Poze do Rodo cobra punição após morte de jovem em festa com crianças pelo Bope: “Queremos solução”

Funkeiro critica operação policial que resultou na morte de Herus Mendes em festa junina no Morro do Santo Amaro

Instagram/Poze do Rodo

Poze do Rodo cobra Justiça sobre ação do Bope

O cantor Poze do Rodo cobrou punição para os policiais envolvidos na ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) que resultou na morte de Herus Mendes, de 24 anos, durante uma festa junina no Morro do Santo Amaro, no Catete, zona sul do Rio de Janeiro. Herus, que trabalhava como office boy em uma imobiliária, foi baleado durante a operação, realizada em horário proibido para incursão policial.

A declaração foi dada ao Voz das Comunidades, durante o Festival MC Não é Bandido, neste domingo (8/6), no Campo do Sargento, Complexo do Alemão. Poze do Rodo se mostrou indignado com a postura dos agentes: “Eu quero ver se vocês vão fazer vista grossa para isso [o caso de Herus]. Isso não pode acontecer, é inadmissível, queremos uma solução e uma resposta para qual vai ser a punição dos policiais que entraram atirando na comunidade do Santo Amaro em horário que não podia entrar”.

O que aconteceu?

Relatos de moradores dizem que o Bope entrou atirando na festa junina do Morro do Santo Amaro, uma tradicional celebração da comunidade, que reunia famílias e crianças na noite de sexta (6/6). Durante a operação, o jovem Herus Mendes, de 24 anos, foi atingido por disparos e morreu. Ele deixa um filho de dois anos. Outras cinco pessoas foram feridas na mesma operação. Três delas têm estado de saúde estável. Segundo disse à GloboNews o Hospital Souza Aguiar — para onde todas foram levadas —, uma das vítimas da polícia deu entrada em estado grave.

O episódio gerou revolta entre os moradores, que alegam que a ação colocou em risco a vida de crianças e inocentes durante uma celebração comunitária, aumentando a cobrança por investigações, punição dos responsáveis e respeito às normas de segurança pública em datas festivas.

A tragédia levou o governador do Rio, Cláudio Castro, a determinar neste domingo (8/6) o afastamento imediato dos responsáveis por autorizar a operação. Foram afastados o coronel André Luiz de Souza Batista, comandante do Comando de Operações Especiais (COE), o coronel Aristheu Lopes, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e 12 policiais do Bope que participaram da ação.

Funkeiro nega apologia ao crime após prisão

Durante a entrevista, o funkeiro também negou que suas músicas façam apologia ao crime, acusação que o levou à prisão recentemente por cinco dias. “Mostrar para o Estado que não somos bandidos, somos o contrário. Nós queremos fazer o favelado virar um artista, igual eu, igual o Oruam, e cada um deles virar uma potência no Brasil”, declarou.

Poze do Rodo acrescentou que a criminalização do funk é seletiva e que MCs são chamados de traficantes quando se apresentam nas comunidades, mas, ao cantar em casas noturnas de luxo, têm entre seu público os filhos e netos das autoridades.

O papel do funk nas comunidades

O cantor afirmou que suas músicas refletem a realidade dos moradores de favela: “O nosso som não é apologia. Nosso som é sobrevivência de quem vive aqui dentro, e nós cantamos o que nós vivemos. Não tem como uma criança que nasce e cresce aqui na comunidade falar de praia da Barra da Tijuca, eles cantam o que eles veem”.

O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi noticiado.