Globoplay lança canais gratuitos dedicados a novelas clássicas
A plataforma Globoplay está lançando dois dois canais gratuitos dedicados à exibição de novelas clássicas. A iniciativa representa a principal iniciativa do streaming da Globo no mercado FAST (Free Ad-Supported Television) de canais gratuitos com anúncios, que segue o modelo da TV tradicional. Os espectadores agora terão a oportunidade de rever folhetins icônicos das décadas de 1970 e 1980 por meio dos canais Viva 70 Fast e Viva 80 Fast. Como os nomes revelam, os canais terão uma programação dedicada à novelas dos anos 1970 e 1980. A lista inclui sucessos como “Dancin’ Days”, “A Sucessora” e “Locomotivas” no Viva 70 Fast, e “Sassaricando”, “Fera Radical”, “Baila Comigo” e “Amor com Amor Se Paga” no Viva 80 Fast. A estreia vai acontecer na segunda-feira (26/11) e os dois canais poderão ser acessados na aba Agora na TV do Globoplay. A programação vai exibir cinco episódios de cada novela por semana, de segunda a sexta-feira, com reprises a cada três horas durante os dias úteis e maratona aos finais de semana. Os sinais serão disponibilizadas de forma gratuita, junto da exibição normal da Globo pela internet. Mais novidades em breve Ainda neste ano, a Globo pretende lançar novos canais Fast voltados ao público infanto-juvenil, com uma programação focada em “Malhação” e “D.P.A – Detetives do Prédio Azul”. Vale lembrar que a Globo iniciou a experiência com canais FAST em 2022, com o lançamento do Receitas Fast e o GE Fast na Globoplay e na Samsung TV Plus, voltados para a gastronomia e esportes. Entretanto, esta é primeira iniciativa da rede com seu catálogo dramático, até então disponível apenas para os assinantes da Globoplay.
Jonas Mello (1937 – 2020)
O ator Jonas Mello, que participou de várias novelas e filmes clássicos, morreu na tarde de quarta (18/11), aos 83 anos, em seu apartamento no bairro de Santana, na Zona Norte de São Paulo. As informações foram confirmadas em uma publicação no Facebook do artista, feita por um amigo. A causa da morte, porém, ainda não foi divulgada. “Hoje infelizmente Jonas se foi, para tristeza de muitos. Fui seu amigo mais próximo nos últimos dez anos, pois me tornei seu ajudante para que entrasse no mundo digital, para que não ficasse parado no tempo. Tive o prazer de incluir ele no Facebook e ajudá-lo com seus e-mails”, escreveu Edson Brandão. Josefina Rodrigues de Mello, irmã do artista, disse à Agência Record que ele tinha uma rotina ativa e vivia sozinho. “Ele dirigia, fazia as compras, caminhava pelo bairro e estava bem para um senhor de 83 anos”, contou. Segundo ela, na tarde de ontem o ator ligou para um primo após passar mal. O parente foi até a casa e o encontrou morto na cama. O paulistano Jonas Mello estreou na TV em 1969, com “A Cabana do Pai Tomás”, da TV Globo, pouco depois de começar a carreira cinematográfica com “Hitler IIIº Mundo” (1968), de José Agripino de Paula, clássico do cinema marginal. No cinema, também atuou em “Um Anjo Mau” (1971), de Roberto Santos, “Nenê Bandalho” (1971), de Emilio Fontana, “A Carne” (1975) e “Passaporte para o Inferno” (1976), ambos de J. Marreco, e “Que Estranha Forma de Amar” (1977), do autor de novelas da Tupi Geraldo Vietri, além de produções mais recentes como “O Cangaceiro” (1997), de Anibal Massaini Neto, e o premiado “Um Céu de Estrelas” (1996), de Tata Amaral. Nos anos 1970, também fez novelas da Tupi e da Record, como “Os Inocentes”, “Os Deuses Estão Mortos”, “O Tempo Não Apaga” e “Sol Amarelo”, chegando a viver os papéis-títulos de “Meu Rico Português”, “Os Apóstolos de Judas” e “João Brasileiro, o Bom Baiano”, entre 1975 e 1978. Com a implosão da Tupi em 1980, Jonas foi para a Globo, onde continuou sua carreira de sucesso. Em dois anos de contrato, fez nada menos que cinco novelas, “Os Gigantes”, “Chega Mais”, “Coração Alado”, “Baila Comigo” e “Terras do Sem-Fim”. Mas, acostumado a ser protagonista, preferiu trocar papéis de coadjuvantes nas produções da emissora carioca por desempenhos mais destacados em produções paulistas do SBT, Band, Gazeta e TV Cultura. Sem exclusividade, ainda encaixou “Partido Alto”, da Globo, e o fenômeno “Dona Beija”, da Manchete, entre uma série de projetos de diversos canais. A carreira itinerante lhe permitiu atuar em “O Outro”, “Bambolê”, “Barriga de Aluguel” e “Vila Madalena” na Globo, “Mandacaru” na Manchete, “Dona Anja”, “Amor e Ódio” e “Canavial de Paixões” no SBT, “Estrela de Fogo” e “A Escrava Isaura”, na Record, entre muitos outros trabalhos. Seus últimos papéis o levaram de volta à Globo, com participações em “O Astro”, “Salve Jorge” e “Flor do Caribe”. Esta novela de 2013, por sinal, é atualmente reprisada na emissora. A Record emitiu uma nota de pesar: “Expressamos nossas condolências aos familiares, amigos e admiradores do talento deste profissional que ajudou a escrever a história da televisão brasileira.”
Tereza Rachel (1935 – 2016)
Morreu a atriz Tereza Rachel, que marcou o teatro brasileiro, criou vilãs inesquecíveis de novelas e fez obras importantes do cinema nacional. Ela faleceu no sábado (2/4), aos 82 anos, após um quadro agudo de obstrução intestinal que a deixou quatro meses internada na CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do Hospital São Lucas. Batizada Teresinha Malka Brandwain Taiba de La Sierra, ela nasceu em 19 de agosto de 1935 na cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense, e começou a atuar na década de 1950, já com trabalhos na TV, no cinema e no teatro. A primeira peça foi “Os Elegantes”, de Aurimar Rocha, em 1955. A estreia no cinema aconteceu no ano seguinte, na comédia “Genival É de Morte” (1956), de Aloísio T. de Carvalho, e logo em seguida veio a carreira televisiva, a partir da série “O Jovem Dr. Ricardo” na TV Tupi em 1958. A primeira metade dos anos 1960 viu multiplicar sua presença no cinema. Foram cinco filmes no período de dois anos, entre 1963 e 1965, com destaque para o clássico “Ganga Zumba” (1963), primeiro longa-metragem de Cacá Diegues, sobre escravos fugitivos e a fundação do Quilombo de Palmares, na qual viveu a senhora de uma fazenda. Participou também do drama “Sol sobre a Lama” (1963), do cineasta e crítico de cinema Alex Viany, “Procura-se uma Rosa” (1964), estreia na direção do ator Jesse Valadão, e “Canalha em Crise” (1965), do cinemanovista Miguel Borges, além de “Manaus, Glória de Uma Época” (1963), produção alemã passada na “selva brasileira”. Mas foi no teatro, na segunda metade da década, que obteve maior projeção, ao participar de peças históricas, como a montagem de “Liberdade, Liberdade”, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, com o Grupo Opinião em 1965, um marco do teatro de protesto. Dois anos depois, interpretou Jocasta em “Édipo Rei”, com Paulo Autran, novamente sob direção de Flavio Rangel. Em 1969, integrou o elenco da histórica encenação brasileira de “O Balcão” (1969), de Jean Genet, dirigida pelo argentino Victor Garcia. Sua relação com o teatro foi além do papel desempenhado nos palcos. Determinada a encenar cada vez mais peças de qualidade, assumiu a condição de produtora, trazendo vários textos de vanguarda para serem montados no Brasil pela primeira vez, como “A Mãe” (1971), do polonês Stanislaw Witkiewicz, que ela descobriu ao assistir a uma montagem em Paris. Empolgada, convenceu o diretor francês Claude Régy a vir ao Brasil supervisionar a montagem nacional, e o resultado lhe rendeu o prêmio Molière de melhor atriz. A vontade de manter peças ousadas por mais tempo em cartaz a levou a fundar seu próprio teatro. Aberto provisoriamente em 1971 e inaugurado em 1972, o Teatro Tereza Rachel acabou se tornando um importante polo cultural durante a década. E não apenas para montagens teatrais. Em seu palco, Gal Costa fez o cultuado show “Gal Fatal” (1971), e os cantores Luiz Gonzaga, Clementina de Jesus e Dalva de Oliveira realizaram suas últimas apresentações. O reconhecimento por seus trabalhos também se estenderam ao cinema, rendendo-lhe o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Gramado pelo papel-título de “Amante muito Louca” (1973), comédia sexual que marcou a estreia na direção de Denoy de Oliveira. Ela também estrelou o marcante “Feminino Plural” (1976), de Vera de Figueiredo, obra pioneira do feminismo brasileiro, além de “Revólver de Brinquedo” (1977), de Antônio Calmon, e “A Volta do Filho Pródigo” (1978), do marido Ipojuca Pontes. Entretanto, apesar de sua relevância cultural, o grande público só passou a acompanhar melhor sua carreira quando ela começou a aparecer nas novelas da rede Globo. Sua estreia no canal aconteceu na versão original de “O Rebu” (1974), um marco da teledramaturgia nacional, exibido no “horário adulto” da emissora, às 22 horas. Enquanto as novelas populares da emissora exploravam conflitos geracionais, a trama de “O Rebu” se passava inteiramente ao longo de dois dias, em torno de suspeitos de um assassinato cometido durante uma festa. Ela também participou de “O Grito”, outra novela ousada das 22 horas, que girava em torno dos moradores de um prédio desvalorizado pela construção do Minhocão em São Paulo. Mas foram os papeis mais populares que a consagraram na telinha. Especialmente Clô Hayalla, sua primeira grande vilã, que se materializou na novela das 20 horas “O Astro” (1977). Um dos maiores sucessos da escritora Janete Clair, “O Astro” quebrou recordes de audiência e entronizou Tereza Rachel no imaginário popular como uma perua fútil e vingativa. Ela se tornou uma das mulheres mais odiadas do Brasil ao colocar a mocinha da história, Lili Paranhos (Elizabeth Savalas), na cadeia. Além disso, era infiel (característica de mulheres malvadas da televisão), e seu amante acabou se revelando o culpado pela pergunta que mobilizou o país durante quase um ano: “Quem matou Salomão Hayalla?”, seu marido na trama. Tereza apareceu em outras novelas com menor impacto, como “Marrom-Glacê” (1978), “Baila Comigo” (1981) e “Paraíso” (1982), antes de retornar a fazer maldades em “Louco Amor” (1983), como a ricaça preconceituosa Renata Dumont, que tenta impedir o romance entre sua filha e o filho da cozinheira – e, de lambuja, entre o cunhado e uma manicure. Ainda teve seus dias de mocinha, como a Princesa Isabel na minissérie de época “Abolição” (1988), sobre o fim da escravatura no Brasil, papel que repetiu na continuação, “República” (1989), exibida no ano seguinte. Por ironia, ela não foi nada nobre quando se tornou rainha, roubando, com suas malvadezas, as cenas de “Que Rei Sou Eu?” (1988), uma das mais divertidas novelas já realizadas pela Globo. O texto de Cassiano Gabus Mendes partia dos clichês dos folhetins franceses, com direito à aventura de capa e espada e intrigas da corte de um reino imaginário, para parodiar a situação política do país. Na pele da Rainha Valentine, ela se mostrava uma governante histérica, no estilo da Rainha de Copas de “Alice no País das Maravilhas”. Mas seu despotismo era facilmente manipulado por seus conselheiros reais, que eram quem realmente mandavam no reino de Avillan, a ponto de colocarem um mendigo no trono (Tato Gabus Mendes, o filho do autor), mentindo ser um filho bastardo do falecido rei. Em contraste com essa fase de popularidade, a parceria com o marido Ipojuca Pontes lhe rendeu algumas polêmicas. No segundo filme que estrelou para o cineasta, “Pedro Mico” (1985), ela tinha uma cena de sexo com Pelé. A repercussão negativa da produção – Pelé teve muitas dificuldades nas filmagens e, no final, precisou ser dublado pelo ator Milton Gonçalves – marcou o fim de sua carreira cinematográfica. E não ajudou o fato de, logo depois, Ipojuca virar secretário nacional da Cultura do governo Collor, durante uma fase desastrosa para o cinema brasileiro, com a implosão da Embrafilme, que gerou confronto com a classe artística. O período político tumultuado levou Tereza a se afastar das telas. Ela nunca mais voltou ao cinema e só retomou as novelas em 1995, como Francesca Ferreto, uma das primeiras vítimas de “A Próxima Vítima”. Teve ainda um pequeno papel em “Era Uma Vez…” (1998), mas suas aparições seguintes aconteceram apenas como artista convidada, em capítulos de “Caras e bocas” (2009), “Tititi” (2010) e a recente “Babilônia” (2015), além da série “Alice” (2008), do canal pago HBO, com direção dos cineastas Karim Aïnouz (“Praia do Futuro”) e Sérgio Machado (“Tudo o que Aprendemos Juntos”). Entre 2001 e 2008, o Teatro Tereza Rachel foi alugado para a Igreja Universal do Reino de Deus e deixou de receber produções culturais. Felizmente, o desfecho dessa história teve uma reviravolta. O local acabou tombado pelo município e reabriu como casa de espetáculos em 2012, ainda que sem o nome da atriz – virou Net Rio, mas com uma Sala Tereza Rachel. O nome de Tereza Rachel, porém, não precisa de placa para ser lembrado pela História.


