O artista britânico Alan Grant, roteirista dos quadrinhos de Batman e Juiz Dredd, morreu aos 73 anos na quinta-feira (21/7). O anúncio foi feito por sua esposa, Susan Grant, no Facebook, sem revelar a causa da morte.
Nascido em Bristol, na Inglaterra, Grant cresceu na Escócia e começou a carreira como jornalista aos 18 anos, escrevendo para o jornal local Dundee Daily Courier. Ele passou a trabalhar como editor na empresa de revistas IPC nos anos 1970, onde sua dedicação à revista em quadrinhos “2000 AD” transformou o título num sucesso de vendas e transformou a marca num selo com várias publicações. Neste trabalho, formou uma grande amizade e parceria lendária com o roteirista John Wagner, o criador de Juiz Dredd. Os dois começaram a escrever juntos histórias para a publicação, que transformaram o Juiz Dredd no carro-chefe da “2000 AD” e num dos maiores ícones dos quadrinhos britânicos.
As histórias de Grant e Wagner fizeram tanto sucesso que chamaram atenção do outro lado do Atlântico. A dupla foi contratada para escrever para a DC Comics. Seu primeiro título foi a série limitada “Outcasts”, lançada em 1987, seguida por histórias do Batman em 1988.
Grant e Wagner introduziram o Ventríloquo em sua primeira história de Batman e o Caça-Ratos (Ratcatcher) em sua terceira. Mas depois de uma dúzia de edições, Grant passou a assinar as histórias sozinho, tornando-se um dos principais escritores de Batman até o final dos anos 1990. Nesta fase, criou o assassino Victor Zsasz, Jeremiah Arkham, Amídala e Anarquia (Anarky), entre outros vilões antológicos.
Apesar da separação em Batman, a dupla voltou a trabalhar junta na minissérie “The Last American” da (hoje extinta) Epic Comics, no crossover de Batman e Judge Dredd publicado em 1991 e em “The Bogie Man”, sobre um doente mental escocês que acredita ser todos os personagens vividos por Humphrey Bogart no cinema. Esta minissérie independente de 1989 acabou virando um telefilme em 1992.
Entre os projetos paralelos, Grant seguiu escrevendo histórias de vários personagens da DC nos anos 2000, como Lobo, LEGION (um spin-off da Legião dos Super-Heróis) e o Demônio, voltando a Batman para lançar um novo título, “Batman: A Sombra do Morcego”, além de ter sido um dos principais escritores do crossover “A Queda do Morcego” (Knight Fall no original), o mais longo arco já publicado nas revistas do herói, que deixou Batman temporariamente numa cadeira de rodas e durou aproximadamente 2 anos.
O roteirista americano Tom King, que também escreveu histórias do Batman, lamentou a morte do colega nas redes sociais: “Arrasado com o falecimento de Alan Grant. Lobo, LEGION, Batman — suas histórias questionavam o que os quadrinhos de super-heróis poderiam ser e fazer: eram ríspidos, friamente cínicos e, no entanto, estranhamente — e maravilhosamente — continham uma poderosa e calorosa corrente de esperança. Grande escritor. RIP”.
A editora 2000 AD também se manifestou em homenagem ao talento perdido. “Grant foi um dos melhores escritores de sua geração, combinando um olhar afiado para diálogo e a sátira política com uma profunda empatia que fazia seus personagens parecerem incrivelmente humanos e realistas. Através de seu trabalho, ele teve uma influência profunda e duradoura na 2000 AD e na indústria de quadrinhos”.
Já a DC preferiu postar o vídeo de uma homenagem feita durante a Comic-Con Internacional, num painel do qual participavam artistas da editora, que dedicaram um minuto de aplausos aos feitos de Grant.
Alan Grant will always be remembered as a comic book icon. Today, #SDCC salutes the DC trailblazer with a standing ovation, led by @TomTaylorMade, @TomKingTK, and @Bruno_Redondo_F. pic.twitter.com/8mi5dT1G4y
— DC (@DCComics) July 21, 2022