O filme “Oppenheimer”, dirigido por Christopher Nolan, tem sido um dos mais elogiados de 2023. No entanto, Charles Oppenheimer, neto do físico, apontou erros no roteiro do longa, que retrata a história da construção da primeira bomba atômica do mundo, durante a 2ª Guerra Mundial, com foco em J. Robert Oppenheimer, diretor do projeto.
Detalhe controverso
Charles Oppenheimer destacou uma cena específica que, segundo ele, não corresponde à realidade. No filme, baseado no livro “Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano”, há um momento em que Oppenheimer tenta assassinar seu professor colocando veneno em uma maçã verde. No entanto, ele se arrepende e joga a fruta no lixo. Charles contestou a veracidade desse episódio.
“Não há registro dele tentando matar alguém. Essa é uma acusação muito séria e é uma revisão histórica”, afirmou Charles, em entrevista para a revista Time. Ele acrescentou que “não há um único inimigo ou amigo de Robert Oppenheimer que tenha ouvido isso durante sua vida e considerado verdadeiro”. Segundo Charles, a informação veio de algumas referências sobre uma viagem de férias de primavera, mas todos os repórteres originais dessa história relataram que não sabiam do que Robert Oppenheimer estava falando.
Apesar da discordância com esse detalhe, Charles disse que não ficou incomodado com a cena no filme. Ele explicou que, em alguns momentos, “os fatos são arrastados por um jogo de telefone sem fio”, e que problemas podem ser identificados se alguém conhece a história em profundidade.
Charles também elogiou a dramatização de algumas partes do filme. “Achei a conversa de Einstein com Oppenheimer no final muito eficaz, embora também não fosse verdadeira”, disse.
Aceitação da dramatização
O neto de Oppenheimer também comentou sobre a forma escolhida por Christopher Nolan para abordar a vida de seu avô no cinema. Ele revelou que o diretor foi bastante franco sobre o fato de que o filme não seria uma representação literal dos eventos. “Christopher Nolan foi muito claro desde o início sobre o fato de que este não é um documentário, que ele está tomando liberdades artísticas. “Ele disse: ‘Estou tentando capturar o espírito do que aconteceu, não os detalhes exatos'”, relembrou Charles.
“A certa altura ele disse algo mais ou menos como: ‘Eu sei contar uma história sobre esse assunto. Haverá partes que você precisa dramatizar um pouco e partes que são alteradas. Como membros da família, acho que vocês vão gostar de algumas partes e não gostar de outras”, continuou. “Isso provavelmente me levou a aceitar o filme, embora eu o tenha visto muito tarde, só depois de lançado. Como uma representação dramatizada da história, foi realmente preciso. Há partes das quais discordo, mas não devido a Nolan”, completou.
Apesar das ressalvas em relação a certas passagens, Charles expressou sua admiração pelo filme, especialmente a performance de Cillian Murphy como seu avô, afirmando que o ator fez um “trabalho incrível”. Além disso, Charles destacou a importância do filme para trazer à luz a história de J. Robert Oppenheimer e o desenvolvimento da bomba atômica, um período crucial na história mundial. E espera que “Oppenheimer” possa gerar discussões significativas sobre o papel da ciência na sociedade e as responsabilidades que vêm com suas descobertas.
