Christopher Nolan chama HBO Max de “pior serviço de streaming”
O diretor Christopher Nolan resolveu chutar o pau da barraca. Depois de uma entrevista em que criticou a Warner por sua decisão de lançar todos os seus filmes de 2021 simultaneamente nos cinemas norte-americanos e na HBO Max, plataforma de streaming administrada pela empresa, o cineasta aumentou o tom em uma nota enviada ao site The Hollywood Reporter. “Alguns dos maiores cineastas e estrelas de cinema de nossa indústria foram para a cama na noite anterior pensando que estavam trabalhando para o maior estúdio de cinema e acordaram para descobrir que trabalhavam para o pior serviço de streaming”, disse Nolan, cuja relação com a Warner vem desde “Insônia”, de 2002. “A Warner Bros. tinha uma máquina incrível para distribuir o trabalho de um cineasta em todos os lugares, tanto nos cinemas quanto em casa, e eles estão desmontando isso enquanto conversamos. Eles nem mesmo entendem o que estão perdendo. Sua decisão não faz sentido econômico, e mesmo o investidor mais casual de Wall Street pode perceber a diferença entre ruptura e disfunção.” A decisão de lançar o calendário de filmes de 2021 simultaneamente nos cinemas e na HBO Max foi anunciada na semana passada, e a iniciativa abrange títulos como “Matrix 4”, “Esquadrão Suicida”, “Godzilla vs. Kong”, “Duna” e “Invocação do Mal 3”. Curiosamente, o desempenho do último trabalho de Nolan, “Tenet”, é que levou a Warner a considerar essa alternativa. Maior blockbuster lançado durante a pandemia, o filme fez apenas US$ 56 milhões na América do Norte, mas numa ocasião em que mais da metade das salas de cinemas estava aberta. Agora, apenas 35% do mercado cinematográfico continua em funcionamento nos EUA e no Canadá, resultando em bilheterias muito mais baixas. Além da maioria das salas estarem fechadas, devido ao coronavírus, os cinemas que permanecem abertos estão operando com capacidade reduzida, horários limitados e mantendo requisitos de distanciamento social, que afetam seus faturamentos. O problema, segundo Nolan, é que a decisão de realizar lançamentos híbridos não foi estudada ou discutida com todos os interessados. Quando falou ao site ET Online, o diretor apontou: “Há muita controvérsia em torno disso, porque eles não contaram a ninguém. Em sua programação de 2021, eles têm alguns dos maiores cineastas do mundo, eles têm algumas das maiores estrelas do mundo, que trabalharam por anos em alguns casos nesses projetos, que os consideram muito próximos de seus corações e que foram concebidos para ser grandes experiências de tela. Eles devem estar nos cinemas para o maior público possível … E agora eles estão sendo usados como liquidação para o serviço de streaming – para o serviço de streaming incipiente – sem qualquer consulta”. Ele deve ter entrado em contato com alguns colegas revoltados pela iniciativa do estúdio. E seriam muitos, segundo a imprensa americana.
Christopher Nolan critica Warner por lançar blockbusters em streaming
O diretor Christopher Nolan, que lança seus filmes pela Warner, criticou a decisão do estúdio de lançar todos os seus filmes de 2021 simultaneamente nos cinemas norte-americanos e na HBO Max, plataforma de streaming administrada pela empresa. Em entrevista ao site ET Online, o diretor não mediu palavras. “Oh, quero dizer, estou descrente. Especialmente pela maneira como o fizeram. Há muita controvérsia em torno disso, porque eles não contaram a ninguém. Em sua programação de 2021, eles têm alguns dos maiores cineastas do mundo, eles têm algumas das maiores estrelas do mundo, que trabalharam por anos em alguns casos nesses projetos, que os consideram muito próximos de seus corações e que foram concebidos para ser grandes experiências de tela. Eles devem estar nos cinemas para o maior público possível … E agora eles estão sendo usados como liquidação para o serviço de streaming – para o serviço de streaming incipiente – sem qualquer consulta. Portanto, há muita controvérsia. É muito, muito, muito bagunçado. Uma verdadeira propaganda enganosa. Não é assim que você trata os cineastas, estrelas e pessoas que trabalharam muito nesses projetos. Eles mereciam ser consultados sobre o que vai acontecer com seu trabalho.” A decisão de lançar o calendário de filmes de 2021 simultaneamente nos cinemas e na HBO Max foi anunciada na semana passada, e a iniciativa abrange títulos como “Matrix 4”, “Esquadrão Suicida”, “Godzilla vs. Kong”, “Duna” e “Invocação do Mal 3”. O site Deadline apurou que o estúdio Legendary, parceiro da Warner em “Godzilla vs. Kong” e “Duna” realmente não foi consultado e deve enviar um comunicado oficial ao estúdio sobre o destino de suas produções. Curiosamente, o desempenho do último filme de Nolan, “Tenet”, é que levou a Warner a considerar essa alternativa. Maior blockbuster lançado durante a pandemia, o filme fez apenas US$ 56 milhões na América do Norte, mas numa ocasião em que mais da metade das salas de cinemas estava aberta. Agora, apenas 35% do mercado cinematográfico continua em funcionamento nos EUA e no Canadá, resultando em bilheterias muito mais baixas. Além da maioria das salas estarem fechadas, devido ao coronavírus, os cinemas que permanecem abertos estão operando com capacidade reduzida, horários limitados e mantendo requisitos de distanciamento social, que afetam seus faturamentos.
Hong Kong fecha cinemas pela terceira vez
Hong Kong fechou seus cinemas novamente, por um período de duas semanas, a partir desta terça (2/12). Isso ocorre em meio a novas restrições do governo local devido ao aumento crescente de infecções por covid-19. Esta é a terceira vez que o governo determina o fechamento dos cinemas na região devido à pandemia. As salas exibidoras de Hong Kong pararam de funcionar pela primeira vez no final de março e reabriram no início de maio, encerrando suas atividades novamente em julho para reabrir no final de agosto. Os filmes que tiveram um bom desempenho entre este abrir e fechar de salas incluem “Tenet”, de Christopher Nolan, a sequência sul-coreana “Invasão Zumbi 2: Península” e o recente sucesso japonês “Demon Slayer The Movie: Mugen Train”. Caso realmente voltem a funcionar em duas semanas, os cinemas de Hong Kong reabrirão com o lançamento de “Mulher-Maravilha 1984”. Em 2017, o mercado da região contribuiu com US$ 6,5 milhões para o faturamento mundial do primeiro “Mulher Maravilha”. Na segunda-feira (1/12), o governo local exortou o público a “ficar em casa o máximo possível, evitar sair a menos que seja necessário, jantar fora com menos frequência, reduzir todas as atividades que levem a tirar a máscara e interromper todas as atividades sociais desnecessárias, especialmente refeições em reuniões familiares”. Juntamente com os cinemas, Hong Kong fechou centros de jogos, locais de diversão, locais de entretenimento público (incluindo museus e parques temáticos), estabelecimentos de karaokê, instalações de mahjong-tin kau e piscinas. O governo também criou uma linha direta para que os residentes possam denunciar festas, incluindo a bordo de iates particulares.
Os Croods 2 fatura menos que Tenet em sua estreia nos EUA
Único grande estúdio de Hollywood que está lançando filmes de forma praticamente semanal desde a reabertura dos cinemas na América do Norte, a Universal manteve o cronograma para sua principal estreia em meio à pandemia de coronavírus. Mas a animação “Os Croods 2: Uma Nova Era” cumpriu as piores expectativas, faturando bem menos que a estreia de “Tenet” entre sexta e domingo. O desenho animado arrecadou US$ 9,7 milhões nos três dias do fim de semana oficial, menos da metade dos US$ 20,2 milhões de “Tenet” em sua estreia. Mas, em compensação, aumentou bastante seu montante ao longo do feriado estendido do Dia de Ação de Graças nos EUA, devido a uma abertura antecipada na quarta-feira (25/11). Com os dois dias extras, o fim de semana de cinco dias de “Os Croods 2” pode ter rendido entre US$ 14 e US$ 17 milhões, segundo diferentes avaliações publicadas na imprensa especializada dos EUA. Os valores são bem mais elevados que a média recente das estreias no país, a maioria na casa dos US$ 3 milhões. Mas no contexto dos lançamentos históricos do feriadão do “Thanskgiving”, os números são horríveis. Para completar, a animação não é um filme barato, mesmo que tenha sido realizada de forma mais econômica que o longa original de 2013. Sua produção teve custo estimado de US$ 65 milhões – metade do que custou o primeiro filme, porque agora a Universal é dona da DreamWorks Animation. Mas ainda somam-se a isso os valores de P&A, cópias e publicidade. A consultoria iSpot apurou que a Universal gastou mais US$ 27 milhões apenas em anúncios televisivos para promover a estreia nos EUA. Com cinemas vazios ou fechados na América do Norte, a expectativa do estúdio para recuperar o investimento está focada no lançamento em PVOD (aluguel digital premium), que, graças a diversos acordos com exibidores, deverá acontecer em menos de 20 dias. Mas ainda há esperanças de retorno nos cinemas do mercado internacional, especialmente na Ásia, onde o controle da pandemia tem sido melhor administrado. “Os Croods 2” faturou cerca de US$ 20,8 milhões no exterior, dos quais US$ 19,2 milhões vieram da China. Esse retorno faz com que a soma completa de suas bilheterias chegue, numa avaliação otimista, a US$ 37,8 milhões mundiais. O lançamento de “Os Croods 2” também estendeu o reinado da Universal nas bilheterias dos EUA, que agora soma cinco fins de semanas consecutivos (ou um mês completo). O atual Top 5 dos filmes mais vistos no país incluem 4 títulos do estúdio: o terrir “Freaky – No Corpo de um Assassino” (2º), o thriller “Let Him Go” (4º) e o terror “Come Play” (5º), que já saiu em PVOD nos EUA. Entre eles, ainda aparece em 3º lugar a comédia independente “Guerra com o Vovô”, estrelada por Robert De Niro (no papel do vovô). No Brasil, a estreia de “Os Croods 2: Uma Nova Era” está, a princípio, marcada para os cinemas no dia 24 de dezembro.
Tenet irrita com explicações, mas fascina com ação
A decisão da Warner de lançar “Tenet” nos cinemas mesmo com os índices de contaminação ainda altos e com o público temeroso de pisar em uma sala de exibição foi arriscada. Com isso, o filme do diretor Christopher Nolan tornou-se o único “blockbuster” do semestre, já que houve uma rejeição a “Os Novos Mutantes” – um filme bem simpático e que mereceria um pouco mais de consideração. Começar o texto falando de loucura de lançar “Tenet” em plena pandemia contrasta com o fato de Nolan ser reconhecido como um diretor cerebral. Em seus filmes, quem fica com os neurônios pegando fogo é o público. E se as pessoas acharam “A Origem” (2010) e “Interestelar” (2014) complicados, “Tenet” eleva essa complexidade a uma outra escala. Quando se acha que está começando a entender a trama, Nolan apresenta novas cenas para deixar o espectador perdido novamente. Mas é preciso respeitar um cineasta que é capaz de fazer um filme caro como este, de difícil compreensão, sem um protagonista do nível de Leonardo DiCaprio (“A Origem”) ou Matthew McConnaughey (“Insterestelar”), e seu estúdio apostar que isso atrairia um número considerável de espectadores em plena pandemia. “Tenet” é um filme que faz o público variar sua reação ao longo da projeção. Dá para se irritar com as explicações sobre as balas reversas, depois achar fascinante a história de um mundo reverso e ficar bastante impressionado com as cenas de ação, e em especial com o som, com a qualidade de som do filme, que numa sala IMAX é estrondoso. A trilha sonora, a cargo do sueco Ludwig Göransson, lembra algumas bandas de rock industrial, como o Ministry. É possível embarcar na proposta de Nolan: um diretor com uma fascinação absoluta pelo tempo, e que vem brincando com isso de maneira cerebral ao longo de toda sua filmografia, talvez desde a sua obra de estreia. Lembremos que em Nolan até o sonho é racionalizado, vide “A Origem”. Até porque, com “Tenet”, ele reforça sua posição como um dos cineastas mais determinados a realizar ficção científica da maneira mais séria possível. Ou seja, trazendo conceitos científicos reais, de física e química, para a construção de uma trama complexa. O problema (ou seria a solução?) é que ele não quis fazer um filme de ficção científica, mas uma espécie de thriller de espionagem à moda de James Bond, com o mérito de trazer um protagonista negro e cheio de carisma. John David Washington foi uma grande aposta, já que seu papel de maior destaque até então tinha sido “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee, um filme mais direcionado ao circuito alternativo. Aqui ele incorpora um James Bond meio perdido, mas que nunca abandona a elegância. Sempre com um terno chique, mesmo quando está às voltas com lutas braçais com criaturas vindo do futuro. O fato de o protagonista (ele não tem nome no filme) estar tão perdido quanto o espectador não deixa de ser um alento. Aliás, é curioso que, na época da divulgação do filme, contou-se que nem o elenco entendeu a história de “Tenet”. Então, quando vemos os personagens dialogando sobre conceitos complicados de uma maneira até um tanto robótica, a impressão é que Nolan realmente não se importou muito com a preparação dos atores, mais interessado na mise-en-scène, como Alfred Hitchcock tempos atrás. As cenas que mais se aproximam de uma sensação dramática ou minimamente sentimental vem da personagem de Elizabeth Debicki, que interpreta a esposa do personagem de Kenneth Branagh, um homem que tem em suas mãos o destino do universo. Uma das sequências mais empolgantes do filme, inclusive, acontece quando os dois coadjuvantes estão em um barco. Por outro lado, as cenas de ação mais ambiciosas, como as perseguições rodoviárias, parecem um pouco engessadas. Mas ainda assim funcionam como um alívio para o cérebro nas duas horas e meia de duração que, acredite se quiser, passam voando.
Tenet vai ganhar versão digital em dezembro
“Tenet” entrou em cartaz apenas na semana passada no país, oferecendo um alívio efêmero ao circuito exibidor, mas já vai chegar ao mercado digital. A Warner agendou o lançamento do novo filme de Christopher Nolan nas plataformas digitais, em Blu Ray e DVD nos EUA em 40 dias, no dia 15 de dezembro. O Brasil foi o penúltimo país do mundo a recebê-lo – antes apenas da Argentina – , quando o desencanto com seu desempenho já tinha se tornado constatação. Até John Stankey, CEO da AT&T, conglomerado de comunicações que comprou a Warner, admitiu que o estúdio não marcou um gol ao apostar que o lançamento faria o público perder o medo da covid-19 para lotar novamente as salas de exibição. Antes visto como salvação do mercado por exibidores, preocupados em ter um grande lançamento para a volta das sessões de cinema, “Tenet” passou a ser lamentado como responsável por desencorajar Hollywood a lançar novos títulos de peso em 2020. Sua baixa bilheteria nos EUA – US$ 53,8 milhões – levou os estúdios a atrasarem suas produções de grande orçamento para 2021, com a exceção provisória de “Mulher-Maravilha 1984”, também da Warner e ainda esperada – sem muita convicção – neste Natal. Talvez não seja coincidência que sua distribuição em streaming tenha sido programada para antes da estreia prevista da continuação de “Mulher-Maravilha”, dando a Warner uma pista do interesse do público em assistir grandes lançamentos em PVOD (locação digital premium, isto é, mais cara). Afinal, “Tenet” não foi exibido nos cinemas de Nova York e Los Angeles, os dois maiores mercados dos EUA, porque eles continuam fechados devido à pandemia de coronavírus. Com os cinemas sendo novamente fechados na Europa, o filme também não terá mais como aumentar tanto suas bilheterias internacionais, que atualmente somam US$ 347,1 milhões – insuficientes para suprir as despesas de uma produção orçada em mais de US$ 200 milhões.
Christopher Nolan diz que Hollywood está equivocada sobre desempenho de Tenet
O diretor Christopher Nolan finalmente se manifestou sobre o desempenho de seu mais recente filme, “Tenet”, nas bilheterias. O longa teve uma performance razoável no mercado internacional, mas foi considerado um fracasso nos Estados Unidos por ter faturado apenas US$ 53,8 milhões em dois meses. Em uma entrevista ao jornal Los Angeles Times, Nolan reclamou da abordagem que clama que seu filme fracassou. Para ele, Hollywood e a imprensa estão tirando conclusões erradas a respeito do lançamento. “A Warner Bros. se dispôs a lançar ‘Tenet’ e fiquei realmente emocionado pelo filme ter arrecadado quase US$ 350 milhões (mundiais). Mas estou preocupado que os estúdios estejam tirando conclusões erradas de nosso lançamento: que, em vez de olhar para onde o filme teve êxito e como isso pode ajudar um possível lançamento a não perder dinheiro, eles estejam olhando para as expectativas pré-covid e começam a usar isso como uma desculpa para não entrar no jogo e se adaptar – ou reconstruir nosso negócio, em outras palavras. Desse jeito, se cria uma desculpa, e faz com que os exibidores se tornem os únicos prejudicados, ao invés de tentar coloca-los no jogo para se adaptar à essa nova realidade. A longo prazo, ir ao cinema faz parte da vida, como ir a restaurantes e tudo mais. Mas, agora, todo mundo tem que se adaptar a uma nova realidade.” De fato, as conclusões de Hollywood a respeito do lançamento de “Tenet” foram assustadoras, a ponto de limparem o calendário, adiando todas as grandes estreias de cinema para 2021, à exceção de “Mulher-Maravilha 1984”, por enquanto ainda marcado para o Natal, embora a expectativa é que também seja levada para o ano que vem. Por outro lado, “Tenet” faturou quase US$ 300 milhões no mercado internacional e ainda está em cartaz em vários lugares do mundo, incluindo no Brasil, onde fez sua estreia no último fim de semana. Mas com um orçamento de mais de US$ 200 milhões, a Warner esperava pelo menos o dobro do que já rendeu no exterior para cobrir suas despesas de produção.
Tenet volta a lotar cinemas em plena pandemia no Brasil
O circuito cinematográfico brasileiro teve seu melhor de semana desde o começo da pandemia neste feriado de Finados. Entre quinta e segunda (2/11), 291,4 mil pessoas compraram ingressos para assistir aos filmes em cartaz, segundo levantamento da consultoria Comscore. O feriadão teve a estreia de “Tenet”, o maior candidato a blockbuster lançado desde março, que foi responsável por levar 107,9 mil pessoas aos cinemas. O thriller de ação e ficção científica da Warner arrecadou R$ 2,05 milhões nas bilheterias. Os valores deste fim de semana são 140% maiores do que os da semana anterior, em que os cinemas tiveram público de 119 mil espectadores. “Tenet” foi responsável por quase dobrar esse montante, mas também tiveram bons desempenhos o filme de super-heróis “Os Novos Mutantes” e o documentário musical “BTS Break the Silence”. Já pelos dados do site Ingresso.com, “Tenet” foi responsável por 56% dos ingressos de cinema vendidos no fim de semana prolongado. Mesmo assim, os valores estão bem abaixo do “antigo normal”. No último final de semana antes do fechamento das salas devido a covid-19 (entre os dias 12 e 15 de março), os cinemas arrecadaram R$ 8,4 milhões em venda de ingressos, com um dia a menos na conta e já em fase de esvaziamento pelo receio da pandemia. No exterior, o desempenho de “Tenet” decepcionou o mercado e foi responsável por assustar os estúdios de Hollywood, que suspenderam as estreias deste ano, passando seus principais lançamentos para 2021. Deste modo, o pretenso renascimento do negócio cinematográfico no Brasil, graças à estreia do filme, não tem como se sustentar pela falta de outros grandes lançamentos nos próximos meses. Uma opção seria dar mais espaço para produções nacionais. Infelizmente, a Ancine e o desgoverno têm criado dificuldades para a liberação de verbas, atrasando e inviabilizando diversas produções brasileiras, o que gera um efeito colateral de tempestade perfeita para o setor.
Tenet chega aos cinemas brasileiros
Adiado várias vezes por causa da pandemia de coronavírus, “Tenet” finalmente estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (29/10), mas sem causar o furor imaginado pela Warner, quando o estúdio resolveu apostar que seu lançamento faria o público perder o medo da covid-19 para lotar novamente as salas de exibição. Como o Brasil é o penúltimo país do mundo a recebê-lo – antes apenas da Argentina – , o desencanto com seu desempenho já se tornou constatação. Em números frios, “Tenet” acabou faturando US$ 341 milhões em todo o mundo, após mais de dois meses de exibição, mas não empolgou o público na América do Norte, onde sua bilheteria estacionou em US$ 52,5 milhões. Orçado em cerca de US$ 200 milhões, ele deveria fazer três vezes esse valor na bilheteria – uma regrinha tosca para chegar no break even, o ponto de equilíbrio em que o prejuízo acaba. Ficou longe de conseguir e essa dificuldade serviu de alerta para os estúdios rivais, que decidiram adiar todos seus grandes lançamentos para 2021 – ou, no caso da Disney, disponibilizá-los diretamente em streaming. Há quem argumente que “Tenet” foi a aposta errada para ser o grande chamariz do público e ressuscitar o parque exibidor. Não é nenhuma franquia e ainda quis ser “difícil” em toda sua campanha publicitária. Pior, sua suposta ousadia nem sequer encantou a crítica, tradicionalmente seduzida pelas obras do diretor Christopher Nolan. Ficou com 71% de aprovação no site Rotten Tomatoes, o que significa que é bom, mas não é imperdível. O filme tem sequências fantásticas, como uma perseguição de carros em marcha a ré, mas sua história de espionagem é bastante simplória – impedir um vilão de destruir o mundo – , embora Nolan tente complicá-la por meio de uma artifício de estilo, ao brincar com a linearidade do tempo. Nolan iniciou sua carreira contando um filme de trás para frente – “Amnésia”, em 2000. Desta vez, faz o tempo avançar e recuar em situações-chaves, utilizando como desculpa para essa opção narrativa uma invenção cartunesca de vilão típico dos thrillers de James Bond. Rodado em sete países com câmeras IMAX e filme analógico de 70mm, “Tenet” tem um visual espetacular e um elenco impressionante, que inclui John David Washington (“Infiltrado na Klan”), Robert Pattinson (“Bom Comportamento”), Elizabeth Debicki (“As Viúvas”), Clémence Poésy (“The Tunnel”), Martin Donovan (“Big Little Lies”), Aaron Taylor-Johnson (“Vingadores: Era de Ultron”) e Dimple Kapadia (“Confinados”), atriz veterana de Bollywood em seu primeiro grande papel em Hollywood, sem esquecer de dois velhos conhecidos dos filmes de Nolan, Michael Caine (trilogia “Batman”) e Kenneth Branagh (“Dunkirk”). A outra “grande” estreia de cinema deste fim de semana é a comédia nacional “De Perto Ela Não É Normal”, mais um monólogo teatral transformado em filme, depois do sucesso de “Minha Mãe É uma Peça” e “Os Homens São de Marte… E é pra Lá que eu Vou”. Suzana Pires adapta e estrela a versão de cinema da peça que ela apresentou nos palcos em 2006. A protagonista é Suzy, uma mulher madura, casada com seu namoradinho de infância (Marcelo Serrado) e com duas filhas crescidas, que segue exatamente a vida tradicional prescrita por sua mãe. Mas quando as filhas saem de casa e ela reencontra sua Tia Suely, Suzie resolve dar uma guinada na vida e ir em busca de si mesma, evoluindo da condição de “mãe de família” para mulher empoderada e bem-sucedida. A direção é de Cininha de Paula (“Crô em Família” e “Duas de Mim”) e o elenco é cheio de celebridades televisivas, que ajudam a dar maior apelo popular a seu tipo de humor – cheio de piadas escatológicas. Entre os famosos do elenco estão as cantoras Ivete Sangalo e Gaby Amarantos, os apresentadores Angélica e Otaviano Costa, os comediantes Samantha Schmütz, Heloisa Perissé, Orlando Drummond e Cristina Pereira, o ex-“A Fazenda” Gominho, o veterano símbolo sexual Henri Castelli e a travesti Jane Di Castro, que faleceu na sexta passada (23/10). O filme foi seu último trabalho. Há mais uma ficção brasileira na lista: “Cabrito”, terror premiado no festival Fantaspoa. Primeiro longa escrito e dirigido por Luciano de Azevedo, o filme é uma ampliação do curto homônimo do cineasta, lançado em 2015, e sua coleção de bizarrices, contadas ao longo de três capítulos, é a única alternativa disponível para quem busca um programa cinematográfico de Halloween (31/10). O circuito de arte, por sua vez, destaca a comédia “Tel Aviv em Chamas”, que traz o conflito entre palestinos e israelenses para os bastidores de um programa de TV. O filme de Sameh Zoabi foi premiado no Festival de Veneza e pela Academia de Cinema de Israel. A programação se completa com dois documentários nacionais. Veja abaixo os trailers dos seis lançamentos desta quinta (29/10).
CEO da AT&T “não está otimista” sobre futuro do cinema
Quando lançou “Tenet” nos cinemas, há mais de 50 dias, a Warner tinha seu discurso afinado com os proprietários de cinema, acreditando que o filme seria o grande lançamento capaz de voltar a encher as salas e superar a crise da pandemia de coronavírus. Mas as salas não encheram e a crise se aprofundou após o desempenho do longa – orçado em mais de US$ 200 milhões – não dar o retorno esperado, levando outros estúdios a tirarem seus títulos do calendário de 2020. Agora, John Stankey, CEO da AT&T, empresa dona da WarnerMedia, diz que o lançamento de “Tenet” durante a pandemia foi um erro. Ou, em suas palavras: “Não posso dizer que saímos da experiência de ‘Tenet’ dizendo que foi um gol”. A fala aconteceu durante uma teleconferência com investidores na quinta-feira (22/10), onde Stankey confessou não saber o que vai acontecer com o mercado cinematográfico. “Essa ainda é uma das coisas sobre as quais não temos grande visibilidade”, ele afirmou. “Fizemos algumas experiências. Fizemos algumas coisas”, continuou. E foi quando fez a comparação esportiva sobre o desempenho de “Tenet” – na verdade, ele usou a expressão “home run”, uma analogia de beisebol, “traduzida” aqui para o gol do futebol visando facilitar a compreensão. O desempenho de “Tenet” deve afetar os próximos lançamentos do estúdio. A Warner tem a estreia de “Mulher-Maravilha 1984” prevista para dezembro, mas são grandes as apostas de que ela será adiada, já que mantê-la representaria uma nova aposta, enquanto outros estúdios adiam estreias em massa para evitar esse teste. Stankey deu a entender que a Warner não será responsável por novas apostas arriscadas. Ele demonstra que a ordem agora é ter cautela e esperar. “À medida que chegarmos a um ponto onde haja uma situação um pouco mais consistente, talvez possamos fazer um pouco mais”. “Eu diria que a temporada de férias será o próximo grande ponto de verificação para ver o que ocorre e se podemos ou não mover algum conteúdo de volta para a exibição cinematográfica. Teremos que tomar uma decisão com base nisso e no que estiver acontecendo em diferentes geografias e na contagem de infecções no país”, ele afirmou. “Mulher-Maravilha 1984” tem sua estreia marcada para o Natal, que marca o começo das férias de inverno nos EUA. Portanto, antes do “próximo grande ponto de verificação”. No entanto, a produção de conteúdo foi retomada. Stankey observou que existem atualmente 130 produções em andamento, entre filmes e séries da Warner. Normalmente, esse número seria cerca de 180. Em relação a isso, ele considera que “estamos fora de perigo”. Ou seja, o estúdio aprendeu a trabalhar sob as restrições impostas pela pandemia e não terá problemas com falta de material. A questão que se impõe agora, especialmente com o lançamento da plataforma HBO Max, prioridade da AT&T, é onde exatamente exibir esse conteúdo. “Ainda estamos empenhados em tentar colocar parte do conteúdo que consideramos mais importante nas salas de cinema, se isso fizer sentido”, continuou Stankey. Mas sua conclusão não passou uma mensagem muito positiva. “Esperamos que o mercado seja incrivelmente fatiado no próximo ano”, disse, acrescentando que “não está otimista” quanto a uma recuperação significativa nem no início de 2021. Por conta disso, a Warner está “considerando todas as opções”. “À medida que avançarmos e pudermos ter um quadro mais claro, vamos tomar as decisões”, concluiu. Vale observar que o remake de “Convenção das Bruxas”, originalmente previsto para os cinemas, estreou na HBO Max neste fim de semana.
Cinemas vazios nos EUA apontam que crise do setor está longe de passar
O desempenho das bilheterias de cinema nos EUA durante o fim de semana disparou alarmes por todo o mercado, deixando claro que o negócio cinematográfico corre risco de nunca mais se recuperar. O novo filme de ação de Liam Neeson, “Legado Explosivo” (Honest Thief), manteve-se na liderança das bilheterias da América do Norte pelo segundo fim de semana seguido com uma arrecadação de US$ 2,35 milhões. Mas esta arrecadação, que nem sequer entraria no Top 10 antes da pandemia, foi a única a superar os US$ 2 milhões entre sexta e domingo (25/10) nos EUA e Canadá. O Top 3 ainda inclui a comédia “Guerra com o Vovô”, estrelada por Robert DeNiro, com US$ 1,8 milhão, e o “blockbuster” da covid-19, “Tenet”, com US$ 1,3 milhão. Diante destes números, o site Deadline publicou um texto atacando a decisão de políticos que mantém os cinemas de Los Angeles e Nova York fechados, além de criticar a Disney por lançar seus principais títulos em streaming (“Hamilton”, “Mulan” e “Soul”) e despejar apenas refugos no circuito cinematográfico. A Disney distribuiu a única estreia de sexta (23/10), o terror “O Mensageiro do Último Dia” (The Empty Man), uma produção original de Fox, que chegou sem sessões para imprensa e pouco investimento em divulgação – apesar de incluir o queridinho da Netflix Joel Courtney (o Lee Flynn de “A Barraca do Beijo”) em seu elenco. Foi lançado em 2 mil telas, mas rendeu apenas US$ 1,2 milhão, ocupando o 4ª lugar com salas vazias. As poucas críticas publicadas afirmam que se trata realmente de um horror. Entretanto, a performance negativa de “O Mensageiro do Último Dia” não é exceção. Todas as salas de cinema dos EUA estão vazias e a reabertura de Los Angeles e Nova York não mudaria este quadro. Para completar, os sinais são ainda mais desanimadores em relação ao futuro, após a nova onda de coronavírus que varre a Europa. O fato incontornável é que o público está com medo dos cinemas. Os donos das redes não abrem mão de vender refrigerante e pipoca, e com isso o uso “obrigatório” de máscaras de proteção virou falácia nas salas de exibição. Devido a esses sinais contraditórios, os cinemas continuam a ser vistos como inseguros. E os estúdios não pretendem fazer grandes lançamentos enquanto essa visão não for alterada. O negócio cinematográfico mudou, e enquanto alguns buscam alternativas, como a rede AMC, que fechou um acordo com a Universal para diminuir a janela de exibição de filmes em troca de participação nos lucros de streaming, outros preferem simplesmente fechar as portas a negociar ou repensar seu modelo, como a Regal/Cineworld, acreditando que isso servirá de pressão para sensibilizar os estúdios ou os governos. Mas os cinemas voltaram a fechar na Europa. E John Stankey, CEO da AT&T, empresa dona da WarnerMedia, acaba de vocalizar que o lançamento de “Tenet” durante a pandemia foi um erro. Ou, em suas palavras: “Não posso dizer que saímos da experiência de ‘Tenet’ dizendo que foi um gol”. Ao mesmo tempo em que a Disney anuncia que seu negócio de streaming superou as expectativas, atingindo em meses o alcance previsto para cinco anos, a Sony se adianta aos demais estúdios para adiar um filme esperado para março (“Caça-Fantasmas: Mais Além”), passando-o para julho de 2021. Em outras palavras, são cada vez menores as chances de “Mulher-Maravilha 1984” ser visto nos cinemas em dezembro. Assim como as chances de os cinemas superarem sua maior crise sem uma grande mudança no setor.
Novo filme de ação de Liam Neeson lidera bilheterias em crise nos EUA
O novo filme de ação de Liam Neeson, “Legado Explosivo” (Honest Thief), liderou as bilheterias da América do Norte neste fim de semana, ao arrecadar US$ 3,7 milhões. O valor é US$ 100 mil maior que a estreia de “Guerra com o Vovô”, o “sucesso” da semana passada que se tornou o pior campeão de bilheteria norte-americano desde 1988. Com os cinemas ainda fechados em Los Angeles, Nova York e São Francisco, e a pandemia de coronavírus ainda longe do fim, o desempenho dos lançamentos continua pífio nos EUA. Não é à toa que os grandes estúdios estão desistindo de lançar seus blockbusters potenciais, passando seus principais títulos para 2021. De fato, já circulam rumores sobre nova leva de adiamentos, que cancelariam o vindouro Natal cinematográfico. Em entrevista nesta semana, a diretora Patty Jenkins afirmou ter dúvidas sobre a estreia de “Mulher-Maravilha 1984” em dezembro. O desempenho de “Tenet”, que a Warner considerou ser capaz de trazer o público de volta aos cinemas, acabou tendo efeito inverso do esperado, conduzindo a um grande apagão de estreias. Ironicamente, porém, a paranoia dos estúdios tem sido benéfica para o filme do diretor Christopher Nolan. Única produção orçada em mais de US$ 200 milhões em cartaz nos cinemas dos EUA, “Tenet” avança a conta-gotas, mas firme, graças à falta de concorrentes, e atingiu neste fim de semana a bilheteria doméstica de US$ 50,6 milhões. É muito pouco para seu custo de produção, mas ajudou o valor mundial da arrecadação a chegar a US$ 333 milhões. O efeito conta-gotas pode até servir de estímulo para a retomada de estreias de produções de orçamento modesto. Um dos primeiros títulos a chegar aos cinemas norte-americanos durante a pandemia, “Fúria Incontrolável” (Unhinged), estrelado por Russell Crowe, atingiu US$ 20 milhões na América do Norte neste domingo (18/10), após 10 semanas em cartaz. Em todo o mundo, o filme está com US$ 39 milhões. “Fúria Incontrolável” fez pouco menos que a superprodução “Os Novos Mutantes”, última herança da Fox distribuída pela Disney. A adaptação dos quadrinhos da Marvel rendeu US$ 22,7 milhões em sete semanas na América do Norte e US$ 43,7 milhões mundiais. Os cinemas americanos ainda receberam duas estreias neste fim de semana, “Amor e Monstros” (Love and Monsters) e “The Kid Detective”, mas os estúdios se entusiasmaram menos que a crítica com seus lançamentos, colocando-os em poucas telas para apostar numa distribuição simultânea em PVOD (VOD com preço de ingresso de cinema). Elogiadíssimos e com grande apelo comercial, os dois filmes tiveram que se contentar em fechar o Top 10, respectivamente com US$ 255 mil e US$ 135 mil, enquanto reprises de sucessos infantis dos anos 1990 (“Abracadabra” e “O Estranho Mundo de Jack”) ocuparam a maioria das salas disponíveis. Esta comparação de desempenhos e estratégias acaba passando a pior mensagem possível sobre o setor, que enfrenta uma crise capaz de mudar hábitos de forma permanente.









