Hugh Hudson, diretor de “Carruagens de Fogo”, morre aos 86 anos

O cineasta britânico Hugh Hudson, que dirigiu o filme vencedor do Oscar “Carruagens de Fogo” (1981), morreu nessa sexta-feira (10/2) em Londres, aos 86 anos. A família de Hudson emitiu uma declaração […]

Divulgação/Orion Pictures

O cineasta britânico Hugh Hudson, que dirigiu o filme vencedor do Oscar “Carruagens de Fogo” (1981), morreu nessa sexta-feira (10/2) em Londres, aos 86 anos.

A família de Hudson emitiu uma declaração dizendo: “Hugh Hudson, 86 anos, querido marido e pai, morreu no hospital Charing Cross em 10 de fevereiro após uma doença curta. Ele é sobrevivido por sua esposa Maryam, seu filho Thomas e sua primeira esposa Sue.”

Hudson nasceu em 25 de agosto de 1936, em Londres. Após a sua dispensa do exército, ele começou a trabalhar com audiovisual editando documentários, mas não demorou até que formasse uma sociedade com Robert Brownjohn e David Cammell, para fundar sua própria produtora e desenvolver seus próprios documentários.

Depois de ter feito vários curtas-metragens, Hudson se arriscou no comando de um longa-metragem com o documentário “Fangio: Una vita a 300 all’ora” (1980), sobre o campeão de Fórmula Um Juan Manuel Fangio.

E logo no ano seguindo realizou sua obra mais conhecida e premiada: “Carruagens de Fogo”, seu primeiro longa de ficção. O filme narra a rivalidade entre dois corredores britânicos, um judeu e um cristão, que acabam se unindo no time britânico de atletismo dos Jogos Olímpicos de 1924.

“Carruagens de Fogo” rendeu a Hudson a indicação ao Oscar de Melhor Diretor. E embora ele não tenha vencido, o filme foi contemplado com quatro estatuetas, incluindo Melhor Filme e Melhor Trilha Sonora – composta por Vangelis, também recentemente falecido.

A música-tema do filme é lembrada até hoje e, na época, foi uma escolha arriscada, por se tratar de uma composição eletrônica, que poderia não combinar com um filme de época.

O sucesso de “Carruagens de Fogo” abriu várias portas para o diretor, que fez em seguida o projeto grandioso “Greystoke: A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva” (1984). A versão revisionista da história de Tarzan dividiu opiniões na época do seu lançamento e não foi o sucesso esperado.

Ainda assim, o pior veio em seguida, quando Hudson dirigiu “A Revolução” (1985), sobre a luta da independência dos EUA, estrelado por Al Pacino. Com um orçamento de cerca de US$ 28 milhões, a obra rendeu apenas US$ 400 mil nos EUA.

Depois do fracasso de “A Revolução”, o cineasta reduziu a escala dos seus projetos e fez o filme intimista “De Volta Para Casa” (1989), sobre a vida de um adolescente alienado que mora em Los Angeles. Praticamente uma produção indie, o filme era estrelado por Adam Horovitz, mais conhecido como o rapper MCA dos Beastie Boys.

O filme foi selecionado para o Festival de Cannes e foi bastante elogiado pela crítica, mas sua carreira nunca recuperou o brilho de “Carruagens de Fogo”.

Nos 10 anos seguintes, Hudson comandou alguns especiais de TV, curtas-metragens e um segmento da antologia “Lumière e Companhia” (1995). Até que, quase duas décadas após “Carruagens de Fogo”, voltou a se reunir com o produtor David Puttnam no filme “Tempo de Inocência” (1999), outra obra passada na década de 1920, estrelado por Colin Firth.

Assim como o filme seguinte, “África dos Meus Sonhos” (2000), com Kim Basinger, a volta aos longas não teve muita repercussão, e a falta de sucesso o deixou outra década longa do cinema.

Ele voltou em 2011 com um documentário, “Rupture: A Matter of Life OR Death”, sobre a luta da ex-Bond Girl Maryam d’Abo contra uma doença hemorrágica, e se despediu com a ficção “Altamira” (2016), estrelada por Antonio Banderas e focada na descoberta de cavernas com pinturas pré-históricas na Espanha.