Cantora Lana Bittencourt morre aos 91 anos no Rio de Janeiro

Lana Bittencourt morreu na segunda-feira (28/8) em decorrência de uma parada cardíaca e pulmonar. A cantora de 91 anos estava internada desde o fim de julho no Hospital Alcides Carneiro, em Petrópolis, […]

Instagram/Lana Bittencourt

Lana Bittencourt morreu na segunda-feira (28/8) em decorrência de uma parada cardíaca e pulmonar. A cantora de 91 anos estava internada desde o fim de julho no Hospital Alcides Carneiro, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

A artista havia sido internada para tratar uma infecção urinária e uma bactéria encontrada no seu organismo. A informação foi confirmada pela família, mas ainda não há detalhes sobre o velório e sepultamento.

 

Diva da Era do Rádio

Irlan Figueiredo Passos nasceu em 5 de fevereiro de 1932, filha de pai poeta e compositor. Antes de ingressar na carreira musical, a artista foi uma das raras cantoras que recebeu apoio da família numa época que a atividade era marginalizada. Mas, até então, seu sonho era trabalhar no Itamaraty no setor de biblioteconomia.

Ela gravou um jingle composto por seu pai para uma firma de caminhões nesse meio tempo. A composição tocou nos alto-falantes de várias cidades nordestinas e sua voz chamou a atenção de caçadores de talentos. Suas primeiras experiências foram na Rádio Iracema, de Fortaleza, e na TV Jornal do Comércio, de Recife.

Ao se mudar para o Rio de Janeiro, a artista foi crooner da boate do Copacabana Palace e fez trabalhos autônomos em alguns programas na Rádio Tupi.

A artista ficou conhecida como Lana Bittencourt na década de 1950, na chamada “Era do Ouro do Rádio”. Foi nesse período em que se consolidou uma das grandes divas com o sucesso da música “Se Todos Fossem Iguais a Você”, de Tom Jobim.

Ela ainda chegou a gravar versões de clássicos cubanos de Ernesto Lecuona, como “Malagueña” e “Andalucia”. E, por conta do repertório, chegou a ser apelidada de “A Internacional” pelo apresentador César de Alencar, pois se destacava ao cantar em diversos idiomas e interpretar de tudo um pouco. A cantora se consagrou com a versão do calypso-rock “Little Darlin”, em 1957, que conquistou a marca de 700 mil discos de 78 rpm vendidos.

Entre 1958 e 1960, a cantora gravou os LPs “Musicalscope” e “Intimamente”, o rock “Alone” e a regravação do samba-canção “Ave Maria”, parte do repertório de Dalva de Oliveira.

 

Artista completa

Mas seu sucesso não parou apenas nas vozes. A artista também fez carreira como atriz em importantes trabalhos ao lado de Mazzaropi, e atuou em “Chofer de Praça, “Jeca Tatu” e “As Aventuras de Pedro Malasartes”.

Lana Bittencourt ainda conquistou seu próprio programa, “Audição de Lana”, nas rádios Mayrink Veiga e Tupi. Ela também ficou responsável pelo tributo de dois compositores que despontavam à época: Luiz Antonio e Tom Jobim. Antenada às novidades, Lana ainda soube ser boa intérprete de Ivan Lins e Vitor Martins, com “Bilhete”.

A cantora interrompeu a carreira no final da década de 1960 para cuidar dos filhos adolescentes, mas voltou para ficar em 1977. Ela renovou seu repertório com canções contemporâneas, como “Karma secular”, de Angela Ro Ro, e “Sangrando” de Gonzaguinha.

Pouco antes de completar 80 anos, a artista produziu um CD duplo e DVD, “A Diva Passional”, que traziam 28 faixas e participações de Rogéria, Alcione e Ney Matogrosso. Sua última grande apresentação foi em 2019, e despediu-se do público durante a pandemia com lives musicais com seu segundo marido, o guitarrista Mirabeaux.

Lana ficou marcada por suas apresentações de alta comoção, sobretudo entre o público LGBTQIAPN+, para o qual fazia discursos inflamados no palco.