Julgamento do assassinato de Rafael Miguel é suspenso após destituição de advogado

Acusado de triplo homicídio, Paulo Cupertino alegou "quebra de confiança" para dispensar defesa

Paulo Cupertino, acusado da morte do ator Rafael Miguel e de seus pais, interrompeu o primeiro dia de seu julgamento nesta quinta-feira (10/10) ao destituir o advogado Alexander Neves Lopes durante os depoimentos. O julgamento foi dissolvido e terá que ser retomado em nova data, com outro corpo de jurados e defesa. A decisão de Cupertino ocorreu após as testemunhas Vanessa e Isabela Tibcherani, ex-companheira e filha do acusado, relatarem que ele era o único possível responsável pelos crimes.

Alegação de “quebra de confiança”

Cupertino justificou sua decisão citando “quebra de confiança” com o advogado, que afirmou à imprensa que o réu se mostrou incomodado por não estar com seus óculos, por estar sendo filmado e pelo uso de algemas. Alexander Neves Lopes negou que a destituição tenha sido uma estratégia e afirmou que sua postura seria de respeito ao processo judicial. “Se ele [Paulo] entender que é uma estratégia, é uma estratégia desfavorável a ele”, declarou.

Ricardo Marinho, advogado de Vanessa e Isabela Tibcherani, criticou a atitude de Cupertino, classificando-a como “mau-caratismo”. Segundo Marinho, a destituição teria o objetivo de prejudicar o andamento do julgamento: “Desde a primeira entrevista eu avisei que a defesa vai agir de forma ardilosa para prejudicar esse julgamento.”

Depoimentos sobre histórico de violência

Vanessa Tibcherani, primeira testemunha a depor, relatou que sofreu “inúmeras agressões” durante os 22 anos de relacionamento com Cupertino e que chegou a registrar boletins de ocorrência, mas abandonou as denúncias após ser ameaçada.

Depois, veio o depoimento de Isabela, que namorava Rafael Miguel na época do crime. Ela contou que presenciou as agressões do pai contra a mãe e que também foi alvo dele: “Ele já quebrou um prato na minha cabeça. Também tentou me sufocar com um pano de prato”. Ela também afirmou que ele não a deixava sair de casa, muito menos namorar.

Com a destituição de seu advogado, Paulo Cupertino permanece preso preventivamente e terá de constituir nova defesa antes que o julgamento possa ser remarcado.