Diretor francês é preso após denúncia de abuso da atriz Adele Haenel
O diretor francês Christophe Ruggia foi preso nesta terça-feira (14/1), após investigações das denúncias de abuso sexual feitas por Adele Haenel, uma das principais atrizes da nova geração do cinema do país, atualmente em cartaz no Brasil com o filme “Retrato de uma Mulher em Chamas”. O advogado de Ruggia, Jean-Pierre Versini-Campinchi, nega qualquer má conduta do cineasta. Originalmente, Haenel tinha feito a denúncia numa entrevista, mas o caso ganhou grande repercussão e ela se viu pressionada por vários artistas e até integrantes do próprio governo da França a prestar queixa criminal. A vencedora do César (o Oscar francês) de Melhor Atriz por “Amor à Primeira Briga” (2014) disse ter decidido acusar o diretor em público depois de ver o documentário “Deixando Neverland”, da HBO, com acusações similares sobre Michael Jackson. Mas acreditava que “a justiça ignora” as vítimas em sua situação. Após Nicole Belloubet, ministra da Justiça, prometer que isso não ocorreria, porque os tempos mudaram, Haenel formalizou sua denúncia três semanas depois junto à polícia de Paris. Na extensa reportagem do site de jornalismo investigativo Mediapart, publicada em novembro passado, a atriz afirmou que Ruggia começou a assediá-la quando ela foi escalada em seu primeiro filme, “Les Diables” (2002), que ele dirigiu. Haenel disse que os avanços ocorreram em várias ocasiões, desde seus 12 anos e continuaram até ela completar 15 anos. A publicação também obteve documentos que corroboram a acusação da atriz, que hoje tem 31 anos, incluindo cartas de amor enviadas pelo cineasta à então menor de idade. Assim que o caso veio à tona, Ruggia foi expulso das Société des Réalisteurs de Films (SRT), espécie de sindicato dos cineastas franceses, que criou e organiza a famosa mostra Quinzena dos Realizadores, uma das seções paralelas de maior prestígio do Festival de Cannes. Foi a primeira vez em 50 anos de história que a associação expulsou um de seus membros. A prisão de Ruggia aconteceu dias depois de procuradores franceses iniciarem outra investigação de alegações de abuso de uma adolescente que provocou ondas de choque nos círculos culturais do país. Em um livro publicado neste mês, Vanessa Springora, hoje com 47 anos e chefe da prestigiosa editora francesa Julliard, alegou ter sofrido abuso sexual de Gabriel Matzneff, um autor proeminente de 83 anos, quando tinha 14 anos.
Um dia após vídeo ameaçador, escritor que acusou Kevin Spacey de assédio se suicida
O escritor norueguês Ari Behn se suicidou no Natal aos 47 anos. Ex-marido da princesa da Noruega Martha Louise, Behn era um autor de peças de teatro reconhecido em seu país e foi um dos homens a acusar o ator Kevin Spacey de assédio. Em 2017, ele denunciou o ator por tê-lo apalpado durante um evento do Prêmio Nobel da Paz. No mesmo ano, o escritor e a princesa Martha Louise se divorciaram, um acontecimento inédito na família real norueguesa. Ari Behn deixa três filhas, todas com a princesa: Maud Angelica, de 16 anos, Leah Isadora, 14, e Emma Tallulah, 11. Curiosamente, um dia antes do suicídio, Spacey liberou um vídeo encarnando seu personagem na série “House of Cards”, o político Frank Underwood, em que transmitiu um recado natalino ameaçador. “A próxima vez que alguém fizer algo que você não gosta, você pode atacar. Mas você também pode se segurar e fazer o inesperado. Você pode … matá-los com bondade”. Esta é a segunda morte súbita relacionada a acusadores de Spacey. Em outubro, o ator se livrou de um processo por assédio devido à morte do acusador, aparentemente de câncer. O massagista, cuja identidade permaneceu anônima, denunciou Spacey por tê-lo apalpado durante uma sessão. Depois da morte, o processo acabou cancelado na corte de Los Angeles. O ator ainda teve outro processo, movido por um rapaz que tinha 18 anos na época do assédio, retirado abruptamente na véspera de ir a julgamento. Spacey também chegou a ser investigado por oficiais do Departamento de Abuso Infantil e Ofensas Sexuais de Los Angeles, que coletaram um total de seis denúncias. Prescrição e falta de provas impediram todos os casos de ir a julgamento. Apesar das reviravoltas, que parecem vir de um roteiro da série “House of Cards”, manterem Spacey em liberdade, sua carreira acabou condenada. Ele foi acusado de assédio até por integrantes da produção da própria “House of Cards” e terminou demitido pela Netflix. A série de denúncias só veio à tona após o também ator Anthony Rapp (série “Star Trek: Discovery”) dar seu relato ao site Buzzfeed, afirmando em outubro de 2017 que tinha sido assediado sexualmente por Spacey em 1986, quando tinha 14 anos. Desde então, as acusações se multiplicaram. Como consequência, Spacey foi demitido de vários projetos e teve sua presença no drama “Todo o Dinheiro do Mundo” extirpada após o fim das filmagens. O diretor Ridley Scott chamou às pressas o ator Christopher Plummer para refazer as cenas de Spacey e o substituto foi até indicado ao Oscar.
Kevin Spacey grava vídeo bizarro de Natal sugerindo matar com bondade
O ator Kevin Spacey divulgou um vídeo bizarro nesta véspera de Natal (24/12), num tom que sugere a adoção da personalidade do presidente Frank Underwood, seu personagem na série “House of Cards”. O vídeo chega exatamente um ano após ele divulgar outra gravação excêntrica, “Let Me Be Frank”, em que comentava as acusações de assédio contra ele. A mensagem de pouco menos de 1 minuto parece mais uma vez direcionada a seus acusadores e os problemas do ator na Justiça. O recado final, porém, é assustador. “A próxima vez que alguém fizer algo que você não gosta, você pode atacar. Mas você também pode se segurar e fazer o inesperado. Você pode … matá-los com bondade”. A mensagem lembra, inevitavelmente, que um massoterapeuta que acusou Spacey de assédio morreu em setembro. Depois da morte do acusador, o processo contra o ator acabou cancelado na corte de Los Angeles. O ator também teve outro processo, movido por um rapaz que tinha 18 anos na época do assédio, retirado abruptamente na véspera de ir a julgamento. Spacey também chegou a ser investigado por oficiais do Departamento de Abuso Infantil e Ofensas Sexuais de Los Angeles, que coletaram um total de seis denúncias. Prescrição e falta de provas impediram todos os casos de ir a julgamento. Por conta disso, ele não foi condenado e ainda brincou no vídeo que 2019 “foi um ano muito bom”. As reviravoltas parecem vir de um roteiro da série “House of Cards”, em que Spacey interpretava o presidente corrupto e implacável dos Estados Unidos, capaz de dar um destino trágico a todos que cruzassem seu caminho. Ele também foi acusado de assédio por integrantes dessa produção e acabou demitido pela Netflix. O ator livrou-se, assim, de punições da justiça. Mas viu sua carreira desmoronar nos últimos dois anos, após o colega Anthony Rapp (série “Star Trek: Discovery”) relatar ao site Buzzfeed que tinha sido assediado sexualmente por ele em 1986, quando tinha 14 anos. Desde então, as denúncias contra Spacey se multiplicaram. Como consequência, foi demitido de vários projetos e teve sua presença no drama “Todo o Dinheiro do Mundo” extirpada após o fim das filmagens. O diretor Ridley Scott chamou às pressas o ator Christopher Plummer para refazer as cenas de Spacey e o substituto foi até indicado ao Oscar. Spacey não está envolvido em nenhum projeto de cinema, nem parece haver clima para a retomada de sua carreira.
Um Dia de Chuva em Nova York mostra desilusão de Woody Allen com a vida
Chegará o dia em que os filmes dos anos 2010 de Woody Allen serão revalorizados. Claro que isso só o tempo dirá, mas, a impressão que dá, vendo “Um Dia de Chuva em Nova York” (2019), é que o tom do filme lembra bastante o de algumas obras de Éric Rohmer ou de Hong Sang-soo. Não há um compromisso com o naturalismo nas interpretações, no ritmo das falas. No caso do filme de Allen, a velocidade dos acontecimentos é coerente com a agilidade dos diálogos. Há, como sempre, a projeção da própria persona de Woody Allen em seus personagens, e isso se vê em ambos os protagonistas. Enquanto Timothée Chalamet simboliza aquele aspecto mais amargo e pouco entusiasmado com a vida, ainda que não tanto quanto o protagonista de “Homem Irracional” (2015), que chegava ao niilismo, temos também a personagem entusiasmada, vivida com encanto por Elle Fanning. Ele vem de uma família abastada de Manhattan, embora não fique nada à vontade com suas origens e viva fugindo dos familiares e de uma festa que deveria estar presente; ela também vem de família rica, seu pai é um banqueiro em Tucson, Arizona, mas é alvo de chacota, por causa do lugar de origem, pelos amigos nova-yorquinos de Gatsby (personagem de Chalamet), que a consideram uma caipira. O filme começa com uma narração em voice-over por Gatsby, que confessa estar apaixonado por Ashleigh (Fanning), e isso lhe traz mais prazer de viver. Ela precisa ir a Nova York para entrevistar um famoso diretor de cinema para seu trabalho na faculdade e os dois partem para um par de dias em Manhattan. Gatsby tinha seus planos para o dia com Ashleigh: visitar museus, comer em bons restaurantes, passear bastante. Mas aí surgem alguns empecilhos, já que o diretor (Liev Schreiber), muito provavelmente por parecer atraído pela jovem estudante, decide dar-lhe um furo de reportagem, dizer o quanto está desgostoso com o projeto e ainda por cima mostrar uma prévia do novo filme, ainda em fase de produção. Uma oportunidade dessas Ashleigh não ia perder. E por isso vai adiando o encontro com o namorado, que vai sendo cada vez mais deixado de lado. As trajetórias de Gatsby e Ashleigh vão seguindo por caminhos opostos com relação ao encaminhamento de como ver a vida: enquanto ela parece uma criança em uma loja de doces à frente daquele universo hollywoodiano, com homens mais velhos da indústria bastante interessados sexualmente naquela jovem bela e com um figurino que lembra uma colegial, ela parece totalmente dona da situação, tanto por ser desejada até mesmo por um ator símbolo sexual (personagem de Diego Luna). Enquanto isso, sentindo uma falta enorme da namorada, Gatsby visita um set de filmagens de um amigo estudante de cinema e dá de cara com a irmã de uma ex-namorada, Chan (Selena Gomez), uma personagem atraente. Ele acaba participando do filme e a cena de beijo dos dois, num dos takes, é um dos pontos altos da temperatura erótica do filme. A outra cena boa, sensualmente falando, envolve a chegada de Ashleigh à casa do personagem de Diego Luna. Há quem veja a situação de Ahsleigh, ao final dessa situação, como humilhante, e talvez seja mesmo, mas há também algo de belamente erótico e perverso. Paralelamente, enquanto Ashleigh recebe uma bofetada ao ser exposta ao doce e ao amargo do showbizz hollywoodiano, Gatsby, ao ter uma conversa com a mãe, passa a ter uma ideia melhor de sua vida e de suas origens. Assim, “Um Dia de Chuva em Nova York” se torna um filme que apresenta uma visão agridoce da vida, num clima de desilusão que mistura parte do romantismo visto recentemente em “Magia ao Luar” (2014) com a amargura e a certeza de que a vida é que dá as cartas de “Café Society” (2016). Completando tudo isso, a fotografia linda do mestre Vittorio Storaro, que trabalhou com Allen no anterior “Roda Gigante” (2017), apresenta uma luz tão bela e tão própria do trabalho do cinematógrafo, que só é um pouco suavizada pela presença da chuva, símbolo das situações emocionalmente instáveis da vida de todos os personagens. Além do mais, não deixa de ser um alívio poder compartilhar mais uma vez o universo familiar e delicioso dos filmes de Allen, depois de tanta confusão causada pelas acusações de sua filha adotiva, que quase impediram o lançamento do filme, ao resgatar polêmicas da década de 1990 jamais comprovadas, mas revigoradas nesse momento de caça às bruxas. Mesmo agora, depois de ter entrado em um acordo com a Amazon, “Um Dia de Chuva em Nova York” segue inédito em seu país de origem. Enquanto isso, Allen já tem um novo filme em fase de pós-produção, rodado na Espanha.
Adèle Haenel decide registrar queixa criminal contra diretor que a assediou
A atriz francesa Adèle Haenel decidiu levar sua denúncia de assédio contra o diretor Christophe Ruggia (“Na Tormenta”) à polícia. No começo do mês, Haenel contou ao site de jornalismo investigativo Mediapart que Ruggia a assediou após escalá-la em seu primeiro filme, “Les Diables” (2002), quando ela tinha 12 anos. A atriz afirmou que os avanços ocorreram em várias ocasiões e continuaram até ela completar 15 anos. A vencedora do César (o Oscar francês) de Melhor Atriz por “Amor à Primeira Briga” (2014) disse ter decidido trazer a denúncia a público depois de ver o documentário “Deixando Neverland”, da HBO, com acusações similares sobre Michael Jackson. Mas informou que não entraria com queixa criminal, pois acreditava que “a justiça ignora” as vítimas em sua situação. Ela recebeu apoio de várias personalidades da França, inclusive de integrantes do governo, como os ministros da Cultura, do Interior e da Justiça. Nicole Belloubet, ministra da Justiça, foi além e incentivou Haenel a formalizar uma acusação na polícia, porque os tempos mudaram. Nesta terça (26/11), os advogados de Haenel confirmaram que ela foi a uma delegacia no subúrbio de Paris para registrar uma queixa formal. A medida foi uma reversão de sua decisão inicial de não entrar com uma ação legal, e acontece após Ruggia ter sido expulso da Associação dos Diretores da França. A atriz tem cartas românticas do diretor endereçadas a ela na época, quando era menor de idade. Além disso, a reportagem da Mediapart registrou a ex de Ruggia dizer que o cineasta tinha confessado que estava apaixonado pela jovem, e isso causou o fim de seu relacionamento. Ruggia, por sua vez, enviou ao site francês uma declaração por meio de seus advogados, dizendo que “refuta categoricamente” qualquer má conduta. A declaração diz que o casal tinha um “relacionamento profissional e afetuoso” e chama a denúncia de “difamatória”. O diretor também declarou ter sido o grande responsável pela carreira bem-sucedida de Haenel, por ter sido quem a descobriu. E esta declaração deixou a atriz especialmente indignada. Ela se disse “chocada por ele negar” e “mais chocada ainda com o fato de ele dizer que me descobriu, porque na verdade ele me destruiu”, registrou o Mediapart. Adèle Haenel está atualmente em cartaz na França com o filme “Retrato de uma Jovem em Chamas”, de Céline Sciamma, que tem 98% de aprovação no Rotten Tomatoes e já venceu vários prêmios, inclusive no Festival de Cannes. A estreia comercial no Brasil está marcada para 9 de janeiro.
Fuller House: Primeira parte da temporada final ganha trailer e data de estreia
A Netflix divulgou o trailer da “Parte A” da 5ª temporada de “Fuller House”, que marca o final da série. O vídeo também revela a data de estreia dos episódios – além de inaugurar uma nova e estranha nomenclatura alfabética para distinguir as metades da temporada na plataforma. “Fuller House” é uma continuação da clássica “Três É Demais” (Full House, no original) e gira em torno das filhas crescidas da atração original. As primeiras temporadas renderam algumas das maiores audiências da Netflix, segundo medições independentes, mas a produção dos novos episódios foi marcada por bastidores tumultuados. Jeff Franklin, o criador da atração, foi demitido no ano passado, após ser acusado de agressividade verbal e por fazer declarações inadequadas no set das gravações e na sala de roteiristas. Detalhes das condutas consideradas impróprias não foram revelados. E, para completar, a personagem de Lori Loughlin foi cortada da série, após a atriz ser envolvida no escândalo de fraude universitária, em que um grupo de pais ricos foi acusado de comprar vagas em faculdades conceituadas nos Estados Unidos para seus filhos. Ela ainda não foi sentenciada, mas deve pegar prisão. A série original dos anos 1980 acompanhava um pai (Bob Saget) que tinha que criar as três filhas (vividas por Candace Cameron Bure, Jodie Sweetin e as gêmeas Olsen em um papel compartilhado) com a ajuda de dois solteirões (John Stamos e Dave Coulier). Na continuação, uma das filhas, D.J., passa por uma situação similar. Viúva recente e mãe de três filhos – que no começo de “Fuller House” tinham 12, 7 anos e poucos meses de idade – , ela contará com o apoio de sua família para dar conta do recado. A personagem volta a ser vivida pela mesma atriz, Candace Cameron Bure, que tinha 10 anos de idade quando “Três É Demais” começou em 1987 e comemorou 18 ao final da atração, em 1995. O trio principal, desta vez, inclui ainda sua irmã roqueira Stephanie Tanner (Jodie Sweetin), que também virou mamãe na 4ª temporada, e sua melhor amiga Kimmy (Andrea Barber), que tem uma filha adolescente. As três são as novas adultas da atração, que passam a morar juntas no velho cenário da sitcom, com seus respectivos filhos. Além delas, “Fuller House” também traz participações dos adultos originais de “Três É Demais”, agora vivendo a crise da Terceira Idade, especialmente Bob Saget como o pai de D.J., que continua amigo dos personagens de Dave Coulier e John Stamos. Lori Loughlin vivia a Tia Becky, esposa de Jesse (John Stamos) e mãe de dois gêmeos, que ela deu à luz no final da série original. Apenas as gêmeas Olsen optaram por não participar do projeto, afirmando que desistiram de atuar e hoje direcionam suas carreiras para o universo da moda – onde são muito bem-sucedidas, por sinal. A primeira metade (Parte A) da 5ª temporada estreia em 6 de dezembro em streaming.
Manifestantes impedem première do novo filme de Polanski na França
Um grupo de cerca de 40 manifestantes bloqueou a entrada de um cinema que receberia a première de “An Officer and a Spy” (J’Accuse), novo filme de Roman Polanski, na noite de terça-feira (12/11) em Paris, resultando no cancelamento da exibição. Vestindo preto e equipado com sinalizadores vermelhos e cartazes com os nomes das mulheres que acusaram o diretor de estupro, o grupo se manifestou por cerca de uma hora em frente ao cinema Le Champo, até a sessão ser cancelada. Mas essa não foi a première principal do longa. A sessão de gala aconteceu na mesma hora no cinema UGC Normandie, nos Champs-Elysées, com a presença de Polanski, sem encontrar protestos semelhantes. Polanski foi recentemente acusado por um fotógrafa francesa, Valentine Monnier, de estuprá-la em seu chalé suíço em 1975. Ele negou as acusações por meio de seu advogado. Mas ela é a sexta mulher a acusar o diretor de violência sexual cometida nos anos 1970. O vencedor do Oscar vive na França desde que fugiu dos EUA em 1978, no meio de um julgamento em que se declarou culpado de fazer sexo com uma garota de 13 anos. Monnier disse que resolveu revelar o estupro justamente devido à estreia de “An Officer and a Spy” (J’accuse), em que Polanski filma um famoso erro judicial francês, o caso Dreyfus, em que um inocente é injustamente condenado por um crime que não cometeu. O diretor já teceu comentários comparando-se a Dreyfus. O longa foi lançado no Festival de Cinema de Veneza, onde venceu o Prêmio do Grande Júri. Na semana passada, o filme foi indicado a quatro European Film Awards pela Academia Europeia. Mas quanto mais prestígio conquista a obra, mais intensos se tornam os protestos. No início desta semana, o ator Jean Dujardin, indicado a Melhor Ator Europeu por “An Officer and a Spy”, cancelou uma entrevista com a principal emissora francesa, TF1, alegando que não queria responder perguntas sobre novas acusações contra Polanski. Também na terça-feira, embora sem mencionar Polanski pelo nome, a Associação Francesa de Cineastas, ARP, divulgou um comunicado dizendo que “apoia fortemente todas as vítimas de violência moral e sexual” e que “deve levar em conta que nossas profissões, pelo poder que exercem, podem abrir a porta a excessos repreensíveis ”. A declaração ainda avisa que a ARP “proporá ao próximo conselho de administração que, a partir de agora, qualquer membro considerado culpado de uma ofensa sexual seja excluído e que qualquer membro denunciado pelo mesmo motivo seja suspenso”. Polanski é membro da organização. “An Officer and a Spy” estreia comercialmente nesta quarta (13/11) na França, sob campanha de boicote de vários grupos de pressão. Não há previsão para seu lançamento no Brasil. Vale lembrar que manifestantes também impediram a première de outro filme europeu na semana passada, por motivos bem diferentes e num espectro político oposto na escala do radicalismo cultural. Manifestantes de extrema direita atacaram o público da estreia do premiado “And Then We Danced”, de Levan Akin, em Tbilisi, capital da Geórgia, por prestigiarem uma história de amor LGBTQIA+, entre dois jovens dançarinos georgianos de balé. Eles também querem impedir o filme vencedor de prêmios internacionais de ser exibido nos cinemas do país.
Woody Allen entra em acordo com a Amazon e encerra processo por quebra de contrato
O cineasta Woody Allen entrou em acordo com a Amazon para encerrar a disputa judicial que travava com a empresa. Na noite de sexta-feira (9/11), Allen retirou o processo que movia contra a produtora por rompimento de um contrato para a produção de quatro filmes e pela recusa em distribuir um filme que ele já havia terminado – “Um Dia de chuva em Nova York”. Os termos do acordo não foram divulgados. Em fevereiro, Allen havia processado duas unidades da Amazon, reivindicando que elas não poderiam ter rompido os planos de distribuição por conta de uma acusação “sem base” de que ele teria molestado sua filha Dylan Farrow. As acusações não são novas e o diretor sempre negou tudo, retrucando que resultam de lavagem cerebral promovida pela mãe da jovem, Mia Farrow. Allen não foi condenado quando o caso foi levado a tribunal nos anos 1990, durante a disputa da guarda das crianças, e nunca foi acusado de abuso por nenhuma atriz com quem trabalhou ao longo de meio século de carreira. Mas Dylan aproveitou o movimento #MeToo no final de 2017 para resgatar a história e conseguiu criar uma reação de repúdio generalizado, como se houvesse fato novo. Em sua ação, Allen argumenta que a Amazon já sabia da acusação quando fechou o contrato. A Amazon respondeu dizendo que a amplificação da denúncia pelo #MeToo mudou as condições do negócio, pois impedia o estúdio de recuperar qualquer investimento que fizesse no diretor. Numa moção para descartar parte do processo de Allen, os advogados da Amazon afirmaram: “Dezenas de atores e atrizes expressaram profundo pesar por terem trabalhado com Allen no passado, e muitos declararam publicamente que nunca trabalhariam com ele no futuro”. Isto realmente aconteceu. Mas passados dois anos, a maré mudou, aumentando a quantidade de astros que vieram à público defender Allen, dizendo-se dispostos a trabalhar com o diretor quando ele quisesse, como Scarlett Johansson em setembro passado e Jeff Goldblum nesta semana. Isto pôs por terra os argumentos da Amazon. Para completar, a empresa de Allen, Gravier Productions, conseguiu fechar diversos lançamentos internacionais para “Um Dia de chuva em Nova York”, obra que a Amazon bloqueou nos Estados Unidos, e já arrecadou US$ 11,5 milhões em cinemas em todo o mundo. No Brasil, o filme protagonizado Timothée Chalamet, Elle Fanning e Selena Gomez chega aos cinemas no dia 21 de novembro. O acordo deve liberar o filme para ser lançado na América do Norte. Allen também fechou uma parceria com a produtora espanhola Mediapro e já rodou um novo filme na Espanha, “Rifkin’s Festival”, atualmente em pós-produção para um lançamento em 2020.
Roman Polanki é alvo de nova denúncia de estupro cometido nos anos 1970
A fotógrafa francesa Valentine Monnier acusou publicamente o cineasta Roman Polanski de tê-la estuprado em 1975 na Suíça, quando ela tinha 18 anos. A denúncia foi publicada pelo jornal Le Parisien nesta sexta (8/11), a poucos dias da estreia do novo filme do diretor de 86 anos. Este, por sinal, teria sido o motivo dela decidir se manifestar. Monnier disse que resolveu revelar o estupro devido à estreia do filme “An Officer and a Spy” (J’accuse), em que Polanski filma um famoso erro judicial francês, o caso Dreyfus, em que um inocente é injustamente condenado por um crime que não cometeu. Polanski já teceu comentários comparando o seu caso com o de Dreyfus. “Não tinha qualquer relação com ele, pessoal ou profissional, só o conhecia”, relatou Monnier, que foi modelo em Nova York e participou de alguns filmes nos anos 1980, como “Três Homens e um Bebê”. “Foi de uma violência extrema, após esquiar, em seu chalé em Gstaad (Suíça), me agrediu até que me entreguei. Então me violentou me fazendo sofrer”. O advogado do cineasta, Hervé Temime, afirmou ao jornal Parisien que Polanski “nega firmemente qualquer acusação de estupro”, e destaca que fatos que teriam ocorrido há 45 anos “jamais foram levados ao conhecimento das autoridades”. A denunciante confirmou que jamais informou o crime – agora prescrito – à polícia. Ela foi a sexta mulher a acusar Polanski de estupro. O cineasta é considerado foragido pela justiça dos Estados Unidos, após se exilar na França em meio ao julgamento de 1977 em que se declarou culpado de ter mantido relações sexuais com Samantha Geimer, então com 13 anos. Ela foi compensada financeiramente por Polanski e ainda escreveu um livro sobre sua história, e nos últimos anos vem defendendo o diretor por considerar que ele cumpriu sua pena – ficou preso alguns dias nos anos 1970 e novamente em 2009, além de ficar impedido de trabalhar em Hollywood mulheres surgiram com denúncias de abuso sexual de décadas atrás. As denúncias anteriores também relataram casos acontecidos nos anos 1970. A atriz alemã Renate Langer, vista em “Amor de Menina” (1983) e “A Armadilha de Vênus” (1988), relatou ter sido estuprada duas vezes em 1972, quando ela tinha 15 anos e Polanski 39, também na casa do cineasta em Gstaad, na Suíça. Logo após o primeiro ataque, Polanski teria convidado Langer para figurar em seu filme “Que?”, como pedido de desculpas. O segundo abuso teria acontecido durante as filmagens, em Roma. A atriz revelou que, para se defender, chegou a jogar uma garrafa de vinho e outra de perfume no diretor. Outras acusações partiram da atriz britânica Charlotte Lewis (“O Rapto do Menino Dourado”), que denunciou ter sido estuprada em 1983, quando ela tinha 16 anos, de uma mulher identificada apenas como Robin, que acusa o diretor de tê-la estuprado nos anos 1970, também quando tinha 16 anos, e de Marianne Barnard, atacada em 1975 aos 10 anos de idade, durante uma sessão de fotos em que Polanski lhe pediu que posasse usando apenas um casaco de pele em uma praia de Los Angeles. A maioria das denúncias só veio à tona recentemente, durante o auge do movimento #MeToo, que Polanski chamou de “histeria coletiva” e “hipocrisia”. Por conta das novas denúncias, o cineasta foi expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, que lhe premiou com o Oscar de Melhor Direção por “O Pianista”, em 2003. O novo filme do diretor, “An Officer and a Spy” (J’accuse), também foi premiado. Venceu o Grande Prêmio do Júri (Leão de Prata) do Festival de Veneza deste ano. A estreia está marcada para quinta-feira (13/11) na França, mas ainda não há previsão para o lançamento no Brasil.
Christophe Ruggia é expulso da Associação dos Diretores da França após denúncia de assédio de Adèle Haenel
A Société des Réalisteurs de Films (SRT), espécie de sindicato dos cineastas franceses, expulsou de seus quadros o diretor Christophe Ruggia, após uma reportagem bombástica acusá-lo de assediar a atriz Adèle Haenel, vencedora do César (o Oscar francês) por “Amor à Primeira Briga” (2014), quando ela tinha apenas 12 anos. Em uma extensa reportagem do site de jornalismo investigativo Mediapart, de Paris, a atriz afirmou que Ruggia começou a assediá-la quando ela foi escalada em seu primeiro filme, “Les Diables” (2002), que ele dirigiu. Haenel disse que os avanços ocorreram em várias ocasiões e continuaram até ela completar 15 anos. A publicação também obteve documentos que corroboram a acusação da atriz, que hoje tem 30 anos, incluindo cartas de amor enviadas pelo cineasta à então menor de idade. A SRT criou a mostra Quinzena dos Realizadores, uma das seções paralelas de maior prestígio do Festival de Cannes, e atualmente é presidida por cineastas como Jacques Audiard, Bertrand Bonello e Céline Sciamma – por sinal, diretora do mais recente filme de Haenel, “Retrato de uma Jovem em Chamas”. É a primeira vez em 50 anos de história que a associação expulsa um de seus membros. Em um comunicado publicado em sua conta do Twitter, a SRF explicou a ação e ainda ofereceu “apoio total” à atriz Adèle Haenel. “Iniciamos um procedimento para remover Ruggia da SRF”, diz o post, afirmando que a associação “expressa total apoio, admiração e reconhecimento à atriz Adèle Haenel, que teve a coragem de se manifestar após tantos anos de silêncio”. Ruggia nega todas as alegações. Ele se pronunciou por meio de seus advogados, dizendo que “refuta categoricamente” qualquer má conduta. A declaração afirma que o casal tinha um “relacionamento profissional e afetuoso” e chama a denúncia de “difamatória”. La SRF apporte son soutien total à Adèle Haenel. @Mediapart @marineturchi #AdeleHaenel Communiqué: pic.twitter.com/VQ9XehYyBv — LaSRF (@LaSRF1968) November 4, 2019
Adèle Haenel denuncia diretor que a assediu quando ela tinha 12 anos
A estrela francesa Adèle Haenel, vencedora do César (o Oscar francês) de Melhor Atriz por “Amor à Primeira Briga” (2014), acusou publicamente o diretor Christophe Ruggia (“Na Tormenta”) de assediá-la sexualmente aos 12 anos de idade. Em uma extensa reportagem do site de jornalismo investigativo Mediapart, de Paris, a atriz afirmou que Ruggia começou a assediá-la quando ela foi escalada em seu primeiro filme, “Les Diables” (2002), que ele dirigiu. Haenel disse que os avanços ocorreram em várias ocasiões e continuaram até ela completar 15 anos. Ela completa a denúncia dizendo que não entrará em ação legal, pois acredita que “a justiça ignora” as vítimas em sua situação. Em resposta, Ruggia enviou ao site francês uma declaração por meio de seus advogados, dizendo que “refuta categoricamente” qualquer má conduta. A declaração diz que o casal tinha um “relacionamento profissional e afetuoso” e chama a denúncia de “difamatória”. Haenel afirma que os incidentes ocorreram entre 2001 e 2004, quando ela tinha entre 12 e 15 anos e o diretor já possuía entre 36 e 39 anos. Ela descreve a conduta do cineasta durante as filmagens e o lançamento subsequente de “Les Diables”, sua estréia no cinema, como “assédio sexual permanente”, incluindo os hábitos de Ruggia de “tocar nas suas coxas e no tronco” e fazer “beijos forçados no seu pescoço”. Ela também disse que incidentes mais sérios aconteceram no apartamento do diretor e quando ela viajou com a equipe do filme para festivais de cinema. A atriz contou ter decidido trazer a denúncia a público depois de ver o documentário “Deixando Neverland”, da HBO, com acusações similares sobre Michael Jackson. Ela diz que seu objetivo é “expor o sistema de silêncio e cumplicidade que possibilita essa [conduta]”. “Não é queimar Christophe Ruggia… [mas] colocar o mundo de volta na direção certa… [para] que essa exploração de crianças e mulheres possa acabar”. A investigação da Mediapart ocorreu durante seis meses e entrevistou mais de 30 pessoas ligadas a Haenel e Ruggia, incluindo a diretora do filme mais recente da atriz, “Retrato de uma Jovem em Chamas” (2019), Celine Sciamma, e o produtor Bertrand Faivre, que produziu o drama de Ruggia “Na Tormenta” (2011), que disse que não vai mais trabalhar com o diretor depois do que veio à tona. A reportagem afirma que também obteve documentos que corroboram a acusação da atriz, que hoje tem 30 anos, incluindo cartas de amor enviadas pelo cineasta à então menor de idade.
Kevin Spacey não será julgado por crime sexual após morte misteriosa de acusador
Kevin Spacey se livrou de ser julgado por assédio e abuso sexual, porque a vítima morreu durante as apurações da denúncia. Foi a segunda investigação contra o ator arquivada por motivos inesperados. Com a morte do massagista que acusava o ator, a ação foi descartada pela promotoria de Los Angeles. No processo, a vítima fez várias acusações além do abuso sexual, como cárcere privado e estresse pós-traumático. Segundo os autos, o homem não identificado foi à casa de Spacey para exercer seu trabalho como massagista, para livrar o cliente de supostas dores. O ator de 59 anos teria recebido o massagista apenas de robe e trancado a porta da sala em que seria atendido. Ao ser orientado a deitar de costas, desobedeceu o pedido do massagista e deitou de frente. Quando o homem começou a massagear sua perna, o ator teria puxado as mãos dele e forçado uma masturbação. O acusador ainda disse que tentou se esquivar do ator e que, neste momento, Kevin Spacey o puxou pelos ombros e tentou beijá-lo. O ator ainda teria tocado a genitália do homem e oferecido sexo oral. A revista Variety ouviu de uma fonte que o massagista teria morrido de câncer, mas não foram fornecidos maiores detalhes. Na última segunda-feira (28/10), a chefe da unidade de crimes sexuais de Los Angeles afirmou ter desistido de continuar a investigar o caso. “Durante a investigação, a vítima faleceu. As alegações de assédio sexual não podem ser provadas sem a participação da vítima. Portanto, o caso foi encerrado”, disse o porta-voz do departamento. Além deste caso, o julgamento de uma denúncia de um menor, que acusou Spacey de tê-lo assediado em 2016, também foi encerrado após a vítima abandonar o processo sem maiores explicações. O advogado desse caso disse apenas que seu cliente apresentou documentos para retirar voluntariamente a ação em que acusava Spacey de “comportamento sexual explícito e conduta impudica e lasciva”. A ação foi descartada de forma tal que não poderá ser retomada mais tarde. As duas reviravoltas parecem vir de um roteiro da série “House of Cards”, em que Spacey interpretava o presidente corrupto e implacável dos Estados Unidos, capaz de dar um destino trágico a todos que cruzassem seu caminho. Ele também foi acusado de assédio por integrantes dessa produção e acabou demitido pela Netflix. Kevin Spacey chegou a ser investigado por oficiais do Departamento de Abuso Infantil e Ofensas Sexuais, que coletaram um total de seis denúncias. Prescrição e falta de provas, além das reviravoltas acima mencionadas, impediram todos os casos de ir a julgamento. O ator livrou-se, assim, de punições da justiça. Mas viu sua carreira desmoronar nos últimos dois anos, após o colega Anthony Rapp (série “Star Trek: Discovery”) relatar ao site Buzzfeed que tinha sido assediado sexualmente por ele em 1986, quando tinha 14 anos. Desde então, as denúncias contra Spacey se multiplicaram. Como consequência, foi demitido de vários projetos e teve sua presença no drama “Todo o Dinheiro do Mundo” extirpada após o fim das filmagens. O diretor Ridley Scott chamou às pressas o ator Christopher Plummer para refazer as cenas de Spacey e o substituto foi até indicado ao Oscar. Spacey não está envolvido em nenhum projeto de cinema, nem parece haver clima para a retomada de sua carreira.








