Bill Cosby tem mandato de prisão expedido em caso de abuso sexual

O comediante americano Bill Cosby, de 78 anos, teve um mandado de prisão expedido nesta quarta-feira (30/12), acusado de drogado e abusado sexualmente de uma ex-funcionária da Universidade de Temple em 2004, […]

O comediante americano Bill Cosby, de 78 anos, teve um mandado de prisão expedido nesta quarta-feira (30/12), acusado de drogado e abusado sexualmente de uma ex-funcionária da Universidade de Temple em 2004, informou a revista People. O ator se apresentou à justiça e pagou uma fiança de US$ 1 milhão para responder ao processo em liberdade. Ele teve que entregar seu passaporte e precisará se apresentar diante de um tribunal para a audiência preliminar do caso, marcada para 14 de janeiro

Trata-se da primeira acusação de crime sexual levada adiante contra o comediante, que entre 2014 e 2015 enfrentou um grande escândalo, após mais de 50 mulheres revelarem casos de abuso praticados por Cosby ao longo de sua carreira.

De acordo com a People, a vítima que conseguiu levar o caso adiante é Andrea Constand, de 42 anos, que atualmente trabalha como massagista em Ontário, no Canadá. Ela não comentou o assédio, que teria acontecido numa mansão do humorista na Pensilvânia, mas uma de suas advogadas agradeceu à justiça. “Obviamente, nós agradecemos pela expressão de confiança”, afirmou Dolores Troiani. “Vamos ver o que acontece. Esperamos que a justiça seja feita. Vamos cooperar totalmente.”

Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira, o promotor-assistente Kevin Steele anunciou o início do processo. “O senhor Cosby foi indiciado por agressão indecente com agravante”, declarou. “Na noite em questão, o senhor Cosby insistiu para que ela [Andrea Constand] tomasse pílulas dadas por ele além de vinho. Seu efeito a tornou incapaz de mover-se e de responder a suas investidas. Ele então cometeu uma agressão indecente agravada contra ela”, explicou Steele.

Para piorar a situação, a vítima era homossexual. No processo, Andrea se refere ao humorista como um “narcisista” que não percebeu que ela era lésbica.

Duas semanas antes do mandato de prisão, no dia 14 de dezembro, Bill Cosby abriu seu próprio processo por difamação contra sete das 50 mulheres que o acusaram de abuso. O ator rotulou as acusações de “malvadas, oportunistas, falsas e difamatórias”, e de serem “uma mera tentativa para conseguir dinheiro” e “arruinar” sua reputação.

Segundo a advogada de Cosby, as acusações “lhe causaram e continuam lhe causando dor substancial e danos a sua reputação, contratos empresariais, vergonha, mortificação, danos a suas propriedades, empresas, comércio, profissão e ocupação”.

“O senhor Cosby alega sem rodeios que ele não drogou e não abusou sexualmente das acusadas e que cada uma delas publicou, maliciosamente e com pleno conhecimento, comentários falsos e acusações desde 2014 até hoje, em uma tentativa de prejudicar sua reputação e extrair benefícios pecuniários”, afirmou Monique.

O advogado que representa as sete mulheres, Joseph Cammarata, por sua vez, rotulou o movimento de “jogada básica de qualquer advogado”, e destacou que Cosby apenas iniciou ações contra sete delas, quando há dezenas de outras mulheres que o processaram.

A edição de julho da revista New York Magazine chegou a reunir 35 acusadoras, com idades entre 20 e 80 anos, e de profissões tão diversificadas quanto garçonetes e jornalistas, que teriam sido estupradas por Cosby desde os anos 1970. Muitas destas acusações já prescreveram aos olhos da lei.

Bill Cosby já foi referência de humor televisivo, experimentando grande sucesso entre as décadas de 1960 e 1980, principalmente pelo sucesso do programa “The Cosby Show”, exibido pela rede NBC, no qual interpretava um pai de família conservador. A atriz brasileira Sonia Braga chegou a participar da série em 1986.