Retrospectiva: Os 50 melhores filmes de 2022
Listar os melhores filmes do ano é sempre uma atividade de mergulho cinéfilo profundo. Afinal, o cinema não se resume aos blockbusters que todo mundo viu. Nem mesmo à sala de cinema propriamente dita, já que alguns filmes fundamentais chegam direto pelo streaming. Além de apresentar os destaques, a seleção abaixo também tem o objetivo de despertar a curiosidade dos leitores para os filmes eleitos, que por ventura não foram vistos em 2022. Por isso, a amplitude de 50 títulos. Um listão para desbravar. Foram considerados apenas filmes lançados comercialmente no Brasil em 2022, tanto nos cinemas como nos serviços digitais. A organização é por ordem alfabética, de “A Lenda do Cavaleiro Verde” a “X – A Marca da Morte”, sem distinção hierárquica ou de gêneros. E para quem quiser conferir melhor, ainda há indicações de onde assistir (se disponíveis em streaming). Siga abaixo. | A LENDA DO CAVALEIRO VERDE | AMAZON PRIME VIDEO, VOD* Em clima de terror medieval e repleto de imagens impressionantes, “A Lenda do Cavaleiro Verde” oferece uma visão alternativa para a fábula dos Cavaleiros da Távola Redonda. Na trama, Sir Gawain (Dev Patel, de “Lion”) parte em uma jornada condenada e cheia de desafios para enfrentar uma criatura sobrenatural gigante, mesmo sabendo que viaja rumo à morte certa, com a esperança de que seja uma morte com honra. O filme tem direção de David Lowery (“Meu Amigo, O Dragão”), especialista em fantasias de visual deslumbrante, e ainda destaca em seu elenco Alicia Vikander (“Tomb Raider”), Joel Edgerton (“O Rei”), Sean Harris (“Missão: Impossível – Efeito Fallout”) e Barry Keoghan (“Eternos”). | A MULHER DE UM ESPIÃO | MUBI O cineasta japonês Kiyoshi Kurosawa alterna sua filmografia entre terrores cultuados e dramas premiados. O novo trabalho pertence ao segundo grupo e conquistou nove prêmios internacionais, inclusive Melhor Direção no Festival de Veneza de 2020. A trama gira em torno da decisão de um comerciante de deixar sua esposa no Japão para viajar até a China no começo da 2ª Guerra Mundial, onde testemunha um ato de barbárie. Suas ações causam mal-entendidos, ciúmes e problemas legais para a mulher. | A MULHER REI | VOD* O épico de ação traz Viola Davis (“O Esquadrão Suicida”) como líder de um exército de guerreiras africanas do século 19 – que foram a inspiração real das Dora Milaje dos quadrinhos e filmes do “Pantera Negra”. Durante dois séculos, as Agojie defenderam o Reino de Daomé, uma das nações africanas mais poderosas da era moderna, contra os colonizadores europeus e tribos vizinhas que tentavam invadir o país, mas sua transformação em personagens de cinema pela diretora Gina Prince-Bythewood (“The Old Guard”) deve mais à ficção dos quadrinhos mesmo, evocando as amazonas de “Mulher-Maravilha”, com todas as cenas de lutas e adrenalina que isso implica. A trama se concentra na relação da general Nanisca (Davis) com uma nova geração de guerreiras, destacando a ambiciosa Nawi (Thuso Mbedu, de “The Underground Railroad”), enquanto combatem lado a lado contra forças escravagistas. Há ainda uma interessante conexão com o tráfico de escravos para o Brasil. Elogiadíssimo, o filme atingiu 95% de aprovação entre a crítica do Rotten Tomatoes e um raro A+ entre o público americano no CinemaScore. E seu elenco ainda destaca Lashana Lynch (“007 – Sem Tempo Para Morrer”), a cantora Angélique Kidjo (“Arranjo de Natal”), Hero Fiennes Tiffin (“After”) e John Boyega (“Star Wars: A Ascensão Skywalker”) como o rei de Daomé. | A PIOR PESSOA DO MUNDO | VOD* A obra mais premiada do dinamarquês Joachim Trier (“Mais Forte que Bombas”), vencedora de 19 prêmios internacionais, indicada a dois Oscars (Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Internacional) e com 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, acompanha uma mulher que se aproxima dos 30 anos com uma crise existencial. Vários de seus talentos foram desperdiçados e seu namorado está pressionando para que eles se estabeleçam. Uma noite, ela invade uma festa, conhece um homem charmoso e se joga em um novo relacionamento, esperando encontrar uma perspectiva diferente em sua vida. Elogiadíssima pelo desempenho, a norueguesa Renate Reinsve (“Oslo, 31 de Agosto”) foi consagrada como Melhor Atriz no Festival de Cannes e se tornou assediadíssima por Hollywood para novos projetos. | ADEUS, IDIOTAS | AMAZON PRIME VIDEO, VOD* Esta comédia de humor sombrio foi a grande vencedora do prêmio César, considerado o “Oscar francês”. O longa conquistou ao todo cinco estatuetas na cerimônia de 2021, incluindo Melhor Filme, Direção e Roteiro Original para o cineasta Albert Dupontel. A trama absurda acompanha uma mulher gravemente doente (Virginie Efira, de “Benedetta”) que tenta encontrar seu filho há muito perdido com a ajuda de um burocrata suicida (o próprio Dupontel) e um ativista cego (Nicolas Marié). Os três se aliam após a tentativa de suicídio do burocrata ser confundida com um ataque armado à repartição pública em que se encontram. Com o esvaziamento súbito do prédio cercado pela polícia, os homens decidem ajudar a mulher sem a frieza dos funcionários da instituição que a embarreiravam. | AFTERSUN | MUBI (6/1) O premiado drama britânico acompanha as lembranças de uma mulher chamada Sophie. Ela recorda a alegria e a melancolia de um feriado de verão na Turquia, que passou com o pai 20 anos atrás, quando era criança. Nesse passeio pela memória, eventos reais se misturam a fragmentos e fatos imaginários, enquanto ela busca preencher lacunas e reconciliar a imagem do pai com quem conviveu com as verdades sobre o homem que nunca conheceu. A estreia da diretora Charlotte Wells venceu 15 prêmios internacionais, inclusive nos festivais de Cannes e Deuville, além de concorrer a mais cinco troféus no Spirit Awards 2023 (o Oscar do cinema independente) e render uma indicação a Paul Mescal (“A Filha Perdida”), intérprete do pai, ao troféu de Melhor Ator Europeu do Ano no European Film Awards. | ARGENTINA, 1985 | AMAZON PRIME VIDEO O drama histórico é inspirado na luta real dos promotores Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, que ousaram investigar e processar a ditadura militar da Argentina no ano de 1985. Sem se deixar intimidar pela influência dos militares, que continuava poderosa na nova democracia a ponto de amedrontar os profissionais do Ministério Público, os dois reuniram uma equipe jurídica de jovens, que, sem ter carreira para perder, viraram heróis improváveis na luta contra a impunidade. Sob constante ameaça a si mesmos e suas famílias, eles enfrentaram tudo até trazer justiça às vítimas da junta militar – ao contrário do que aconteceu no Brasil, onde a “anistia” escondeu os crimes da ditadura brasileira. A direção é do premiado Santiago Mitre (“Paulina”) e o elenco repleto de estrelas destaca Ricardo Darín (“O Segredo de Seus Olhos”) e Peter Lanzani (“O Clã”) como Strassera e Ocampo. Premiado nos prestigiosos festivais de Veneza (Itália) e San Sebastián (Espanha), e finalista no Oscar 2023 como representante da Argentina, atingiu 97% de aprovação no Rotten Tomatoes. | ATHENA | NETFLIX Premiado no Festival de Veneza, o filme ultraviolento apresenta uma batalha campal entre os moradores de um subúrbio francês, o Athena do título, e tropas de choque da polícia, após a morte acidental de uma criança gerar uma revolta popular. Visualmente impressionante, o filme é uma extensão dos clipes do diretor Roman Gavras, que já tinha abordado a tensão das periferias no clipe “Stress”, da dupla eletrônica Justice, e mostrado seu forte apuro estético em “Gosh”, de Jamie XX. Para seu longa-metragem, o filho do famoso cineasta político Costa-Gavras (“Z”, “Estado de Sítio”, “Os Desaparecidos”) se juntou ao malinês Ladj Ly, autor do roteiro de “Athena” – que venceu uma prateleira de prêmios com seu longa de estreia, “Os Miseráveis” (2019), também sobre conflito entre polícia e garotos do subúrbio. Opção porrada. | BATMAN | HBO MAX, VOD* A superprodução da Warner Bros. foi uma das maiores bilheterias de 2022. Longo, ambicioso e sombrio, também é o filme que os fãs esperavam que fosse. Nem pior nem melhor, seu tom extremamente sério combina com a abordagem de Christopher Nolan, enquanto o visual expressionista o aproxima do “Batman” de Tim Burton. A maior diferença é que o novo diretor, Matt Reeves, mostra-se mais integrado à visão sinergética do conglomerado, introduzindo vários elementos na trama para multiplicá-los em séries de streaming e na inevitável continuação. Se Robert Pattinson interpreta o primeiro Batman emo, por outro lado demonstra a melhor química com uma Mulher-Gato do cinema, papel desempenhado por Zoe Kravitz com um visual inspirado na Selina Kyle dos quadrinhos de “Batman: Ano Um”. Esta fase, por sinal, é exatamente a época explorada pela trama, antes da fama do herói se solidificar no submundo do crime. O período ainda permite apresentar os demais vilões em seus primeiros passos – e bem diferentes dos quadrinhos – , como um Pinguim mafioso (Colin Farrell) e principalmente um Charada serial killer (Paul Dano), mais perigoso que nas publicações da DC Comics – cometendo crimes tão brutais que tornam este “Batman” nada apropriado para crianças. | BELFAST | VOD* Vencedor do Festival de Toronto e do Oscar de Melhor Roteiro Original de 2022, o novo filme de Kenneth Branagh (“Morte no Nilo”) recria as lembranças da infância do diretor-roteirista na cidade do título durante os anos 1960. Predominantemente em preto e branco, a trama de época é apresentada pelo olhar de um menino de uma família trabalhadora e alterna momentos de nostalgia alegre com cenas de tensão, evocando os sonhos, as músicas e até as séries do período, mas também os perigos da era dos “troubles”, quando enfrentamentos entre nacionalistas que queriam a independência do país e as autoridades leais ao Reino Unido costumavam virar batalhas campais. A tensão da ameaça de confrontos nas ruas e a cobrança constante de posicionamentos políticos levam o pai do menino a considerar mudar-se com a mulher e os filhos para a Inglaterra. Mas essa possibilidade aperta o coração da criança, que não quer separar-se dos avôs que adora e da menina que finalmente começou a reparar nele. O elenco da produção destaca Jamie Dornan (“Cinquenta Tons de Cinza”) e Caitriona Balfe (“Outlander”) como os pais, Judi Dench (“007 – Operação Skyfall”) e Ciaran Hinds (“Game of Thrones”) como os avôs, Lewis McAskie (“Here Before”) como o irmão mais velho e o menino Jude Hill no papel de alter-ego mirim de Branagh em sua estreia no cinema. | BELLE | VOD* Versão futurista da fábula de “A Bela e a Fera”, “Belle” também é uma parábola crítica sobre as farsas da internet e os perigos das redes sociais. A trama gira em torno de uma cantora virtual chamada Belle, que tem sua turnê interrompida no metaverso pela viralização de uma criatura batizada pela mídia de a Fera. Nada, porém, é o que parece, já que Belle é o avatar de uma adolescente “caipira” e pouco popular chamada Suzu, e a criatura misteriosa que surge em seu caminho não é realmente uma ameaça, mas uma vítima de bullying digital e cancelamento. O anime é assinado por Mamoru Hosoda, responsável por “Mirai”, filme indicado ao Oscar de Melhor Animação em 2019 e diretor de obras cultuadas como “Crianças Lobo” (2012), “Guerras de Verão” (2009) e “A Garota que Conquistou o Tempo” (2006). | BENEDETTA | GLOBOPLAY, VOD* A nova provocação de Paul Verhoeven (“Instinto Selvagem”) é das mais polêmicas de sua trajetória, ao trazer cenas de sexo lésbico e blasfêmias variadas em um convento do século 15. O roteiro de David Birke, que volta a trabalhar com o cineasta após a parceria em “Elle” (2016), é supostamente inspirado na história real de Benedetta Carlini, uma noviça que desde muito cedo foi considerada milagrosa. Seu impacto na vida da comunidade de Toscana é imediato e chama atenção do Vaticano. Mas logo sua pureza é confrontada pela chegada de uma jovem tentadora ao convento, que decide seduzi-la. Segunda produção consecutiva em francês do cineasta holandês, “Benedetta” é estrelada por Virginie Efira (“Elle”) e Daphné Patakia (“Versailles”),...
10 estreias de filmes pra ver em casa no fim de semana
A programação de cinema digital está repleta de comédias, especialmente comédias românticas para ver a dois. Mas também há drama nacional e espionagem de guerra para quem prefere tramas séries, além de “terror artístico” e anime de grife para geeks assumidos. Confira abaixo os 10 melhores títulos selecionados entre as estreias da semana, com seus respectivos trailers. | CASE COMIGO | NOW, VIVO PLAY, VOD* A comédia romântica estrelada por Jennifer Lopez (“As Golpistas”) e Owen Wilson (“Loki”) tem uma premissa similar ao clássico “Um Lugar Chamado Notting Hill” (1999), só que no contexto do mundo da música em vez da indústria cinematográfica. Lopez é um cantora famosa que pretende se casar com outro astro popular (vivido pelo ídolo colombiano Maluma) num show com todos os ingressos vendidos. Entretanto, descobre que ele é infiel e, no show lotado, escolhe uma pessoa aleatória na plateia para se casar. O escolhido é um professor divorciado (Wilson), que nem é fã da cantora e só foi ao show por insistência da filha (Chloe Colemana, de “Aprendiz de Espiã”) e de uma colega (Sarah Silverman, de “Popstar: Sem Parar, Sem Limites”). Convencido pelo empresário da artista (John Bradley, de “Game of Thrones”) a fingir por três meses que eles são um casal feliz, professor e cantora logo caem nos clichês de toda comédia romântica. A direção é de Kat Coiro (“Um Caso de Amor”), que está gravando atualmente os episódios da série da Mulher-Hulk. | DE VOLTA AO BAILE | NETFLIX A atriz Rebel Wilson (“A Escolha Perfeita”) vive uma cheerleader de 37 anos na comédia sobre tempo perdido. Na trama, ela acorda de um coma de duas décadas e resolve retomar sua vida do ponto em que foi interrompida, voltando para a escola para terminar o Ensino Médio e assumir seu posto como líder de torcida. Impressiona ela caber no traje – Wilson perdeu 30 quilos no ano passado – , mas a busca de humor é baseada em seu choque cultural com a nova geração. Sessão da Tarde em piloto automático, o primeiro longa assinado pelo diretor de séries Alex Hardcastle (“Grace & Frankie”, “You’re the Worst”) também inclui no elenco Angourie Rice (“Homem-Aranha: Longe de Casa”), Justin Hartley (“This Is Us”), Sam Richardson (“A Última Ressaca do Ano”), Alicia Silverstone (“O Clube das Babás”) e Chris Parnell (“Goosebumps 2”). | DIVERSÃO A TRÊS | NOW, VIVO PLAY, VOD* A comédia indie traz Lauren Lapkus (“Good Girls”) e Nicholas Rutherford (“Dream Corp LLC”) como um casal que percebe que seus pais têm uma vida sexual mais excitante do que a deles. Interessados em apimentar a relação, eles decidem tentar sexo a três. Mas o constrangimento e as dificuldades encontradas levam a iniciativa para um rumo inesperado, expondo problemas de relacionamento mais profundos e ameaçando o futuro do jovem casal. Com 91% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme é dirigido por Robert Schwartzman, mais conhecido por ter vivido há 21 anos o interesse romântico de Anne Hathaway em “O Diário de Princesa”. O elenco atraente ainda destaca Lucy Hale (“Pretty Little Liars”), Beck Bennett (“Saturday Night Live”) e Dree Hemingway (filha de Mariel e bisneta de Ernest Hemingway). | AMARRAÇÃO DO AMOR | AMAZON PRIME VIDEO, NOW, VIVO PLAY, VOD* Em tempos de intolerância religiosa contra o Exu da Sapucaí, a comédia brasileira sobre os problemas de um casal de religiões diferentes se torna bastante relevante, ainda que seu objetivo principal seja fazer rir – o que consegue com Cacau Protásio (“Juntos e Enrolados”) roubando as cenas como a mãe do noivo. Lucas (Bruno Suzano, de “Órfãos da Terra”) e Bebel (Samya Pascotto, de “Sentença”) querem um casamento simples. Mas o pai da noiva (Ary França, de “Samantha!”) luta para que prevaleçam as tradições judaicas, enquanto a mãe de Lucas (Protásio) se esforça para levar para a futura família as tradições da umbanda. A direção é de Caroline Fioratti (de “Meus 15 Anos”). | O REI DAS FUGAS | NETFLIX A vida de um famoso bandido polonês, que virou mito pelas incontáveis fugas da prisão, vira uma comédia de ação mirabolante no longa do novato Mateusz Rakowicz. Altamente estilizada, a trama se passa nos últimos dias do comunismo na Polônia, após o ladrão Zdzislaw Najmrodzki se tornar herói popular ao escapar da polícia 29 vezes. Entretanto, um amor inesperado e a queda do Muro de Berlim começam a mudar tudo em sua vida. A história é real – e foi premiada na Polônia pela recriação de época e figurino – , mas a forma cômica como é apresentada é tudo menos realista. Como curiosidade, o intérprete do ladrão, Dawid Ogrodnik, é um conhecido do cinema brasileiro, já tendo trabalhado com Cacá Diegues em “O Grande Circo Místico” (2018). Ele também foi o principal intérprete masculino do premiadíssimo “Ida”, de Pawel Pawlikowski, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional de 2015. | DELICIOSO – DA COZINHA PARA O MUNDO | NOW, VIVO PLAY, VOD* A comédia culinária conta a história do primeiro restaurante francês. A trama se passa na véspera da Revolução, quando um cozinheiro demitido por seu mestre, o duque de Chamfort, conhece uma mulher surpreendente que o estimula a empreender sua própria revolução. Mas ao abrir um lugar para a alimentação de todos, eles não ganham só clientes. Arranjam também um inimigo poderoso. Dirigida por Éric Besnard (“O Sentido do Amor”), a produção concorreu a dois Césars (o Oscar francês) nas categorias de figurino e cenografia (design de produção) e conta com impressionantes 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes. | THELMA | MUBI O longa do dinamarquês Joaquim Trier, que antecedeu a consagração de “A Pior Pessoa do Mundo” (indicado ao Oscar 2022), é um terror de temática lésbica com ecos de “Carrie, a Estranha” (1976). Eili Harboe (de “A Onda”) vive uma menina reprimida que começa a manifestar poderes psíquicos destrutivos de forma inconsciente, ao sentir atração por uma colega de aula (a cantora Kaya Wilkins, mais conhecida pelo nome artístico de Okay Kaya). O clima é bastante sensual, graças à beleza da fotografia e das jovens, mas também há cenas tensas. A temática de “Thelma” surpreende na filmografia de Trier – de dramas sóbrios e realistas, como “Começar de Novo” (2006), “Oslo, 31 de Agosto” (2011) e “Mais Forte que Bombas” (2015) – , mas a qualidade permanece, já que o filme foi selecionado como candidato da Noruega a uma vaga no Oscar de Melhor Filme Internacional de 2018. Acabou não conseguindo a indicação, mas venceu 15 prêmios internacionais. | O SOLDADO QUE NÃO EXISTIU | NETFLIX O filme de guerra estrelado por Colin Firth (“Kingsman: Serviço Secreto”) e Matthew Macfadyen (“Succession”) conta a história real de como o serviço secreto britânico enganou o exército nazista com a ajuda de um cadáver. Apostando numa estratégia de desinformação, os ingleses criam um soldado que nunca existiu, transformando um cadáver no mensageiro de ordens falsas sobre uma grande invasão da Grécia, jamais planejada, com o objetivo de desviar as forças nazistas para longe do local onde a verdadeira invasão aconteceria. A direção é de John Madden (“O Exótico Hotel Marigold”) e o grande elenco ainda inclui Kelly Macdonald (“Boardwalk Empire”), Penelope Wilton (“After Life”), Johnny Flynn (“Stardust”), Jason Isaacs (“Star Trek: Discovery”), Mark Gatiss (“A Favorita”) e Paul Ritter (“Friday Night Dinner”). | CURRAL | NETFLIX O primeiro longa de ficção de Marcelo Brennand compartilha a temática e de seu documentário “Porta a Porta” (2010), abordando as campanhas políticas do interior do Nordeste. Na trama, um político que se apresenta como renovação repete os mesmos métodos que denuncia como ultrapassados. O elenco traz Thomas Aquino (“Bacurau”), premiado no Festival de Huelva (Espanha) por seu desempenho, além de José Dumont (“Onde Nascem os Fortes”) e Rodrigo García (“Onde Está Meu Coração”). A estreia está marcada para domingo (15/5). | GHOST IN THE SHELL SAC_2045 – GUERRA SUSTENTÁVEL | NETFLIX O longa animado é uma versão resumida e reeditada da série “Ghost in the Shell SAC_2045”, que continua a longa trajetória da franquia criada pelo mangaká Masamune Shirow em 1989, e que explodiu na cultura pop com o anime “Ghost in the Shell” de 1995. Comparado ao impacto de “Akira” (1988), o longa original apresentou a obra de Shirow ao mundo ocidental e influenciou todas as produções focadas em sci-fi cyberpunk que vieram depois – inclusive a trilogia “Matrix”. O sucesso de filme originou mais três longas, quatro OVAs (filmes lançados diretamente em vídeo) e duas séries de televisão, além de uma adaptação live-action estrelada por Scarlett Johansson, que foi muito criticada por trazer uma atriz não asiática no papel principal. Todos os lançamentos acompanham investigações da major Mokoto Kusanagi, comandante ciborgue de uma unidade de combate ao terrorismo cibernético chamada Seção 9, que luta contra uma conspiração de hackers para levar anarquia às ruas de uma megacidade japonesa do futuro. Quem assina o novo longa é Michihito Fujii, estreante na saga animada após uma carreira repleta de longas premiados, como “A Jornalista” (2019), que virou uma série da Netflix em janeiro passado. * Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Google Play, Looke, Microsoft Store, Loja Prime e YouTube, entre outras, sem necessidade de assinatura mensal.
“Morte do Nilo” e “Case Comigo” são as principais estreias de cinema
Com muitos astros famosos, a superprodução de mistério “Morte do Nilo” e a comédia romântica “Case Comigo” são os principais lançamentos da semana. Apesar disso, o filme que chega em mais cinemas é o terror latino “Exorcismo Sagrado”, com exibição em mais de 600 salas. Além das estreias da semana, a indicação ao Oscar obtida por “A Felicidade das Pequenas Coisas”, na categoria de Melhor Filme Internacional, impulsionou a ampliação de seu circuito para 21 cinemas e 14 cidades brasileiras. Confira abaixo os cinco lançamentos desta quinta (10/2), com trailers e maiores detalhes. MORTE NO NILO A continuação de “Assassinato no Expresso do Oriente” troca o homicídio misterioso num trem em meio à paisagem gelada dos Alpes por um homicídio misterioso num cruzeiro luxuoso pelo rio Nilo. A estrutura familiar é revisitada por Kenneth Branagh, que retoma a jornada dupla como diretor e intérprete do detetive Hercule Poirot, investigando a morte trágica da vez, durante uma viagem de lua de mel dos anos 1930. O livro de Agatha Christie em que a produção se baseia foi publicado em 1937 e já teve uma adaptação anterior no cinema, em 1978, repleta de astros famosos. A nova adaptação não fica atrás, reunindo Gal Gadot (“Mulher-Maravilha”) e um elenco grandioso de suspeitos: Annette Bening (“Capitã Marvel”), Letitia Wright (“Pantera Negra”), Ali Fazal (“Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha”), Sophie Okonedo (“Hellboy”), Emma Mackey (“Sex Education”), Dawn French (“Delicious”), Rose Leslie (“Game of Thrones”), Jennifer Saunders (“Absolutely Fabulous”), Russell Brand (“Arthur, o Milionário Irresistível”) e Harmie Hammer (“Me Chame Pelo Seu Nome”) em seu último trabalho de destaque, antes de mensagens sexuais polêmicas virem à tona e implodirem sua carreira. Para completar, Tom Bateman também retoma o papel de Monsieur Bouc, servindo como assistente de Poirot, embora seu personagem não faça originalmente parte desta história famosa. CASE COMIGO A comédia romântica estrelada por Jennifer Lopez (“As Golpistas”) e Owen Wilson (“Loki”) tem uma premissa similar ao clássico “Um Lugar Chamado Notting Hill” (1999), só que no contexto do mundo da música em vez da indústria cinematográfica. Na trama, Jennifer Lopez é um cantora famosa que pretende se casar com outro astro popular (vivido pelo ídolo colombiano Maluma) durante um show especial com todos os ingressos vendidos. Só que na véspera descobre que ele é infiel, rompe o noivado e, diante do show lotado, escolhe uma pessoa aleatória na plateia para se casar: um professor divorciado (Wilson), que não é fã da cantora e só foi ao show por insistência da filha (Chloe Colemana, de “Aprendiz de Espiã”) e de uma colega (Sarah Silverman, de “Popstar: Sem Parar, Sem Limites”). O casamento, claro, é de aparências, mas Wilson é convencido pelo empresário da artista (John Bradley, de “Game of Thrones”) a fingir por três meses que eles são um casal feliz. Tempo suficiente para acontecer o que se espera de uma comédia romântica. A direção é de Kat Coiro (“Um Caso de Amor”), que está gravando atualmente os episódios da série da Mulher-Hulk. DELICIOSO – DA COZINHA PARA O MUNDO A comédia culinária conta a história do primeiro restaurante francês. A trama se passa na véspera da Revolução, quando um cozinheiro demitido por seu mestre, o duque de Chamfort, conhece uma mulher surpreendente que o estimula a empreender sua própria revolução. Mas ao abrir um lugar para a alimentação de todos, eles não ganham só clientes. Arranjam também um inimigo poderoso. Dirigida por Éric Besnard (“O Sentido do Amor”), a produção concorre a dois Césars (o Oscar francês) nas categorias de figurino e cenografia (design de produção). A MULHER QUE FUGIU O novo drama minimalista do sul-coreano Hong Sang-soo (“Certo Agora, Errado Antes”) traz novas conversas em torno de mesas com comida e bebida, e passeios na praia. Sang-soo construiu toda sua filmografia premiada com cenas parecidas, repetindo sempre o mesmo esquema, que realmente impressiona críticos e curadores de festivais, capazes de ver novidades em cada variação estrelada pela musa do diretor, Kim Min-hee. “A Mulher que Fugiu” lhe rendeu o Urso de Prata de Melhor Direção no Festival de Berlim de 2020. EXORCISMO SAGRADO Com todos os clichês de filmes de exorcista, o terror acompanha um padre atormentado por um pecado do passado, que precisa enfrentar demônios internos e reais. A trama mirabolante é escrita e dirigida pelo venezuelano Alejandro Hidalgo (“A Casa do Fim dos Tempos”).


