“Marighella” ganha data oficial de estreia no Brasil
O filme “Marighella”, estreia do ator Wagner Moura na direção, finalmente ganhou data de lançamento no Brasil. A O2 Filmes anunciou nas redes sociais que a produção vai chegar oficialmente aos cinemas brasileiros em 4 de novembro, três dias após começar a ser exibido no esquema de “pré-estreias pagas”. Pronto há dois anos, “Marighella” teve sua première mundial no Festival de Berlim de 2019 e foi recebido com muitos aplausos e elogios da crítica internacional. Mas a estreia nacional, inicialmente programada para novembro do mesmo ano, teve que ser adiada por dificuldades criadas pela Ancine, logo depois de Jair Bolsonaro atacar publicamente a produção. O filme também foi alvo dos robôs bolsonaristas, que se mobilizaram para manipular sua nota em sites americanos. O ataque chamou atenção das empresas dos EUA, que mudaram até suas regras de publicações para evitar a prática de “review bombing” – crítica de cinema transformada em terrorismo virtual. Na nota que realmente vale, o filme atingiu 88% de aprovação da crítica norte-americana, na análise do site Rotten Tomatoes. O filme desagrada bolsonaristas por romancear a luta armada contra a ditadura no Brasil. A trama foca nos últimos anos da vida do guerrilheiro baiano Carlos Marighella, entre 1964 e 1969, quando ele liderou ataques contra o regime e foi executado em uma emboscada da polícia. Transformado em herói na tela, Marighella é considerado um bandido comum por negacionistas da ditadura. Protagonizado por Seu Jorge (“Cidade de Deus””), o elenco também conta com Adriana Esteves (“Benzinho”), Humberto Carrão (“Paraíso Perdido”), Bruno Gagliasso (“Todas as Canções de Amor”) e Herson Capri (“Minha Mãe é uma Peça 3”). As várias exigências burocráticas que atrasaram o lançamento do filme no Brasil acabaram criando um paradoxo e um novo problema. O filme foi lançado antes nos EUA e começou a ser disponibilizado em streaming americano desde 30 de abril. Isto fez com que cópias piratas de alta qualidade começassem a circular em diversos sites brasileiros – e não apenas nos dedicados à filmes piratas. Falando à Folha de S. Paulo, o produtor Fernando Meirelles chegou a sugerir adiantar a estreia e disponibilizar o filme em streaming também no Brasil. Entretanto, a decisão de Wagner Moura e da O2 Filmes foi manter o cronograma anteriormente acertado, com um lançamento em novembro, aproveitando a retomada do circuito cinematográfico após a pandemia. A espera acabou! Finalmente você vai conhecer a história de um dos filmes mais aguardados! Marighella, longa dirigido por Wagner Moura, estreia 04 de novembro exclusivamente nos cinemas. Sessões a partir de 01 de novembro.#MarighellaVive pic.twitter.com/z4QhHGjfcW — O2 Filmes (@o2filmes) October 4, 2021
Ricardo Darín vai condenar ditadura no primeiro filme argentino da Amazon
A Amazon vai produzir seu primeiro longa-metragem argentino. Que será, como não poderia deixar de ser, estrelado por Ricardo Darín (“Relatos Selvagens”), astro mais proeminente do cinema do país. Mais interessante que o elenco é o tema, que aponta como Brasil e Argentina optaram por caminhos diferentes para lidar com o passado sombrio de suas ditaduras e, como resultado, vivem hoje momentos muito diferentes. Em contraste com a reação militar contra a Comissão da Verdade e a fanfarronice de que nunca houve ditadura no Brasil, a produção da Amazon, batizada de “Argentina, 1985”, é um filme inspirado no julgamento de militares que governaram o país com mão de ferro entre 1976 e 1983. “Uma batalha de Davi contra Golias com os protagonistas menos esperados”, descreve o comunicado da Amazon Studios. “Argentina, 1985” se inspira no trabalho da equipe de promotores que realizou a denúncia no julgamento de nove comandantes da ditadura (1976-1983). A sentença lida em 9 de dezembro de 1985 condenou o ex-ditador Jorge Videla e o ex-chefe da Marinha Emilio Massera à prisão perpétua; o ex-general Roberto Viola, sucessor de Videla, a 17 anos anos; o chefe da Marinha Armando Lambruschini a oito anos e meio e o Chefe da Aeronáutica Omar Graffigna, a quatro anos e meio. Os outros quatro réus foram absolvidos. “Senhores juízes, nunca mais”, foi a frase pronunciada pelo já falecido promotor Julio Strassera para encerrar uma emocionada declaração da promotoria, também composta por Moreno Ocampo, que mais tarde se tornou promotor do Tribunal Penal Internacional. No episódio, a procuradoria “ousou contra o relógio e sob constante ameaça acusar a mais sangrenta ditadura militar argentina”, acrescenta o comunicado. Foi a primeira vez que o sistema de justiça argentino ouviu os relato de testemunhas e sobreviventes de centros clandestinos de detenção e tortura da ditadura, que deixou 30 mil desaparecidos, segundo organizações de direitos humanos. A história causou comoção no país e não houve reação militar à condenação dos ditadores e comandantes das forças armadas. O país se pacificou e nunca mais ouviu-se falar em golpe na Argentina. Tudo ao contrário do que aconteceu no Brasil, onde a impunidade marcou o final da ditadura e a palavra “golpe” frenquenta cada vez mais o noticiário cotidiano. O filme tem direção de Santiago Mitre e trará Ricardo Darín e Peter Lanzani (“O Clã”) interpretando os promotores Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo. Será o quarto filme da parceria entre Mitre e Darín, após “A Cordilheira” (2017), “Elefante Branco” (2012) e “Abutres” (2010) – este último foi apenas escrito pelo cineasta. Todos excepcionais. As filmagens vão acontecer nas locações reais onde os fatos ocorreram. A estreia está programada para 2022, com lançamento nos cinemas argentinos antes de ficar disponível no Amazon Prime Video.
Globoplay vai produzir e exibir novo filme de Walter Salles
A Globoplay anunciou nesta terça (6/7) que será uma das produtoras do filme “Ainda Estou Aqui”, adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. O filme será dirigido por Walter Salles, de “Central do Brasil”, que foi o último longa brasileiro indicado na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar em 1999. O acordo garante à plataforma de streaming os direitos de exibição do título no país. No exterior, a distribuição está a cargo do estúdio francês Wild Bunch. “Estamos muito felizes com a parceria. E, em breve, teremos mais alguns projetos de longas 100% Globoplay”, disse Ana Carolina Lima, head de conteúdo do Globoplay, em comunicado. A história do livro de Marcelo Rubens Paiva é sobre a luta de sua mãe, Eunice Silva, contra a ditadura militar que matou e sumiu com seu pai. O papel principal será interpretado pela atriz Mariana Lima (“Onde Está Meu Coração”). Eunice era uma dona de casa que se viu forçada a se tornar ativista política quando o marido, o deputado Rubens Paiva, foi preso e se tornou um dos muitos desaparecidos do Brasil durante o regime militar. Na época, Marcelo tinha 11 anos e Salles, amigo da família, observou toda a dor dos Paiva de perto. Essa proximidade também serviu de inspiração para o desenvolvimento do projeto. “A maioria dos meus projetos pessoais exigia processos de desenvolvimento muito longos, ‘Central do Brasil’, que foi de cinco anos, e ‘Diários de Motocicletas’, quatro”, disse Salles ao site Deadline, que revelou o projeto na semana passada. “Nenhum levou tanto tempo quanto esse que eu, em parte, era testemunha quando tinha 13 anos”. O roteiro da adaptação está a cargo de Murilo Hauser (“A Vida Invisível”) e as filmagens devem começar no início de 2022.
Walter Salles vai filmar “sumiço” de Rubens Paiva pela ditadura militar
O diretor Walter Salles vai voltar a dirigir um filme passado no Brasil, 13 anos depois de seu último filme de temática nacional, “Linha de Passe” (2008). Segundo o site americano Deadline, o cineasta brasileiro vai adaptar “Ainda Estou Aqui”, livro de Marcelo Rubens Paiva sobre a luta de sua mãe, Eunice Silva, contra a ditadura militar que matou e sumiu com seu pai. O papel principal será interpretado pela atriz Mariana Lima (“Onde Está Meu Coração”). Eunice era uma dona de casa que se viu forçada a se tornar ativista política quando o marido, o deputado Rubens Paiva, foi preso e sofreu sumiço durante a custódia do regime militar. Na época, Marcelo tinha 11 anos e Salles, amigo da família, observou toda a dor dos Paiva de perto. Essa proximidade também serviu de inspiração para o desenvolvimento do projeto. “A maioria dos meus projetos pessoais exigia processos de desenvolvimento muito longos, ‘Central do Brasil’, que foi de cinco anos, e ‘Diários de Motocicletas’, quatro”, disse Salles ao site. “Nenhum levou tanto tempo quanto esse que eu, em parte, era testemunha quando tinha 13 anos”. “Um dia, o inesperado aconteceu quando o pai foi levado para o quartel-general militar para um interrogatório. Ninguém naquele momento sabia que era a última vez que o veriam. Isso coincidiu com um momento desse regime totalitário brasileiro, onde as coisas começaram a se tornar extremamente violentas, e onde houve censura e tortura”, explicou o diretor. Sobre a escolha de Mariana, Salles explica que procurava um papel para ela em seus filmes há algum tempo: “Mariana é uma atriz de teatro extraordinária e uma das atrizes de cinema mais sensíveis de sua geração no Brasil. Conversamos sobre trabalharmos juntos, mas esperei para encontrar o papel que pudesse realmente se beneficiar de seu extraordinário talento para dar à luz a essa personagem”. O roteiro da adaptação está a cargo de Murilo Hauser (“A Vida Invisível”) e as filmagens devem começar no início de 2022 com financiamento da Library Pictures International e distribuição internacional da produtora francesa Wild Bunch.
Inédito nos cinemas, “Marighella” vaza em sites piratas
Ainda inédito nos cinemas brasileiros, o filme “Marighella”, estreia do ator Wagner Moura na direção, vazou em sites piratas no último fim de semana. Desde sábado (9/5), links para baixar o filme surgiram em sites diversos e até em páginas de Facebook, como a da torcida de futebol Palmeiras Antifascita. O vazamento se originou de cópia do streaming oficial americano. O filme está disponível nos EUA desde 30 de abril. A pirataria abriu uma crise na produção, gerando uma reunião de emergência entre Moura, a produtora O2 Filmes e a distribuidora Paris Filmes no começo da noite de segunda-feira (10/5). O objetivo era decidir o que fazer diante do vazamento. Falando à Folha de S. Paulo, o produtor Fernando Meirelles sugeriu adiantar a estreia e disponibilizar o filme em streaming também no Brasil. Entretanto, a decisão foi manter o cronograma anteriormente acertado. Os responsáveis pela produção se manifestaram em comunicado divulgado após a reunião. “‘Marighella’ estreou nos Estados Unidos no dia 30 de abril. O longa foi disponibilizado em algumas plataformas digitais para usuários do país, o que possibilitou o vazamento do filme para a internet no último final de semana. A estratégia de lançamento nos cinemas brasileiros segue a mesma. ‘Marighella’ será lançado oficialmente no segundo semestre”, resume a nota. O filme tem estreia prevista para 20 de novembro e, a princípio, a data se mantém. Paralelamente, as páginas com os links piratas de “Marighella” foram sendo derrubadas durante toda a tarde de segunda. O caso lembra o vazamento do primeiro “Tropa de Elite”, de 2007. Antes da era do streaming, uma versão não finalizada foi desviada da pós-produção e virou DVD, que acabou comercializada por camelôs de todo o país. Isto não impediu o filme de se tornar um fenômeno de bilheterias. “Marighella” está pronto há dois anos. Sua première mundial foi no Festival de Berlim de 2019, sob aplausos, e a estreia nacional estava inicialmente programada para novembro do mesmo ano. Entretanto, o longa passou a enfrentar dificuldades para agendar seu lançamento, a ponto de Wagner Moura acusar o governo de sabotar o planejamento com uma censura burocrática. “Bolsonaro já gastou tempo para detonar o filme e a mim. Quando o presidente de um país se declara pessoalmente contra uma obra cultural específica e um setor específico, não dá para não dizer que não é perseguição política”, ele disse, em entrevista ao colunista Leonardo Sakamoto, do UOL, em 2020. O presidente realmente atacou o filme sem tê-lo visto, assim como vários robôs, que tentaram manipular a nota da produção em sites americanos, chamando atenção das empresas, que derrubaram as mensagens de ódio e mudaram até regras para evitar a prática de “review bombing” – terrorismo virtual. Na nota que vale, o filme atingiu 88% de aprovação da crítica norte-americana, na análise do site Rotten Tomatoes. O “problema” dos bolsonaristas com o filme é a narrativa dos últimos anos da vida do guerrilheiro baiano Carlos Marighella, entre 1964 e 1969, quando ele foi executado em uma emboscada da polícia na época da ditadura militar. Transformado em herói na tela, ele é considerado um bandido comum por quem afirma que a ditadura foi “ditabranda”. Protagonizado por Seu Jorge (“Cidade de Deus””), o elenco também conta com Adriana Esteves (“Benzinho”), Humberto Carrão (“Paraíso Perdido”), Bruno Gagliasso (“Todas as Canções de Amor”) e Herson Capri (“Minha Mãe é uma Peça 3”). Veja abaixo o trailer da produção.
Documentário sobre presos da ditadura vence festival É Tudo Verdade
A organização do É Tudo Verdade, o principal festival de documentários da América Latina, anunciou neste domingo (18/4) os vencedores da sua 26ª edição. Tanto “Os Arrependidos”, vencedor da Competição Brasileira de Longas, e “Presidente”, Melhor Filme da Competição Internacional, marcaram o evento com temas políticos. Dirigido pelos jornalistas Armando Antenore e Ricardo Calil (“Narciso em Férias”), “Os Arrependidos” traz relatos de ex-militantes que, muito jovens, largaram tudo para arriscar a vida por uma causa, mas acabaram presos, torturados e usados como propaganda da ditadura militar. Já o “Presidente” de Camilla Nielsson mostra como Nelson Chamisa enfrentou a velha guarda nas eleições de Zimbábue. Entre os curtas, os premiados foram o brasileiro “Yaõkwa: Imagem e Memória”, de Rita Carelli e Vincent Carelli, e a coprodução entre Argentina e México “A Montanha Lembra”, dirigido por Delfina Carlota Vazquez. Os vencedores dos prêmios de longa-metragem terão novas exibições no dia 20 de abril, em programa duplo às 19h (“Presidente”) e às 21h (“Os Arrependidos”), na seção É Tudo Verdade da plataforma de filmes Looke. Veja abaixo o debate com os diretores de “Os Arrependidos” realizado virtualmente para o É Tudo Verdade.
Governador do DF indica filme para Bolsonaro aprender o que é Estado de Sítio
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, rebateu uma fala de Jair Bolsonaro com a sugestão de um filme. O político, que supostamente também é bolsonarista, não gostou de ouvir de Bolsonaro que tinha decretado um “estado de sítio” em Brasília e sugeriu que o presidente assistisse ao clássico “Estado de Sítio”, de Costa-Gavras, para aprender como é “o terror de viver sob repressão”. Bolsonaro comparou o toque de recolher decretado por Ibaneis, para conter a transmissão do coronavírus, a um Estado de Sítio durante sua live de quinta (11/3). “Uma medida extrema dessa, só eu, o presidente da República, e o Congresso Nacional, poderiam tomar”, disse Bolsonaro, antes de fazer alusões cifradas à quebra-quebras e tumulto social (até aqui inexistentes) por todo o Brasil. “O presidente da República, Jair Bolsonaro, por quem eu tenho respeito e apreço, disse que o Distrito Federal está sob estado de sítio. Desta vez eu discordo dele. O DF está sim com restrição na mobilidade das pessoas a partir de 22h por uma medida sanitária”, escreveu Ibaneis Rocha no Twitter. “O objetivo é claro, reduzir a disseminação do coronavírus”, acrescentou. Na sequência, Ibaneis indicou o filme de 1972, que retratou uma situação real. Em 1970, o cônsul brasileiro Aloysio Gomide e o agente da CIA Dan Mitrione foram sequestrados em Montevidéu, no Uruguai, pelo Movimento de Libertação Nacional Tupamaros, organização terrorista uruguaia. O americano foi executado e Gomide só foi libertado sete meses depois, após o governo uruguaio concordar em suspender um estado de sítio que tinha decretado no país. “Quem quiser saber o que é o terror de viver sob repressão, recomendo que veja o filme ‘Estado de Sítio’, de Costa Gravas, lançado em 1972”, afirmou Ibaneis, incluindo até um link para uma cópia (possivelmente pirata) da obra no YouTube. Apesar do uso como ferramenta pedagógica, há uma ironia histórica na citação ao longa, que foi proibido pela Ditadura no Brasil, assim como todos os longas de Costa-Gavras desde “Z” (1969), sobre censura e acobertamento de crimes políticos por militares. O cineasta grego foi o diretor mais censurado do regime que Bolsonaro costuma idolatrar. “Estado de Sítio” só foi exibido nos cinemas brasileiras quase uma década após seu lançamento e sob ameaça de bombas, após o último general-presidente, Figueiredo, anunciar a “abertura política” (“É pra abrir mesmo. Quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento!”), em meio à vários atentados terroristas de grupos que não queriam abrir mão de dizer o que os brasileiros podiam ver, falar e fazer. O objetivo é claro, reduzir a disseminação do Coronavírus. Quem quiser saber o que é o terror de viver sob repressão, recomendo que veja o filme Estado de Sítio, de Costa Gravas, lançado em 1972, e que está na íntegra e com legendas no YouTube: https://t.co/GauTW3ToSj (2/2) — Ibaneis Oficial (@IbaneisOficial) March 12, 2021
“Dublagem” de Ratinho em Tom & Jerry gera protestos nas redes sociais
A Warner Bros. revelou em suas redes sociais que o apresentador Ratinho, do SBT, estaria dublando o rato Jerry na versão nacional de “Tom & Jerry – O Filme”. Mas a brincadeira acabou não agradando boa parte do público potencial do filme, que reclamou da escolha no Twitter. Na semana de estreia de “Tom & Jerry”, Ratinho fez mais um de seus comentários truculentos defendendo a implantação de uma ditadura militar no Brasil, “limpar mendigos” das ruas e o fuzilamento de “corruptos”. Vários internautas passaram a cobrar a Warner sobre o fato de a empresa ter associado a imagem de um personagem infantil a alguém que defende violência, morte e rompimento da democracia no país. O crítico Pablo Villaça chegou a comentar que a decisão de convidar Ratinho para ‘dublar’ “Tom & Jerry – O Filme” não “teria sido inteligente (ou artisticamente válida) mesmo em tempos normais, já que estamos falando de um sujeito que construiu a carreira em cima da baixaria e da vulgaridade”. O estúdio não se manifestou, mas também não promoveu a participação de Ratinho com vídeo especial ou outro destaque além da citação pontual. É que um detalhe passou despercebido pela maioria que reclamou: nem Tom nem Jerry falam no filme. Como reparou o crítico Thiago Muniz: foi “só uma piada ruim da Warner”. Veja abaixo algumas das reações. Que merda ! Já não faço mais questão de ver esse filme. Ruim e ainda propagando ódio e extremismo. — Jerry Adriano (@Jerryfacha) February 11, 2021 Vocês precisam avaliar melhor o garoto propaganda de vocês. Tranquilo ser um "rato" fascista?https://t.co/qJt96fL10a — Juan Thiago Gomes 🇧🇷🏴✊🏾 (@Juantgomes) February 17, 2021 @wbpictures_br @wbpictures O dublador de #TomEJerryOFilme , condenado por trabalho escravo e sugerindo golpe de estado e fuzilamento de brasileiros. Eu não assisto essa 💩 — Coroonapuromalte – Vacina para todos já! (@coronapuromalte) February 19, 2021 Cara @wbpictures_br, não posso que dizer a decisão de convidar Ratinho para "dublar" #TomEJerryOFilme teria sido inteligente (ou artisticamente válida) mesmo em tempos normais, já que estamos falando de um sujeito que construiu a carreira em cima da baixaria e da vulgaridade. — Pablo Villaça (@pablovillaca) February 18, 2021 Assim, "apresentar" (ou ajudar a popularizar) Ratinho aos jovens espectadores mais interessados em #TomEJerryOFilme já seria lamentável. Porém, considerando que o sujeito acaba de advogar um golpe militar e a EXECUÇÃO daqueles que não o aceitarem, a coisa se torna repugnante. — Pablo Villaça (@pablovillaca) February 18, 2021 ihh rapaz, será que a @wbpictures_br compactua com as declarações do dublador de Jerry?? #TomEJerryOFilme pic.twitter.com/dvVGBnys2C — Starman ☭ (@LeoLibertino) February 18, 2021 Sério q a @wbpictures_br chamou aquele homem podre q é o Ratinho pra dublar o Jerry só por causa da piadoca do nome????? #TomEJerryOFilme pic.twitter.com/TKHhMwJ7Xp — Doug (@DouglasAll) February 18, 2021 Nada mais propício do que chamar um RATO REAL, hein @wbpictures_br !!! E olha que esse rato é vulgar, antidemocrático, facista e NOJENTO! Será que era essa a intenção para #TomEJerryOFilme ??? — BEN LIMA (@RUBENSFLIMA) February 19, 2021 É um canalha desses que a @wbpictures_br achou legal ver associado ao #TomEJerryOFilme https://t.co/CvwgQ4tXcj — Edvando Tertuliano (@edvando) February 18, 2021 @wbpictures_br @WB_Animation e @wbpictures estão patrocinando esse discurso com a divulgação de #TomEJerryOFilme — ♊Vini de Gêmeos♊ (@Vindibell) February 18, 2021 Corre aqui @wbpictures_br #TomEJerryOFilme — Juan Thiago Gomes 🇧🇷🏴✊🏾 (@Juantgomes) February 19, 2021 #TomEJerryOFilme , da @wbpictures_br já, já é lançado morto. https://t.co/eWGPEzC9II — ˗ˏˋIsso mesmo, Adrianjoˎˊ˗ (@adrian0marian0) February 18, 2021 Tremenda putaria com o Jerry. #TomEJerryOFilme fora Ratinho, que lixo. https://t.co/tzBeRuubsH — Dudu Rocha (@o_dudurocha) February 18, 2021 @wbpictures_br @WB_Animation @wbpictures vocês vão continuar pagando o @ratinhodosbt pra promover #TomEJerryOFilme ? @slpng_giants_pt ajuda aí a galera a não patrocinar golpista antidemocrático. https://t.co/jiHIx9ZNZ3 — ♊Vini de Gêmeos♊ (@Vindibell) February 18, 2021 #TomEJerryOFilme no Brasil só legendado, pena que a @WarnerMedia e a @ATT acabaram como o filme antes mesmo do lançamento no Brasil. A+E #PenaWarner — João Elízio (@JooElzio2) February 19, 2021 @wbpictures_br o #TomEJerryOFilme é coisa facista? Educa as crianças a matarem mendigos? A fuzilar quem pensa diferente? É essa a ideia? https://t.co/pWBDTAkZ00 — Alex yog 🇧🇷 (@alexandroamaro) February 18, 2021 @wbpictures_br @wbpictures O dublador de #TomEJerryOFilme , condenado por trabalho escravo e sugerindo golpe de estado e fuzilamento de brasileiros. Eu não assisto essa 💩 — Coroonapuromalte – Vacina para todos já! (@coronapuromalte) February 19, 2021 Só a galera de direita e viúvas da ditadura militar que irão assitir #TomEJerryOFilme #WarnerBros — Viceиte Iorio (@vicenteiorio) February 19, 2021 Iria levar meus filhos para ver Tom e Jerry no cinema, se a @wbpictures_br não estivesse escalado para dublagem um cara que defende golpe militar e a execução dos que não concordam com isso. #ratinhonão #TomEJerryOFilme — Lê do Aquecimento Cênico 🗣️ (@Le_Aquecimento) February 18, 2021 Mas gente, fica tranquilo. Eu vi a versão dublada de #TomEJerryOFilme e FELIZMENTE não tem a voz do Ratinho. É só uma piada ruim da Warner mesmo. 👀 — Thiago Muniz (@ThiagoMunizz) February 13, 2021 Precisamos falar dessa péssima campanha de marketing da Wraner de chamar o Ratinho para dublar o Jerry em #TomEJerryOFilme. Primeiro que o Jerry NÃO FALA no filme e segundo que… o RATINHO? Sério mesmo gente? Tiro no pé. E olha que o filme é ótimo. — Thiago Muniz (@ThiagoMunizz) February 13, 2021
Marighella: Filme polêmico de Wagner Moura ganha primeiro trailer completo
A Paris Filmes divulgou o primeiro trailer completo de “Marighella”, o filme polêmico dirigido por Wagner Moura, que também teve sua data de estreia confirmada para 14 de abril de 2021. Inicialmente programada para chegar aos cinemas brasileiros em novembro do ano passado, a produção teve sua estreia suspensa após verba e trâmites na Ancine serem dificultados, a ponto de Wagner Moura acusar o governo de sabotar o planejamento com uma censura burocrática. “Bolsonaro já gastou tempo para detonar o filme e a mim. Quando o presidente de um país se declara pessoalmente contra uma obra cultural específica e um setor específico, não dá para não dizer que não é perseguição política”, ele disse, em entrevista ao colunista Leonardo Sakamoto, do UOL, nesta semana. O presidente realmente atacou o filme sem ter visto, assim como vários robôs, que tentaram manipular a nota da produção em sites americanos, chamando atenção das empresas, que derrubaram as mensagens de ódio e mudaram até regras para evitar a prática de “review bombing” – terrorismo virtual. Por outro lado, “Marighella” teve sua première mundial há mais de um ano, no Festival de Berlim, sob aplausos. O “problema” do filme é que ele narra os últimos anos da vida do guerrilheiro baiano Carlos Marighella, entre 1964 e 1969, quando ele foi executado em uma emboscada da polícia na época da ditadura militar. Transformado em herói na tela, ele é considerado um bandido comum por quem mente que a ditadura foi “ditabranda”. Embora a reconstrução do período seja engajada e isto influencie desde a escolha de Seu Jorge para interpretar o político baiano, que era filho de um italiano branco, e a fantasia de que os guerrilheiros comunistas lutavam pela democracia, liberdade artística serve justamente para estimular discussões. O elenco também conta com Adriana Esteves, Humberto Carrão e Bruno Gagliasso.
Narciso em Férias é emocionante e essencial para a democracia
“Eu comecei a achar que a vida era aquilo ali. Só aquilo. E que a lembrança do apartamento, dos shows, da vida lá fora era uma espécie de sonho que eu tinha tido.” Essa é uma das falas de Caetano Veloso em “Narciso em Férias”, ao descrever o seu primeiro momento no cárcere, quando foi colocado, sem a menor explicação, em uma solitária escura. Só de pensar nisso, de ter essa sensação de deslocamento da realidade, já é aterrador. “Narciso em Férias” marca o retorno da dupla de cineastas Ricardo Calil e Renato Terra ao mundo da música popular brasileira, depois do ótimo “Uma Noite em 67” (2010). Desta vez, a opção de entrecortar as falas de Caetano Veloso com imagens de arquivo e depoimentos de outros entrevistados foi deixada de lado, e o filme fica muito mais poderoso apenas com as cenas da entrevista com o cantor, músico e compositor baiano. Há quem diga que apresentar única e exclusivamente a entrevista de uma pessoa à frente de uma câmera não é fazer cinema, mas isso é bobagem. Esquecem da grandeza de Eduardo Coutinho, mestre nesse formato. Em “Narciso em Férias”, os diretores optaram por esconder, sempre que possível, suas próprias vozes na condução da entrevista. E utilizam apenas três enquadramentos básicos: o close-up, um plano que mostra o corpo inteiro do cantor e um plano mais distante, que acentua a parede ao fundo. Tudo que ele conta já está em um capítulo do seu livro “Verdade Tropical”, justamente intitulado “Narciso em Férias”, e que agora se tornará um livro à parte, já em pré-venda. O termo foi tomado de empréstimo de um livro do romancista americano F. Scott Fitzgerald, e que também se refere ao fato de que, durante todo o período em que esteve preso, Caetano não se olhou no espelho – deu férias a seu lado narcisista, por assim dizer. Histórias narradas oralmente são a base da construção de nossa civilização e é bom ver que esse tipo de recurso ainda segue sendo incrivelmente poderoso, especialmente quando encontramos alguém que consegue nos colocar dentro da ação. Há momentos da fala de Caetano que conseguem fazer o público se sentir em seu lugar, com um detalhismo de carga dramática assombrosa. O documentário é cheio de momentos de bastante emoção, especialmente em seu terço final. O próprio Caetano Veloso parece ter se surpreendido com o próprio choro e pede para que os diretores parem a filmagem em determinado momento. E não é um momento em que ele fala de seu sofrimento, mas de quando comenta o sentimento de gratidão, que ele tem por um sargento que ficou com pena de sua situação, de ele ser o único que não podia receber a visita da esposa, e que o ajudou. E ele lamenta não ter procurado saber o nome desse homem. Sem dúvida um dos momentos mais bonitos e tocantes do documentário e que, muito provavelmente, perderia um bocado da força sem a voz e sem o olhar do cantor . Outro acerto de Calil e Terra foi o fato de trazerem canções para o documentário. Já começa com uma canção de Orlando Silva, “Súplica”, cuja importância é exposta ao longo do filme. Além disso, cada vez que “Hey Jude”, dos Beatles, tocava nos rádios – foi um grande sucesso da época, o final dos anos 1960 – trazia esperança para Caetano. Outras duas canções do próprio Caetano, inspiradas pela experiência do cárcere, também são citadas com emoção: “Irene” e “Terra”. Além de enfatizar a importância e a beleza do trabalho de um de nossos mais brilhantes músicos, “Narciso em Férias” também impacta por lembrar como os artistas brasileiros foram presos e exilados durante a ditadura militar, em um momento em que a extrema direita se apresenta como uma ameaça cada vez maior para a democracia do Brasil. E isso o torna um filme essencial.
Filme da prisão de Caetano Veloso é “advertência” sobre futuro brasileiro
Único filme brasileiro selecionado para o Festival de Veneza, o documentário “Narciso em Férias” foi exibido nesta segunda-feira (7/9) em sessão de gala, fora de competição no evento italiano. Ausentes devido à pandemia de coronavírus, os responsáveis pelo longa participaram da première de forma remota, via videoconferência. Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil (“Uma Noite em 67”), o filme traz Caetano compartilhando suas memórias do cárcere e as canções que marcaram o período, quando foi preso com seu amigo Gilberto Gil em 1968 e posteriormente exilado do Brasil. Durante a entrevista coletiva, disponibilizada por streaming, os realizadores destacaram que o filme faz mais que relembrar fatos do passado, que muitos brasileiros não conhecem ou fingem não ter existido. Ele serve também como uma “advertência” para o futuro, diante de rumos dos tempos atuais, “para que não se repitam os erros que culminaram na atrocidade e na imbecilidade que foi a ditadura militar no Brasil”, nas palavras de Renato Terra. O diretor fez uma comparação entre o passado da ditadura e o governo brasileiro atual. “Em 1968, no Brasil, houve o AI-5, o Congresso Brasileiro foi fechado, havia censura na imprensa, pessoas eram sequestradas, tiradas de casa e torturadas, foi um período horrível da História brasileira. Hoje, a gente vive aqui numa democracia, é diferente, mas o caminho que a gente percorreu para chegar até 68 guarda algumas semelhanças com o que a gente tá vivendo nesse momento no Brasil”, apontou. Ele lembrou que a volta da ditadura é bandeira de alguns políticos nacionais. “O AI-5, por exemplo, que foi a causa direta da prisão do Caetano e do Gil… Algumas pessoas no Brasil – poucas, mas barulhentas – pedem a volta do AI-5 ou defendem a ditadura militar. E tem um absurdo muito grande nisso, uma coisa que é muito descolada da realidade”. Ricardo Calil, por sua vez, considerou que “os artistas estavam entre os primeiros alvos da ditadura militar” e, do mesmo modo, também são foco de ataques prioritários do governo atual, mas de forma distinta. “Não há mais a censura, mas há um esforço do governo em desmontar muitas áreas da Cultura, incluindo o cinema, incluindo a Cinemateca Brasileira, que é a instituição que guarda nossa memória cinematográfica, e também as instituições que patrocinam e financiam o cinema e garantem o futuro do cinema nacional” Paula Lavigne, mulher de Caetano e produtora do documentário, acrescentou que “Narciso em Férias” tem a função de relembrar como foi a ditadura, já que “muita gente não sabe que eles [Caetano e Gil] foram presos”, especialmente os mais novos, por causa da proibição de se noticiar a prisão na época e pela disseminação do negacionismo da extrema direita brasileira. Além disso, ela aponta que o verdadeiro motivo da prisão foi “uma fake news”, um boato, “e isso fica claro nos documentos: não existia uma acusação objetiva”. Essa arbitrariedade, que veio à tona em documentos recém-revelados sobre a prisão, transformam o encarceramento de Caetano e Gil “num teatro do absurdo, num pesadelo kafkiano”, na definição de Kalil. Por isso, o filme também serviria para desnudar o despreparo e o caos que caracterizou o regime militar brasileiro. “Uma das táticas da direita é o negacionismo”, ponderou Lavigne, lembrando que há pessoas de direita “dizendo até que não houve ditadura militar”. “Mas muitos artistas foram presos, alguns sofreram até mais que Caetano e Gil, foram torturados, outras pessoas mortas. Então, eu acho que o momento é muito adequado” para se falar disso. A entrevista foi disponibilizada na íntegra no canal do Festival de Veneza no YouTube. Veja abaixo, a partir de 1h13 minutos do vídeo, que reúne outras coletivas desta segunda no festival. Já “Narciso em Férias” pode ser visto, também desde esta segunda-feira, com exclusividade na plataforma Globoplay.
Documentário sobre prisão de Caetano Veloso ganha trailer e música exclusiva
A Uns Produções e Filmes divulgou o primeiro trailer de “Narciso em Férias”, documentário em que Caetano Veloso aborda seus dias de prisão durante a ditadura militar. Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil (“Uma Noite em 67”), o filme traz Caetano compartilhando suas memórias do cárcere e as canções que marcaram o período, quando foi preso com seu amigo Gilberto Gil em 1968 e posteriormente exilado do Brasil. A prévia traz relatos do cantor sobre o dia em que ele foi preso e também de seu cotidiano atrás das grades, culminando na inspiração para compor a música “Terra”, que ele interpreta ao violão para o documentário. “Terra” não é a única música que integra o filme. Caetano chegou a gravar uma versão de “Hey Jude”, dos Beatles, ao violão especialmente para a produção. Ele conta que a música que Paul McCartney fez para o filho de John Lennon o ajudou a superar os momentos mais difíceis daquela situação. Ouça abaixo. O documentário terá première mundial na segunda-feira (7/9) no Festival de Veneza, mesmo dia em que será lançado na Globoplay.








