Documentário sobre David Lynch revela a Vida de um Artista
Um timing perfeito o da chegada do documentário “David Lynch – A Vida de um Artista” aos cinemas. O cineasta voltou a ser incensado como um dos maiores gênios do cinema, ironicamente pela nova revolução que vem mostrando com “Twin Peaks – The Return”, que é, entre outras coisas, uma síntese de toda sua carreira, inclusive de seu período pré-cinema, como pintor, quando resolve experimentar pinturas que se movem. Um dos grandes acertos dos diretores Jon Nguyen, Rick Barnes e Olivia Neergaard-Holm foi ter conseguido fazer um documentário que é a cara de seu objeto de estudo. Ou seja, embora possa parecer às vezes um documentário tradicional, com muitas falas de David Lynch sobre sua infância, juventude, fatos inusitados de sua vida e arte, isso é contado com por meio de músicas (muitas delas compostas pelo próprio Lynch), sons e pinturas que funcionam como objetos lynchianos perfeitos para o documentário. Há também um interesse especial por situações surreais na vida de Lynch, como algumas lembranças que ele tem da infância, como a de uma mulher andando completamente nua na rua com sangue saindo pela boca. No geral, porém, não parece haver muitos motivos em sua vida para que o artista tenha preferido adotar esse gosto pelo bizarro e pela violência com humor, que caracterizaria boa parte de sua obra. Inclusive, sua infância parece ser tão perfeita quanto são as cidades que ele aborda, quando vistas de maneira superficial. É assim em “Twin Peaks” (1990), é assim em “Veludo Azul” (1986) etc. A emulação do jeito Lynch de ser está presente em outras situações e momentos do documentário, como quando há uma exploração do humor retirado da vida real: a primeira experiência com a maconha, ou a visita do pai à sua oficina artística (o conselho do pai: “Não tenha filhos”, ao acreditar que o filho é mentalmente doente, é hilário). Destaca-se também, nos monólogos, os silêncios, que são tão caros ao cineasta, com sua fala característica. O filme ainda dá bastante espaço para suas pinturas belamente sinistras, que são uma espécie de sublimação de seu lado mais sombrio através da arte. Sem falar no quanto esses quadros são familiares a quem acompanha a obra cinematográfica e televisiva de Lynch. Paradoxalmente, há poucos bastidores de seus filmes. Mas é possível ver a gênese de “Eraserhead” (1977), primeiro longa-metragem do cineasta, visto por ele como uma das melhores e mais belas coisas que já fez. Aqueles que procurarem em “David Lynch – A Vida de um Artista” uma espécie de compêndio de suas obras cinematográficas, ao estilo de “De Palma”, “Ozualdo Candeias e o Cinema” e “Jia Zhang-Ke, Um Homem de Fenyang”, para citar três exemplos recentes, pode sair um tanto decepcionado do cinema. Mesmo assim, fãs de Lynch ficarão bastante satisfeitos com o que é exibido.
Romero Britto desenvolve série animada na Discovery
O artista plástico brasileiro Romero Britto, há anos radicado nos Estados Unidos, prepara-se para estrear na TV. Segundo a coluna de Flávio Ricco, do UOL, ele prepara uma animação para a Discovery. Em parceria com um estúdio canadense, Britto está desenvolvendo uma série animada para as emissoras do grupo. A produção já está avançada, e por isso a previsão é de que a estreia aconteça até o fim de 2017. As peças coloridas de Britto estão presentes desde aeroportos e supermercados aos ambientes mais luxuosos, incluindo residências de políticos e celebridades.
Filme sobre Rodin é a maior decepção do Festival de Cannes
“Rodin”, de Jacques Doillon, era um dos filmes franceses mais aguardados do Festival de Cannes. E isto dá a dimensão da decepção com que sua projeção foi recebida. Um crítico chegou a vociferar “É um filme antigo”, tão logo as luzes se acenderam. Mas muitos outros foram embora bem antes disso. No extremo oposto de “Le Redoutable”, de Michel Hazanavicius, que tomou liberdades para transformar o cineasta Jean-Luc Godard em personagem de comédia, “Rodin” tentou ser reverente demais. E se tornou convencional como um teledrama. Para piorar, transformou as mulheres importantes da vida do escultor em meras coadjuvantes, inclusive relevando sua rejeição à assistente Camile Claudel (vivida por Izïa Higelin, de “Um Belo Verão”) como causa do colapso mental da artista. Neste sentido, é quase um anti-“Camille Claudel”, o clássico de 1988 que contou essa história por outro ponto de vista. Estrelado por Vincent Lindon, que já foi premiado em Cannes por “O Valor de um Homem” (2015), o filme acompanha o escultor aos 40 anos, quando ele recebe sua primeira encomenda do Estado, criando a famosa obra “Porta do Inferno”. Há especial atenção para detalhar seu processo criativo, mas os recursos utilizados para isso são antiquados, com leituras de cartas, narrações e personagens que conversam consigo mesmo em voz alta. O mais incômodo, porém, é a forma como as mulheres de sua vida são retratadas como histéricas. Ele usa e abusa de cada uma delas, mas é um artista. Elas querem definição de relacionamento e são loucas. “As esculturas de Rodin são muito sensuais, e ele também era um homem muito sensual. Rodin amava o corpo feminino. Eu o teria traído se deixasse de lado esse aspecto de sua personalidade” justificou-se o diretor Jacques Doillon (“O Casamento a Três”), durante a entrevista coletiva do festival. O cineasta defende que Rodin era um homem irresistível e que suas palavras e atos no filme são baseados em pesquisa intensa. “Tudo o que Rodin diz no filme é resultado de muita pesquisa, ainda que também de muita fantasia minha. Ele, que não gostava de escrever, não deixou muito material escrito. Mas aqueles que conviveram com ele na época deixaram referências sobre o que ele disse e pensava. Então, posso afirmar que aquilo que o personagem diz no filme é o que o próprio Rodin teria dito em vida”, garantiu Doillon no encontro com a imprensa. Talvez a crítica esperasse que um filme sobre um artista genial fosse contaminado pelo talento retratado. Mas a reverência acadêmica de Doillon revela-se pouco adequada para integrar um festival, especialmente o Festival de Cannes.
Willem Dafoe vai estrelar nova cinebiografia de Van Gogh
O ator americano Willem Dafoe (“Meu Amigo Hindu”) vai interpretar o pintor Vincent Van Gogh (1853-1890) em uma nova cinebiografia, com direção de Julian Schnabel (“O Escafandro e a Borboleta “). A produção recebeu o título de “At Eternity’s Gate”, em referência a um dos últimos quadros do gênio holandês, conhecido no Brasil como “No Portão da Eternidade”, que retrata um velho paciente depressivo num hospício. “É um filme sobre a pintura, um pintor e sua relação até o infinito”, disse Schnabel em comunicado. “É narrado por um pintor. Contém o que me pareceram momentos essenciais de sua vida. Não é a história oficial, é a minha versão”, completou. O filme se concentra na fase febril da vida de Van Gogh (1853-1890), em que ele viveu em Arles, no sul da França, onde produziu mais de 200 pinturas e também mutilou-se, arrancando o próprio ouvido, e em Auvers-sur-Oise, perto de Paris, onde se matou, após passar uma temporada num hospício. Van Gogh não teve seu talento reconhecido em vida, mas, após sua morte, foi considerado um dos maiores gênios das artes plásticas. Sua história já foi levada às telas anteriormente por outros cineastas americanos consagrados, como Vincente Minnelli, em “Sede de Viver” (1956), e Robert Altman, em “Van Gogh – Vida e Obra de um Gênio” (1990).
Alicia Vikander vive romance proibido no trailer do drama de época Febre da Tulipa
A Weinstein Company divulgou um novo trailer do drama de época “Febre da Tulipa” (Tulip Fever). A prévia destaca o triângulo amoroso entre o casal formado por Alicia Vikander (“O Agente da UNCLE”) e Christoph Waltz (“007 Contra Spectre”) e o pintor vivido por Dane DeHaan (“O Espetacular Homem-Aranha 2”), e só para variar acaba entregando demais. Baseado no livro homônimo de Deborah Moggach, o filme se passa em Amsterdam no ano de 1630, época em que a “tulipomania” estava em alta – período em que flores de tulipa atingiram preços exorbitantes. Na trama, a jovem Sophia (Vikander) tem um romance proibido com o artista (DeHaan) contratado por seu marido (Waltz) para pintar o seu retrato. O elenco também inclui Judi Dench (“007 – Operação Skyfall”), Zach Galifianakis (“Se Beber, Não Case”), Tom Hollander (“Missão Impossível: Nação Secreta”), Holliday Grainger (“Cinderela”), Jack O’Connell (“Invencível”), Cara Delevingne (“Esquadrão Suicida”), Matthew Morrison (série “Glee”), Kevin McKidd (série “Grey’s Anatomy”), David Harewood (série “Supergirl”), a socialite britânica Cressida Bonas e a top model Daisy Lowe (“Sob Pressão”). A adaptação foi escrita pelo dramaturgo Tom Stoppard (“Shakespeare Apaixonado”) e a direção é de Justin Chadwick (“Mandela – O Caminho para a Liberdade”). A estreia está marcada para 25 de agosto nos EUA e ainda não há previsão de lançamento no Brasil.
O diabo gosta de heavy metal no trailer do novo terror do diretor de Entes Queridos
A IFC Films, uma das melhores distribuidoras de terror indie, divulgou o pôster e o trailer de “The Devil’s Candy”. E a prévia é bastante perturbadora, mostrando duas tramas paralelas de possessão demoníaca. Numa delas, Ethan Embry (das séries “Once Upon a Time” e “Grace and Frankie”) é um artista e fã de heavy metal que não consegue se lembrar de ter pintado obras cheias de imagens demoníacas. Na outra, Pruitt Taylor Vince (da minissérie “Heroes Reborn”) interpreta outro fã assustador de heavy metal, que rapta uma adolescente após começar a ouvir vozes demoníacas em sua cabeça. As duas histórias compartilham a mesma casa e se chocam ao final do vídeo. O filme foi escrito e dirigido por Sean Byrne, que antes fez o elogiado terror “Entes Queridos”, e ainda inclui em seu elenco Shiri Appleby (série “UnReal”) e Kiara Glasco (série “Bitten”). Além disso, destaca uma trilha repleta de heavy metal, com distorções de Metallica, Slayer, Pantera e composições originais da lendária banda Sunn O))), que transforma seu metal atmosférico em puro terror. Após rodar o circuito dos festivais por 16 meses, a estreia comercial vai acontecer em 17 de março nos EUA, em circuito limitado e VOD. Não há previsão de lançamento no Brasil.
Geoffrey Rush tenta pintar Armie Hammer em teaser de drama dirigido por Stanley Tucci
A Potboiler Productions divulgou o primeiro teaser de “Final Portrait”, filme escrito e dirigido pelo ator Stanley Tucci (franquia “Jogos Vorazes”), que traz Geoffrey Rush (“A Menina que Roubava Livros”) como o artista plástico suíço Alberto Giacometti. A prévia mostra a angústia do personagem interpretado por Armie Hammer (“O Cavaleiro Solitário”) ao aceitar o convite para posar para um quatro do pintor. O filme é baseado no livro “A Giacometti Portrait”, escrito pelo crítico de arte James Lord, justamente o papel de Hammer na produção. A trama se passa em Paris em 1964, quando Giacometti pede que Lord pose para um retrato. Mas o que deveria ser um trabalho de apenas alguns dias logo se transforma em semanas. E enquanto Giacometti se esforça para capturar a essência de Lord, este percebe que toda a sua vida foi sequestrada pelo artista. “Final Portrait” é o quinto longa comandado por Tucci, que retoma a carreira de cineasta após uma pausa de dez anos – o último trabalho que ele dirigiu tinha sido “Encontro às Cegas” (2007), que ele próprio estrelou. O elenco também inclui Clémence Poésy (série “The Tunnel”), Tony Shalhoub (série “BrainDead”), James Faulkner (série “Da Vinci’s Demons”) e Sylvie Testud (“O Que as Mulheres Querem”). Incluído no Festival de Berlim, o filme ainda não não tem previsão de estreia comercial.
Celebridades que morreram em 2016 ganham tributo no estilo da arte de Sgt. Pepper’s
Infelizmente, uma das montagens mais populares deste fim de ano é também uma das mais tristes, e um trabalho inacabado em constante atualização. O artista britânico Christhebarker criou um memorial para as celebridades mortas em 2016, no estilo da capa do disco “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, que se tornou viral. Mas desde que a primeira versão foi divulgada em novembro, ele não pára de atualizar a imagem (veja acima, três versões diferentes). Só nesta semana, foram acrescentadas mais duas personalidades: Carrie Fisher e Debbie Reynolds. São inúmeros rostos famosos, que incluem David Bowie, Prince, Gene Wilder, Alan Rickman, Muhammad Ali, Leonard Cohen, Anton Yelchin, George Kennedy, George Michael, Keith Emerson, Greg Lake, Maurice White, Fidel Castro, o astronauta John Glenn, até o robô R2D2, que perdeu o engenheiro que o criou e seu intérprete original, a boneca da Lady Penélope, em referência à sua criadora, Sylvia Anderson, e o logotipo do time da Chapecoense. Também há alusões a outros fatos marcantes do ano, como o Brexit, saída do Reino Unido da União Europeia, a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos e o Samsung Galaxy Note 7, recolhido pela fábrica por suas “qualidades” explosivas. Fã de Motörhead, ele ainda incluiu a imagem de Lemmy, que morreu na última semana de dezembro de 2015. Confira abaixo um dos primeiros guias das referências da produção, que acabou ficando desatualizado.
Jared Leto vai viver Andy Warhol em cinebiografia
O ator e cantor Jared Leto, que venceu o Oscar por “Clube de Compra Dallas” (2013) e recentemente interpretou o Coringa em “Esquadrão Suicida”, vai viver o artista plástico Andy Warhol em uma cinebiografia escrita por Terence Winter, criador das séries “Boardwalk Empire” e “Vinyl”. Segundo o site The Hollywood Reporter, Leto também vai produzir o filme, intitulado “Warhol”, em parceria com Michael De Luca (“Cinquenta Tons de Cinza”, “A Rede Social”). Ainda não há diretor definido no projeto, mas as filmagens só devem acontecer em 2017. Andy Warhol, que morreu em 1987, aos 58 anos, deixou sua marca em quadros, esculturas, filmes, música e até no jornalismo, como o artista multimídia mais popular da História. O filme será inspirado em sua biografia, publicada em 1989, de autoria de Victor Bockris. O longa deve mostrar as inspirações e os bastidores das criações do artista, que começou a expor seus trabalhos ainda nos anos 1950. Suas obras, que misturavam ícones de consumo, estrelas de cinema e elementos da cultura pop norte-americana questionavam a própria definição do que era arte. Nos anos 1960, o artista manteve um badalado atelier em Nova York, The Factory, que serviu de ponto de encontro para os mais diferentes artistas e celebridades, em clima de festa permanente. Ele também ajudou a lançar e produziu o primeiro álbum da banda Velvet Underground, que tinha Lou Reed como guitarrista, transformou a modelo Nico em cantora, vislumbrou que modelos seriam estrelas de cinema, incentivou a popularização das drag queens, fomentou o movimento do cinema underground em antecipação à cena indie, produziu uma nova geração de cineastas, identificou que o grafite era uma forma de arte moderna e levou Jean Michel Basquiat para as galerias de arte, criou a revista Interview, profetizou que, no futuro, todo mundo seria famoso por 15 minutos. E tudo isso sem falar em seus quadros fantásticos. As criações de Warhol tiveram impacto tão grande que são reproduzidas à exaustão até hoje. Warhol já foi personagem de 44 produções de cinema e TV. Dentre as aparições mais famosas, destaca-se a interpretação do cantor David Bowie, no filme “Basquiat – Traços de Uma Vida” (1996). Mais recentemente, ele foi interpretado por John Cameron Mitchell em três episódios da série “Vinyl”, criada justamente pelo autor da cinebiografia atual.
Veneza: Tom Ford desfila estilo com substância em seu segundo filme
O estilista Tom Ford não entende só de moda. O homem que revitalizou a grife Gucci já tinha surpreendido o mundo cinematográfico ao lançar seu primeiro filme, “Direito de Amar”, no Festival de Veneza de 2009. Naquela ocasião, Colin Firth foi premiado por seu desempenho com a Colpa Volpi de Melhor Ator. Sete anos depois, o segundo longa de Ford, “Nocturnal Animals”, volta a dar o que falar em Veneza, e provavelmente também sairá com prêmios do festival. Após sua apresentação para a crítica, já se fala até de Oscar. Mesmo assim, o longo espaço entre os dois filmes chama atenção. Ford explicou que não foi fácil definir o que iria filmar após sua estreia. “Abri uma centena de lojas, tive um filho, a vida meio que assumiu o controle e não encontrei o projeto certo durante alguns anos”, ele contou no encontro com a imprensa. “Então, com sorte, levará mais três anos até o próximo, e não sete”, completou. Mais confiante após fazer uma estreia festejada como diretor, Ford criou em “Nocturnal Animals” um longa complexo e envolvente, a partir da adaptação do romance “Tony & Susan”, do escritor nova-iorquino Austin Wright. Com Jake Gyllenhaal e Amy Adams nos papéis principais e uma locação dividida entre as elegantes galerias de arte de Los Angeles e as estradas empoeiradas do Texas, o diretor entregou um filme impecável. A parte técnica é belíssima, com figurino, fotografia e direção de arte deslumbrantes, como já tinha sido “Direito de Amar”. A abertura prima pela ousadia e o desenvolvimento revela que, além de estilo, Ford também faz questão de conteúdo. “Para mim, o estilo tem que vir junto com alguma substância. Se não, não me interessa”, disse Ford. A trama passa longe de ser simples. Começa de forma alegórica, com mulheres obesas de meia-idade, pulando e dançando nuas. “Quis mostrar mulheres exageradas, envelhecendo, como é a sociedade americana. Mas me apaixonei, vendo-as tão belas, livres”, explicou o diretor. “Quis dizer que as pessoas devem largar o que esperam que elas sejam e serem o que de fato são”. A introdução prepara a chegada da personagem de Susan Morrow (Amy), uma galerista que atravessa um momento de crise, desgostosa com a própria vida, não vendo mais sentido no seu relacionamento atual, no trabalho e no mundinho fútil que a cerca. Neste contexto, ela recebe o manuscrito de um livro a ser publicado por Edward, seu ex-marido (Gyllenhaal), de quem se separou há 20 anos. O livro é dedicado a Susan e a leitura desperta lembranças do tempo em que ela e o ex aspiravam virar artistas. De família texana conservadora, ela lembra que já foi idealista, mas cedeu aos apelos de uma vida confortável, o que levou ao fim de seu primeiro casamento. Mas o filme não se prende no flashback afetivo. A narrativa se divide em três níveis: naquele instante do presente, na memória de Susan e também na própria leitura do romance. Há uma ficção dentro da ficção, trazida à tona pela trama do livro, sobre Tony Hastings (também interpretado por Gyllenhaal), um professor universitário, cuja mulher e filha adolescente foram assassinadas durante uma viagem de carro da família. Ele quer vingança, mas, segundo Tom Ford, o filme também não é sobre isto. “O filme não é exatamente sobre vingança, mas sobre o sentimento devastador de culpa que atravessa uma pessoa quando ela coloca em apuros aqueles que ama profundamente”, explicou o diretor. Para Amy Adams, o sentimento de vingança “não é útil, não resolve nada”. Mas Gyllenhaal, que tem papel duplo, como Edward em versão jovem e um Tony mais maduro, aprofundou um pouco mais a situação. “Tony se depara com a sua incapacidade de proteger a quem ama, que é um tema muito interessante. Acredito na palavra vingança, mas não acho que ‘Nocturnal Animals’ seja um filme sobre vingança. Meu personagem é um sujeito que odeia armas, não tolera violência, mas acaba tendo que lidar com elas para fazer justiça”. Embora a trama do livro seja a mais chamativa, Ford prefere enfatizar o que acontece no presente, quando Edward ressurge, por meio do presente inesperado, na vida de Susan. “O filme, na verdade, fala de encontrar aquelas pessoas na sua vida que significam algo para você, e de como a gente se apega a elas”, contou o diretor. “A lealdade é algo que certamente é um tema na minha vida pessoal… Não largo das pessoas quando elas são maravilhosas, então para mim é disso que se trata o filme”, explicou.
Francofonia é um filme sofisticado, que dá margem a muitas reflexões
História e Arte são elementos centrais do trabalho do cineasta russo Alexandr Sokurov. Em 2002, em “A Arca Russa”, ele percorreu o museu Hermitage, em São Petersburgo, num único plano-sequência, mostrando as obras de arte associadas a elementos da história russa, sendo encenados à medida em que a visita acontecia. Agora, o foco de seu interesse é o Museu do Louvre, em Paris, num momento delicado de sua história: o da ocupação nazista. “Francofonia – O Louvre sob Ocupação” nos oferece a oportunidade de conhecer um pouco da história desse museu emblemático, que reflete a própria história da França, exibe algumas de suas obras pictóricas e esculturas, abordando as relações entre poder e arte e os significados associados aos acervos culturais. Os museus representam a própria civilização em seu momento mais glorioso: o da criação artística. Para Sokurov, não há nada mais importante do que eles. O que significaria a França sem o Louvre, ou a Rússia, sem o Hermitage? É isso o que talvez explique a luta pela preservação de obras de arte em meio às guerras. Esta, porém, não é uma questão a ser entendida linearmente. “Francofonia” mostra que o poder nazista pretendia incorporar a cultura e a arte francesas a um suposto Estado francogermânico, que se sucederia aos conflitos da 2ª Guerra Mundial. Daí a reverência, o respeito e o desejo de preservar o patrimônio artístico-cultural francês. Já quanto ao acervo cultural soviético, não havia qualquer preocupação de preservação. Esse era o inimigo a ser eliminado, varrido do mapa civilizatório. A justificativa para o combate à arte degenerada, tal como mostra muito bem o documentário “Arquitetura da Destruição” (1992), de Peter Cohen, é puramente ideológica. O combate ao comunismo soviético levaria tudo para essa categoria de avaliação. Considere-se, ainda, que preservar, aqui, significa também roubar, saquear, como resultado das guerras. A própria figura de Napoleão Bonaparte é chamada em encenação do filme não só apreciar a arte em que ele figurava, mas para jactar-se de ter amealhado todo aquele acervo maravilhoso para a França. Obras de grande valor artístico também têm de ser transportadas e estão sujeitas a todo tipo de risco, como o representado pelos temporais que atingem os navios. De qualquer modo, os bombardeios são fatais. E foi preciso deslocar a maior parte das peças do Louvre, durante a guerra, para evitar um possível desastre. Se alguém se preocupa seriamente com essas coisas, tanto estando do lado dos invasores quanto dos invadidos, é sinal de que há esperança e civilização possíveis. Em “Francofonia”, isso é mostrado pela relação entre o diretor do Louvre do período, Jacques Jaujard (1895-1967), interpretado por Louis-Do de Lencquesaing, que continuou seu trabalho junto ao governo colaboracionista de Vichy, e o conde Wolff Metternich (1893-1978), vivido por Benjamin Utzerath, o interventor que, em nome do governo alemão, tinha a tarefa de controlar o acervo artístico e, quando solicitado, enviá-lo para a Alemanha. O que ele evitou de forma consciente que, de fato, se concretizasse. A parceria de Jaujard e Metternich em nome da arte, em plena guerra, transforma até o sentido de palavras como colaboracionismo, obediência e patriotismo, tão comuns em referências bélicas, porque surge uma ética que se superpõe a essas questões, em nome da humanidade e da cultura universal. “Francofonia” é um filme rico, que dá margem a muitas reflexões de toda ordem e é criativo, do ponto de vista cinematográfico, além de visualmente muito bonito. Cenas documentais filmadas na época se acoplam a encenações atuais, por meio das tonalidades fotográficas. Passado e presente se integram em panorâmicas da cidade de Paris e do Louvre, os personagens dialogam com as obras de arte dentro do museu e o próprio filme se faz à nossa frente, contando com as explicações narradas por Sokurov. É um filme sofisticado, que não tem a pretensão de atingir grandes bilheterias. É daquelas coisas pelas quais os cinéfilos babam, mas muito gente acha simplesmente tedioso. Fazer o quê? Não é todo mundo que consegue apreciar uma obra de arte.
Elisabeth Moss vai estrelar primeiro filme em inglês do diretor de Força Maior
O diretor sueco Ruben Ostlund, que se projetou internacionalmente com o premiado drama “Força Maior” (2014), prepara seu primeiro filme falado em inglês. Segundo o site Deadline, “The Square” será estrelado por Dominic West (série “The Affair”) e Elisabeth Moss (série “Mad Men”). A trama gira em torno de uma artista que quer exibir uma instalação em praça pública para promover o altruísmo e coisas positivas. O diretor do museu responsável pelo evento decide contratar uma equipe de relações públicas para promover o projeto, mas eles exageram, gerando atrito com a autora do evento. “The Square” ainda não tem data definida para estrear nos cinemas mundiais.
Tulip Fever: Alicia Vikander vive romance proibido em trailer de drama de época
A Weinstein Company divulgou o primeiro trailer do drama de época “Tulip Fever”. A prévia destaca o triângulo amoroso entre o casal formado por Alicia Vikander (“O Agente da UNCLE”) e Christoph Waltz (“007 Contra Spectre”) e o pintor vivido por Dane DeHaan (“O Espetacular Homem-Aranha 2”). Baseado no livro homônimo de Deborah Moggach, o filme se passa em Amsterdam, no ano de 1630, época em que a “tulipomania” estava em alta – período em que flores de tulipa atingiram preços exorbitantes. Na trama, a jovem Sophia (Vikander) tem um romance proibido com o artista (DeHaan) contratado por seu marido (Waltz) para pintar o seu retrato. O elenco também inclui Judi Dench (“007 – Operação Skyfall”), Zach Galifianakis (“Se Beber, Não Case”), Tom Hollander (“Missão Impossível: Nação Secreta”), Holliday Grainger (“Cinderela”), Jack O’Connell (“Invencível”), Matthew Morrison (série “Glee”), Kevin McKidd (série “Grey’s Anatomy”), David Harewood (série “Supergirl”), a socialite britânica Cressida Bonas e as top models Cara Delevingne (“Cidades de Papel”) e Daisy Lowe (“Sob Pressão”). A adaptação foi escrita pelo dramaturgo Tom Stoppard (“Shakespeare Apaixonado”) e a direção é de Justin Chadwick (“Mandela – O Caminho para a Liberdade”). A estreia está marcada para 15 de julho nos EUA e ainda não há previsão de lançamento no Brasil. https://www.youtube.com/watch?v=puqEadT824c












