A Netflix domina a seleção de estreias de séries para maratonar no primeiro fim de semana do ano, com destaque para a nova adaptação de Elena Ferrante, que encantou a crítica americana (100% de aprovação no Rotten Tomatoes). Vale lembrar que, no domingo passado (1/1), a plataforma já tinha lançado “Olhar Indiscreto” e “Caleidoscópio”, o que torna ainda mais impressionante a quantidade de títulos desse começo de 2023. Por sinal, a lista desta sexta (6/1) ainda traz uma criação do cineasta Nicolas Winding Refn (de “Drive” e “Demônio de Neon”), entre outras opções de diferentes gêneros.
Fora da Netflix, as dicas incluem um terror na Amazon, um drama de época na Globoplay e uma avalanche de 16 temporadas de um dos animes mais cultuados de todos os tempos na Star+. Confira abaixo todas as 10 dicas da semana.
| A VIDA MENTIROSA DOS ADULTOS | NETFLIX
A minissérie baseada no livro mais recente da escritora italiana Elena Ferrante – de “A Amiga Genial” – narra a história da adolescente Giovanna, que enfrenta a dissipação de suas certezas, críticas dos pais à sua aparência e uma iniciação amorosa pouco excitante. Quando é comparada a uma tia excluída da família, Giovanna entra em crise, no que será o estopim para um caminho de descobertas e aproximação dessa tia distante.
Assim como a adaptação de “My Brilliant Friend” na HBO, a história é encenada no passado da cidade de Nápoles, focando-se mais uma vez no desabrochar de protagonista feminina. Mas há diferenças claras, como o fato do drama ser mais contemporâneo, situado nos anos 1990, e por avançar sua narrativa por sucessivas decepções com o mundo adulto, que destroem a inocência adolescente.
Escrita por Francesco Piccolo, premiado roteirista de “O Traidor” (2019), a produção é estrelada pela jovem Giordana Marengo (“Medici: Mestres de Florença”) e a veterana Valeria Golino (“Rain Man”).
| COPENHAGEN COWBOY | NETFLIX
A nova série do cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn (de “Drive” e “Demônio de Neon”) é uma apoteose do estilo do diretor, que passou a assinar apenas NWR. São muitas cenas com iluminação neon, ritmo glacial, personagens estáticos e violência sangrenta, ao som de uma trilha eletrônica insistente. O resultado é, caracteristicamente, mais parecido com um vídeo de moda que um thriller de ação, ainda que não faltem cenas fortes. Fãs vão amar, mas curiosos casuais podem achar o maneirismo irritante.
A trama de neon noir gira em torno de uma jovem heroína chamada Miu (Angela Bundalovic, de “The Rain”) que trafega pelo submundo do crime de Copenhague com expressão imutável, estilo andrógino e um pé no sobrenatural – uma capacidade de trazer “sorte”, que a torna desejada e temida. Ao longo de seis episódios, Miu vai de um bordel administrado por um gângster albanês a um restaurante que serve de fachada para a máfia chinesa, encontra pistoleiros, traficantes de drogas e uma família de sádicos, e se vinga daqueles que prejudicaram pessoas de quem ela gosta enquanto procura respostas sobre suas próprias origens.
“Copenhagen Cowboy” é a segunda série da carreira de Refn, que em 2019 lançou a pouco vista “Too Old to Die Young”, estrelada por Miles Teller (“Top Gun: Maverick”), pela Amazon Prime Video, e marca sua volta à uma produção de língua dinamarquesa, após 18 anos em Hollywood. O elenco ainda destaca as estreantes Lola Winding Refn e Lizzielou Winding Refn, que são filhas do diretor, além de Zlatko Buric (“2012”), Mikael Bertelsen (“Superclásico”) e Per Thiim Thim (“Anti”).
| MISTÉRIO NO MAR | AMAZON PRIME VIDEO
Imagine “Ilha de Ferro” como uma série de terror. A produção britânica da Amazon se passa numa remota plataforma de petróleo da costa escocesa, que de repente é envolta por uma névoa misteriosa. O incidente deixa os trabalhadores sem comunicação e visão do mar, totalmente isolados do mundo, enquanto tremores começam a abalar suas estruturas. Além disso, a névoa contém uma bactéria mortal que começa a afetar as pessoas. E pouco a pouco a histeria começa a crescer, testando relacionamentos, hierarquia e amizades.
O roteirista estreante David Macpherson é filho de um trabalhador das plataformas de petróleo do Mar do Norte, que resolveu aproveitar as histórias contadas por seu pai sobre aquele ambiente para conceber a trama, com boas doses de imaginação. O elenco destaca Iain Glen (“Game of Thrones”), Emily Hampshire (“Schitt’s Creek”), Martin Compston (“Line of Duty”) e Owen Teale (também de “Game of Thrones”).
| FOLCLORE 2 | HBO MAX
Esta antologia de terror asiático foi lançado originalmente em 2018 na HBO Asia. O conceito de seu criador, o cineasta singapuriano Eric Khoo (“Fica Comigo”), é trazer histórias independentes de terror passadas em países asiáticos diferentes. Cada episódio é baseado nos mitos e folclore do respectivo país, apresentando seres sobrenaturais e crenças ocultas. E cada um deles é realizado por uma equipe diferente, comandada por mestres do gênero.
A 1ª temporada foi assinada pelo próprio Eric Khoo, o indonésio Joko Anwar (“Ritual”), o tailandês Pen-Ek Ratanaruang (“A Última Vida no Universo”), o sul-coreano Lee Sang-woo (“Ba-bi”), o malaio Yuhang Ho (“Mrs K”) e o japonês Takumi Saitoh (“Blank 13”), mas infelizmente não está disponível em streaming. Já o segundo ano, que está sendo lançado na HBO Max, traz novos episódios dirigidos pelo taiwanês Shih-Han Liao (“The Rope Curse”), o tailandês Sitisiri Mongkolsiri (“Krasue: Inhuman Kiss”), o filipino Erik Matti (“On the Job”), o indonésio Billy Christian (“They Who Are Not Seen”), a curta-metragista singapuriana Nicole Midori Woodford (“Tenebrae”), o produtor malaio-filipino Bradley Liew (“Nocebo”) e a atriz japonesa Seiko Matsuda (“Lámen Shop”)
| A MULHER DOS MORTOS | NETFLIX
Suspense austríaco com uma paisagem de tirar o fôlego, a trama acompanha uma mulher com sede de vingança. A protagonista vivida por Anna Maria Mühe (“De Encontro com a Vida”) é uma agente funerária em sua pequena cidade nas montanhas geladas, que às vezes imagina os cadáveres em que trabalha conversando com ela. Após seu marido policial ser morto num atropelamento, ela se recusa a aceitar que foi acidente. E sua busca pelo assassino acaba expondo os segredos mais perversos da comunidade onde mora.
A minissérie é adaptação de um best-seller de Bernhard Aichner, desenvolvida pelos produtores Benito e Wolfgang Mueller (de “Life: Um Retrato de James Dean”) e a roteirista Barbara Stepansky (“Outlander”).
| HOTEL PORTOFINO | GLOBOPLAY
Fãs de dramas ingleses de época vão achar essa produção irresistível. Além das diferenças de classe entre os proprietários e os empregados de uma grande propriedade (ao estilo de “Downton Abbey”), há a paisagem deslumbrante de uma locação litorânea (a la “Sanditon” e “The Durrells”). A trama se passa num hotel luxuoso de uma família britânica, construído para receber turistas ricos de seu país na deslumbrante Riviera Italiana dos anos 1920, quando o fascismo estava em ascensão. Além de hóspedes exigentes, a protagonista vivida por Natascha McElhone (“Halo”) precisa lidar com um marido inútil, planos de seus filhos adultos (uma viúva e um solteiro cobiçado) e chantagens políticas, enquanto o fascismo lança uma sombra inescapável no veraneio mediterrâneo.
Criada por Matt Baker (“Suspect”), a série também inclui Mark Umbers (“Dolittle”), Olivia Morris (“RRR”), Oliver Dench (“Pandora”) e Claude Scott-Mitchell (“Brassic”), entre muitos outros atores britânicos e italianos.
| GINNY E GEORGIA 2 | NETFLIX
A série gira em torno de mãe e filha que se mudam para uma cidade interiorana. Ginny Miller (Antonia Gentry) é uma garota de 15 anos que está literalmente deslocada e, além de não conhecer os colegas, precisa lidar com a reação deles à beleza de sua jovem e atraente mãe de 30 anos, Georgia (Brianne Howey). Mas esta dinâmica similar a “Gilmore Girls” é acompanhada por uma reviravolta, pois Georgia esconde um segredo sombrio, o verdadeiro motivo para sua mudança para um lugar distante, pequeno e no qual ninguém a conhece. É que Georgia é uma assassina. Ela jura que matou o primeiro marido por acidente, mas logo se seguem outras mortes, como o padrasto de Ginny no final da 1ª temporada, e pelo menos uma morte além do que deveria para atrair o interesse da polícia local.
Inicialmente pouco comentada, “Ginny e Georgia” acabou tendo mais repercussão pela reação negativa de Taylor Swift a uma frase do episódio final da 1ª temporada. A polêmica aconteceu num momento em que a mãe solteira Georgia pergunta à sua filha Ginny sobre o status de um relacionamento recente, e a adolescente retruca: “O que te importa? Você passa por homens mais rápido do que a Taylor Swift”.
“Hey ‘Ginny e Georgia’, 2010 ligou e quer sua piada preguiçosa e profundamente machista de volta”, tuitou Swift. “Que tal pararmos de degradar mulheres trabalhadoras definindo esse tipo de besteira como engraçada”, completou a cantora irritada. Bastou para o público correr para a Netflix, rendendo audiência e renovação para a produção.
Além de Antonia Gentry (“Doce Argumento”) e Brianne Howey (“Batwoman”), o elenco da série ainda inclui Felix Mallard (“Neighbours”), Sara Waisglass (“October Faction”), Jennifer Robertson (“Schitt’s Creek”), Scott Porter (“Friday Night Lights”), Raymond Ablack (“Caçadores de Sombras”), Katie Douglas (“Mary Kills People”) e o menino Diesel La Torraca (“Pequenos Monstros”).
| LAW & ORDER 21 | GLOBOPLAY
Uma das séries de maior sucesso da TV americana retorna 13 anos após ser cancelada sem mudar a fórmula que a consagrou. Cada episódio ainda mostra o começo e o fim de um caso criminal, investigado por policiais e julgado no tribunal.
Revivida pelo produtor Dick Wolf no ano passado, com uma mescla de atores veteranos e uma nova geração de agentes da lei e da ordem, a série traz de volta dois astros do elenco original: Sam Waterston, que retoma o papel do promotor público Jack McCoy, mais de uma década depois de viver o personagem pela última vez, e Anthony Anderson, que ficou livre, após o final de “Black-ish”, para viver novamente o detetive policial Kevin Bernard. Eles se juntam a Hugh Dancy (astro de “Hannibal”), que vive um promotor em ascensão no gabinete do personagem de Waterston, e Jeffrey Donovan (astro de “Burn Notice”), como o parceiro cabeça dura do detetive vivido por Anthony, sem esquecer de Camryn Manheim (“O Desafio”), intérprete da nova chefe da polícia.
Vencedora do Emmy de Melhor Série de Drama de 1997, “Law & Order” estava prestes a quebrar o recorde de “Gunsmoke” como o drama mais duradouro da TV quando a NBC decidiu cancelar sua produção em maio de 2010, na 20ª temporada. Desde então, o número mágico das 21 temporadas foi ultrapassado por outra série da mesma franquia, o spin-off “Law & Order: SVU”, que está atualmente em sua 24ª temporada. Mas, curiosamente, em seu relançamento a série continuou a contagem de temporadas do ponto em que foi interrompida, chegando finalmente e com um bom atraso a seu 21º ano de produção – na verdade, já está no 22º ano na TV dos EUA.
| STAR WARS: THE BAD BATCH 2 | DISNEY+
Continuação de “Star Wars: A Guerra dos Clones”, a atração animada gira em torno do chamado “bad batch”, um grupo de clones imperiais que se diferencia dos demais. Falhas no processo de clonagem concederam a cada um deles personalidades distintas e habilidades excepcionais.
Com o fim da guerra, o grupo identificado como Força Clone 99 passa a ser considerado perigoso por tomar decisões independentes, em vez de apenas seguir ordens, e se torna foragido após resgatar outro clone defeituoso – uma adolescente e única clone feminina conhecida de Jango Fett. Na 2ª temporada, o grupo muda completamente de lado, encontrando um novo propósito em ajudar vítimas da opressão do Império.
Dave Filoni, criador de “Star Wars: A Guerra dos Clones”, é o responsável pela produção da série, que foi desenvolvida pela roteirista Jennifer Corbett (“Star Wars Resistance”) e ainda conta com Brad Rau (“Star Wars Rebels”) como diretor principal.
| BLEACH | STAR+
Um dos animes mais bem-sucedidos e cultuados deste século no Japão, “Bleach” acompanha Ichigo Kurosaki, um estudante de cabelo tingido de loiro de 15 anos, que desde criança se sente amaldiçoado por poder ver fantasmas. Graças a essa capacidade, ele descobre a existência de Shinigamis, espécie de caça-fantasmas do além, que enfrentam criaturas das trevas (hollows) sem que ninguém mais saiba. Quando uma dessas guerreiras sobrenaturais, Rukia Kuchiki, é mortalmente ferida num combate, ela precisa deixar o único garoto capaz de vê-la como responsável pelas almas humanas. E este é só começo da história, que leva Ichigo a embarcar num complexo mundo sobrenatural que sequer imaginava existir.
A série é baseada num mangá escrito e desenhado por Tite Kubo, que é publicado no Japão desde 2001. Assim como os quadrinhos, a adaptação se tornou bastante ambiciosa com o passar do tempo, expandindo seu universo para outros planos de existência e incluindo centenas de personagens, entre eles mais de uma dezena de ceifadores da Sociedade das Almas – os mocinhos da trama, apesar de surgirem inicialmente como antagonistas.
A Star+ está disponibilizando todas as 16 temporadas, produzidas entre 2004 e 2012. São 369 episódios ao todo, que rendem uma maratona longa, mas completamente viciante. A propósito, a série foi retomada recentemente, numa continuação chamada “Bleach: A Guerra Sangrenta de Mil Anos”, que também vai chegar à plataforma. A atração foi exibida no final de 2022 nos EUA pela Hulu, a Star+ americana.