Bolsonarista tenta censurar festival de São Paulo contra censura
A vereadora bolsonarista Sonaira Fernandes, ex-funcionária de gabinete de Eduardo Bolsonaro, tentou impedir a realização do festival São Paulo Sem Censura, que será promovido pela Prefeitura da capital paulista nesta semana, entre 3 e 6 de junho. Ela protocolou uma ação popular na 14ª Vara da Fazenda Pública argumentando que se trata de um evento político, que visa “disseminar ódio e repúdio” ao governo federal, e não cultural. Mas na decisão proferida nesta terça-feira (1/6), o juiz José Eduardo Cordeiro Rocha apontou que, na verdade, a vereadora estava incorrendo em tentativa de censura ao buscar impedir uma manifestação contra censura. Ele indeferiu o pedido de liminar. “O acolhimento liminar da pretensão da autora é que seria temerário e poderia representar indevida ingerência do Judiciário em critérios discricionários de escolha da programação do evento cultural pelo Executivo ou ainda, o que seria pior, levar indiretamente à censura prévia do conteúdo da produção artística e à livre manifestação do pensamento, o que é vedado pela Constituição Federal”, escreveu o magistrado. Em sua primeira edição, no ano passado, o festival foi chamado de Verão Sem Censura e abrigou peças teatrais, exposições e outros eventos que sofreram represálias ou censura do governo federal. Um dos maiores entusiastas era o então prefeito Bruno Covas (PSDB), que morreu em decorrência de um câncer em maio. A nova edição, rebatizada de São Paulo Sem Censura, será um dos primeiros eventos de grande porte na cidade com Ricardo Nunes (MDB) como prefeito. Neste ano, o festival concebido pelo secretário da Cultura Alê Youssef será dividido em quatro eixos: Excluídos da Fundação Palmares, Censura Prévia na Lei Rouanet e Ancine, Liberdade de Imprensa e de Expressão e Políticas de Silenciamento. A programação terá atividades sediadas por equipamentos culturais da cidade, como o Theatro Municipal – que terá uma leitura dramatúrgica de “Santo Inquérito”, uma das mais importantes peças modernas do teatro brasileiro, com direção de Bete Coelho – , o Centro Cultural São Paulo (CCSP), o Centro Cultural da Juventude (CCJ), além de ações em ruas e avenidas, da Paulista até Itaquera. Adaptada aos protocolos de distanciamento social, o evento também prevê mostras de filmes na plataforma digital da SPCine, empresa municipal de fomento a cinema. A seleção destaca o trabalho de quatro coletivos independentes de cinema, Babado Periférico, Astúcia, Mbyá-Guarani de Cinema e Surto & Deslumbramento, com exibição de curtas, médias-metragens e webséries, além de debates transmitidos via redes sociais.
Cineasta Viviane Ferreira é a nova presidente da SPCine
A cineasta e advogada Viviane Ferreira (“Um Dia Com Jerusa”) é a nova diretora-presidente da SPCine, agência paulistana de fomento ao cinema. Ela entra no lugar da cineasta Laís Bodanzky (“Como Nossos Pais”), que estava no cargo desde fevereiro de 2019. Em comunicado postado nas redes sociais, o secretário de Cultura Municipal de São Paulo, Alê Youssef, explicou que Bodanzky havia se comprometido a ocupar o cargo por somente dois anos. “Desde que Laís Bodanzky aceitou nosso convite para assumir a Presidência da SPCine, ela deixou clara sua disposição de se dedicar por dois anos à estruturação e valorização da empresa municipal e do setor audiovisual na cidade. Abrindo mão temporariamente de sua celebrada e premiada carreira, Laís posicionou São Paulo no topo do audiovisual brasileiro e foi certamente a melhor presidente que a SPCine já teve. Que grande honra tê-la ao meu lado como uma das figuras públicas dessa linda equipe que montamos. Muito obrigado, Laís”, elogiou Youssef. Ele também afirmou que a substituição tem como parâmetro uma política de “continuidade” do que foi feito na gestão de Bodanzky. “Com orientação do prefeito Bruno Covas, iniciamos junto com a Laís um período de transição para uma nova gestão onde a palavra de ordem é continuidade”, ele escreveu. Viviane Ferreira, a nova diretora-presidente da Spcine, também recebeu elogios e as boas-vindas no cargo. Em sua carreira como cineasta, ela dirigiu o longa-metragem “Um Dia Com Jerusa” (2020) e um dos segmentos do documentário “Pessoas: Contar Para Viver” (2019). Seu curta “O Dia de Jerusa” (2014) esteve na seleção de festivais internacionais como de Cannes e de Roterdã. E Youssef complementou sua lista de realizações em seu comunicado. “Viviane é uma grande referência do setor audiovisual brasileiro. Especialista em políticas públicas para o audiovisual, advogada e cineasta, é Presidente e uma das fundadoras da APAN – Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro. Presidiu também o Comitê de Seleção do Oscar 2021, responsável por indicar o representante brasileiro para a Academia de Cinema americana”, enumerou o secretário de Cultura. “Tenho certeza de que com todo seu conhecimento, capacidade de articulação e ativismo, Viviane vai continuar a fazer a SPCine crescer, participar do nosso trabalho de posicionamento da Cultura na centralidade do desenvolvimento econômico e social da cidade e agregar muito na luta coletiva de amparo, defesa e valorização da nossa Cultura nesse período tão difícil. Bem vinda, Viviane!”, concluiu. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Alê Youssef (@aleyoussef)
São Paulo fará nova edição do festival Verão Sem Censura
São Paulo terá uma segunda edição do festival Verão Sem Censura, que em 2020 celebrou obras de artistas que foram censuradas ou atacadas pelo governo Jair Bolsonaro. Em 2020, o festival contou com apresentações do DJ Rennan da Penha, do músico e poeta Arnaldo Antunes, da banda russa Pussy Riot, além de peças de teatro, exposições, filmes LGBTQIA+ e debates. Agora, refletindo a pandemia, o evento mesclará apresentações on-line e instalações em lugares emblemáticos da cidade, sem aglomerações. A nova edição acontecerá em março e explorará temas como os excluídos da Fundação Palmares, a censura econômica (barreiras burocráticas com a Lei Rouanet e a Ancine) e ataques à liberdade de imprensa. “A cultura passa por um momento difícil não só pela pandemia, mas também pelos ataques do obscurantismo. Vamos continuar fazendo ações de defesa da cultura a partir da maior cidade do país”, disse Alê Youssef, secretário de Cultura e idealizador do festival.
São Paulo e Rio assumem a frente da resposta cultural à crise do coronavírus no Brasil
Os governos de São Paulo e Rio tomaram a frente das soluções para a indústria cultural, durante a crise gerada pela pandemia de coronavírus no Brasil. No mesmo dia em que a Ancine publicou a impressionante decisão urgente de obrigar filmes e séries com financiamento público a exibirem a bandeira nacional, as secretarias municipais de Cultura das duas maiores cidades brasileiras, bem como a secretaria estadual do governo de São Paulo, anunciaram medidas concretas. O secretário de Cultura Alê Youssef anunciou nesta quinta (19/3) a iniciativa Janelas de São Paulo, que envolve cerca de 8 mil artistas. Eles farão apresentações gravadas em suas casas, que serão pagas e divulgadas pela Prefeitura na internet. A proposta deve abranger criadores de diversas linguagens artísticas, inspiradas pelas cantorias nas janelas de cidades italianas durante a quarentena naquele país, assim como o surgimento de shows online organizados por artistas da música pop internacional. O material gravado pelos artistas ficará disponível nas páginas da prefeitura, nas redes sociais e também, provavelmente, na plataforma de streaming Spcine Play, mantida pelo município. O serviço, por sinal, liberou diversos filmes para serem vistos de graça pelo público, na terça passada (17/3). O projeto Janelas de São Paulo tem orçamento de R$ 10 milhões. Além disso, a secretaria paulistana destaca que outros R$ 93 milhões serão disponibilizados em forma de fomentos e programas que já estavam previstos antes do surto do vírus, e que tiveram os prazos estendidos, atendendo reivindicação do setor. Também para garantir renda, os contratos já assinados foram prorrogados. Mesmo as atividades que tiveram de ser adiadas serão pagas como acordado antes do coronavírus e reagendadas para entrega ou exibição após a crise. Já o governo do estado de São Paulo anunciou uma linha de crédito com 12 meses de carência para proteger empresas durante a crise provocada pela pandemia. Dos R$ 500 milhões anunciados, R$ 275 milhões são destinados exclusivamente para os setores de cultura e economia criativa, turismo e comércio, vistos como os mais impactados pela situação. Só para as áreas de cultura e economia criativa, que normalmente respondem por 3,9% do PIB do estado, a perda com a pandemia do coronavírus é estimada em R$ 34,5 bilhões pelo secretário Sérgio Sá Leitão. Outra ação anunciada é o programa Cultura em Casa, que está reunindo, em um site, links para conteúdo cultural que o público pode ver em casa para se entreter. Aos poucos, a lista deve engordar com opções de todas as entidades culturais ligadas ao governo. No Rio, o secretário municipal de Cultura, Adolfo Konder, informou que a pasta vai adiantar o processo de seleção dos editais dos Pontos de Cultura e da Música para Lonas, Arenas e Areninhas. Sarão dez pontos de cultura financiados com R$ 70 mil, e um Pontão de Cultura, que receberá R$ 300 mil. Os projetos de música selecionados receberão R$ 30 mil cada. Assim como na cidade de São Paulo, a proposta é que cada projeto selecionado receba os recursos o quanto antes, independentemente do processo de realização. Konder também informou que está fazendo estudo orçamentário para viabilizar financiamentos de ações e projetos em plataformas online voltados para pequenos produtores e artistas de rua. O projeto Janelas de São Paulo pode servir de exemplo para a iniciativa carioca.
Prefeitura de São Paulo cria programa de incentivo à filmagens na cidade
A prefeitura de São Paulo publicou decreto que cria um programa de apoio a filmagens nacionais e internacionais na cidade. Ele prevê um subsídio de 20% a 30% do valor total gasto por produções que escolham a capital como cenário. Os recursos podem ser desembolsados tanto em dinheiro como em infraestrutura. A medida consolida a política de atração de filmagens para promover a cidade. Além da promoção de São Paulo, a iniciativa também fomenta a atividade cinematográfica na cidade, ajudando a criar um pólo de profissionais especializados, o que gera mais emprego, circulação de dinheiro e desenvolvimento. Várias metrópoles canadenses têm programas similares, que fazem com que a maioria das séries e muitos filmes americanos sejam rodadas por lá, a ponto de obrigar Los Angeles a conceder incentivos para manter os estúdios de Hollywood na cidade. A iniciativa de estimular filmagens em São Paulo havia sido anunciada no ano passado, por decisão do prefeito Bruno Covas, que encomendou o projeto ao secretário da Cultura, Alê Youssef, e à presidente da Spcine, a cineasta Laís Bodanzky.
Spcine anuncia investimento de R$ 24 milhões para produção de filmes em São Paulo
A Spcine, empresa municipal que incentiva o audiovisual paulistano, anunciou nesta quarta-feira (19/6), Dia do Cinema Brasileiro, o investimento de R$ 24 milhões para a produção de novos filmes em São Paulo. Os recursos serão divididos em seis editais, previstos para o período entre 2019 e 2020. Do total, R$ 20 milhões foram levantados pelo Fundo Setorial do Audiovisual e os outros R$ 4 milhões pela própria Spcine. Os projetos que receberem o maior valor terão que co-investir pelo menos R$ 1 milhão, além de lançar o filme em pelo menos 250 salas de cinema no primeiro fim de semana com, no mínimo, três sessões diárias. Já os valores menores, de R$ 200 mil e R$ 100 mil, não precisarão de contrapartidas. A iniciativa é vital num momento em que o futuro do cinema brasileiro é colocado em cheque com o fim do patrocínio de estatais, mudanças na lei de incentivo e instabilidade na Ancine causada por problemas contábeis, o que levou à paralisação temporária no investimento em novas produções. “Esse investimento é estratégico para o movimento de difusão do audiovisual, um dos pilares do programa municipal ‘São Paulo Capital da Cultura’, lançado em abril pelo prefeito Bruno Covas”, disse o secretário municipal de Cultura Alê Youssef, em comunicado. “É também mais um sinal claro e inequívoco da importância e do apoio que a cidade de São Paulo dá para suas manifestações culturais”. “Em um momento de escassez no patrocínio às iniciativas culturais no Brasil, o pacote de investimentos em audiovisual vem pra garantir que o cinema brasileiro siga sua trajetória de crescimento, chegando ao público e exportando nossa identidade para o mundo”, completa a cineasta Laís Bodanzky, presidente da Spcine. A Spcine e Secretaria Municipal de Cultura ainda elaboram um plano com investimento inicial de R$ 3,15 milhões voltado para o mercado de games, produção de curtas-metragens e desenvolvimento de conteúdos audiovisuais para ser lançado durante o período 2019-2020.
Laís Bodanzky assume a direção da Spcine
A cineasta Laís Bodanzky (“Como Nossos Pais”) assumiu a direção da Spcine, empresa municipal de cinema. A cerimônia de posse aconteceu nesta terça (26/3) no complexo cultural Praça das Artes, centro de São Paulo, ocasião em que ela destacou a solidez do órgão. “Chego aqui pegando uma empresa saudável. Não vou pegar um abacaxi. É uma empresa que nasceu de forma sólida”, ressaltou a cineasta, que por 15 anos desenvolveu com o marido, o também cineasta Luiz Bolognesi (“Ex-Pajé”), o projeto social Tela Brasil, levando cinema a locais como periferias, aldeias indígenas e penitenciárias. Criada em 2015 na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, a Spcine tem como objetivo fomentar e desenvolver o audiovisual na capital paulista. E recebe um nome de peso na gestão de Bruno Covas, no momento em que a área cultural enfrenta cortes de investimento por empresas estatais, incluindo a Petrobras e a Caixa, com tradição no patrocínio cinematográfico – além do rebaixamento do Ministério da Cultura à condição de secretaria pelo governo de Jair Bolsonaro. A situação foi lembrada pelo secretário municipal de Cultura, Alê Youssef, durante a posse da cineasta. “Nosso partido é a cultura”, sintetizou. “A cultura vem sendo atacada, vem sendo objeto de boatos absurdos, de empresas estatais retirando patrocínios, de ataques a Lei Rouanet e ao sistema S. A melhor maneira de enfrentar tudo isso é continuar fazendo coisas belas, e isso passa por escolher uma equipe plural e representativa.” Primeira mulher a dirigir o órgão, Laís Bodanzky anunciou planos de ampliar o conselho consultivo da Spcine e investir no Observatório da entidade, com levantamento de dados sobre o setor audiovisual que servem de base para políticas públicas. A diretora de “Como Nossos Pais” (2017), “As Melhores Coisas do Mundo” (2010), “Chega de Saudade” (2007) e “Bicho de Sete Cabeças” (2000) também pretende melhor a comunicação da Spcine. “Queremos criar um choque de comunicação para todos saberem o que a Spcine fez e faz”, disse Bodansky, referindo-se a projetos como o Circuito Spcine, que leva cinema a periferias da cidade, e o Spcine Play, plataforma de streaming que dispõe de mais de 190 produções.






