Betty White morreu após sofrer AVC
A morte de Betty White foi causada por um derrame que ela sofreu seis dias antes de morrer, de acordo com seu atestado de óbito. No atestado, obtido pelo site TMZ, a causa imediata da morte de White está listada como um acidente vascular cerebral, também conhecido como AVC. Também é observado no certificado que o derrame ocorreu seis dias antes de White morrer em 31 de dezembro. A estrela das séries clássicas “Supergatas” e “Mary Tyler Moore” morreu poucas semanas antes de seu aniversário de 100 anos, que seria em 17 de janeiro. O agente e amigo íntimo de White, Jeff Witjas, disse em comunicado que ela não estava doente e foi muito cautelosa durante a pandemia de covid-19. “Mesmo que Betty estivesse prestes a completar 100 anos, pensei que ela viveria para sempre”, ele afirmou. A morte de White provocou uma enxurrada de homenagens da comunidade de Hollywood, com muitos celebrando seu bom-humor, determinação e bondade, incluindo sua causa favorita: a defesa dos animais.
Quatro atores de “Mary Tyler Moore” morreram em 2021
A morte de Betty White na sexta-feira (31/1) elevou para quatro o número de atores da série clássica “Mary Tyler Moore” que morreram em 2021. Seu falecimento foi precedido pelas mortes de Cloris Leachman em janeiro, Gavin MacLeod em maio e Ed Asner em agosto. Além deles, o diretor Jay Sandrich, que comandou 119 dos 168 episódios da série, faleceu em setembro passado. Um dos criadores e principal showrunner da série, James L. Brooks (hoje produtor de “Os Simpsons”), falou à revista Variety que a perda de tantos colaboradores tornou 2021 um ano especialmente difícil. “Penso em cada um deles individualmente”, disse Brooks, que relembrou o impacto de Betty White em “Mary Tyler Moore” quando ela se juntou ao elenco no início da 4ª temporada em 1973. A atriz deveria ter uma participação especial única, mas foi tão boa no papel da lasciva intrigante Sue Ann Nevins, que sua personagem caiu nas graças do público e se tornou fixa na série. “Ela era o sonho de qualquer escritor”, disse Brooks. “Ela foi simplesmente uma dádiva de Deus”, completou. Uma das séries mais importantes de todos os tempos, “Mary Tyler Moore” foi pioneira do feminismo na TV, ao mostrar pela primeira vez o cotidiano de uma mulher independente. Na trama, Mary Richards (interpretada pela atriz Mary Tyler Moore) era uma jornalista recém-chegada na cidade de Minneapolis, que conseguia um emprego numa estação de TV local. Na verdade, era tão incomum ver mulheres trabalhando em redações de telejornais, que Mary foi a primeira profissional feminina do programa fictício da série, e precisou enfrentar muito machismo para ser levada a sério. Sua personagem inclusive cobrava igualdade salarial aos colegas de trabalho do sexo masculino. Mas “Mary Tyler Moore” também mostrava a vida da personagem nas horas de folga, revelando a amizade com a senhoria idiossincrática, a vizinha fashionista e outras mulheres em diferentes estágios de vida, apresentando temas até então inéditos na TV, como – escândalo! – o uso de anticoncepcionais. O programa virou ícone feminista, mas também representou como poucos o zeitgeist da década de 1970. O mais impressionante é que o pioneirismo não espantou o público. Ao contrário, “Mary Tyler Moore” ficou no ar entre 1970 e 1977, rendendo grande audiência e muitos prêmios. O sucesso foi tanto que se desdobrou numa coleção de spin-offs, dedicados à amiga fashionista Rhoda (Valerie Harper), à senhoria Phyllis (Cloris Leachman) e ao editor Lou Grant (Edward Asner). Ted Knight, intérprete de Ted Baxter, o apresentador machista do telejornal, foi o primeiro dos membros do elenco principal a falecer, aos 62 anos em 1986. A própria Mary Tyler Moore morreu em 2017, seguida por Valerie Harper e Georgia Engel em 2019. Betty White era a integrante mais velha do elenco central e foi a última a falecer. Com a morte da atriz, restaram vivos apenas convidados que tiveram papéis recorrentes na atração, como John Amos (“Um Príncipe em Nova York”) e Joyce Bulifant (“Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”), que apareceram respectivamente em 14 e 11 capítulos e foram os que mais repetiram participações ao longo da produção. Veja abaixo as aberturas e encerramentos da 1ª e da última temporada da série clássica.
De Ryan Reynolds a Joe Biden, famosos homenageiam Betty White
A morte de Betty White nesta sexta (31/12) deixou a virada de ano mais triste nos EUA, especialmente em Hollywood e na Casa Branca. Vários famosos foram às redes sociais lamentar a perda do ícone da comédia, poucos dias antes dela completar 100 anos. “O mundo parece diferente agora”, tuitou Ryan Reynolds, que desde a parceria com Betty White na comédia “A Proposta” (2009) brincava sobre sua fixação romântica na veterana. “Ela era ótima em desafiar as expectativas. Ela conseguiu envelhecer muito e, de alguma forma, não o suficiente. Sentiremos sua falta, Betty”, ele escreveu. “Nosso tesouro nacional, Betty White, passou pouco antes de seu 100º aniversário”, tuitou George Takei, de “Jornada nas Estrelas”. “Nossa Sue Ann Nivens, nossa amada Rose Nylund, juntou-se aos céus para encantar as estrelas com seu estilo inimitável, humor e charme. Uma grande perda para todos nós.” “Eu cresci assistindo e me deliciando com ela”, tuitou a estrela de “Will & Grace” Debra Messing. “Ela era brincalhona, ousada e inteligente. Todos nós sabíamos que esse dia chegaria, mas isso não tira o sentimento de perda. Um tesouro nacional, de fato”. “Nossa, 2021, você simplesmente não podia ir embora sem mais um soco na cara, não é? É tão triste saber que a lenda da comédia Betty White faleceu. É difícil imaginar um mundo sem ela. Vai ser um lugar muito menos engraçado, com certeza”, lamentou o diretor Paul Feig, de “Missão Madrinha de Casamento”. “Meu Deus, como o céu deve estar brilhante agora”, comentou Valerie Bertinelli, colega da atriz na sitcom “Calor em Cleaveland”. “Betty foi a melhor!”, declarou Fran Drescher, estrela da série Nanny e atual o presidente do Sindicato dos Atores dos EUA (SAG-AFTRA), em um comunicado. “Uma mulher amável, sensível aos sentimentos de todos os animais. Uma mulher talentosa abençoada com uma vida longa. Ela gostava de ser reconhecida por seus pares em sua vida e tudo foi bem merecido. Neste negócio, nesta cidade, ter esse tipo de longevidade na carreira é raro e maravilhoso. Deus te abençoe Betty, agora você está com todos os cachorrinhos que você amou e perdeu ao longo de seus 99 anos!” O presidente dos EUA Joe Biden também se pronunciou. “Betty White trouxe um sorriso aos rostos de gerações de americanos. Ela é um ícone cultural que fará muita falta. Jill e eu estamos pensando em sua família e em todos aqueles que a amaram nesta véspera de Ano Novo”, ele tuitou. E foi ecoado pela Primeira Dama Jill Biden: “Quem não amava Betty White? Estamos tão tristes”. Até o Exército dos EUA a homenageou, lembrando que “ela não era apenas uma atriz incrível, mas também serviu durante a 2ª Gerra Mundial como membro dos Serviços Voluntários das Mulheres Americanas. Uma verdadeira lenda dentro e fora da tela”. A lista de homenagens incluiu ainda o presidente da Disney, Bob Iger, e astros de várias gerações, como William Shatner, Cher, Dionne Warwick, Viola Davis, Reese Witherspoon e Mark Ruffalo. Veja abaixo alguns dos tuítes em homenagem à atriz. The world looks different now. She was great at defying expectation. She managed to grow very old and somehow, not old enough. We’ll miss you, Betty. Now you know the secret. pic.twitter.com/uevwerjobS — Ryan Reynolds (@VancityReynolds) December 31, 2021 Our national treasure, Betty White, has passed just before her 100th birthday. Our Sue Ann Nivens, our beloved Rose Nylund, has joined the heavens to delight the stars with her inimitable style, humor, and charm. A great loss to us all. We shall miss her dearly. — George Takei (@GeorgeTakei) December 31, 2021 Betty White. Oh noooooooo. I grew up watching and being delighted by her. She was playful and daring and smart. We all knew this day would come but it doesn’t take away the feeling of loss. A national treasure, indeed. Fly with the Angels. ❤️ — Debra Messing✍🏻 (@DebraMessing) December 31, 2021 Man, 2021, you just couldn’t slip out without one more punch in the face, could you? So sad to hear comedy legend Betty White has passed. It’s hard to imagine a world without her. It’ll be a much less funny place, that’s for sure. RIP Genius Betty. https://t.co/7oFn6q5jWI — Paul Feig (@paulfeig) December 31, 2021 Rest in peace, sweet Betty. My God, how bright heaven must be right now. — 😷💉 Valerie Bertinelli (@Wolfiesmom) December 31, 2021 Betty White brought a smile to the lips of generations of Americans. She’s a cultural icon who will be sorely missed. Jill and I are thinking of her family and all those who loved her this New Year’s Eve. — President Biden (@POTUS) December 31, 2021 We are saddened by the passing of Betty White. Not only was she an amazing actress, she also served during WWII as a member of the American Women's Voluntary Services. A true legend on and off the screen. pic.twitter.com/1HRDYCeV7w — U.S. Army (@USArmy) December 31, 2021 Rest in peace #bettywhite, our Golden Girl, our friend, and our neighbor. Your wit, your charm, your warmth and your smile will always be with us. pic.twitter.com/Kb7WGp2RDd — Robert Iger (@RobertIger) December 31, 2021 As if 2021 wasn’t bad enough. Rest In Peace, Queen Betty White. pic.twitter.com/BfxwP31km0 — Mark Ruffalo (@MarkRuffalo) December 31, 2021 Oh Dear Lord. Heaven just got a new superstar to celebrate with tonight! An icon, a legend, a trailblazer, a badass, and a ray of sunshine who gifted us creative genius, joy and laughter for 99 years. Thank you for your bold and generous spirit. Rest In Peace #BettyWhite ❤️❤️❤️ pic.twitter.com/ng2gHB8K5K — kerry washington (@kerrywashington) December 31, 2021 Well 2021 just topped 2020 for being the absolute worst. RIP Brilliant Betty White — Audra McDonald (@AudraEqualityMc) December 31, 2021 God bless Betty White. As my mom would say, “we were so lucky to have her.”https://t.co/pXzu6JezOg — Conan O'Brien (@ConanOBrien) December 31, 2021 I Watched Her on her first TV Show “Life With Elizabeth”When I Was 7 Yrs Old.When She Did S&C I Got a Chance To Tell Her. I Was Embarrassed cause tears came to my eyes.She put her arms around me, & I Felt 7 again.Some Ppl Are Called ICONS🙄,BETTY IS A TRUE ICON. — Cher (@cher) December 31, 2021 Another brilliant talent has made her transition. I had the pleasure of getting to know Betty White and shared a few giggles with her. May she rest in well-earned peace. ❤️ — Dionne Warwick (@dionnewarwick) December 31, 2021 RIP Betty White! Man did I think you would live forever. You blew a huge hole in this world that will inspire generations. Rest in glorious peace….you’ve earned your wings ❤️❤️❤https://t.co/7wpeLHgySy — Viola Davis (@violadavis) December 31, 2021 Y’all, with the passing of #BettyWhite we have lost one of the best humans ever! — LeVar Burton (@levarburton) December 31, 2021 2) yells from the back of the soundstage for everyone to hear “Where’s that redheaded bitch who stole my parking spot???” SWOON. A friendship was born. Another time I was lucky enough to present at the primetime Emmy awards with the lake great Don Rickles. He and Betty and I … — Kathy Griffin (@kathygriffin) December 31, 2021 Saddened to hear that @BettyMWhite has passed. I loved her comedic wit and endearing charm. She definitely was a sweetheart to the world and a gift to the entertainment world. 😔 — William Shatner (@WilliamShatner) December 31, 2021 What an exceptional life. I’m grateful for every second I got to spend with Betty White. Sending love to her family, friends and all of us. — Ellen DeGeneres (@TheEllenShow) December 31, 2021 RIP Betty White, the only SNL host I ever saw get a standing ovation at the after party. A party at which she ordered a vodka and a hotdog and stayed til the bitter end. — Seth Meyers (@sethmeyers) December 31, 2021 So sad to hear about Betty White passing. I loved watching her characters that brought so much joy. Thank you, Betty, for making us all laugh! https://t.co/iOkmHLrW21 — Reese Witherspoon (@ReeseW) December 31, 2021 She was wonderful!! Weren’t we lucky to have loved her for so long. 🌷♥️🌷 pic.twitter.com/ynjCeV5jgj — Mia Farrow (@MiaFarrow) December 31, 2021 Betty White : I is very hard to absorb you are not here anymore.. But the memories of your deLIGHT are ..Thank you for yur humor , your warmth and your activism ..Rest now and say Hi to Bill — Henry Winkler (@hwinkler4real) December 31, 2021 Betty White will go down in the history books as ageless..99 or 100, the numbers belie the fact that she lived the best life EVER! RIP Betty White. 🤟🏻❤️🤟🏻❤️ pic.twitter.com/w6hA3zxPW9 — Marlee Matlin (@MarleeMatlin) December 31, 2021 We are heartbroken over the death of Betty White, who died today at 99. We have lost a truly magnificent performer and humanitarian. White was the 46th recipient of the SAG Life Achievement award, given for career achievement and humanitarian accomplishment, in 2009. pic.twitter.com/ohWdQVVC5h — SAG-AFTRA (@sagaftra) December 31, 2021
Betty White (1922–2021)
A atriz americana Betty White, que completaria 100 anos em janeiro, morreu nesta sexta-feira (31/1) em sua casa em Los Angeles. Ela passou o período da pandemia com extrema cautela, permanecendo em sua casa lendo, assistindo TV e fazendo palavras cruzadas. A causa da morte ainda não foi informada. Considerada a atriz de carreira mais longa dos EUA, Betty Marion White Ludden estrelou dezenas de filmes, séries e programas de TV desde os anos 1940, e creditava seu sucesso contínuo a esta exposição prolongada. “Acho que o motivo da longevidade da minha carreira é que várias gerações me conheceram ao longo dos anos, então me tornei meio que parte da família”, disse ela a Larry King, na CNN, em 2010. Seu começo na indústria do entretenimento foi como locutora de rádio em 1939. A experiência a levou a virar apresentadora televisiva em 1945, antes de seu notável bom-humor a transformar em protagonista de séries de comédia, como “A Vida com Elizabeth” (1952-1955) e “Date with the Angels” (1957-1958). Mas sua popularidade perene se deve à geração dos anos 1970, época em que passou a integrar o elenco da primeira série feminista, “Mary Tyler Moore” (1970–1977). Betty entrou na 4ª temporada como Sue Ann Nivens, apresentadora de um programa de dicas culinárias e domésticas, que parecia um doce nas telas, mas longe das câmeras revelava-se uma safada. Pelo desempenho, ela venceu dois Emmys consecutivos como Melhor Atriz Coadjuvante em Comédia. O sucesso foi tanto que a atriz ganhou sua própria série de comédia, “The Betty White Show”, que só durou uma temporada, exibida entre 1977 e 1978. O detalhe é que ela estava apenas começando. A maior realização de sua carreira só estreou em 1985, quando Betty atingiu 63 anos de idade e marcou época como a simplória Rose Nylund, ao lado das colegas veteranas Bea Arthur, Rue McClanahan e Estelle Getty em “Super Gatas” (The Golden Girls). A sitcom sobre quatro mulheres divorciadas que decidem morar juntas em Miami, em plena Terceira Idade, virou um fenômeno televisivo que durou sete anos, de 1985 a 1992. Betty foi indicada ao Emmy de Melhor Atriz de Comédia durante todas as temporadas, vencendo o troféu em 1986. Ela também conquistou mais dois prêmios da Academia de Televisão ao longo da carreira, como Melhor Atriz Convidada na série de comédia “The John Larroquette Show” em 1996 e no humorístico “Saturday Night Live” em 2010. E ainda foi indicada por participações nas séries “Suddenly Susan” (em 1997), “Yes, Dear” (em 2003), “The Practice” (em 2004) e “My Name Is Earl” (em 2009). Seu último grande destaque nas comédias televisivas foi a sitcom “Calor em Cleaveland” (Hot in Cleaveland), série que durante seis temporadas (de 2010 a 2015) acompanhou um grupo de solteironas em busca de sexo após os 40 (ou bem mais) anos. Mais velha do elenco, ela voltou a ser indicada ao Emmy por seu desempenho em 2011. Depois disso, ainda comandou o humorístico “Só Rindo com Betty White” (Betty White’s Off Their Rockers), que lhe rendeu outras três nomeações ao Emmy – as últimas da carreira – durante sua exibição de 2012 a 2014. Em meio a tantas séries, também fez um punhado de comédias de cinema, como “Santo Homem” (1998), com Eddie Murphy, “A História de Nós Dois” (2002), com Bruce Willis, “A Casa Caiu” (2003), com Steve Martin, “Você de Novo” (2010) com Kristen Bell, e principalmente “A Proposta” (2009), blockbuster com Sandra Bullock e Ryan Reynolds, que deu início a uma piada recorrente do ator sobre sua fixação romântica na veterana. Isto acabou se transferindo para o papel de Deadpool, com várias homenagens do anti-herói vivido por Reynolds à sua musa Betty White. Antes da pandemia, Betty ainda dublou Bitey White, personagem de “Toy Story 4” (2019) criada em sua homenagem, repetindo a participação na série “Garfinho Pergunta” da Disney+. Além disso, sempre encontrou tempo para se dedicar à causa da defesa dos animais. O agente e amigo da atriz Jeff Witjas deu uma declaração na tarde desta sexta-feira, testemunhando sua energia incansável. “Mesmo que Betty estivesse prestes a ter 100 anos, eu pensava que ela viveria para sempre”, comentou.
Carl Reiner (1947 – 2020)
Lenda do humor americano, Carl Reiner, um dos pioneiros da comédia televisiva dos EUA e responsável por lançar Steve Martin no cinema, morreu na noite de segunda-feira (29/6) em sua casa, em Los Angeles, de causas naturais, aos 98 anos. Com uma carreira de sete décadas, Reiner acompanhou a evolução do humor americano, do teatro de variedades, passando pelos discos de humor até a criação do formato sitcom e a participação em blockbusters modernos. Após escrever piadas para apresentações de Sid Caesar em Nova York e nos programas televisivos “Caesar’s Hour”, que lhe rendeu dois Emmys, e “Your Show of Shows” dos anos 1950, ele criou “The Dick Van Dyke Show”, a primeira sitcom de verdade. E a origem do formato teve início praticamente casual. Reiner vinha sendo convidado a participar de programas de humor e escrever piadas, mas não gostava de nenhum roteiro que recebia. Sua mulher disse que, se ele achava que faria melhor, que então fizesse. E ele fez. Ele escreveu a premissa e os primeiros 13 episódios baseando-se em sua própria vida. E inaugurou um costume novo, ao estabelecer um lugar de trabalho como set de humor, relacionando as piadas à rotina do protagonista no emprego e também em sua casa, com sua mulher e filhos. Era uma situação fixa, que acabou inspirando cópias e originando um novo gênero de humor televisivo – sitcom, abreviatura de “comédia de situação”. Até então então, as comédias se passavam apenas na casa das famílias e, eventualmente, nos lugares em que passavam férias, como em “I Love Lucy”. Pela primeira vez, o humor passou a se relacionar com o cotidiano de trabalho, uma iniciativa que até hoje inspira clássicos, como “The Office”, por exemplo. O roteirista tentou emplacar a série com ele mesmo no papel principal, mas o piloto foi rejeitado. Apesar disso, o produtor Sheldon Leonard garantiu que não tinha desistido. “Vamos conseguir um ator melhor para interpretar você”. Foi desse modo que o escritor de comédias de TV Rob Petrie ganhou interpretação do galã Dick Van Dyke. Isto, porém, fomentou outro problema, quando o ator se tornou maior que o programa, graças a participações em filmes famosos – como “Mary Poppins” (1964) e “O Calhambeque Mágico” (1968) – , razão pela qual “The Dick Van Dyke Show” não durou mais que cinco temporadas, exibidas entre 1961 e 1965. Além do ator que batizava a atração, o elenco ainda destacava, como intérprete de sua esposa, ninguém menos que a estreante Mary Tyler Moore, cujo nome logo em seguida também viraria série. E Reiner, claro, conseguiu incluir em seu contrato a participação como um personagem recorrente. A audiência do programa só estourou na 2ª temporada e de forma surpreendente, numa época em que todos os canais priorizavam séries de western. A atração consagrou Reiner com quatro Emmys e lhe abriu as portas de Hollywood. Consagrado na TV, ele foi estrear no cinema como roteirista de dois longas para o diretor Norman Jewison: “Tempero do Amor” (1963), um dos maiores sucessos da carreira da atriz Doris Day, e “Artistas do Amor” (1965), com Dick Van Dyke. Em seguida, ele resolveu se lançar como diretor. Mas apesar das críticas positivas, “Glória e Lágrimas de um Cômico” (1969), estrelado por Van Dyke, não repercutiu nas bilheterias. O mesmo aconteceu com “Como Livrar-me da Mamãe” (1970), com George Segal. Assim, Reiner voltou à TV, de forma simbólica com uma sitcom chamada “The New Dick Van Dyke Show”, exibida entre 1971 e 1974. Ele tentou emplacar outras séries, como “Lotsa Luck!”, estrelada por Dom DeLuise, que durou só uma temporada, porém a maioria de seus projetos dos anos 1970 não passou do piloto. Por outro lado, a dificuldade na TV o fez tentar novamente o cinema e o levou a seu primeiro êxito comercial como cineasta, “Alguém Lá em Cima Gosta de Mim” (1977), comédia em que o cantor John Denver era visitado por Deus (na verdade, o veterano George Burns). Em 1979, ele firmou nova parceria bem-sucedida com outro comediante iniciante, o ator Steve Martin, a quem dirigiu em quatro filmes: “O Panaca” (1979), “Cliente Morto Não Paga” (1982), “O Médico Erótico” (1983) e “Um Espírito Baixou em Mim” (1984). Reiner ainda escreveu dois destes longas, ajudando a lançar a carreira de Martin, até então pouco conhecido, como astro de Hollywood. A parceria foi tão bem-sucedida que Reiner teve dificuldades de manter a carreira de cineasta após se separar de Martin. Sua filmografia como diretor encerrou-se na década seguinte, após trabalhar, entre outros, com John Candy em “Aluga-se para o Verão” (1985), Mark Harmon em “Curso de Verão” (1987), Kirstie Alley em “Tem um Morto ao Meu Lado” (1990) e Bette Midler em “Guerra dos Sexos” (1997), o último filme que dirigiu. Enquanto escrevia e dirigia, ele desenvolveu o hábito de aparecer em suas obras. E isso acabou lhe rendendo uma carreira mais duradoura que suas atividades principais – mais de 100 episódios de séries e longa-metragens. As participações começaram como figuração, como em “Deu a Louca no Mundo” (1963) e “A História do Mundo – Parte I” (1981), em que dublou a voz de Deus. Mas o fim de sua carreira de cineasta aumentou sua presença nas telas, a ponto de transformá-lo num dos assaltantes da trilogia de Danny Ocean, o personagem de George Clooney em “Onze Homens e um Segredo” (2001), “Doze Homens e Outro Segredo” (2004) e “Treze Homens e um Novo Segredo” (2007). Também apareceu em várias séries, como “Louco por Você” (Mad About You), “House”, “Ally McBeal”, “Crossing Jordan”, “Dois Homens e Meio” (Two and a Half Men), “Parks & Recreation”, “Angie Tribeca” e principalmente “No Calor de Cleveland (Hot in Cleveland), em que viveu o namorado de Betty White. E ainda se especializou em dublagens, após o sucesso da animação “The 2000 Year Old Man” (1975) que criou com outro gênio do humor, Mel Brooks. Seu último papel, por sinal, foi o rinoceronte chamado Carl, que ele dublou no recente “Toy Story 4” e num episódio da série animada “Forky Asks a Question”, da plataforma Disney+ (Disney Plus), produzido no ano passado. Em 1995, Reiner recebeu um prêmio pela carreira do Sindicato dos Roteiristas dos EUA (WGA). Em 2009, o mesmo sindicato voltou a homenageá-lo com o Valentine Davies Award, reconhecendo sua influência e legado para todos os escritores, bem como para a indústria do entretenimento e a comunidade artística em geral. Além de sua atividade nas telas, Reiner escreveu vários livros de memórias e romances. Ele se casou apenas uma vez, com Estelle Reiner, falecida em 2008, e teve três filhos, Sylvia Anne, Lucas e Rob Reiner. Este seguiu sua carreira, virando um reconhecido diretor de cinema – autor de clássicos como “Conta Comigo”, “A Princesa Prometida”, “Harry e Sally: Feitos um para o Outro” e “Louca Obsessão”.
Buck Henry (1930 – 2020)
Morreu o ator, roteirista e diretor Buck Henry, duas vezes indicado ao Oscar, pelo roteiro de “A Primeira Noite de um Homem” (1967) e pela direção de “O Céu Pode Esperar” (1978). Ele também foi cocriador da série clássica “Agente 86” (1965-1970) e faleceu nesta quinta (9/1) aos 89 anos, em Los Angeles, após sofrer uma parada cardíaca no hospital Cedars-Sinai. Henry Zuckerman era filho de um general da Força Aérea dos EUA e da atriz Ruth Taylor, estrela do cinema mudo que protagonizou a primeira versão de “Os Homens Preferem as Loiras” (1928), no papel que 30 anos depois seria vivido por Marilyn Monroe. “Buck” era um apelido de infância, que ele adotou como nome artístico ao estrear como ator. O mais curioso é que Henry ficou famoso como ator antes mesmo de estrelar uma peça, um filme ou uma série, graças a uma pegadinha histórica. Entre 1959 e 1963, ele apareceu como G. Clifford Prout, presidente de uma organização conservadora, numa série de entrevistas em jornais, revistas e programas de TV, para defender a agenda da fictícia Sociedade contra a Indecência dos Animais Nus (SINA, na sigla em inglês). O objetivo era divulgar campanhas, petições e angariar fundos para vestir animais selvagens, que poderiam causar acidentes nas estradas com a distração de sua nudez, e animais domésticos, que traumatizavam crianças por exibir suas partes íntimas sem pudor. A SINA tentou até fechar o Zoológico de São Francisco por mostrar animais indecentes à menores, mas, após quatro anos de zoeira, a farsa foi descoberta. Muitos jornalistas ficaram irritados por terem caído na pegadinha. Mas isso lançou a carreira de Henry. Ele passou a integrar uma trupe de humoristas nova-iorquinos, chamada The Premise, fez stand-up e foi escrever programas de comédia, onde pudesse exercitar seu humor febril. Em 1964, ajudou a criar a série “That Was the Week That Was”, uma sátira de telejornais, em que também apareceu como ator, e roteirizou seu primeiro projeto de cinema, “O Trapalhão”, estrelado por vários integrantes da trupe The Premise. Logo depois disso, juntou-se a outro maluco beleza, Mel Brooks, para conceber uma comédia de espionagem para a televisão. Por incrível que pareça, a rede ABC não achou a premissa engraçada. Mas a NBC, que estava atrás de uma série para o humorista Don Adams, adorou o roteiro de Henry e Brooks, que resultou num dos maiores clássicos televisivos dos anos 1960. Com Adams no papel-título, “Agente 86” durou cinco temporadas, entre 1965 e 1970, continuou em telefilmes até 1995 e ainda rendeu um remake cinematográfico em 2008. Henry ganhou um Emmy de Melhor Roteiro pelo episódio de duas partes “Ship of Spies”, da 1ª temporada. Mas depois de criar o célebre Cone de Silêncio, preferiu seguir carreira no cinema. O diretor Mike Nichols estava descontente com o roteiro de seu segundo longa, que adaptava o livro de Charles Webb sobre um universitário recém-formado, envolvido com a esposa do parceiro de negócios de seu pai. Num impulso, resolveu apostar no roteirista televisivo em ascensão. O resultado foi outro clássico: “A Primeira Noite de Um Homem” (1967), que rendeu a Henry sua primeira indicação ao Oscar – de Melhor Roteiro Adaptado. Henry ainda criou um papel para se divertir no filme, como o gerente do hotel que sugere ter flagrado a atividade sexual do graduado (Dustin Hoffman) e da Mrs. Robinson (Anne Bancroft). Nichols manteve a parceria com o roteirista em seus longas seguintes, “Ardil 22” (1970) e “O Dia do Golfinho” (1973), e nesse meio-tempo Henry ainda assinou o cult psicodélico “Candy” (1968) e as comédias de sucesso “O Corujão e a Gatinha” (1970) e “Essa Pequena é uma Parada” (1972), ambas estreladas por Barbra Streisand. Paralelamente, alimentou sua carreira de ator com pequenos papéis nos filmes que escrevia e também em produções como “O Homem que Caiu na Terra” (1976), com David Bowie, e “Glória” (1980), um dos maiores clássicos de John Cassavetes, além de virar quase um integrante fixo do humorístico “Saturday Night Live”. A experiência atrás e à frente das câmeras o impulsionou a estrear como diretor. Em seu primeiro trabalho na função, dividiu o comando de “O Céu Pode Esperar” (1978) com o astro Warren Beatty. Remake de “Que Espere o Céu” (1941), o filme trazia Beatty como um jogador de futebol americano que voltava a vida no corpo de um milionário, e recebeu nada menos que nove indicações ao Oscar, inclusive Melhor Filme e Direção. Entusiasmado, Henry resolveu dirigir sozinho seu filme seguinte, que ele também escreveu. Mas “Primeira Família” (1980) foi um fracasso clamoroso de público e crítica. Ele nunca mais dirigiu outro filme. E assinou apenas mais quatro roteiros de cinema, todos comédias: a clássica “Trapalhadas na Casa Branca” (1984), com Goldie Hawn, a cultuada “Um Sonho sem Limites” (1995), que transformou Nicole Kidman numa atriz de prestígio, o fracasso “Ricos, Bonitos e Infiéis” (2001), num reencontro com Warren Beatty, e “O Último Ato” (2014), que juntou Al Pacino e Greta Gerwig sem muita repercussão. Nos últimos anos, Henry vinha se dedicando mais à atuação, fazendo pequenas participações em filmes repletos de celebridades. Ele chegou a encarnar o “difícil” papel de si mesmo em “O Jogador” (1992), de Robert Altman, em que tenta convencer o executivo de cinema vivido por Tim Robbins a produzir “A Primeira Noite de um Homem – Parte II”. Mas os demais trabalhos foram todos fiascos de bilheteria, como “À Beira da Loucura” (1999), “Gente Famosa” (2000) e “Luzes, Câmera, Ação” (2004). Acabou chamando mais atenção na TV, com papéis recorrentes nas séries “30 Rock”, na qual viveu o pai de Tina Fey (entre 2007 e 2010), e “Hot in Cleveland”, como noivo de Betty White (em 2011). Sua última aparição televisiva foi como juiz em dois episódios de “Franklin & Bash”, exibidos em 2013.
Após mortes de famosos, fã cria campanha para manter Betty White viva até 2017
A profusão de mortes de celebridades em 2016 foi acentuada nos últimos dias, com os falecimentos de George Michael, Carrie Fisher e Debbie Reynolds, que geraram uma onda de comoção em Hollywood. Mas houve quem fizesse piada. Charlie Sheen rezou para Deus levar também Donald Trump, enquanto a reação de um fã da atriz Betty White, que está com 94 anos, foi lançar uma campanha para protegê-la até o final de ano nefasto. Demetrios Hrysikos, de ascendência grega, criou uma campanha de financiamento coletivo no site GoFundMe, para arrecadar US$ 2 mil. O objetivo, segundo ele, é viajar até a casa de Betty e se certificar de que a atriz americana sobreviverá até o dia 1º de janeiro de 2017. Mas em dois dias conquistou quase US$ 8 mil. O fã disse que, caso Betty recuse a ajuda, o valor arrecadado, que já superou a meta, será doado para um pequeno teatro com o objetivo de revelar novas estrelas do palco que ajudarão “a substituir as lendas que nos deixaram neste ano”. Betty White, que começou a carreira em 1939 e continua na ativa até hoje, ficou conhecida por participar de diversas séries de TV de comédia como “Mary Tyler Moore”, “As Super Gatas” (The Golden Girls) e “No Calor de Cleveland” (Hot in Cleveland). Ela será vista a seguir num episódio de março de “Bones”, em que reprisará seu papel recorrente da Dra. Beth Mayer.






