A jornalista Cecília Flesch realizou uma live no domingo (18/6) para comentar detalhes de sua demissão da GloboNews, que aconteceu na última semana.
Na semana passada, a apresentadora do “Em Ponto” foi desligada após promover críticas à emissora, relacionadas à sua linha editorial. Ela descreveu a empresa como “RivoNews”, insinuando que o ambiente de trabalho era estressante.
“Escutei que eu estava sendo desligada por conta de uma reformulação no canal, só que, naquele dia, eu tava fazendo um piloto, eu fazia parte da reformulação.”, afirmou Cecília, que tinha ciência sobre a nova estrutura do GloboNews.
“No dia anterior, eu tava conversando com o chefe de redação sobre as novidades do jornal, os novos planos, eu fiz piloto, e eu não entendia como é que um jornal que tava há um mês ganhando na audiência podia passar por aquilo.”
A âncora acrescentou ter presenciado “coisas estranhas” desde fevereiro, quando uma editora fez uma suposta denúncia para prejudicar outro jornalista. Ela disse que passou a acender um alerta vermelho na emissora.
“Uma editora que eu considerava uma amiga muita próxima, printou uma mensagem pessoal de um dos melhores editores do ‘Em Ponto’, e enviou para a redação do Rio de Janeiro. […] Ele chamava a outra editora de burra, porque ela não conseguia entender uma relação muito básica em relação a uma notícia.”
“[O editor] soube que tinha denúncias absurdas contra ele, denúncias de gordofobia, de intolerância religiosa, de racismo. Umas coisas absurdas. Aquilo deixou a gente muito indignado. A gente achou que ele ia prestar esclarecimento porque chamou uma moça de burra. Não. Tinham aumentado muito a história”, se indignou a jornalista.
Ambiente tóxico na GloboNews
Na sequência, Cecília Flesch contou que a programação passou por uma troca de chefia em meados de abril, quando ela foi proibida de realizar elogios à equipe. “[Minha editora-chefe] disse que se eu elogiasse a equipe, a gente ia perder as melhores pessoas que a gente tinha”, ela acusou.
“Ela interrompeu, inclusive, uma fala minha, de forma muito brusca. Quatro dias depois, a gente fica sabendo, sem querer, que houve a tentativa de tirar esse nosso grande editor que eu tava elogiando. […] Eu consegui reverter a situação e a gente conseguiu manter ele com a gente.”
A âncora acrescentou que a editora contratada sofreu “boicotes” e que, por essa razão, teve quedas no monitoramento de audiência. A funcionária ainda foi vítima de deboches por causa de seu método de trabalho. “Era realmente um horror. Foi um mês vendo a audiência subir e só tomando martelada”, afirmou.
“[A editora do print] seguia envenenando as pessoas da equipe, fazia fofoca, fazia futrica, não se dirigia a mim. Ela fez isso porque éramos todos amigos e, quando eu soube da falta de lealdade dela, que pra mim é uma coisa muito grave, eu cortei a relação com ela, e ela não fez questão nenhuma de se explicar. Ela mesma confirmou para outras pessoas que printou a mensagem.”
A situação se agravou assim que o editor de política, que estava de férias, foi demitido sob alegação “de ter feito muita coisa feia”. A âncora afirmou ter ficado indignada com a explicação do GloboNews.
“Fiquei indignada, muito triste, muito chateada. Eu não aceitava, falava que alguma coisa precisava ser feita […] Nada fiz, e não é que eu tinha razão? Fui incentivada a ficar na minha, fiquei na minha, e dali a poucos dias, uma injustiça aconteceu comigo”, ela recordou.
Perseguição começou com roupa
Cecília Flesch então relatou ter sido acionada por ter feito uma suposta promoção nas redes sociais: “No dia 29 de maio, eu recebi por e-mail uma advertência com um print de um story do dia 12 de abril. Story se apaga em 24 horas […] No print, eu supostamente estaria fazendo publicidade de uma marca de roupa.”
“Eu expliquei que eu não estava, eu estava respondendo aos assinantes sobre uma roupa que eu usei na execução do meu trabalho durante o jornal. Era uma roupa que era um empréstimo à nossa editoria de moda, portanto, alguém que estava colaborando com a empresa.”
Por fim, a jornalista destacou ter sido vítima de perseguição nos bastidores e relatou mais um alerta sem sentido que recebeu meses atrás. “Não me pareceu algo institucional, como se houvesse um departamento olhando para isso. Alguém encaminhou um print maldoso para sinalizar algo para a direção”, completou.