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    Errol Flynn foi precursor de Johnny Depp, ao vencer “mentirosas” há 80 anos

    2 de junho de 2022 /

    Johnny Depp não foi o primeiro “pirata” famoso de Hollywood a enfrentar acusações de violência contra mulheres, ir a julgamento, contar com o apoio de fãs que não acreditaram nas “mentiras” e sair vencedor do tribunal, em meio a uma onda de misoginia explícita. Faz quase 80 anos que Errol Flynn transformou um julgamento de abuso numa plataforma para aumentar sua popularidade. O ator australiano era conhecido por seus papéis de herói espadachim nos filmes de Hollywood e por seu estilo de vida playboy. Considerado galã, assinou com a Warner Brothers Studio nos anos 1930 e se tornou uma celebridade instantânea após o lançamento de seu primeiro filme americano, a aventura de pirata “Capitão Blood”, de 1935, em que viveu o papel-título. Ele se naturalizou cidadão americano em 1942, mesmo ano em que duas adolescentes menores de idade, Betty Hansen e Peggy Satterlee, o denunciaram por agressão e estupro, em ocasiões separadas. O escândalo foi um dos maiores de sua época e muitos dos fãs do ator se recusaram a aceitar que as acusações eram verdadeiras. Durante o julgamento, que ocorreu em janeiro e fevereiro de 1943, Flynn se portou de forma irônica, debochando das perguntas da acusação. “Quem se aproxima de uma namorada em potencial pedindo que ela pegue sua certidão de nascimento, ou carteira de motorista, ou mostre uma carta de sua mãe?”, foi sua resposta quando questionado se sabia que as duas eram menores de idade. Para piorar, Satterlee testemunhou que Flynn manteve seus sapatos durante o encontro, o que virou piada, já que o filme do galã “They Died with Their Boots On” (Eles morreram com suas botas, em tradução em português, mas lançado nos cinemas brasileiros como “O Intrépido General Custer”) tinha acabado de estrear. Flynn se disse indignado com as acusações, que estavam prejudicando sua carreira, e acabou absolvido depois que o advogado de defesa atacou a moral e o caráter das denunciantes, afirmando que elas já tinham tido relacionamentos sexuais anteriores e, por isso, estavam mentindo. Satterlee, vejam só, era uma atriz iniciante que buscava visibilidade acusando um homem famoso. Após a sentença, a fama de mulherengo do ator virou elogio. Ser “in like Flynn” tornou-se gíria para aclamar quem se dava bem com as mulheres. O ator continuou fazendo filmes e se envolveu com outra menor de idade, Beverly Aadland, com quem contracenou em seu último longa, “Cuban Rebel Girls” (1959). Já Peggy Satterlee e Betty Hansen, que fizeram as acusações, saíram do tribunal chorando, sob gritos obscenos e acusadas de aborto ilegal e crimes contra a natureza. Em sua biografia, Flynn revelou que o caso fez bem para sua vida sexual. As mulheres passaram a procurá-lo, batendo em sua porta “como gotas de gelo em uma tempestade de granizo”. No mesmo livro, ele também admitiu que era “culpado como o inferno – ao menos, sob a lei”. “Mas no mundo do senso comum cotidiano… todo mundo sabia que as garotas pediram por isso”, acrescentou, ressaltando seu machismo. A trajetória de Errol Flynn é precursora da carreira de Johnny Depp em muitos outros detalhes. Os dois são identificados como rebeldes, que cativaram o mundo com um estilo de vida de extremos – o problema de Flynn era principalmente a bebida, além das mulheres – e repleto de masculinidade tóxica. Mesmo assim, viveram heróis nas telas e se tornaram ídolos de multidões. Ambos também perderam suas fortunas numa nuvem de álcool e narcóticos. Flynn, entretanto, deixou uma bomba agendada para explodir após sua morte. Sua autobiografia, “My Wicked, Wicked Ways”, foi lançada postumamente em 1959 e chocou até os fãs mais apaixonados com várias revelações – e a admissão de culpa no estupro. “É de fato tão franco quanto dizem ser”, admitiu seu amigo Noël Coward, “mas com uma espécie de franqueza que gela o sangue. Uma riqueza de vulgaridade desnecessária.”

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    Juliette Gréco (1927 – 2020)

    23 de setembro de 2020 /

    A cantora e atriz francesa Juliette Gréco, musa do existencialismo, morreu nesta quarta feira (23/9) aos 93 anos, em sua casa em Ramatuelle, na França. Ela foi símbolo de resistência, mas também ícone da moda, uma artista que simbolizou o “radical chique” da boemia parisiense. Foi grande amiga do casal formado pelo filósofo Jean-Paul Sartre e a escritora feminista Simone de Beauvoir, e também amante da lenda do jazz Miles Davis e do poderoso produtor de Hollywood Darryl F. Zanuck. Sua rebelião começou na adolescência e lhe rendeu prisão, com apenas 16 anos, pela Gestapo, a polícia nazista, durante a ocupação alemã da França. Ela tomou o lugar da mãe e da irmã mais velha na Resistência Francesa, após as duas serem enviadas a um campo de concentração, e lutou pela libertação de seu país. Presa, só foi poupada dos campos de concentração e da deportação para a Alemanha por causa de sua idade. Mas suas experiências de guerra selaram uma aliança vitalícia com as causas da esquerda política. Após a guerra, ela virou cantora e passou a se apresentar nos chamados cafés existencialistas da época. Seus shows e presença marcante na noite parisiense foram imortalizados por alguns dos fotógrafos mais famosos de todos os tempos, como Robert Doisneau e Henri Cartier-Bresson, que transformaram seu look entristecido, sempre de roupas pretas, em modelo para a juventude beatnik. Ela também foi uma das primeiras mulheres a usar camisetas no dia-a-dia, numa época em que o visual era identificado como masculino. Juntava-se a isso um voz sombria, que a tornava a intérprete perfeita das canções de “fossa” compostas por Jacques Prévert (“Je Suis Comme Je Suis”, “Les Feuiles Mortes”), Jacques Brel (“Ça va la Diable”), Leo Ferré (“La Rue”) e, nos anos 1960, Serge Gainsbourg (“La Javanaise”). Mas até Jean-Paul Sartre e o escritor Albert Camus escreveram letras para ela cantar. Em 1952, ela veio pela primeira vez ao Brasil, apresentando-se no Rio de Janeiro, numa turnê que deveria durar 15 dias. Mas ela se apaixonou pelo país e não queria mais ir embora. Ficou meses e chegou a considerar o casamento com um amante brasileiro. Sua carreira, porém, só decolou para valer dois depois, quando foi convidada a se apresentar na sala de concertos Olympia de Paris – então o templo da música popular francesa. Paralelamente, Gréco também se lançou como atriz, convidada pelos amigos cineastas e intelectuais para pequenos papéis, como em “Orfeu” (1950), de Jean Cocteau, e “Estranhas Coisas de Paris” (1956), de Jean Renoir, entre muitos outros filmes. Até que a indústria cinematográfica francesa passou a vê-la como protagonista, escalando-a como estrela de filmes como “Quando Leres Esta Carta” (1953) e “Rapto de Mulheres” (1956). Logo, ela começou a ser cortejada por Hollywood. Ou, mais especificamente, cortejada por Darryl F. Zanuck, o chefão da 20th Century Fox, que a importou para o filme “E Agora Brilha o Sol” (1957), de Henry King, superprodução com um dos elencos mais grandiosos da época – Tyrone Power, Ava Gardner, Errol Flynn, Mel Ferrer, etc. Juliette Gréco acabou promovida a protagonista de Hollywood em seu filme seguinte, “Raízes do Céu” (1958). Ela aparecia seminua no pôster, envolta numa toalha e com Errol Flynn, o grande machão do cinema americano, prostrado a seus pés. Zanuck apostava em consagrá-la, mas o filme enfrentou um grande problema de bastidores. Rodado na África equatorial, ficou mais conhecido pelas bebedeiras de Errol Flynn, pelo surto de malária que afligiu o elenco e pela ausências do diretor John Huston, que preferia caçar a seguir cronograma de filmagens. Foi um desastre e a produção teve que ser finalizada num estúdio em Paris, com a maioria dos atores febris. Para completar, Zanuck ainda decidiu realizar sua montagem em Londres, para ficar próximo de Gréco, enquanto ela fazia sua estreia no cinema britânico, no thriller “Redemoinho de Paixões” (1959). O próprio Zanuck escreveu o filme seguinte de sua musa, a adaptação de “Tragédia num Espelho” (1960), em que ela foi dirigida por Richard Fleischer e contracenou com Orson Welles. Fleischer também a comandou em “A Grande Cartada” (1961), mas sua carreira hollywoodiana não foi o sucesso esperado. Contratada como atriz, ninguém esperava que ela cantasse em seus filmes, e isso pode ter lhe frustrado. Não por acaso, o maior clássico de cinema de sua carreira foi uma produção em que interpretou a si mesma, cantando em inglês a música-título de “Bom Dia, Tristeza”, numa pequena cena do famoso filme estrelado por Jean Seberg em 1958. Ela acabou voltando para a França, onde estrelou mais alguns filmes. Mas foi uma minissérie francesa que lhe deu seu maior reconhecimento como atriz: “Belphegor – O Fantasma do Louvre”, um mistério sobrenatural de 1965 sobre um fantasma que assombrava o museu do Louvre. Gréco ainda atuou na superprodução “A Noite dos Generais” (1968), um suspense passado durante a 2ª Guerra Mundial e estrelado por Peter O’Toole e Omar Sharif, e na comédia “Le Far-West” (1973), escrita, dirigida e protagonizada por seu colega cantor Jacques Brel, antes de se afastar do cinema por um quarto de século. Sua carreira nas telas só foi retomada em 2001 por conta de uma homenagem, ao ser convidada a figurar rapidamente numa nova versão de sua célebre minissérie, lançada no cinema com o título de “O Fantasma do Louvre” e com Sophie Marceau em seu papel original. Depois disso, ela ainda estrelou um último filme, o alemão “Jedermanns Fest”, ao lado de Klaus Maria Brandauer no ano seguinte. No período em que se afastou das telas, a artista priorizou a música. Em 1981 foi praticamente expulsa do Chile, então sob a ditadura de Augusto Pinochet, por cantar canções censuradas pelo regime militar. Apesar de muitos amantes conhecidos, entre homens e até mulheres famosas, ela também foi uma esposa dedicada. Casou-se três vezes: brevemente em 1953 com o ator Philippe Lemaire, com quem teve uma filha (Laurence-Marie, falecida em 2016), depois, com o famoso ator Michel Piccoli entre 1966 e 1977 e, por fim, vivia desde 1988 com o pianista e compositor Gérard Jouannest, que co-escreveu algumas das melhores canções de Jacques Brel, incluindo “Ne Me Quitte Pas”. Ela seguiu cantando até os 89 anos, quando sua carreira foi encerrada por um derrame. A causa da morte não foi divulgada.

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    Avô de Drew Barrymore foi o “verdadeiro” Quincas Berro D’Água

    21 de agosto de 2020 /

    A atriz Drew Barrymore confirmou que seu avô foi o “verdadeiro” Quincas Berro D’Água, ao revelar que John Barrymore, célebre astro da era de ouro de Hollywood, participou de uma festa depois de morto. Falando no canal do YouTube “Hot Ones”, ela diz ter verificado a história de que os amigos mais próximos do avô, incluindo os atores WC Fields e Errol Flynn, roubaram seu cadáver do necrotério no dia seguinte à sua morte, em 1942, para levá-lo para “uma última festa”. Este é o enredo de um livro do escritor brasileiro Jorge Amado, publicado 16 anos depois, em 1958 – “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água”. Essa premissa também embala as comédias americanas “S.O.B. — Nos Bastidores de Hollywood” (1981) e “Um Morto Muito Louco” (1989). Embora Drew diga que “não tem certeza” se a história de John Barrymore inspirou “Um Morto Muito Louco”, ela garantiu que “S.O.B. — Nos Bastidores de Hollywood” foi, sim, baseada na festa além-túmulo de seu avô. O filme acompanhava um produtor (Richard Mulligan) desesperado para salvar o seu último filme do fracasso – culminando em uma sequência que lembra bastante a história do avô de Drew. A atriz, porém, não deve conhecer a “versão” brasileira dessa história. Vale avisá-la que o livro de Jorge Amado também virou filmes – na TV em 1978, com Paulo Gracindo, e no cinema em 2010, com Paulo José. Na entrevista, ela ainda aproveitou para fazer um pedido aos amigos, para que mantenham a tradição da família. “Para te dizer a verdade, eu espero que meus amigos façam o mesmo por mim. Este é o tipo de espírito que eu apoio. Levantem o meu velho corpo e vamos dar mais umas voltas por aí. Eu acho que a morte vem com muita tristeza, o que é compreensível – mas seria ótimo, pelo menos para mim, se todo mundo pudesse simplesmente der uma festa quando eu morrer”, disse a atriz. Veja o vídeo com a entrevista de Drew abaixo. Ela fala sobre o avô aos 5 minutos de sua participação no programa. Vale observar que a história é contada sob o impacto de pimentas ardidas – o mote do programa são entrevistas apimentadas, “Hot Ones”.

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    Olivia de Havilland (1916 – 2020)

    26 de julho de 2020 /

    A atriz Olivia de Havilland, vencedora de dois Oscars e uma das últimas estrelas da era de ouro de Hollywood, morreu na noite de sábado (25/7), de causas naturais enquanto dormia em sua casa, em Paris, aos 104 anos. Sua beleza angelical lhe rendeu vários papéis de protagonista romântica. Mas ela também foi heroína de ação. E a primeira pessoa – homem ou mulher – a enfrentar a indústria de Hollywood, implodindo o sistema abusivo de semi-escravidão contratual, usado pelos estúdios para humilhar atores e forçá-los a fazer filmes contra suas vontades, que vigorou até meados dos anos 1940. Sua vitória na Justiça mudou as relações entre astros e estúdios para sempre, inaugurando a era “moderna” em que atores de sucesso se tornaram capazes de escolher o que filmar e com qual estúdio quiserem. Não foi seu único processo. Mais recentemente, ela entrou com uma ação contra o produtor Ryan Murphy por retratá-la na série “Feud” (de 2017), em que foi vivida por Catherine Zeta-Jones “sem autorização e sem aprovação”. O caso estava sendo encaminhado à Suprema Corte dos EUA. Olivia De Havilland nunca foi uma atriz comum. Sua beleza lendária a aproximou de astros famosos. Havia rumores de seu relacionamento com Errol Flynn e registros de envolvimentos com James Stewart, o magnata Howard Hughes, o diretor John Huston e até com o jovem John F. Kennedy, futuro presidente dos EUA, ainda nos anos 1940. Mas, apesar das fofocas, ela recusou vários cortejos, escolhendo intelectuais como maridos. Seu primeiro casamento, em 1946, foi com o escritor e roteirista Marcus Aurelius Goodrich (“Ases da Armada”), com quem teve um filho, Benjamin. O segundo aconteceu em 1955 com Pierre Galante, editor da revista Paris Match, com quem teve uma filha, Gisele. Os dois casamentos acabaram em divórcio. Ela certamente enfrentou alguns rivais poderosos na carreira, mas considerava a própria irmã mais nova como sua maior inimiga, a atriz vencedora do Oscar Joan Fontaine (que morreu em dezembro de 2013 aos 96 anos). Seu pai, Walter, era um advogado britânico de patentes que fazia negócios no Japão, por isso ela nasceu em Tóquio, em 1º de julho de 1916. Já sua mãe, Lilian, era uma atriz de teatro que queria que suas filhas seguissem seus passos. Assim, aos 3 anos, a pequena Olivia foi com a mãe e a irmã morar na Califórnia. Sua educação começou em um convento, mas, ao terminar o colegial, ela se matriculou no Mills College, em Oakland, onde se interessou por atuar. Sua estrela brilhou durante uma apresentação teatral de “Sonho de uma Noite de Verão”, de Shakespeare. No palco como substituta de emergência de Gloria Stuart – a diva temperamental desistira na véspera – , chamou atenção do empresário Max Reinhardt, que tinha ido à estreia atrás de talentos para atuar na versão cinematográfica da peça. Ela assinou um longo contrato com a Warner e debutou em Hollywood naquela adaptação, em 1935, aos 19 anos de idade. Sua atuação encantou os executivos do estúdio que, no mesmo ano de “Sonho de uma Noite de Verão”, a lançaram em mais três produções. E já como protagonista. Um destes trabalhos de seu ano inaugural rapidamente estabeleceu sua reputação como estrela e firmou sua primeira e mais famosa parceria nas telas: nada menos que “Capitão Blood”, um dos melhores filmes de piratas da velha Hollywood, dirigido por Michael Curtiz, em que contracenou com Errol Flynn. Ao todo, Olivia viveu o par romântico de Errol Flynn em nove filmes da Warner, incluindo o famoso “As Aventuras de Robin Hood” (1938), no qual interpretou a icônica Lady Marian, e o épico “A Carga de Cavalaria Ligeira” (1936), ambos dirigidos por Curtiz – ela foi igualmente dirigida nove vezes pelo diretor. Já consagrada como uma das principais atrizes da Warner, Olivia foi atraída por uma oferta para atuar numa superprodução de um estúdio rival no final dos anos 1930. Era “…E o Vento Levou” (1939). Lisonjeada e encantada pelo projeto, uma das superproduções mais caras da época, ela pressionou pela chance de demonstrar que era mais que uma atriz comercial. Após uma dura negociação, que incluiu direitos de distribuição para a Warner, Olivia conseguiu ser liberada para viver Melanie Hamilton, a noiva e depois esposa de Ashley Wilkes, personagem de Leslie Howard, criando um retrato de mulher tímida, gentil e benevolente, que contrastava de forma frontal com o ciúme venenoso de seu marido e com o gênio de sua prima espirituosa, Scarlett O’Hara (Vivien Leigh). A performance lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar, como Melhor Atriz Coadjuvante – ela acabou sofrendo uma derrota histórica para sua colega de elenco Hattie McDaniel, primeira atriz negra premiada pela Academia, que foi mantida separada e segregada do elenco durante as filmagens e até na própria premiação. “…E o Vento Levou” (1939) venceu oito Oscars, tornando-se o filme mais premiado de sua época, uma distinção que durou por duas décadas – até “Gigi” (1958). Empolgada com o impacto do filme e pela nomeação, Olivia voltou à Warner com a expectativa de mais papéis de prestígio. Mas eles não se materializaram. O estúdio queria mais filmes de ação com Errol Flynn, no máximo algumas comédias românticas. Ela chegou a ouvir que tinha sido contratada porque era bonita e fotografava bem, não porque soubesse atuar. Conforme seu contrato inicial se aproximava do fim, Olivia deixou claro que não tinha intenção de renová-lo. Com receio de perder sua estrela, a Warner aceitou incluir alguns dramas entre seus filmes habituais. Um deles foi “A Porta de Ouro” (1941), em que ela interpretou uma professora seduzida por um astuto exilado europeu (Charles Boyer) em busca de uma esposa para obter visto americano. Seu desempenho rendeu-lhe outra indicação ao Oscar, desta vez como Melhor Atriz. Mas ela voltou a perder para uma rival: a própria irmã, Joan Fontaine, que venceu por “Suspeita”, de Alfred Hitchcock. As duas deixaram de se falar depois disso. De fato, Olivia e Joan foram as únicas irmãs a vencer o Oscar na categoria de Melhor Atriz, mas em vez de comemorarem a façanha, sua rivalidade “fraterna” foi considerada a mais feroz da história de Hollywood. Após a segunda indicação, ela começou a recusar papéis que considerava inferiores. A Warner retaliou suspendendo-a por seis meses e, quando seu contrato venceu, o estúdio insistiu que, devido às suspensões, ela ainda lhes devia mais filmes. Mas a Warner jamais suspeitou que a atriz “bonitinha” e que “fotografava bem” tivesse mais obstinação que a fictícia Scarlett O’Hara. Amanhã foi outro dia para Olivia de Havilland, que processou e venceu. O caso se arrastou por um ano e meio, período em que ficou afastada das telas, mas a Suprema Corte da Califórnia aprovou uma decisão de primeira instância em seu favor em 1945. Conhecida como “a decisão de Havilland”, a orientação jurídica determinou que nenhum estúdio poderia prolongar arbitrariamente a duração do contrato de um ator. Foi o fim da semi-escravidão de Hollywood. A atriz se declarou independente, colocando-se no mercado para todos os estúdios. E choveram ofertas, inclusive da própria Warner. Para compensar o tempo em que passou brigando na Justiça, ela apareceu logo em quatro filmes de 1946. Apenas um deles era uma comédia romântica, demonstrando o novo rumo de sua carreira, focado na busca do Oscar. A seleção incluía “Devoção”, um daqueles dramas de prestígio que a Warner não queria lhe dar, mas que enfim deu após o fim do contrato, no papel da escritora Emily Brontë (de “O Morro dos Ventos Uivantes”). Viveu também uma mãe solteira que abandona o filho em “Só Resta uma Lágrima”, de Mitchell Leisen, produzido pela Paramount. E interpretou gêmeas, uma boazinha e outra malvada, em “Espelho d’Alma”, clássico noir de Robert Siodmak, distribuído pela Universal. A estratégia deu certo. Olivia de Havilland venceu seu primeiro Oscar por “Só Resta uma Lágrima”. Ela enfrentou Hollywood, assumiu o controle da carreira e escolheu os filmes que queria fazer. E conquistou o reconhecimento da Academia. Mas a atriz não queria apenas empatar com a irmã. Queria superá-la. Isto ficou claro quando Olivia se recusou a receber os parabéns de Joan ao vencer sua estatueta. Esse esforço rendeu mais dois clássicos: “Na Cova da Serpente” (1948), de Anatole Litvak, em que deu vida à uma mulher internada num hospício, e “Tarde Demais” (1949), de William Wyler, como uma herdeira solteirona seduzida por um golpista mais jovem (Montgomery Clift). O primeiro lhe rendeu nova indicação ao Oscar, perdendo (injustamente) para Jane Wyman por “Belinda”. O outro lhe valeu seu segundo Oscar de Melhor Atriz. Aqueles foram os últimos dois filmes que ela realmente gostou de fazer. Após aparecer como a “mulher mais velha”, as ofertas de bons papéis diminuíram. Mesmo assim, Olivia enfrentou o “ageismo” implacável da velha Hollywood com menos lançamentos, mas sem abrir mão da qualidade. Fez “Eu Te Matarei, Querida! (1952), de Henry Koster, “Não Serás um Estranho” (1955), de Stanley Kramer, “A Noite É Minha Inimiga” (1959), de Anthony Asquith, e até “O Rebelde Orgulhoso” (1958), em que voltou a trabalhar com Michael Curtiz, culminando esta fase numa parceria histórica com a igualmente lendária Bette Davis no suspense “Com a Maldade na Alma” (1964). Foram os derradeiros filmes dignos de seu nome. Ao passar dos 50 anos, Olivia trocou as grandes produções por aparições num punhado de séries – como “Big Valley” (em 1965), a minissérie “Roots: The Next Generations” (em 1979) e “O Barco do Amor” (em 1981) – , e pela função de cota de prestígio em filmes de baixa qualidade, como a “nunsplotation” “Joana, a Mulher que Foi Papa” (1972) e os thrillers de desastre “Aeroporto 77” (1977) e “O Enxame” (1978). Seu último papel no cinema foi em “O Quinto Mosqueteiro” (1979), como a Rainha-mãe de Louis XIV (Beau Bridges), numa homenagem do diretor Ken Annakin a seus primeiros longas de capa e espada. Depois disso, sua carreira ainda se estendeu por mais uma década em produções televisivas, o que lhe valeu um último reconhecimento: o Globo de Ouro pela minissérie “Anastácia: O Mistério de Ana” (1986), aos 70 anos de idade. Em 1988, ele anunciou a aposentadoria e se mudou para Paris, na França, onde se tornou uma celebridade adorada. Ela chegou a receber a maior honraria do país, a comenda da Legião de Honra, em 2010. “Você honra a França por nos escolher como sua morada”, disse o presidente Nicolas Sarkozy na cerimônia. Ao saber de sua morte, a presidente do SAG-AFTRA (sindicato dos atores dos EUA), Gabrielle Carteris, evocou sua importância histórica para a classe artística. “Olivia de Havilland não era apenas bonita e talentosa, era uma visionária corajosa e uma inspiração para todas as gerações. Ela era uma maravilha e uma lenda. Descanse em paz.”

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    Filme vai mostrar a juventude aventureira do lendário ator Errol Flynn

    9 de maio de 2017 /

    O ator Errol Flynn vai ganhar uma nova cinebiografia. Segundo o site da revista Variety, o filme, intitulado “In Like Flynn”, terá direção de Russell Mulcahy (“Resident Evil 3” e série “Teen Wolf”). Apesar do título aludir à fase mais célebre e polêmica da vida astro – a gíria é dos anos 1940, quando seu nome virou sinônimo de virilidade, após sair na mídia como herói ao vencer um julgamento por assédio sexual de duas menores – , a trama se baseará na juventude de Flynn, quando ele ainda era um “simples” aventureiro australiano, que experimentava na vida real o tipo de situação que depois iria encenar em Hollywood. A produção vai acompanhar Errol Flynn e um grupo de amigos em uma expedição rumo à Nova Guiné no final dos anos 1920. Nesta fase, Flynn já chamava atenção pelo magnetismo, encantando mulheres e o submundo do crime. O roteiro foi escrito por Corey Large (“Marcados para Morrer”) e Luke Flynn, neto do ator, que se inspirou a contar a história após reler o primeiro livro do avô, “Beam Ends”, um relato da viagem publicado em 1937, e refazer seus passos num barco. Thomas Cocquerel (“Jogada de Mestre”) vai viver o jovem Flynn, e o elenco ainda inclui William Moseley (série “The Royals”), Clive Standen (série “Taken”), Callan Mulvey (“Batman vs Superman: A Origem da Justiça”), Isabel Lucas (série “Emerald City”) e Costas Mandylor (franquia “Jogos Mortais”), além de incluir Luke Flynn como a versão mais velha de Errol Flynn. “In Like Flynn” já começou a ser filmado na Austrália, mas ainda não tem previsão de estreia. A vida de Errol Flynn tem rendido vários filmes desde a adaptação da autobiografia “My Wicked, Wicked Ways: The Legend of Errol Flynn”, em 1985. Até mesmo a fase coberta por “In Like Flynn” foi levada às telas há mais de 20 anos, no filme “Flynn” (1994), estrelado por Guy Pearce (“O Mestre dos Gênios”) no papel principal. O filme mais recente é “The Last of Robin Hood” (2013), centrado no fim da vida do ator e no relacionamento escandaloso que ele teve, aos 50 anos de idade, com a atriz Beverly Aadland, então com 17 anos. Os dois estrelaram a aventura “Cuban Rebel Girls” (1959), mas o que se passou nos bastidores só veio à tona após a morte de Flynn no mesmo ano.

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