“Feitiço do Tempo”, que completa 30 anos, acabou com amizade de Bill Murray e Harold Ramis

A influente comédia “Feitiço do Tempo” (1993), considerada um dos melhores trabalhos do ator Bill Murray e do diretor Harold Ramis, teve bastidores extremamente conturbados e acabou custando a longa amizade dos […]

Divulgação/Columbia Pictures

A influente comédia “Feitiço do Tempo” (1993), considerada um dos melhores trabalhos do ator Bill Murray e do diretor Harold Ramis, teve bastidores extremamente conturbados e acabou custando a longa amizade dos dois. A revelação foi feita pelo produtor Trevor Albert ao site The Hollywood Reporter, numa reportagem sobre os 30 anos do clássico.

“Foi uma filmagem tensa por diversas razões”, disse Albert. “Foi lamentável e provavelmente tornou o filme consideravelmente menos divertido de fazer. Mas você ainda pode fazer um filme muito bom quando as pessoas não estão em perfeita harmonia”.

“Feitiço do Tempo” conta a história de um metereologista que fica preso num looping temporal enquanto cobria um evento que acontecia numa cidadezinha. Então, ele é “condenado” a reviver o mesmo dia para sempre.

Alguns dos problemas ocorridos durante a filmagem tinham relação com o humor de Murray na ocasião, porque ele estava passando por problemas no seu casamento. Além disso, o ator queria fazer constantes mudanças no roteiro, algo que irritava muito o diretor.

A situação se agravou a tal ponto que, em certo momento, Ramis teria jogado Murray contra a parede.

O clima tenso já tinha sido mencionado anteriormente, numa reportagem da revista The New Yorker de 2004.

“Eles eram como dois irmãos que não se davam bem”, disse o co-roteirista Danny Rubin na época. “E eles estavam bem polarizados na defesa do que o filme deveria ser – Bill queria que fosse mais filosófico, e Harold o lembrava que era uma comédia.”

“Às vezes, Bill era irracionalmente mesquinho e indisponível; ele estava constantemente atrasado no set”, contou Ramis à New Yorker. “O que eu gostaria de dizer a ele é exatamente o que dizemos aos nossos filhos: ‘Você não precisa ter acessos de raiva para conseguir o que deseja. Basta dizer o que você quer’”.

O fim das filmagens também significou o fim de uma amizade que havia durado décadas.

Ramis e Murray se conheceram em 1969, trabalharam juntos no trupe de comédia “The Second City”, e fizeram um total de seis filmes juntos, incluindo o clássico “Os Caça-Fantasmas” (1984).

“É um grande buraco na minha vida”, chegou a dizer Ramis sobre a perda da amizade. “Mas há tantos problemas de orgulho em entrar em contato. Bill lhe daria seu rim se você precisasse, mas não retornaria suas ligações.”

Ramis morreu em 2014, sem nunca se reconciliar com Murray. Porém, o ator prestou uma homenagem ao antigo amigo no mesmo ano, quando apresentou o prêmio na categoria de Melhor Direção de Fotografia no Oscar.

Depois de ler os indicados, Murray fugiu do roteiro e disse: “Oh, esquecemos um: Harold Ramis para ‘Clube dos Pilantras’, ‘Os Caça-Fantasmas’ e ‘Feitiço no Tempo’”, o que gerou uma comoção no público. “Por favor, perdoem-me, senhores”, disse Murray em seguida, antes de anunciar o vencedor.

O ato foi o mais próximo que ele chegou de um pedido de desculpas, e só aconteceu depois da morte do amigo.

Confira abaixo o trailer de “Feitiço no Tempo”.