A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa nesta quinta-feira (20/10) com filmes que foram premiados pelos principais festivais do mundo. Depois de uma edição totalmente online em 2020 e de uma híbrida no ano passado, a 46ª edição volta a ocupar os cinemas e espaços culturais da capital paulista até o dia 2 de novembro com a exibição de 206 títulos – e mais 17 obras em plataformas de streaming parceiras do evento.
A seleção traz 13 filmes que disputam vaga no Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional, 61 títulos brasileiros e títulos consagrados nos festivais de Cannes, Veneza, Berlim, San Sebastián e Locarno.
Entre os vários destaques é possível citar os vencedores do Festival de Cannes, “Triângulo da Tristeza”, de Ruben Ostlund, e do Festival de Berlim, a aventura espanhola “Alcarràs”, de Carla Simón, além de “Sem Ursos”, que garantiu ao iraniano Jafar Panahi o prêmio especial do júri em Veneza, mesmo sendo um preso político em seu país.
A lista também inclui “Armageddon Time”, o novo filme de James Gray estrelado por Anne Hathaway, Jeremy Strong e Anthony Hopkins, o mexicano “Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades”, do multivencedor do Oscar Alejandro González Iñárritu, o russo “A Esposa de Tchaikóvski”, de Kirill Serebrennikov, que causou polêmica com seu Tchaikóvski abertamente gay, e o paquistanês “Joyland”, de Saim Sadiq, vencedor da Palma Queer e do prêmio do júri da mostra Um Certo Olhar em Cannes.
Há desde opções cinéfilas radicais, como “As Oito Montanhas”, de Felix van Groeningen e Charlotte Vandermeersch, “Os Irmãos de Leila”, de Saeed Roustaee, e “Pacifiction”, de Albert Serra, até os novos capítulos da série de terror “O Reino”, do polêmico dinamarquês Lars Von Trier, que teve duas temporadas nos anos 1990 e foi uma das atrações recentes no Festival de Veneza.
O cinema brasileiro está igualmente bem representado com o vencedor do Festival de Locarno, “Regra 34”, de Julia Murat, e o vencedor do Festival de Gramado, “Noites Alienígenas”, de Sérgio de Carvalho, assim como “Carvão”, que Carolina Markowicz exibiu no Festival de Toronto, “Fogaréu”, que Flávia Neves levou a Berlim, “A Porta ao Lado”, de Julia Rezende, “O Pastor e o Guerrilheiro”, de José Eduardo Belmonte, “A Cozinha”, estreia do ator Johnny Massaro na direção de um longa, “Perlimps”, nova animação do indicado ao Oscar Alê Abreu – entre outros.
Ainda haverá exibição de clássicos brasileiros, como as versões restauradas de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, revelada em Cannes em maio, e de “Agulha no Palheiro” (1953), de Alex Vianny, com homenagem à atriz e cantora Doris Monteiro, que receberá o Prêmio Leon Cakoff.
Para completar, a diretora Ana Carolina, que será homenageada com o Prêmio Humanidade, ganha uma retrospectiva com a exibição de “Mar de Rosas” (1978), “Das Tripas Coração” (1982), “Sonho de Valsa” (1987) e o recente “Paixões Recorrentes” (2022).
Outros cineastas homenageados da edição são Jean-Luc Godard e Arnaldo Jabor, recentemente falecidos. Para celebrá-los, a mostra exibe o documentário “Até Sexta, Robinson”, de Mitra Farahani, que condensa um diálogo de 29 semanas do diretor franco-suíço com o escritor italiano italiano Ebrahim Golestam, e o clássico nacional “Eu Te Amo” (1981), do jornalista, escritor e diretor carioca.
A Mostra vai acontecer por toda a cidade de São Paulo, com exibições na Cinemateca Brasileira, Espaço Itaú de Cinema, CineSesc, MIS, Circuito SPCine e outros cinemas da cidade.
Os horários, programação completa e local podem ser vistos no site oficial (https://46.mostra.org/).
Mas enquanto os paulistas respiram cinema, sempre é bom lembrar que, além da pandemia, a Mostra também enfrentou o flagelo do governo Bolsonaro. Dois anos depois de perder os patrocínios da Petrobras e do BNDES, o evento deixou de receber verba via Lei Rouanet, e só está sendo realizada graças à muita luta e resistência.