A TV Globo foi processada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo sob acusação de transfobia em reportagem do “Fantástico”, exibida em fevereiro de 2019. A emissora tenta uma conciliação para não pagar uma indenização de R$ 1 milhão.
Segundo a ação, o programa utilizou um termo preconceituoso para se referir a um homem transexual. A matéria explicava que o rapaz passou parte da vida se escondendo atrás de documentos falsos, porém sua identidade foi descoberta após ter um infarto fulminante em 2018.
Durante a autópsia, descobriu-se que Louviral Bezerra de Sá tinha órgãos genitais femininos. Durante uma investigação, chegou-se à conclusão de que anteriormente ele tinha sido registrado como Enedina Maria de Jesus, mas também não tinha documentos verdadeiros. As investigações ainda estão em andamento e tentam esclarecer se ele tentou esconder algum crime ou se tratava de uma questão de identidade.
O Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) argumentou que a Globo teria desrespeitado Louviral Bezerra de Sá, quando a âncora Poliana Abritta se referiu a ele como “uma mulher que se passava por homem”. Neste caso, o termo adequado era “homem transexual”.
Editou, mas nem tanto
A edição do “Fantástico”, exibida em 3 de fevereiro de 2019, ainda está disponível no streaming Globoplay. Contudo, a reportagem polêmica foi deletada da programação.
A plataforma emitiu um alerta de que a “versão foi modificada em sua versão web”, porém não especifica qual parte teria sido editada.
Vale destacar que os rastros da reportagem não foram apagados, já que o telejornal Anhanguera 1ª Edição reprisou o conteúdo e o erro um dia depois do “Fantástico”.
“Um segredo íntimo, guardado por muitos anos, traz problemas agora para uma mulher que passou a vida inteira vivendo como homem”, diz a jornalista Lilian Lynch. A edição da TV Anhanguera segue disponível na íntegra no Globoplay.
A audiência de conciliação da Globo está marcada para 31 de agosto.