João Donato, ícone da MPB, morre aos 88 anos

O cantor e compositor João Donato morreu aos 88 anos nesta segunda-feira (17/7), no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada através de um comunicado oficial, sem divulgar a causa da morte. […]

Instagram/João Donato

O cantor e compositor João Donato morreu aos 88 anos nesta segunda-feira (17/7), no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada através de um comunicado oficial, sem divulgar a causa da morte.

No Instagram, a equipe do músico informou que o velório será realizado no Theatro Municiapl do Rio, “em horário a ser divulgado brevemente”.

“Hoje o céu dos compositores amanheceu mais feliz: João Donato foi para lá tocar suas lindas melodias. Agora, sua alegria e seus acordes permanecem eternos por todo o universo”, escreveu a equipe.

 
Saúde delicada

João Donato enfrentava uma série de problemas de saúde e, recentemente, chegou a tratar uma infecção pulmonar.

Em junho deste ano, o artista esteve internado, mas a família não divulgou detalhes da condição. No final do mês, o compositor recebeu a visita de seu filho Donatinho.

“Vim passar uns dias para mimar o Big Donato, agora que ele teve alta do hospital. Ele pediu para eu cozinhar um dos pratos preferidos dele, o Spagabola (mais conhecido como Spaguetti a Bolognesa)”, publicou na ocasião.

 
Carreira de João Donato

João Donato de Oliveira Neto nasceu em Rio Branco, no Acre, em 1934. A paixão pela música começou ainda na infância, quando ganhou um acordeão de presente.

Em 1945, a família de Donato se mudou para o Rio de Janeiro, onde ele realizou suas primeiras apresentações no palco em festas de colégio.

A primeira gravação profissional aconteceu como integrante da banda do flautista Altamiro Carrilho. Tempos depois, João Donato passou a trabalhar com o violinista Fafá Lemos e tornou-se suplente de Chiquinho do Acordeom.

Além disso, João Donato frequentou o Sinatra-Farney Fã Clube por 17 meses. O local fica na Barra da Tijuca e é considerado uma das principais escolas da geração conhecida como Bossa Nova.

O artista teve contato com nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto e Johnny Alf. No entanto, o pianista não obteve reconhecimento merecido e tampouco fez parte do “esquema”.

“Eu não sou bossa nova, eu não sou samba, eu não sou jazz, eu não sou rumba, eu não sou forró. Na verdade, eu sou isso tudo ao mesmo tempo”, comentou o artista ao jornal O Globo.

Apesar de não ser um medalhão midiático, João Donato moldou a Música Popular Brasileira (MPB) entre 1960 e 1970 com sua música de estilo único. Ele contribuiu com clássicos como “A Rã”, de Caetano Veloso, “A Paz”, de Leila IV, e “Emoriô”, de Gilberto Gil.

Em 2010, João Donato foi reconhecido com um prêmio Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Jazz, por seu trabalho em “Sambolero”. Oito anos depois, ele ainda foi reconhecido pelo Prêmio da Música Brasileira.

O artista também foi indicado à premiação em 2016, na categoria de Melhor Álbum Instrumental com o projeto “Donato Elétrico”. No ano passado, ele disputou a categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira com “Síntese do Lance”.