A volta de “Halo” e “Tokyo Vice” são os principais destaques da programação de séries, enquanto a chegada de “As Marvels” representa o maior lançamento entre os filmes. Os destaques do streaming também contemplam uma nova série sul-coreana para transformar em mania, a primeira série infantil brasileira da Netflix e uma seleção de filmes com sequestro de avião, farsa romântica, drama de amadurecimento e true crime. Confira o Top 10 da semana.
SÉRIES
HALO 2 | PARAMOUNT+
A 2ª temporada da série baseada no videogame do Xbox representa uma guinada criativa, que deixa para trás elementos controversos da temporada anterior e se concentra no embate entre a Aliança Covenant e a UNSC. Essa mudança de direção é acompanhada pela saída de personagens como a Dra. Halsey, interpretada por Natascha McElhone, e a inteligência artificial Cortana, papel de Jen Taylor. Sob a liderança do novo showrunner David Wiener (“Admirável Mundo Novo”), a narrativa coloca Master Chief, vivido por Pablo Schreiber, no coração da trama, prometendo uma abordagem mais fiel ao espírito da franquia de jogos, com um foco renovado nas operações militares e nas tensas batalhas contra as temíveis Elites do Covenant.
O novo tom fica claro no esforço para aprimorar os aspectos visuais e temáticos da série. Os primeiros minutos capturam a atenção com uma sequência de abertura dinâmica, que apresenta a equipe Spartan em uma missão de resgate tensa, destacando a estratégia e a coordenação do grupo enquanto tentam salvar uma comunidade sob ameaça. Trata-se de uma das melhores sequências já vistas na série, mostrando uma evolução na abordagem narrativa com mais elementos de ficção científica e ação.
O início impactante é complementado pela introdução de novas dinâmicas dentro da UNSC e alterações significativas na liderança do programa Spartan, com a chegada de um novo personagem: James Ackerson, interpretado por Joseph Morgan (“The Originals”), que assume um papel crucial, trazendo consigo novas intrigas e conflitos. A temporada também prepara um ataque alienígena devastador contra a humanidade, com os supersoldados do programa Spartan atuando como última linha de defesa numa batalha destinada à derrota, em que a única “vantagem” dos protagonistas é lutar até o fim por serem heróis.
A KILLER PARADOX | NETFLIX
A próxima série sul-coreana a virar mania adapta fielmente o premiado webtoon de mesmo nome. A trama segue Yi Tang, um estudante universitário que acidentalmente comete diversos assassinatos. O ponto de virada ocorre quando, em um ato de autodefesa, ele se vê envolvido na morte de um homem. Esse incidente marca o início de uma série de eventos onde Yi, impulsionado pelas circunstâncias e pelo acaso, acaba eliminando indivíduos que posteriormente são revelados como malfeitores. A partir desses eventos, Yi começa a acreditar que possui um dom sobrenatural para identificá-los. Essa crença o coloca no radar do detetive Jang Nan-gam, que inicia uma perseguição ao jovem e um jogo de gato e rato, onde a linha entre justiça e vingança se torna cada vez mais tênue.
Ancorada na premissa de um homem comum enfrentando circunstâncias extraordinárias, a série se mostra fiel ao webtoon original, reconhecido por sua qualidade ao receber prêmios importantes como o de estreia do ano na Cerimônia de Premiação de Conteúdo da Coreia em 2011. Os episódios exploram a transformação psicológica de Yi de um estudante tímido e nervoso num vigilante determinado, numa trama que lida com culpa, redenção e o peso das escolhas – e que é apresentada com um visual estilizado, em que cores vibrantes contrastam com realidade sombria enfrentada por Tang,
O principal talento por trás da produção é o diretor Lee Chang-hee, reconhecido por trabalhos de K-horror, como o filme “The Vanished” (2018) e a série “Strangers from Hell” (2019), que usa sua expertise para criar um clima tenso. Já o elenco destaca Choi Woo-shik, o principal protagonista jovem de “Parasita” (2019), e Son Suk-ku, de “Força Bruta” (2022), respectivamente como Yi Tang e o detetive Jang Nan-gam.
TOKYO VICE | HBO MAX
Concebida originalmente como minissérie, a atração retorna após boa recepção, com o principal policial da história, vivido por Ken Watanabe (“Godzilla 2”), dizendo ao protagonista que ele tem mais histórias de crimes para revelar.
A série se passa no submundo da Yakuza e se baseia no livro-reportagem de Jake Adelstein, em que o jornalista relatou sua experiência nos dois lados da Lei em Tóquio, descrevendo o estilo de vida violento da máfia japonesa e a corrupção no departamento de polícia da capital. Estrelada por Ansel Elgort (“Amor, Sublime Amor”) no papel de Adelstein, a série também destaca em seu elenco Hideaki Ito (“Memórias de um Assassino”), Shô Kasamatsu (“O Diretor Nu”), Tomohisa Yamashita (“The Head: Mistério na Antártida”), Rachel Keller (“Legion”), Ella Rumpf (“Raw”) e Rinko Kikuchi (“Círculo de Fogo”).
A produção de grife é assinado por dois cineastas famosos: Destin Daniel Cretton (“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”) e o veterano Michael Mann (“Ferrari”).
LUZ | NETFLIX
Luz é o nome da personagem vivida pela pequena Marianna Santos, uma menina órfã de origem não indígena, acolhida e criada desde bebê por Ga (Claudia Di Moura) em uma comunidade Kaingang. Ao completar 9 anos, a valente garotinha descobre uma pista importante sobre seu passado – ela é a neta de um coronel que queria matá-la no nascimento – e resolve fugir. Guiada por seu guia vagalume, ela chega a um internato, onde decide se esconder entre os outros alunos, enquanto busca respostas sobre suas verdadeiras origens ao lado de novos amigos. Com a introdução do elenco mirim, o que inicia como uma aventura juvenil logo adquire um tom reminiscente de “Carrossel”.
Criação de Guillermo Pendino (produtor da versão argentina de “Chiquititas”), com direção geral de Thiago Teitelroit (“Rio Connection”), a primeira série infantil brasileira da Netflix conta com um elenco numeroso, que inclui Celso Frateschi, Claudia di Moura, Dandara Albuquerque, Daniel Rocha, Gabriela Moreyra, Marcos Pasquim, Maurício Destri, Mel Lisboa, Alice Gattai, Aramis Trindade, Bruno Gadiol, Cassio Dutra, Diego Cavalcanti, Emilio Farias, Enzo Lizardo, Francisco Galvão, Gabriel Cano, Julianne Trevisol, Kauezinho, Lena Roque, Luciano Andrey, Luísa Moribe, Mari Campolongo, Miá Mello, Paulo Rocha, Sophia Rosa, Thiago Soares, Victor Barros e Yasmin Berti.
FILMES
AS MARVELS | DISNEY+
O primeiro filme com um grupo de super-heroínas do MCU (Universo Cinematográfico Marvel) também foi o maior fracasso de bilheteria do Marvel Studios, ecoando os problemas que têm marcado suas produções mais recentes. Os desafios começam com um roteiro de abordagem formulaica, vilã genérica, falta de foco narrativo e uma ambição frustrante de conectar diferentes conteúdos. O filme tenta conciliar a trajetória de três protagonistas distintas, Carol Danvers (Brie Larson, a “Capitã Marvel”), Monica Rambeau (Teyonah Parris, introduzida em “WandaVision”) e Kamala Khan (Iman Vellani, a “Ms. Marvel”), que vem de diferentes produções do cinema e da TV, mas mesmo assim precisam se juntar para resolver um problema criado por uma vilã. Elas passam a trocar de lugar ao usarem seus poderes. Então, decidem se tornar aliadas para enfrentar a inimiga comum e superar o problema.
Sem uma grande motivação além de vingar seu planeta por algo que aconteceu fora da tela, a vilã Dar-Benn (Zawe Ashton, de “Obsessão”) segue a tendência das produções da DC, com antagonistas que não apresentam uma ameaça convincente e uma lógica vilanesca que não se sustenta, mesmo após várias tentativas de explicação por meio de diálogos expositivos. Outro aspecto problemático é a sensação de que partes do filme parecem desconexas, como um casamento arranjado de Carol com um príncipe de um planeta musical ou a presença de gatos que disparam tentáculos – aproximando-se em alguns momentos de uma comédia pastelão.
O que salva a falta de coesão é a energia e o carisma de Kamala Khan, que ajuda a trama a escapar da monotonia de suas cenas de lutas e sucessivas trocas de lugares, um recurso narrativo que rapidamente se torna repetitivo. Outro aspecto cansativo é que o universo mais amplo deixou de ser atração para virar distração, a ponto de certas referências e aparições de personagens dependerem de o público conhecer um número suficiente de filmes e séries do estúdio para fazerem sentido.
“As Marvels” foi escrito por Megan McDonnell (da equipe de “WandaVision”) e dirigido por Nia DaCosta (“A Lenda de Candyman”), e também destaca a participação de Samuel L. Jackson (“Capitã Marvel”) no papel de Nick Fury.
O SEQUESTRO DO VOO 375 | STAR+
O filme de ação dirigido por Marcus Baldini (“Bruna Surfistinha”) é baseado em um caso real ocorrido no Brasil durante a década de 1980, período marcado por instabilidades econômicas e políticas. A trama gira em torno de Nonato (interpretado por Jorge Paz), um homem humilde do Maranhão frustrado com a falta de oportunidades e decepcionado com as promessas políticas não cumpridas. Em um ato de desespero, Nonato decide sequestrar um avião e jogá-lo contra o Palácio do Planalto, em Brasília, com o objetivo de assassinar o presidente José Sarney. O filme retrata a jornada de Nonato, sua determinação em cumprir a ameaça nos céus e o embate com o comandante Murilo (vivido por Danilo Grangheia), que se destaca na trama por suas habilidades de pilotagem e ações heroicas para salvar os passageiros.
As cenas se desenrolam principalmente dentro do espaço claustrofóbico do antigo avião da VASP, mantendo a tensão durante toda a narrativa. A cinematografia e a direção habilmente capturam a emoção e o desespero dos personagens, alternando entre as expressões de Nonato, o comandante Murilo e os passageiros ansiosos. Apesar de alguns momentos em que os efeitos especiais evidenciam se tratar de uma produção brasileira (isto é, sem orçamento hollywoodiano), o filme mantém o espectador engajado com a história e a ação.
A abordagem de Baldini faz mais que resgatar um dos momentos mais dramáticos da aviação brasileira, que, apesar de sua magnitude, permaneceu relativamente desconhecido do grande público. A obra também oferece uma narrativa profunda e humana por meio da interação entre os personagens principais, Nonato e Murilo, mostrando o potencial do cinema brasileiro para produzir obras dramáticas com suspense de alta qualidade.
DINHEIRO FÁCIL | HBO MAX
A comédia conta a história real sobre como nerds manipularam o mercado de ações e ficaram ricos. Dirigido por Craig Gillespie, de ‘Eu, Tonya’ (2017) e ‘Cruella’ (2021), o filme revela os absurdos por trás do esquema que inflacionou as ações de uma empresa varejista. A trama acompanha Keith Gill (Paul Dano, de “Batman”), que dá início à polêmica história ao investir suas economias nas ações em queda da GameStop em 2021. Logo em seguida, ele compartilha sobre o investimento nas redes sociais e as postagens começam a viralizar. Conforme a popularidade do tópico aumenta, sua vida e a de todos que o seguem começam a ser afetadas. O que começa com uma dica de investimento se transforma em um gigantesco movimento onde todos enriquecem – até que os bilionários decidem revidar.
A narrativa humorística explora as falhas do capitalismo, apresentando uma versão da clássica batalha entre Davi e Golias na era digital. Com um elenco estelar, incluindo Seth Rogen (“Pam e Tommy”) como o grande investidor que enfrenta problemas financeiros com a iniciativa dos nerds, e personagens carismáticos como o irmão desleixado de Gill, interpretado por Pete Davidson (“Morte, Morte, Morte”), a produção consegue entrelaçar humor e comentário social. Além disso, a trama é bem servida de personagens secundários, como a enfermeira vivida por America Ferrera (“Superstore”) e o caixa da GameStop interpretado por Anthony Ramos (“Transformers: O Despertar das Feras”), que trazem profundidade e humanidade à história, ressaltando o impacto coletivo do esquema de investimento. Para completar, referências culturais contemporâneas, como memes e danças do TikTok, enriquecem a narrativa.
Por conta dessa estrutura e abordagem, “Dinheiro Fácil” tem sido comparado a “A Grande Aposta” (2015), outro filme que também desvenda o universo financeiro com humor, crítica e memes. Ambas as obras exploram a engenhosidade e a audácia de indivíduos incomuns no enfrentamento de gigantes financeiros, embora com tons e perspectivas distintas. Enquanto “A Grande Aposta” dissecou a crise financeira de 2008 com uma abordagem mais séria, “Dumb Money” adota uma postura mais leve ao retratar os eventos recentes da saga GameStop. Mas isso também torna o filme de Gillespie o “primo pobre” da obra de Adam McKay, vencedora do Oscar de Melhor Roteiro.
HOW TO HAVE SEX | VOD*
Vencedor da mostra Um Certo Olhar, no Festival de Cannes do ano passado, o longa de estreia de Molly Manning Walker acompanha três amigas britânicas – Tara (Mia McKenna-Bruce), Skye (Lara Peake) e Em (Enva Lewis) – que, ao fim do Ensino Médio, partem para Malia, na Grécia, ansiosas por férias com liberdade e descobertas – particularmente Tara, que almeja vivenciar sua primeira experiência sexual.
A atmosfera de Malia se alterna entre festas ensolaradas e vida noturna vibrante. A dinâmica entre as amigas é inicialmente marcada pela cumplicidade típica da juventude, mas logo as garotas começam a competir pelo mesmo rapaz, influenciando as decisões de Tara e afetando a harmonia do trio. Logo, a protagonista se depara com situações que testam os limites do consentimento e exploram a dinâmica de suas amizades. A performance de McKenna-Bruce (de “Academia de Vampiros”) se destaca, pois sua personagem enfrenta experiências que desafiam suas expectativas e a obrigam a confrontar uma realidade áspera e dolorosa.
É uma história familiar, mas contada com atenção aos detalhes. A experiência de Manning Walker em curtas-metragens e como diretora de fotografia é evidente – neons impressionantes capturam a energia frenética e decadente dos clubes – , enquanto retrata as áreas cinzentas das políticas sexuais e de gênero que adolescentes são forçadas a enfrentar na passagem para a vida adulta.
UPGRADED | PRIME VIDEO
a comédia romântica estrelada por Camila Mendes (“Riverdale”) e Archie Renaux (“Sombra e Ossos”) lembra uma mistura de “O Diabo Veste Prada” (2006) com “Uma Secretária de Futuro” (1988). Na trama, Ana (Mendes) é uma estagiária de galeria de arte que é convidada em cima da hora por sua chefe influente e abusiva para um trabalho de assistente numa viagem para Londres. Em tom de humilhação, ela é enviada num voo separado em terceira classe. No entanto, o destino a coloca na primeira classe do avião, ocasionando um encontro com o jovem William (Renaux), um rapaz de família rica, para quem ela conta uma mentira, dizendo que tem o emprego da chefe. O rapaz se mostra interessado e, logo, ela é apresentada para a classe alta londrina e começa a receber propostas de trabalho – ao mesmo tempo em que tem que prestar assistência para a chefe exigente.
O elenco dessa farsa romântica também destaca Marisa Tomei (“Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”) como a chefe, além de Lena Olin (“Hunters”), Anthony Head (“Ted Lasso”) e Thomas Kretschmann (“Indiana Jones e a Relíquia do Destino”). A direção é de Carlson Young (atriz da série “Pânico”).
REALITY | MUBI
O drama estrelado por Sydney Sweeney (“Euphoria”) conta a história real de como Reality Winner foi presa por divulgar informações confidenciais sobre o envolvimento russo nas eleições presidenciais dos EUA em 2016. A trama se baseia na peça “Is This a Room” (2019), que por sua vez adaptou o interrogatório textual de Reality feito pelo FBI em sua casa dias antes de sua prisão em 2017.
A adaptação em estilo “cinéma vérité” (com recriação de diálogos reais e técnicas pseudodocumentais) foi feita pela própria autora da peça, Tina Satter, em sua estreia nas telas. Ela afirmou à revista Variety que teve o insight ao ler o material real, dizendo que imediatamente viu um filme com os diálogos trocados entre a suspeita e os agentes federais.
No filme, Reality/Sweeney é abordada, interrogada e fotografada pelos agentes, tem a casa revistada e tenta se livrar das acusações com humor e ironia. Porém, ninguém acredita em sua inocência. O elenco ainda conta com Marchánt Davis (“O Dia Vai Chegar”) e Josh Hamilton (“Oitava Série”) no papel dos agentes.
* Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Claro TV+, Google Play, Loja Prime, Microsoft Store, Vivo Play e YouTube, entre outras, que funcionam como locadoras digitais sem a necessidade de assinatura mensal.