Eleanor Coppola, esposa de Francis Ford Coppola, morre aos 87 anos
A cineasta venceu o Emmy com um documentário elogiadíssimo sobre o filme "Apocalypse Now"
Frederic Forrest, ator de “Apocalypse Now” e “A Rosa”, morre aos 86 anos
O ator americano Frederic Forrest faleceu na sexta-feira (23/6) em sua casa em Santa Mônica, aos 86 anos. Ele era conhecido por filmes clássicos como “Apocalypse Now” (1979), “A Rosa” (1979), “O Fundo do Coração” (1981) e “Hammett – Mistério em Chinatown” (1982). Sua morte foi revelada pela atriz Bette Midler (“Abracadabra 2”), com quem o ator contracenou em “A Rosa”, através de uma publicação nas redes sociais. “O grande e amado Frederic Forrest faleceu. Agradeço a todos os seus fãs e amigos por todo o apoio nesses últimos meses. Ele foi um ator notável e um ser humano brilhante, e tive a sorte de tê-lo em minha vida. Ele estava em paz”, escreveu Midler no Twitter. De acordo com o The Hollywood Reporter, seu amigo e ator Barry Primus (“A Amante”) confirmou que ele faleceu após uma longa batalha contra uma doença não revelada. Em setembro do ano passado, haviam criado duas páginas na GoFoundMe, plataforma americana que permite arrecadação de dinheiro pelos usuários, para auxiliar Forrest com as despesas do tratamento. Ao longo da carreira, o ator ganhou notoriedade por papeis como coadjuvante. Embora raramente tenha sido escalado para o papel principal, ele acumulou elogios da crítica, o que já rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Seu maior reconhecimento veio pelo papel como Huston Dyer, um sargento do exército, em “A Rosa”. Na trama, ele fez par romântico com Bette Midler, com quem construiu uma grande amizade. Forrest também apareceu em grandes filmes de Francis Ford Coppola como “A Conversação” (1974) e “Tucker: Um Homem e seu Sonho” (1988). Além de outros longas como “Duelo de Gigantes” (1976), “A Volta do Monstro” (1978), “Sonhos Rebeldes” (1983), “O Menino de Pedra” (1984), “A Chave do Enigma” (1990), “Uma Loira em Apuros” (1994), “Lassie” (1994), “Vingança à Queima-Roupa” (1998) e “The Quality of Light” (2003). Início no teatro com Al Pacino Frederic Fenimore Forrest Jr. nasceu em 23 de dezembro de 1936, em Waxahachie, no Texas. Sua mãe, Virginia, era dona de casa, e seu pai possuía uma loja de móveis. Na infância, ele jogava futebol americano, praticava atletismo e ia ao cinema. Foi quando assistiu ao ator James Dean em “Vidas Amargas” (1955) que decidiu correr atrás da carreira como ator. Em 1957, ele se mudou para Nova York a procura de papéis no teatro. Ele estudou na Academia de Artes Dramáticas de Nova York e no HB Studio, antes de se tornar um membro fundador da já extinta companhia de teatro Circle Repertory Company. No início dos anos 1960, apareceu em várias produções teatrais, fazendo sua estreia na Broadway em 1965 com a peça “The Indian Wants the Bronx”, ao lado de Al Pacino (“O Irlandês”). A produção foi aclamada pela crítica e rendeu indicações para Pacino e Forrest no Tony Award. Com a recepção positiva, o ator começou a fazer participações em filmes e séries. Na década seguinte, ele apareceu em produções maiores como “Quando Morrem as Lendas” (1972) e “A Morte do Chefão” (1973). Foi em 1974 que Forrest começou sua parceria com o renomado diretor Francis Coppola, no longa “A Conversação”. Em seguida, o ator chamou a atenção na televisão americana no telefilme “Larry”, produzido pelo canal CBS naquele mesmo ano. Na trama, ele interpretou o personagem-título em uma história real sobre um homem com inteligência mediana institucionalizado por ser considerado mentalmente deficiente. Parceria com Francis Ford Coppola Após fazer pequenas aparições em seriados e estrelar outras produções, Forrest voltou a trabalhar com Coppola no longa “Apocalypse Now”, um de seus maiores feitos ao longo da carreira. A história da trama era uma crítica do diretor a Guerra do Vietnã, onde Forrest interpretou Jay “Chef” Hicks, um nativo de Nova Orleans despretensioso que vai parar no meio da selva no sudeste asiático, a bordo de um pequeno barco numa missão para acabar com guerrilheiros comandados por um desertor, o terrível Coronel Kurtz (Marlon Brando). É uma jornada rumo ao inferno, com vários encontros e situações desconcertantes ao longo do caminho. O sucesso de “Apocalypse Now” o levou a protagonizar o romance “A Rosa”, dirigido por Mark Rydell. O ator estrelou o longa ao lado de Bette Midler, que na ocasião fazia sua estreia no cinema como Mary Rose Foster, uma diva do rock viciada em excessos, álcool e drogas – uma personagem inspirada em Janis Joplin. Na trama, Forrest interpretou Huston Dyer, o motorista de limusine que se apaixona perdidamente pela estrela. Com a estreia do longa, o ator foi aclamado pela crítica, o que rendeu uma indicação ao Globo de Ouro e ao Oscar pelo papel. Isso o encaminhou para seu terceiro trabalho com Coppola, no polêmico musical “O Fundo do Coração”, lançado em 1981. Desta vez, o ator viveu o protagonista, formando um casal com Teri Garr, que se separa após uma briga em Las Vegas. Os dois passam a buscar companhia de um novo parceiro para passar o feriado de 4 de julho. A nova mulher na vida de Forrest era ninguém menos que a belíssima Nastassja Kinski (recém-saída do sucesso de “Tess”, último filme de Roman Polanski nos EUA), mas ele não conseguia esquecer sua antiga paixão. O romance foi concebido como um musical com trilha de Tom Waits e vários recursos teatrais da Broadway, o que custou uma fábula. Na tentativa de recriar cenários inteiramente dentro de seu recém-lançado estúdio em São Francisco, o cineasta acabou estourando o orçamento da produção. Diante do alto custo do filme, a Paramount desistiu de apoiar o projeto, o que rendeu um grande prejuízo a Coppola, especialmente quando as baixas bilheterias não justificaram o investimento. Com o tempo, porém, o filme se tornou cultuadíssimo. Pouco tempo depois, Forrest se envolveu em mais uma produção problemática. Em 1982, ele estrelou o drama noir “Hammett – Mistério em Chinatown”, produzido por Coppola e dirigido por Wim Wenders (“Perfect Days”). Na trama, ele interpretou o lendário escritor Dashiell Hammett, que usava das suas habilidades de detetive para resolver mistérios. Mas assim como aconteceu com “O Fundo do Coração”, os bastidores do filme foram repletos de intrigas com a Warner Bros., o que resultou em refilmagens da maior parte das cenas, sem o aval de Wenders. Últimos papéis Os problemas nos filmes que protagonizou impediram Forrest de se tornar uma das grandes estrelas da época. Dessa forma, ele procurou investir mais em produções televisivas, o que resultou em aparições na série “Anjos da Lei” (1987), além de destaque em minisséries como “Quo Vadis?” (1985) e “Die Kinder” (1990). Nesse meio tempo, o ator fez sua última colaboração com Coppola, no longa “Tucker: Um Homem e seu Sonho” (1988). O longa foi aclamado pela crítica e rendeu indicações no Oscar daquele ano, embora nenhuma tenha sido para Forrest. Nos anos seguintes, ele participou de longas de qualidades variadas como “O Menino de Pedra” (1984), “A Chave do Enigma” (1990), “Uma Loira em Apuros” (1994), “Lassie” (1994), “Vingança à Queima-Roupa” (1998) e “The Quality of Light” (2003). Sua última aparição nas telas foi no drama político “A Grande Ilusão”, dirigido por Steven Zaillian. A história acompanha a vida do político Willie Stark, interpretado por Sean Penn (“O Franco-Atirador”). Na trama, Forrest deu vida ao personagem de Penn Mesmo que nunca tenha alcançado um grande estrelato, o ator deixou sua marca na indústria cinematográfica e na televisão pelas suas atuações memoráveis. Fora das telas, Forrest foi casado três vezes, sempre com atrizes famosas. Sua primeira esposa foi com Marilu Henner (“L.A. Story”), com quem teve dois filhos. Seu segundo casamento foi com Christine Hendricks (“Mad Men”), e seu terceiro casamento foi com Elan Oberon (“Reação Mortal”). Ele também teve um relacionamento de longa data com a atriz Valerie Perrine (“Superman – O Filme”). The great and beloved Frederic Forrest has died. Thank you to all of his fans and friends for all their support these last few months. He was a remarkable actor, and a brilliant human being, and I was lucky to have him in my life. He was at peace.” — bettemidler (@BetteMidler) June 24, 2023
Charlie Robinson (1945–2021)
O ator Charlie Robinson, que marcou época na TV americana como o escrivão da sitcom clássica “Night Court”, morreu no domingo (11/7) de complicações de câncer num hospital em Los Angeles. Ele tinha 75 anos. Ao longo de sua carreira de meio século, Robinson acumulou mais de 125 créditos na TV e no cinema, trabalhando sem parar até este ano. Ele começou com um pequeno papel no primeiro filme dirigido pelo astro Jack Nicholson, “O Amanhã Chega Cedo Demais”, em 1971. Também apareceu no terror blaxploitation “A Vingança dos Mortos” (1974) e até como um soldado figurante no clássico de guerra “Apocalypse Now” (1979), antes de conseguir seu primeiro papel recorrente numa produção televisiva. Após aparecer em sete capítulos da novela “Flamingo Road”, em 1981, foi contratado para o elenco fixo de “Buffalo Bill”, sitcom de 1983 que trazia Dabney Coleman como um apresentador desprezível de talk show regional. Ao todo, a produção da rede NBC teve apenas duas temporadas, ambas indicadas ao Emmy de Melhor Série de Comédia. Mas nem o cancelamento precoce em 1984 impediu Robinson de se destacar como Newdell, um maquiador de TV que não aceitava desaforos. Seu desempenho rendeu convite para continuar na NBC, entrando no mesmo ano em “Night Court”. A série já tinha exibido a 1ª temporada e era considerada um sucesso, mas a introdução de Robinson como Mac Robinson, o novo escrivão da Corte Noturna, ajudou a atração a se consolidar como uma das mais assistidas da TV americana nos anos seguintes. “Night Court” ficou no ar por nove temporadas, entre 1983 e 1992, oito delas com Robinson, e venceu sete prêmios Emmy. O fim da série não o tirou da TV, onde ele emendou uma série de comédia atrás da outra por mais uma década, como “Love & War” (1992-1995), que durou três temporadas na Fox, “Ink” (1996-1997), com uma temporada completa na CBS, e “Buddy Faro” (1998), meia temporada na ABC, além de aparecer de forma recorrente em “Home Improvement” (de 1995 a 1999). Nos últimos anos, apareceu ainda em arcos de episódios múltiplos de “The Game” (de 2007 a 2014), “Hart of Dixie” (2012-2015) e “Mom” (2015-2019), além de participar de capítulos individuais de várias atrações populares como “Charmed”, “House”, “How I Met Your Mother”, “Grey’s Anatomy” e “This Is Us”. Incansável, Charlie Robinson continuou trabalhando mesmo com o diagnóstico de câncer. Ele estrelou a minissérie “Love in the Time of Corona” para a plataforma Disney+, no ano passado, e ainda terminou mais três longas antes de precisar ser hospitalizado.
Apocalypse Now: Final Cut terá estreia digital no Belas Artes à La Carte
A plataforma de streaming do Cine Belas Artes, o Belas Artes à La Carte, vai lançar a “versão definitiva” de um dos filmes mais reverenciados da história do cinema. “Apocalypse Now: Final Cut” é a terceira versão oficial do clássico de guerra de Francis Ford Coppola, remontada pelo próprio diretor. Como Coppola explica no trailer (abaixo), é uma versão maior que a exibida nos cinemas em 1979 e menor que a disponibilizada em DVD (“Apocalypse Now: Redux”). Tem 3h02 de duração e conta com imagem e som remasterizados. A produção foi exibida pela primeira vez no Festival de Tribeca, em Nova York, em abril de 2018. A estreia no Brasil aconteceu há uma semana, na inauguração do Belas Artes Drive-In, com seus ingressos esgotados em menos de 24 horas. Além da nova versão, o Belas Artes à La Carte disponibilizará também os documentários “Apocalipse de um Cineasta” (premiado no Emmy) e “Dutch Angle: Fotografando Apocalypse Now”, sobre os tumultuados bastidores da produção. A locação será oferecida num pacote com “Apocalypse Now” e os documentários, ao preço de R$ 19,90, a partir de 1 de julho na plataforma do Belas Artes. Veja o trailer legendado da nova versão do clássico:
Jornada de Brad Pitt em Ad Astra é Apocalypse Now no espaço
Em julho de 1969, quando Neil Armstrong e Buzz Aldrin davam seus primeiros passos na Lua, parte da população mais carente dos Estados Unidos protestava contra aquele feito histórico e científico. Na época, o programa Apollo custou cerca de US$ 25 bilhões (o equivalente a 150 bilhões hoje em dia). E enquanto o governo gastava fortunas com a corrida espacial, a comunidade negra passava fome e o país continuava envolvido no conflito do Vietnã, enviando milhares de jovens para a morte todos os dias. A ideia de olhar para o lado de fora pareceu, àqueles que a criticavam, uma forma de ignorar a realidade interna. O filme “Ad Astra – Rumo às Estrelas” parte de uma crítica similar, mas oferece uma abordagem mais intimista. Dirigido por James Gray (“A Cidade Perdida de Z”), que também escreveu o roteiro em parceria com Ethan Gross (série “Fringe”), “Ad Astra” se passa em um futuro próximo, quando a humanidade já avançou na exploração espacial. Viagens à lua tornaram-se rotineiras – para quem consegue pagá-las – e uma base em Marte foi estabelecida como ponto de partida para jornadas mais longas. A trama acompanha o astronauta Roy McBride (Brad Pitt), um sujeito frio, impassível e aparentemente destemido, disposto a sempre colocar a missão à frente da vida pessoal. Sua vivência é ancorada na lembrança do pai, o também astronauta H. Clifford McBride (Tommy Lee Jones), considerado um pioneiro espacial. Há mais de três décadas, o McBride pai liderou o projeto Lima, uma ambiciosa expedição espacial com o intuito de encontrar vida inteligente em outros planetas. Mesmo após o desaparecimento e suposta morte de Clifford, a busca por respostas e por vida alienígena não cessou. E o fantasma do pai ainda assombra o filho, determinando as suas decisões. Quando conhecemos o McBride filho, ele é visto trabalhando em uma gigantesca antena utilizada com o intuito de estabelecer comunicações extraplanetárias. Recuperando-se após um acidente que quase lhe custou a vida, Roy recebe a notícia de que seu pai pode estar vivo, orbitando o planeta Netuno. Não só isso, mas ele também pode estar trás de uma série de ataques energéticos que atingem todo o sistema solar. Roy é escalado para tentar fazer contato com o pai, encontrá-lo e, consequentemente, salvar o universo. Sua jornada, porém, é recheada de descobertas em relação ao pai, em relação a si mesmo e ao próprio universo. E nisto o filme se aproxima bastante da clássica ficção científica “2001 – Uma Odisseia no Espaço” (1968). Ainda assim, a principal referência de “Ad Astra” – apontada pelo próprio diretor – é “Apocalipse Now” (1979). A estrutura do longa-metragem segue à risca a obra de Francis Ford Coppola, desde a chamada à missão, passando pelo percurso a ser seguido, as paradas pelo caminho e culminando nas transformações sofridas pelo protagonista ao longo da jornada. E Gray ainda aborda a figura de McBride como se ele fosse uma espécie de Coronel Kurtz espacial: alguém que antes era visto como um herói, mas que agora virou uma ameaça. E a presença/ausência de Tommy Lee Jones é intimidadora, assim como era a de Marlon Brando. A principal diferença reside no laço familiar. Pois se no filme de Coppola a hierarquia militar era o único relacionamento entre os dois personagens, aqui há uma força muito maior aproximando os dois. O pai é o herói e o vilão da vida do protagonista. E é neste espaço de conflito e admiração que a narrativa de “Ad Astra” é construída. A jornada de pai e filho são similares. Em ambos os casos, as viagens são sucedidas por fatalidades. Aliás, Roy parece atrair tragédias para quem está ao seu redor, seja por meio de ação direta (como quando invade uma nave espacial) ou quando não tem controle pelo ocorrido (quando é perseguido por piratas na Lua). Nada disso, porém, parece afetá-lo. Não apenas os seus batimentos cardíacos mantêm-se ritmados, como suas constantes avaliações psicológicas o qualificam como apto a continuar a missão. Pitt carrega seus segredos no seu rosto e no seu silêncio. E Gray não hesita em aproximar sua câmera do rosto do ator, para captar nuances da sua atuação, como a única lágrima que escorre do seu rosto durante o clímax. Além disso, o cineasta mantém o seu apuro estético característico, presenteando-nos com tomadas que exploram a imensidão e a beleza do espaço. O contraste entre as cenas passadas no espaço – ou em outros planetas – e aquelas ambientadas na Terra, sempre escura e opressiva, serve para explicitar justamente aquilo que o filme busca criticar: a ideia de buscar algo (resposta, beleza, etc) naquilo que está longe, e nunca no que está ao nosso lado. A jornada do herói se completa quando ele percebe a sua ínfima importância diante da vastidão do universo.
Apocalypse Now vai ganhar nova versão “definitiva”
O cineasta Francis Ford Coppola anunciou, em entrevista para o site Deadline, que vai lançar uma nova versão do clássico “Apocalypse Now” (1979). Será uma edição do diretor que será apresentada no vindouro Festival de Tribeca, e foi batizada de “Apocalypse Now Final Cut”. Ou seja, a edição “definitiva”. Trata-se da terceira versão do filme. Todas foram edições do diretor, por assim dizer, já que supervisionadas por Coppola. “Percebi que o filme não era tão estranho quanto eu pensava e até se tornou mais contemporâneo”, contou Coppola, sobre a decisão de voltar a mexer na edição da obra. Ele admitiu que, anos depois de ter lançado a versão “Redux” de “Apocalypse Now”, passou a achá-la muito longa. “Essa versão [Redux] tinha tudo que havia sido cortado em relação ao cinema. Muitas vezes senti que a versão original de 1979 tinha sido abruptamente cortada e Redux era muito longa”. A nova versão será um meio termo, com cenas que não foram exibidas no cinema, mas com ritmo mais ágil e menor duração que a maratona de 2h33 de “Redux”. O Festival de Tribeca acontece entre 24 de abril e 5 de maio em Nova York.
Clássico literário Coração das Trevas vai virar série sci-fi
A plataforma Sony Crackle está desenvolvendo uma série baseada no clássico literário “Coração das Trevas”, de Joseph Conrad. O detalhe é que a obra, publicada em 1902, será adaptada como uma sci-fi futurista. Não será a primeira vez que “Coração das Trevas” inspira uma adaptação livre em outro gênero. A trama de Conrad já virou filme da guerra do Vietnã em “Apocalypse Now” (1979), de Francis Ford Coppola. A história original acompanhava o protagonista Marlowe por rios tortuosos da selva africana para resgatar Kurtz, um comprador de marfim cujos métodos acabam por se revelar inadequados para a empresa mercantil que o contratou, escancarando os abusos da exploração colonial no continente. Já a série vai se passar em um futuro no qual a Terra é uma memória distante e acompanhará uma odisseia espacial onde a sobrevivência da humanidade estará em risco, explorando temas como racismo, imigração e colonização, tal como no livro. A adaptação foi escrita por Cameron Litvack, produtor-roteirista de “Grimm” e “Quantico”. Como o projeto ainda está em fase inicial, pode ser recusado caso não agrade aos executivos da Sony.
R. Lee Ermey (1944 – 2018)
Morreu o ator R. Lee Ermey, que ficou conhecido ao interpretar o sargento durão de “Nascido para Matar”. Ele faleceu aos 74 anos, em Santa Monica, na Califórnia, em consequência de complicações com uma pneumonia. Sargento reformado do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e veterano da Guerra do Vietnã, Emery estreou em Hollywood como consultor militar em clássicos sobre o conflito asiático como “Os Rapazes da Companhia C” (1978), de Sidney J. Furie, e “Apocalypse Now” (1979), de Francis Ford Coppola. Em ambos, também fez pequenos papéis como militar. Sua transformação definitiva em ator, porém, foi ideia do cineasta Stanley Kubrick. Durante a filmagem de “Nascido para Matar” (1987), Kubrick resolveu promovê-lo de consultor a protagonista, por considerá-lo mais qualificado para viver o sargento Hartman no filme do que qualquer ator. O personagem é responsável pela tensão de toda a primeira parte da trama, ao comandar, de forma sádica, o treinamento dos soldados que iam para a Guerra do Vietnã. Kubrick acertou em cheio. Emery ficou tão convincente que recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante na época. A experiência positiva lhe estimulou a seguir carreira, lançando-o em diversos papéis de homem autoritário. Ele foi o prefeito Tilman em “Mississippi em Chamas” (1988), o capitão de polícia em “Seven – Sete Pecados Capitais” (1995), o dublador do Sargento em “Toy Story” (1999) e suas sequências, o xerife Hoyt na refilmagem de “O Massacre da Serra Elétrica” (2003) e na continuação de 2006, entre muitos outros.
Planeta dos Macacos – A Guerra empolga com ação, efeitos e sensibilidade
Ainda que Matt Reeves não tenha dirigido os três filmes deste reboot de “O Planeta dos Macacos”, foi ele que, ao assumir o segundo ato, “O Planeta dos Macacos: O Confronto” (2014), superou as formulações óbvias do tema. Junto com o colaborador Mark Bomback, tanto em “Confronto” como nesse novo “Planeta dos Macacos: A Guerra”, não brinca apenas com a ideia de um mundo onde a supremacia símia de repente parece ser mais civilizada do que a humana. Ambos – diretor e roteirista – se deliciam em imaginar as implicações desta inversão social. Isso do ponto de vista dramático. Já como entretenimento são igualmente felizes. Realizam dois filmes sagazes, cheios de reviravoltas, com empolgantes cenas de ação e um magnífico trabalho de caracterização dos atores. Esse “Planeta dos Macacos: A Guerra”, pra começar, desmente a apologia do título bélico que o marketing do estúdio investe. Em vez de elogio ao conflito, o filme é todo construído sobre a ideia de como uma guerra aborta traumaticamente os planos das pessoas, e como ela aniquila quase tudo o que pode haver de positivo dentro de um ser. Sim, as ações começam pequenas, mas elas vão se desdobrando e esbarrando em outros símbolos de intolerância, racismo, os perigos da obsessão e o veneno da vingança. A história é contada da perspectiva dos macacos. É óbvio desde as primeiras cenas que eles são os protagonistas e os humanos, os vilões. O principal antagonista, o Coronel vivido por Woody Harrelson, é introduzido obliquamente e não recebe uma cena completa até a metade do filme. Mas mesmo neste delineamento fácil de divisar entre o “bem” e o “mal”, há uma perplexidade em cena. Os gestos simiescos soam terrivelmente arbitrários para nós, e nos chamam a atenção para como terrivelmente arbitrários devem ser os nossos próprios atos. No centro da cena está o macaco César (Andy Serkis), o líder desta contradição. César sempre está pagando as contas por procurar uma convivência pacífica com os humanos. Sem seu rival Koba (Toby Kebbell), agora existente apenas em seus pesadelos, o protagonista enfrenta uma oposição que se multiplica em células. Há mais macacos dissidentes e pelo menos dois tipos de humanos: um grupo que caça os símios apenas pelo prazer de exterminá-los, e outro grupo, que está buscando uma vacina para conter o vírus mutante que continua a aprontar das suas com os humanos. César tem que lutar contra todos eles, mas a maior pedra no caminho é o Coronel. As táticas brutais do oficial forçam César a enfrentar os aspectos mais escuros de sua natureza. Quando o vilão mata a mulher e o primogênito do líder símio, o ponderado protagonista macaco perde o chão. Acompanhado por dois companheiros, Rocket (Terry Notary) e o orangotango Maurice (Karin Konoval), César esquece a racionalidade e busca a vingança a qualquer custo. E Andy Serkis mais uma vez oferece uma performance memorável. Reeves mantém o ator sob seu foco e deixa a câmera namorar o rosto de Serkis, suas expressões. Se precisar dar uma pausa na ação, para ir mais fundo nas emoções, Reeves pára e espera. Essa atuação, sabemos, ganha depois a sobreposição dos efeitos digitais, mas e daí? A forma como essas fronteiras se misturam é um maravilhoso testemunho de quão eficaz os dois instrumentos podem ser juntos. Não adianta só a tecnologia. Quando o humano se sobressai, a dramaturgia sai enriquecida. Serkis domina sua criação com uma densidade dramática rara. Em cada um dos filmes, o ator explorou uma estação emocional do personagem. No primeiro, César era jovem, havia um certo entusiasmo em formação, que foi sendo corrompido até levá-lo ao desencanto e depois à revolta. No segundo filme, o dilema de confiar mais uma vez nos humanos emprestaram nuances dignas de um drama shakespereano e ele pagou um preço que ele não esperava: foi traído por um amigo e teve que matá-lo. Terminou a história como um personagem embrutecido. Neste terceiro, a carga pesa ainda mais. César está velho, cansado, tenta se vender como um guerreiro estrategista implacável, mas, depois da morte dos entes queridos, é tomado pela mesma ira que o levou a matar Koba. Conforme aproxima-se de sua vingança, o fantasma do amigo reaparece parar rir da sua escolha. O lado ponderado perdeu-se em César. Ninguém o desarma. Nem mesmo a adorável Nova (Amiah Miller), menina humana órfã que encontra em sua rota. Maurice acolhe a criança, César olha pra ela com ódio nos olhos. Seu oponente, o militar humano (Harrelson) intencionalmente é uma figura bidimensional – tão frio quanto o gelo, ele range os dentes quase como um animal. O vírus que destruiu a humanidade se modificou em tal ordem que agora está conduzindo os homens a regressão das faculdades mentais. O primeiro indício é a perda da fala, depois a atrofia do raciocínio. O Coronel quer liquidar os macacos, porque não admite que o homem vire o animal dos animais. Em sua resignação, o vilão traz muito do Coronel Kurtz vivido por Marlon Brando em “Apocalypse Now” (1979). Há outras menções apontando o clássico de Coppola como referência para Reeves. O Coronel montou seu exército particular. E também é um sujeito recluso, tentando esconder sua mente torturada por uma série de atos terríveis que cometeu. O tributo a “Apocalypse Now” é inteiro neste Planeta dos Macacos. É evocado ainda na sequência de ataque de uma esquadrilha de helicópteros e numa bela pichação numa gruta, onde lemos “Ape kapylpse Now”! Fosse só o filme de Coppola e a homenagem aos filmes de guerra já estaria de bom tamanho, mas Reeves se dá ao capricho de desfiar sua veia cinéfila, emulando cenas dos clássicos “A Ponte do Rio Kwai” (1957), “Fugindo do Inferno” (1963) e “Nascido para Matar” (1987). Claro, as cenas e sensibilidade são todas mais que familiares, mas o filme transpira uma espécie de charme nostálgico das velhas matinês de aventura e, ao mesmo tempo, é tão agradável e isento da tradicional incoerência dos filmes atuais, que parece que estamos presenciando a história pela primeira vez. Obra-prima? Chega perto. Se há um defeito em “O Planeta dos Macacos: A Guerra”, esse reside nas cenas finais. Obviamente não estou contando o que acontece, mas cabe fazer menção ao sentido do que vemos. O final é redentor, lacrimejante e completamente desnecessário.
Francis Ford Coppola lança campanha para transformar Apocalypse Now em videogame
Francis Ford Coppola quer transformar seu filme “Apocalypse Now” (1979) num videogame. Ele se juntou a um grupo de desenvolvedores veteranos da indústria dos games e lançou uma campanha de financiamento coletivo no Kickstarter para levantar US$ 900 mil até o dia 24 de fevereiro, visando lançar “Apocalypse Now – The Game”. Descrito como “um RPG imersivo e psicodélico”, o jogo tem produção de Lawrence Liberty, responsável por “Fallout: New Vegas”. “Quarenta anos atrás, eu comecei a fazer um filme de arte pessoal, que com sorte influenciaria gerações de audiências anos depois,” Coppola disse, no comunicado do projeto. “Hoje, eu me junto a novos destemidos, um time que quer fazer uma versão interativa de ‘Apocalypse Now’ onde você é o Capitão Benjamin Willard no meio do ambiente hostil da Guerra do Vietnã. Eu tenho visto video games se transformarem num meio significativo de contar histórias, e eu estou animado para explorar as possibilidades de ‘Apocalypse Now’ numa nova plataforma e para uma nova geração.” Caso a meta seja atingida, “Apocalypse Now – The Game” será lançado para PC. Se o projeto superar expectativas e obter US$ 2,5 milhões, terá versões para PS4 e Xbox One. Mas se US$ 3 milhões forem levantados, o jogo também terá uma edição para realidade virtual. Entretanto, mesmo se a campanha der certo, a espera será grande. A previsão para o projeto é para outubro de 2020. Veja abaixo o vídeo produzido para o Kickstarter.






