanhou todo o resto de sua carreira. Ela se envolveu com drogas, passou a ter comportamento errático e desenvolver fama de excêntrica. Em 1975, declarou-se bissexual. Escalada para viver uma das personagens principais de “Caligula” (1979), o épico erótico mais caro do cinema, deu chilique, disse que não tiraria a roupa nas filmagens e acabou demitida. Saiu dos sets de filmagem diretamente para uma clínica psiquiátrica em Roma, onde passou vários dias acompanhada por uma mulher descrita como sua amante. Sua recusa em fazer cenas de nudez também a levou a ser despedida do clássico “Esse Obscuro Objeto do Desejo” (1977), de Luis Buñuel. E houve também uma passagem escandalosa pelo Brasil, em que ela veio filmar no Rio, com a diretora Ana Carolina, surtou e largou a produção antes mesmo de começarem as filmagens. Numa entrevista dada mais tarde, Maria assumiu ter “perdido sete anos” da sua vida, entre o vício em heroína, overdoses, uma tentativa de suicídio e um internamento psiquiátrico. Ao se recusar a mostrar o corpo, ela acabou por enveredar pelo nascente cinema feminista. Auxiliou o despertar sexual de uma dona de casa oprimida em “Io Solo Mia” (1978), drama pioneiro por ter uma equipe técnica composta só por mulheres, da diretora Sofia Scandurra à assistente de iluminação. Assumiu um romance lésbico com a holandesa Monique van de Ven no avançado “Een vrouw als Eva” (1979), um dos primeiros a mostrar de forma positiva um casal de lésbicas. Interpretou ainda uma prostituta sofrida em “La Dérobade” (1979), que lhe rendeu uma indicação ao César (o Oscar francês). Mas, paradoxalmente, encerrou sua década de glória como vítima de “Mama Dracula” (1980), uma vampira que precisava do sangue de jovens virgens, numa das piores interpretações de sua filmografia. O despertar feminista teria sido motivado pelo grande amor de sua vida, a quem ela mencionava apenas como “meu anjo”, sem entrar na polêmica do sexo do anjos – embora as colunas de fofoca apontassem ser a herdeira americana Joan “Joey” Townsend. Maria Schneider continuou a aparecer no cinema e na TV até 2008, quase sempre em papéis secundários – entre eles, o da esposa insana de Edward Rochester na versão de Franco Zeffirelli para o romance gótico “Jane Eyre” (1996). Zeffirelli também lhe ofereceu o papel de Maria em sua minissérie “Jesus de Nazaré” (1977), mas ela recusou, prevendo a polêmica – uma decisão da qual ela se arrependeu. Embora seja sempre lembrada pelo escândalo de “O Último Tanto em Paris”, a atriz emplacou outros cults em sua filmografia. Além dos dramas feministas já citados, fez o suspense surreal “Merry-Go-Round” (1981), do mestre francês Jacques Rivette, e a sci-fi “Bunker Palace Hotel” (1989), do autor de quadrinhos Enki Bilal, um dos fundadores da revista “Metal Hurlant” (“Heavy Metal” nos EUA e resto do mundo). Seu último filme foi “Cliente” (2008), de Josiane Balasko. Na ocasião, lhe perguntaram que conselho daria para as jovens atrizes que estavam começando. “Nunca tire as roupas para velhos safados que dizem que isso é arte”, foi sua resposta.








