O ator Bruno Gagliasso contou ter pedido autorização de candomblecistas para viver um personagem da religião em sua nova série, “Santo”, produção espanhola da Netflix em que divide o protagonismo com o espanhol Raúl Arévolo. Assim como seu personagem, o policial Ernesto Cardona, Gagliasso também segue o candomblé e não quis desrespeitar a religião.
“Eu sou do candomblé, eu tenho Oxóssi do meu lado, Exu entrou com força agora. Pedi licença e foi muito bem aceita”, ele revelou em entrevista à revista Quem.
Como uma das facetas do personagem é justamente sua religião, a série ainda contou com a consultoria do pesquisador e pai de santo Antônio Arruda. “Ele foi muito importante nessa preparação conosco, porque a gente sabe do perigo que é uma representação errada, deturpada ou tendenciosa das religiões de matriz africana”, disse Vicente Amorim, diretor do projeto.
Na trama, Cardona inicia a perseguição a um traficante de drogas internacional na Bahia e vai parar na Espanha, onde se une a um agente local para tentar capturar o criminoso, conhecido como Santo, que ninguém nunca conseguiu identificar.
O ponto de partida é um crime contra uma criança, o que mexeu muito com Bruno Gagliasso, que tem três filhos. O ator assume que algumas cenas foram mais difíceis de fazer. “Mexeu muito, mexeu muito comigo. Inclusive, teve um dia específico em que eu fiquei mal, chorei pra caramba. Eu, geralmente quando estou construindo um personagem, construo de dentro. Então, eu sinto [mesmo]”, admitiu. “Não tem jeito, não sei fazer de outra forma, eu não gosto. Então, mexeu muito comigo, e em uma cena específica eu tive uma crise mesmo.”
Gagliasso explicou que fez uma preparação intensa para viver o papel. “A minha preparação é muito trabalhada em cima da verdade; eu uso os sentimentos e o que tenho dentro de mim. Foi visceral. Eu me arrisco a dizer que o Cardona também foi um dos personagens mais importantes e intensos da minha vida, não só na preparação”, descreveu.
Por isso e pelos detalhes dos bastidores, o ator se disse orgulhoso da série. “Tenho muito orgulho de estar fazendo uma série espanhola, fazendo um personagem brasileiro, falando português, sendo dirigido por um diretor brasileiro que faz histórias no Japão, nos Estados Unidos, no Brasil, que é o caso do Vicente. Só me deu a certeza também de que o Brasil faz muito bem o seu trabalho.”