Diretor de “O Regresso” exalta streaming ao lançar primeiro filme na Netflix

O cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu (“O Regresso”) participou nesta quinta (1/9) do Festival de Veneza para exibir seu mais novo trabalho, “Bardo”, desenvolvido para a Netflix. Acostumado a fazer filmes para […]

Instagram/The Academy

O cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu (“O Regresso”) participou nesta quinta (1/9) do Festival de Veneza para exibir seu mais novo trabalho, “Bardo”, desenvolvido para a Netflix. Acostumado a fazer filmes para a tela grande, a produção marcará a primeira experiência de Iñárritu com o streaming.

Entretanto, o diretor afirma que não vê muita diferença entre os dois formatos de exibição e explicou que “você não pode ir contra a maré dominante”. Para ele, “um filme é um filme”. Neste sentido, o streaming seria “apenas um meio”. “Uma catedral para o cinema. É um lugar onde as crianças nascem”, comparou, durante a entrevista coletiva de imprensa.

Iñárritu também lembrou que a maioria dos filmes é vista em casa. “Quando eu estudava cinema, além de exposições e festivais, eu via os filmes de Bergman, Buñuel e Fellini na TV com péssima qualidade e em VHS”, disse ele.

Primeira produção mexicana de Iñárritu desde “Amores Brutos” (2000), o filme, cujo nome completo é “Bardo, False Chronicle of a Handful of Truths”, foi escrito pelo próprio Iñárritu em parceria com Nicolás Giacobone (roteirista de “Birdman”).

A trama narra a história de um renomado jornalista mexicano que volta para casa e passa por uma crise existencial. Enquanto lida com seus relacionamentos familiares, suas próprias memórias e a História do seu país, ele busca respostas em seu passado para reconciliar quem ele é no presente.

O diretor apontou que o filme é inspirado em sua própria experiência de distanciamento do país natal. Faz mais de 20 anos que sua família deixou o México para se mudar para Los Angeles, exatamente num 1º de setembro passado.

“Pra mim, o México virou um estado de espírito, não é mais apenas um país”, ele observou. “Cada país no final é um estado de espírito. As histórias sobre nós mesmos nos foram contadas. Mas quando você se afasta daquele lugar e quando o tempo aumenta, esse estado de espírito se dissolve e muda. E isso foi parte da pesquisa que este filme cuida. A interpretação desse anseio.”

Ele acrescentou que retornar ao país foi como “estar diante do espelho” e “reencontrar um amigo” que era totalmente diferente de quem lembrava.

Além da exibição em Veneza e em alguns outros festivais, “Bardo” também terá um lançamento limitado nos cinemas do México (com estreia marcada para o dia 27 de outubro) e dos Estados Unidos (4 de novembro), antes de chegar à Netflix em 16 de dezembro.

“Isso é algo que eu realmente aprecio. Não apenas porque fui apoiado e deixado totalmente livre, mas eles [a Netflix] foram extremamente generosos em permitir que as pessoas vissem este filme em um cinema”, disse ele. “Isso é algo especialmente importante para mim e é um gesto excepcional da Netflix. Porque acho que este é um filme que pertence a esse tipo de experiência.”

“Bardo” é o primeiro longa-metragem de Iñárritu em sete anos, desde “O Regresso” (2015), que venceu o Oscar de Melhor Filme. A Netflix ainda não revelou nenhum trecho do filme.